Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 32
O Demônio Flamejante


Notas iniciais do capítulo

"Decidido, ele girou a maçaneta, e foi aí que se arrependeu."



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O tempo passara rapidamente e a noite correra tão depressa quanto um lobo faminto atrás de sua presa. Nicko estava deitado em sua cama ainda, encarando o teto e pensando, quase que num estado de transe. Pensava sobre o que aconteceria com eles, mas na maior parte de seus embaraçosos pensamentos, ele se questionava sobre Steve e Bruce. O que realmente acontecera com eles? Onde será que foram parar? Será que estavam bem? Muitas perguntas o rondeava, e uma em questão lhe dava calafrios, se eles ainda estariam... Estariam... Vivos. Era um pensamento macabro, Nicko tinha de admitir, mas refletira tanto que seu cérebro agora pregava peças nele mesmo.

De repente, a última chama que restava para iluminar o quarto acabou. A vela já não era mais uma vela, era apenas uma poça de cera quente. Nicko despertou e sentiu o cheiro de cera queimada. Seu estômago também deu um sinal. Estava com fome.

Nicko se levantou e decidiu sair do quarto, caminhou até a porta e a abriu. Fechando-a, ele pôde apreciar a belezura do castelo. Era uma verdadeira obra de arte. Quem quer que seja projetou aquilo não era apenas um mero construtor. Nicko caminhou pelo corredor e, ao final dele, se deu conta de que não tinha a mínima ideia de onde estava indo. Tentou se lembrar do caminho que fizera até o seu quarto, mas eram tantas portas, salas e corredores que não havia como identificar onde estava.

Sem rumo, ele vagou pelos corredores a procura de alguém para lhe informar ou até mesmo para procurar o local aonde eles estavam tendo o jantar. Nicko atravessou salas com belas ornamentações, luxuosos lustres, diversos quadros, variados móveis. Subiu e desceu escadas incontáveis vezes. Aquilo parecia não ter fim. Continuando sem rumo, ele foi em direção de um local que o chamou a atenção, era um corredor longo, comprido, tão extenso que seu fim não podia ser visto de onde ele estava. Andou nele por algum tempo. As janelas deixavam a mostra o belo céu negro. Era a única certeza de Nicko de que ele ainda estava no castelo, pois vagara tanto que tinha medo de ter ido parar em um lugar subterrâneo e abandonado. Sabia que era só seu cérebro pregando peças nele novamente, mas aqueles pensamentos eram impossíveis de serem evitados, apesar de serem sem nexo algum.

A fome e a dúvida o massacravam conforme ele andava sozinho por aquele corredor. De repente, a iluminação começou a acabar, as tochas que estavam sendo usadas para a iluminação começaram a ficar poucas e mais distantes umas das outras. Logo, apenas uma ou duas tochas estavam dispostas na parede. A luz amarela criavam silhuetas que pareciam dançar na noite escura, para completar a insanidade de Nicko naquele momento. Seu cérebro mais do que nunca começou a atacá-lo. O que era apenas uma chama se transformou num maligno demônio incandescente bem em frente aos olhos de Nicko. A pequena chama que queimava a tocha começou a ganhar tamanho e volume, e o pior de tudo, uma forma. Um corpo, com dois braços e duas pernas surgiram, juntamente com um rabo pontudo. Asas, semelhante às de morcego, cresceram do tronco da criatura. E a cara do monstro fora o pior de tudo, uma feição maligna e cruel se formou das brasas flamejantes, com uma feição que não apresentava uma emoção sequer, a não ser ódio. Estava tudo turvo e confuso. O demônio o olhou bem no olho e ficou encarando-o, com um sorrido tão macabro que apenas com aquilo ele conseguiu sentir toda a sua energia que restara ser sugada se si num só instante. Com medo, Nicko correu, mas não sabia para onde ia, apenas queria fugir da criatura. Correu como nunca, porém, sentia-se como se não pudesse sair do chão. A sua visão turva e confusa dificultava mais tudo. Sua cabeça doía, parecia que havia uma bomba dentro dela, prestes a ir pelos ares.

Então, as tochas se acabaram de vez, e a única que restava estava no fim do corredor, queimando como a luz do sol no final de uma caverna. Nicko queria parar e descansar, se recompor. Lembrou-se então da criatura que estava atrás dele, com os chifres do tamanho dele, os olhos fundos e sem qualquer emoção, apenas furos onde devia haver o nariz e um sorriso com dentes afiados a ponto de poderem roer pedra. Foi então que Nicko sentiu seu corpo inteiro gelar, seu sangue parecia água de um lago num dia nevoso, e seu coração pareceu parar sem qualquer aviso. Uma risada estridente pode ser ouvida de repente, era de uma voz final e cruel, como a de um palhaço, mas não era, pois pudia-se sentir a malícia nela, não era nada comum. O ouvido de Nicko pareceu explodir do nada, um ruído agudo era o que ele escutava, devido àquela risada. Correu mais desesperado ainda, alcançando a porta. Estava destrancada, para a sua sorte. Nicko a abriu e entrou, mas antes, olhou para trás para ver se o que ocorreu não fora uma brincadeira do seu cérebro, e se surpreendeu com a resposta. A criatura que vira surgir da chama de uma tocha agora vinha voando em sua direção com asas que deviam medir três metro de uma ponta a outra. Todo o seu corpo era apenas fogo, fogo puro. Suas feições e expressões corporais eram quase que impossíveis de se ver devido ao tremular do fogo.

Conforme ele se aproximava, Nicko conseguiu sentir o calor aumentar, e seu medo também. O demônio soltou outra daquela risada maligna, e dessa vez, por estar mais perto, fora pior do que antes. Nicko estava congelado, e no último instante reagiu, batendo a porta o mais rápido que conseguiu pensar. Ele se afastou para o lado quase que na mesma hora, pois esperava ver a porta explodir em mil fragmentos. Porém, nada aconteceu, a porta permaneceu parada, intacta e inteira.

Nicko sentiu mais medo ainda, não queria abrir a porta pois temia o que podia estar atrás. Sem saber o que fazer, ficou ali parado. Sua cabeça doía tanto que o dificultava raciocinar. Ela latejava muito e ele chegava a sentir o sangue correr nos vasos de sua cabeça. Nicko suava frio, estava ensopado, como se tivesse acabado de atravessar um campo em um dia chuvoso. Depois de se recompor, ele se desapoiou da parede rochosa, mantendo ainda o olhar na porta, e para seu desespero, não havia nada demais. Ele não sabia se ficava tranquilo ou com medo, tinha certeza de que o vira era bastante real, mas não tinha certeza se realmente era algo verdadeiro ou então, apenas artifícios de sua mente confusa.

A cabeça dele parecia queimar por dentro, Nicko não tinha como pensar direito no que estava passando, pois somente respirar já era um esforço. Encarou a porta novamente, se arrastou até ela e olhou através do buraco da fechadura. O corredor estava escuro, não havia marcas de queimadura ou algo que indicasse que um demônio passara voando ali. Sentindo uma fisgada na cabeça, como um anzol sendo puxado, Nicko cambaleou para o lado. Tinha de procurar ajuda, alguma coisa estava errada com ele. Hesitando sobre o que deveria fazer, ele parou ao pé da porta, com a mão na maçaneta. E se o demônio ainda estivesse lá? Nicko fechou os olhos e lembrou da criatura, era impossível daquilo ter surgido de uma simples tocha, não podia ser real, mas apesar de todos esses fatos, o calor, o medo, a risada, fora tudo tão real que ele não tinha como negar que realmente fora atacado por uma criatura desconhecida. Pensando em um jeito de chamar atenção, para ter certeza de que estava sozinho, ele se afastou da frente da porta e bateu nela duas vezes, esperando uma resposta do lado de fora, e novamente, nada. Nicko bateu novamente na madeira da porta, esperando uma resposta, e nada. Depois de mais uma tentativa, decidiu que era hora de sair. Pensou em procurar uma saída alternativa, mas a sala estava tão escura que ele não enxergava sua mão caso a colocasse em sua frente. A única luz era a da lua, que brilhava sem muita vontade no céu.

   Decidido, ele girou a maçaneta, e foi aí que se arrependeu. Uma rajada de ar quente entrou rasgando na sala. Era uma luz alaranjada. Brilhava com uma intensidade jamais vista antes por Nicko. A luz emitida vinha de um tipo de espírito, não tinha forma, era apenas um borrão, até aquele momento. A luz desceu até o chão e começou a dar forma àquela temível criatura. Primeiro as pernas, depois o tronco, logo após as asas de morcego, o rabo pontiagudo veio bem depois, e por último, a face do terrível monstro. E ali, naquela sala, o demônio ganhou forma. Emitia uma luz tão forte que encheu o ambiente inteiro, tirando-o da escuridão. Nicko não ligou para onde estava, pois estava mais preocupado com o que ele estava vendo diante de si. E de repente, o demônio fez o que Nicko temia, jogou seu pescoço para trás e deu sua risada novamente, e dessa vez não foi só a risada que saiu de sua boca, e também uma bela rajada de chamas. A risada surgiu alta, aguda e histérica como antes, entretanto, dessa vez, começou a mudar o tom, e de uma voz de desengonçada, pouco a pouco, uma voz maciça e grave terminou a risada. Lembrava o timbre de um contra-baixo de tão grave que era. Terminando o seu show de horror, o demônio encarou Nicko bem nos olhos, e disse com sua nova voz:

   -Você não devia estar aqui! -Novamente, outra gargalhada, porém, com aquela voz estranhamente grave. 

   Nicko, que estava caído, indefeso no chão, não sabia o que fazer, nunca nem imaginara passar por aquilo, sequer imaginava como devia reagir. Engoliu em seco e ficou sem imóvel no chão. O calor do monstro era tão forte que ele parecia queimar só de estar em sua presença. Parecia o fim. 

   -Era isso que eu imaginava... -Disse a criatura. E sem algum tipo de aviso, ergueu sua boca na direção de Nicko, lançando uma outra rajada de fogo direto nele. Foi a última coisa que ele viu.

   


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