Superando escrita por Arline


Capítulo 4
Capítulo 4 - UM EMBATE E SUPOSIÇÕES


Notas iniciais do capítulo

Olha eu por aqui! Mais um cap! Tá vendo, Alissa? Nem demorei.
Meninas, muito obrigada pelos reviews lindos que deixaram. gostei muito de lê-los.
Agora o Ed aparece! E a Bella... Essa menina não é normal não...
Vamos ao cap! E espero que gostem desse como gostaram dos outros.
bjks



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UM EMBATE E SUPOSIÇÕES

Assim como disse que faria, Quil estava na picape comigo e seguíamos cantando para a escola. Bree não estava nada feliz com aquilo, mas nada disse e seguiu em seu carro. A temperatura estava agradável e meu humor, como diria minha mãe, estava do capeta. Não, não era por conta do clima ou por acordar cedo, e sim por ter a certeza de que meu dirá já começaria mal na escola.

Adentramos o estacionamento e Quil piscou pra mim de modo cúmplice. Sorri e procurei meu alvo, encontrando-o parado algumas fileiras à frente. Não havia ninguém dentro e nem por perto, certo, assim eu não causaria nenhum acidente... Quer dizer... Apertei o cinto de segurança e ele fez o mesmo, me mandando afundar o pé no acelerador. Assim o fiz e rezei pra que os air bags estivesses funcionando! Tudo bem que minha Chevy era quase anciã, mas eu a havia modificado e seu único problema era a velocidade, que não era lá grande coisa...

Um estrondo, nossos corpos sacudindo com o impacto e mais um lado do Rabbit amassado. Dei a partida novamente e estacionei corretamente minha bebê, passando a mão na lateral, como um pedido de desculpas. Quil gargalhava e alguns curiosos se aglomeravam pra ver o que estava acontecendo. Não tardaria até que Jacob chegasse. Peguei minhas coisas que estavam com meu cunhado maravilhoso e segui pra perto dos meus amigos, que por mais que tentassem reprimir um sorriso, não conseguiram e até minha irmã riu do que fiz.

— BOM DIA! — falei, enquanto os abraçava e beijava.

— Bom dia. — eles responderam.

— Oh My! Acho que criamos um monstro! — disse Emily, entre risos e pausas pra respirar.

— Monstro não... Um animalzinho que foi ferido e que agora se recuperou e está indo atrás de quem o feriu. — respondi.

— Uh! Nossa menina está com tudo hoje! Vamos, o sinal já tocou. — Emily chamou.

Seguimos pra dentro e quando cheguei o professor já se encontrava na sala e me olhou admirado. Eu o adorava! Sr. Banner era um dos únicos que não me tratavam como uma retardada só pelo fato de ser gorda e isso acontecia com mais dois ou três professores, inclusive a de trigonometria, era com ela que eu jogava xadrez de vez em quando. Agora eu teria que entrar e encarar dois tempos de biologia em uma sala onde os alunos me olhavam pasmos...

— Bom dia, senhorita. Posso saber o motivo que a levou a faltar à primeira semana de aula e chegar atrasada hoje? — perguntou ele, a voz divertida.

— Oh! Sr. Banner, sinto muito, mas tive que salvar o Planeta nessa última semana e creio que isso seja mais importante do que discutir futuros passeios, não é mesmo? — ele riu de minha resposta espirituosa e continuei — E hoje tive que fazer isso mais uma vez, mas a minha fantasia de Mulher Maravilha encolheu... Ou eu comi demais... Tive um pouco de dificuldade para tirá-la e acabei me atrasando. Me desculpe. — fingi inocência e ele gargalhou.

— Tudo bem senhorita, dessa vez passa. E a propósito, a senhorita está muito bonita.

— Obrigada. — respondi com um sorriso e segui para o único lugar vago.

Fiz o curto caminho e ouvi algumas pessoas rindo, mas não era de mim e sim do que falei. Sentei-me ao lado de um garoto com um cabelo de cor estranha, com lindos olhos verdes e que possuía um sorriso torto. Bom, eu só esperava que ele estivesse rindo do que falei e não de mim. Trocamos um bom dia e voltei minha atenção à aula. Como sempre, conforme o professor ia falando, eu fazia minhas anotações e foi com desgosto que ouvi a triste notícia de que teríamos que apresentar um trabalho no fim do mês e que esse trabalho seria em dupla. Legal, já ia a idiota aqui fazer trabalho sozinha... Como sempre!

— Err... Oi... — disse o rapaz ao meu lado — Não conheço ninguém aqui... Poderíamos fazer o trabalho juntos?

O quê? Alguém me chamando pra fazer trabalho? Não acredito! No mínimo ele deve ser retardado!

— Claro, depois acertamos os detalhes. — respondi sem muito interesse e voltei minha atenção à aula.

Os dois tempos de aula passaram voando e quando nos preparávamos para nosso tempo vago, o Sr. Banner nos pediu que nos dirigíssemos à sala de trigonometria. Haviam arrumado um substituto. Peguei meu material e segui para meu armário. Guardei o que não seria necessário usar e peguei o material de trigonometria. Acho que sem a senhora Charlotte aquela aula seria um horror!

Encontrei Rosalie pelo corredor e combinamos de nos encontrarmos no refeitório. Fiquei feliz ao ver que ela estava mais falante e já não desviava os olhos ao falar comigo. Ela era realmente bonita e alta. Como eu queria ser alta! Mas ainda bem que existiam os saltos!

Na sala só havia um lugar vago e era justamente ao lado do rapaz de cabelos cor de bronze. Sentei-me ao seu lado e mantive-me calada, esperando que o professor aparecesse.

Nem cinco minutos passaram e um homem magro, calvo e de estatura baixa entrou na sala e nos cumprimentou com um seco bom dia. Nós, como seres humanos bem educados que somos, respondemos com um pouco mais de entusiasmo. Ele arrumou suas coisas sobre a mesa e encostou-se a ela, nos fitando de modo desafiador. Não gostei dele...

— Sou o novo professor de trigonometria e caso queiram falar comigo, me chamem de professor ou de Sr. James. — disse ele muito polido — Quero que cada um se apresente e não é necessário que levantem; apenas nome e sobrenome já são suficientes.

Uh, a temperatura baixa de Forks perdia pra esse ser... Pessoa amarga!

Um a um os alunos foram se apresentando e esperei até que chegasse minha vez. James, nosso poço de simpatia particular, não esboçava qualquer reação quanto às apresentações.

— Isabella Marie Swan. — falei quando chegou minha vez e o rapaz ao meu lado engasgou.

O professor o olhou com a sobrancelha arqueada e uma expressão cínica.

— Ei, você ao lado da gordinha! Qual é seu nome? — perguntou o infeliz e meu sangue ferveu.

— Edward Anthony Cullen. — o garoto respondeu.

— Ok, vamos seguir. — disse o infeliz do professor.

Seguir? Não mesmo! Ele ia me ouvir primeiro!

— Com licença professor James. — pronunciei seu nome cinicamente — Primeiro, meu nome é Isabella e não gordinha. Segundo, não sou ponto de referência e terceiro, se é pra nos chamar por apelidos carinhosos, pra quê pediu que nos apresentássemos? — falei e ouvi o burburinho correr pela sala. James me olhou de modo feroz, talvez insatisfeito por minha atitude.

— A senhorita é muito petulante! Sou seu professor e mereço o mínimo de respeito! — disse ele e parecia ofendido.

— Não sou petulante e mereço respeito por ser uma pessoa! Tenho nome e o fato de ser gorda não anula isso. Tenho consciência de minha condição e não preciso que ninguém me lembre de minha forma física. — respondi e sustentei seu olhar. Ao meu lado, o tal Edward estava espantado.

— Se sabe de sua condição, não deveria ofender-se por ouvir a verdade! — respondeu ele e meu sangue borbulhou nas veias.

Ah, eu sabia que aquele cara ia ser uma dor de cabeça na minha vida! Minhas pernas criaram vida própria e me levantei, indo em sua direção.

— Ok, a partir de agora o chamarei de magricelo, pau de vira tripa, baixinho, tampinha, carecão, aeroporto de mosquito... Espero que não se ofenda por ouvir a verdade. — falei e seu rosto tornou-se lívido. O ódio era quase palpável.

Ele respirava rápido, me encarava como um inimigo encara seu oponente e vi suas mãos fechar-se em punhos. Ele estava se controlando pra não fazer ou falar algo pior.

— Vá agora para a diretoria. — disse ele com voz baixa, como uma ameaça. Não me deixei intimidar.

— Vamos! Só irei se sua ilustre pessoa me acompanhar. — usei o tom mais irônico que consegui impor.

— Não estou aqui pra medir forças com uma pirralha que se acha gente. Ou vai agora, ou farei com que seja suspensa.

— Ótimo! — cruzei os braços — Vou adorar conversar com o diretor e quem sabe fazer uma queixa formal contra o senhor, que se diz educador! Sua postura não é condizente com sua formação... Pensei que educadores, formadores de pessoas e de opinião tivessem uma visão mais ampla das coisas, mas me enganei. Preconceito é crime e sinceramente, não vou sentir a mínima pena de te ver indo preso!

A essa altura, a turma toda já estava alvoroçada. Uns falavam, outros gritavam em sinal de apoio, alguns batiam nas carteiras... Não me voltei ao que acontecia e continuei a encarar meu oponente. Suas narinas moviam-se freneticamente, inflando e desinflando. Seu peito movia-se rapidamente, seus olhos estavam um tanto vermelhos e só o que eu via neles era ódio. Aquela aura de luta nos envolvendo, as pessoas meio que querendo atiçar pra ver quem iria desferir o próximo golpe, meu autocontrole quase se esvaindo e minha mente trabalhando na próxima resposta.

Porém, antes que qualquer um de nós dois pudesse pensar em mais alguma coisa pra dizer, mais alguma farpa pra soltar, Sr. Greene, o diretor, irrompeu pela sala e nos impediu. Me ferrei. No mínimo seria expulsa... Oh, Deus! Meus pais iriam me matar! Bree iria me odiar! Eu estava louca quando enfrentei o infeliz...

A sala caiu num profundo silêncio. As batidas aceleradas do meu coração eram a prova de que eu estava viva, já que mal consegui respirar. Minhas pernas tremeram, meus lábios ressecaram instantaneamente e fechei os olhos, esperando o momento em que o diretor me chamaria pra acompanhá-lo.

Professor James — Sr. Greene usou um tom irônico —, venha comigo, por favor. Traga suas coisas e a turma está dispensada. Estejam prontos para as aulas que seguirão normalmente após o intervalo. — ele virou-se pra sair, mas voltou e olhou pra mim. Era agora... — Senhorita Swan, não vá pra casa sem antes passar em minha sala. — sua voz não era brava, fiquei um pouco mais aliviada.

Toda a turma se aprontou pra sair e ninguém disse uma só palavra. Senti-me quase péssima pelo que fiz, mas assim como já havia dito antes, ninguém mais pisaria em mim. Voltei ao meu lugar e enquanto punha meu material na bolsa, vi que o tal Edward sustentava um sorrisinho de canto. No mínimo deveria me achar louca. Dei adeus a minha dupla de Biologia... E mais uma vez eu faria o trabalho sozinha, só que agora, por minha própria culpa.

Já estava saindo quando senti algo puxar minha mochila. Virei-me e me deparei com duas brilhantes esmeraldas me encarando. Ok, mais um pra começar a me insultar.

— Nós poderíamos conversar? — perguntou ele, sua voz rouca e aveludada soando em meus ouvidos.

— Olha — suspirei —, se quer me chamar de doida ou me xingar de qualquer coisa, deixe pra outro dia, meu estoque de palavras afiadas acabaram. Se quiser, pode pôr seu nome na lista e saber qual a posição que ocupa pra me ofender também.

Ele riu e sacudiu a cabeça, como se afastasse algo de seus pensamentos.

— Você é Bella, não é? A menina que ajudou Rosalie ontem. — disse ele e só então atentei pra seu nome. Ele era o tal namorado!

— Wow! Desculpe! Sou eu mesma. Conversei com sua namorada ontem, ela estava muito mal.

Não entendi o motivo, mas ele deu uma sonora gargalhada. Cruzei os braços em frente ao corpo e o encarei.

— Namorada? De onde tirou isso? — ele ainda ria.

Caminhei calmamente até a mesa dos professores e encostei-me à borda, sustentando seu olhar risonho. Aquele garoto estava me deixando com raiva! No mínimo deveria ter vergonha de ser visto com Rose e de que soubessem que eram namorados.

— Ela me disse. Não tenha vergonha dela. Não a iluda dizendo que a ama e a ridicularize quando não estiver por perto.

— Rose é uma de minhas irmãs! E jamais teria vergonha dela ou de qualquer pessoa. — disse ele, sério agora.

Merda! Aquele professor de uma figa acabou com meus neurônios... Lá estava eu, julgando sem ao menos conhecer o garoto... Isabella se atente, se atente! Me alertei mentalmente e dei um sorriso sem graça, prendendo o lábio inferior entre os dentes. Relembrei a conversa que tive com Rosalie e só então percebi minha confusão... Ela disse: "Meu na-namorado... O Edward... Oh Deus, não diga nada a eles!" Ela usou o plural, estava claramente falando de duas pessoas. Mais uma idiotice pra minha lista...

— Desculpe, acho que não estou raciocinando direito...

— Não tem problema... Eu gostaria de agradecê-la por ter conversado com Rose. Ontem ela estava triste e depois de muito apertá-la, consegui descobrir o que havia acontecido, onde havia passado a tarde e com quem. Enquanto falava de você os olhos dela brilharam! Ela disse que havia conhecido uma garota que a ajudara enquanto chorava no banheiro. — ele sorriu, talvez se lembrando da irmã — Só tenho que reclamar de uma coisa: Não aguento mais ouvir a mesma música tantas vezes! Emmett, o namorado dela, já está surtando coitado!

Acabei rindo e ele me acompanhou.

— Foi você quem amassou aquele Rabbit ontem? — assenti com um aceno de cabeça — Me lembre de nunca atravessar seu caminho... Sou louco pelo meu Volvo.

— O amassei hoje também e pretendo fazer o mesmo amanhã e depois e depois... Tenho bons air bags em minha Chevy e uma enorme sede de vingança.

Ele deu um longo suspiro e passou a mão pelo cabelo, desalinhando-o ainda mais.

— Não se chateie, mas Rose me contou toda a sua história...

— Sem problemas. Se não fosse por ela, você ficaria sabendo de qualquer forma... Parece que eu ainda sou o assunto preferido daqui.

 Conversamos mais um tempo por ali e depois seguimos para o refeitório. As pessoas me olhavam por todos os cantos e pelo visto a nova fofoca havia se espalhado. Vi minha irmã em sua habitual mesa e Rosalie sentada em outra, a cabeça baixa e chorando, provavelmente. Edward andou apressadamente em direção à irmã e fui falar com meus amigos. Emily me recebeu com um enorme sorriso, assim como os garotos. Angela e Bree estavam mais pra pasmas.

Sentei-me com eles e preparei meus ouvidos para os sermões que viriam... Além de ter que ouvir o diretor, eu teria que aturar minha irmã e minha amiga me repreender também.

— Garota, você está maligna hoje! Adorei tudo o que você disse ao tal do novo professor! Foi lindo! — disse Emily e não entendi...

— É... A escola toda está em polvorosa, todos loucos por saber quem é essa nova Isabella. — comentou minha irmã e não havia traços de censura em sua voz.

— Gente, eu não estou entendendo... Como sabem tudo o que houve? — perguntei, totalmente aturdida.

— Filha, o sistema de som estava ativo... Todo mundo ouviu e enquanto a briga rolava ninguém teve aula... Deu até vontade de fazer uma pipoquinha... — disse Quil e eu ri.

Meus olhos vagaram pelo refeitório e vi Rosalie sozinha. Procurei por Edward e o encontrei voltando pra sua mesa com uma bandeja nas mãos. Levantei e disse aos meus amigos que iria até eles. Foram apenas alguns passos, mas deu pra notar todos os olhares sobre mim... Assustador.

Aproximei-me e perguntei se poderia me sentar. Edward apontou uma cadeira e pôs a bandeja de frente pra irmã, que nem ao menos levantou o rosto pra me olhar. Preferi não falar nada e acabei roubando algumas batatas do lanche dela e Edward ofereceu-se pra pegar um pra mim, coisa que aceitei prontamente. Eu precisava ingerir calorias...

Ficamos caladas e mesmo pra comer, ela não levantava a cabeça. Como eu queria ajudá-la! Eu me vingaria daquelas cachorras... Por mim e por Rosalie.

Uma bandeja foi posta na minha frente e me pus a comer. Ele observava a irmã e quando me olhou, fiz um sinal pra que ele a deixasse quieta. Ele entendeu e veio roubar o meu lanche! Que abuso! Desde quando eu havia dado intimidades a ele pra isso?

Um pouco antes de soar o sinal, Rosalie finalmente falou o motivo de estar daquele jeito: Tanya lhe havia dito que não queria estar por perto quando ela tivesse aula de educação física, pois se caísse, poderia provocar um terremoto.. Rosalie era mesmo muito sensível... Ao invés de responder, ela desatou a chorar.

Última aula, Educação Física... Hora do desastre e de mandar alguém pra enfermaria. Hoje não era o dia de sorte de Edward; ele seria minha dupla pra treinar saques no vôlei e eu já olhava pra sua cabeça, imaginando muitas boladas... Coitado!

VINTE MINUTOS DE AULA...

Ok, até agora só me machuquei. Ele continuava intacto e rindo de minha perícia e intimidade com a bola... Vergonhoso! Me manda correr ou andar de salto agulha, mas jogar uma bola...

— AI! — gritei, quando consegui errar a bola e bater no ar, fazendo com que ela quicasse em minha cabeça.

— Você é ótima falando, mas praticando esportes... Tenho sorte de estar vivo. — disse ele, rindo de mim.

Toda a aula correu relativamente bem. Me dei algumas boladas, ganhei alguns roxos e levei alguns tombos, mas isso já era normal, nada de extraordinário até aí... Quando caía e ele vinha pra me ajudar, eu dava um jeito de levantar sem utilizar sua ajuda. Já estávamos próximos o suficiente. Tirando os comentários nada discretos da turma, tudo era normal... Pior do que ouvir gracinhas, era ter que lidar com aquele olhar de cão que caiu da mudança que Mike fazia toda vez que me via. Fingi não perceber, mas Edward fazia questão de me lembrar sempre que me fitava e tentava reproduzir as expressões faciais dele.

Caminhávamos a passos lentos pelo corredor, indo em direção aos vestiários e foi então que alguém esbarrou em mim. Aquele cheiro me deu náuseas. Tentei continuar andando, mas minha passagem foi bloqueada e Edward também parou, talvez esperando mais um novo embate.

— Você. É. Doida! — disse Jacob, pausadamente e com a respiração entrecortada.

Juro que havia esquecido sua existência, já que não o vi por todo o dia, mas agora ele estava ali, na minha frente e esperando uma resposta minha. Que não viria... Não verbalmente... Sorri malignamente e recuei um passo, fazendo com que ele tremesse. Estaria ele com medo de mim? Edward me observava atentamente e desviei de Jacob, seguindo meu caminho. Nada foi dito.

O estacionamento estava quase vazio, coisa não muito normal, mas não me importei com o fato. Os carros de minha irmã e amigos ainda estavam por ali e preferi esperá-los. Corri os olhos pelo local e não avistei o Rabbit, mas vi um reluzente Volvo prata. O que Edward falaria caso me visse perto de seu carro? Só pra fazer uma graça, encostei-me displicentemente na lataria e concentrei-me em analisar minhas unhas, deixando todo o resto de lado.

— Eu não fiz nada! Desconte qualquer coisa em mim, mas não faça nada com meu carro! — disse uma voz rouca e ao mesmo tempo divertida.

Ergui meus olhos e me deparei com ele, bem próximo. Afastei-me um pouco e ele me olhou meio estranho, não me importei, isso já me era comum.

— Acalme-se, só quis ver qual seria sua reação ao me encontrar perto de sua preciosidade... Ainda não tenho motivos pra descontar nada em seu amado carro, não se preocupe.

Ele sorriu e se aproximou, apoiando-se na lateral do carro, me afastei mais um pouco e antes que algo mais pudesse ser dito, ouvi uma coisa que me deixou de queixo caído...

— Papai! — gritou um menininho de lindos cabelos loiros, olhos incrivelmente verdes e andar vacilante.

A expressão de Edward iluminou-se e ele se agachou, abrindo os braços pra acolher aquele ser pequenino. Observei o estacionamento e não vi ninguém que pudesse ser considerado responsável pela criança de bochechas rechonchudas e coradas. Esqueci por um instante de como crianças eram cruéis.

Fiquei pasma com a cena. Ele era pai! Jesus, agora eu seria chamada de gorda e piranha! No mínimo a esposa dele estava nos observando e soltou o anjinho pra mostrar que ela estava na área... Senhor, não me deixe apanhar... As aulas mal começaram e eu já arrumei muitos problemas em dois dias e uma surra não estava em meus planos... Amém!

— Ei, campeão! Como chegou aqui? — Edward perguntou ao filho, de um modo divertido e o menininho fez um gesto com as mãos, como se dissesse que não sabia.

Quem largava o filho abandonado num estacionamento?

— Venha, apresente-se à senhorita. — disse ele, pegando o filho no colo e virando-o pra mim.

— Me chamo Vittorio e você? — perguntou o menininho e sorri ao ouvir sua vozinha vacilante de criança.

— Meu nome é Isabella. Italiano, assim como o seu. — falei e passei os dedos por sua bochecha corada.

— Eu nasci lá na "bota*"! — declarou ele e eu ri, sendo acompanhada por Edward.

* Ao observar um mapa mundi, pode-se constatar que a Itália parece uma bota.

Sem deixar que Edward percebesse, percorri todo o estacionamento com meus olhos, a apreensão tomando conta de mim. Vai que a esposa dele surge de repente e me pega desprevenida?

— Sabia que você é um garotinho muito bonito e esperto? Quem te disse que a Itália parece uma bota? — perguntei e esperei pra ver se ele me entendia.

— Meu papai me dizeu! — ele falou errado e eu ri.

— O certo é "disse". "Meu papai me disse" — repetiu Edward.

— Isso! — gritou Vittorio e nós rimos.

O pequenino jogou os braços ao redor do pescoço do pai e o abraçou. Edward aconchegou melhor o filho e deu-lhe um beijo na cabeça. A cena era muito bonita, tudo estava muito lindo e eu morrendo de medo de ser espancada, mas tudo bem... Tudo estava bem...

— Vittorio, quem te trouxe até aqui? — perguntou Edward, ao perceber que ninguém apareceu pra procurar o menino.

— Meu outro papai! — OMG! Edward era gay e havia adotado uma criança! Ai, apanhar de homem deve ser mais dolorido...

— Aparece logo o animal! Como deixou o menino sozinho?! — gritou Edward e eu queria tanto sumir dali...

— Eu... Acho que vou andando... Meus amigos estão demorando e não quero causar problemas pra você e seu... — parei a frase e recebi um olhar curioso de Edward.

Senti meu rosto ficar quente e o medo crescia cada vez mais... A pessoa não aparecia e talvez estivesse esperando que eu me afastasse do filho pra me matar de tanto bater... Vi os olhos de Edward se apertando e um sorriso aparecendo em seus lábios, transformando-se rapidamente numa sonora gargalhada. Fiquei aturdida com aquilo... Ele achava minha morte iminente uma coisa engraçada?

— Você está pensando que sou gay? Vittorio é meu sobrinho, filho de minha outra irmã, Alice. Ele chama a todos os homens de nossa família de papai. — explicou ele e suspirei aliviada. Eu não apanharia... — Você faz muitas suposições — continuou ele —, e a maioria são equivocadas.

— Me desculpe... Não sei o que pensei de fato. — falei, totalmente sem graça com tudo aquilo.

Um rapaz alto, moreno e musculoso apareceu e seu rosto se retorcia em uma risada.

— Olá, sou Emmett, o namorado de Rose, cunhado de Edward e nem um pouquinho gay. — disse ele, me estendendo a mão.

Seu aperto era forte, quase esmagando meus ossos, mas não me intimidei e retribuí o aperto com firmeza.

— Bella. — falei e ele me soltou — Desculpe-me pela confusão, hoje não está sendo um bom dia pra mim.

— Tudo bem, foi legal sacanear o Ed.

Ficamos conversando por ali e nada dos outros aparecerem. A fome já estava dando sinais de vida e achei melhor ir pra casa e esperar minha irmã por lá. Me despedi de todos e segui pra minha bebê.

Minha cabeça fervia enquanto eu dirigia. Meu dia realmente não foi bom e acabei falando mais que o necessário. No mínimo Edward acharia que eu era alguma desequilibrada mental...

Droga! Esqueci de ir até a sala do diretor! Ah, ligaria pra escola quando chegasse em casa e inventaria alguma coisa...


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Notas finais do capítulo

No próximo, mais "briga". Bellinha tá "du mal."
bjks