Superando escrita por Arline


Capítulo 31
Capítulo 31 - APENAS O COMEÇO


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei e nem tenho como pedir desculpas.

Enfim, o capítulo está aí e o próximo é o último.

Até lá.



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APENAS O COMEÇO

POV BELLA

Cinco anos depois...



Respirei fundo pela terceira vez, não querendo acreditar no que havia acabado de ouvir. Os olhos grandes e azuis brilhavam, aguardando minha resposta que não queria sair. Aquilo era um absurdo sem tamanho! Apoiei minhas mãos na mesa da cozinha e respirei profundamente, contando até dez


— Edward! — gritei por meu marido, que já estava entrando na cozinha com Lily sobre seus ombros.


Minha garotinha estava enorme! Cinco anos passaram rápido demais e eu queria meu bebê de volta! Os cabelos escuros e cheios de cachinhos davam à Lily uma aparência de boneca de porcelana, e os olhos verdes... Ah! Aqueles olhos conseguiam qualquer coisa! E era bem geniosa aquela garotinha... Quando estava brava, uma ruguinha se formava no meio de sua testa e os braços não descruzavam nem por um milagre...


— O que está acontecendo aqui? — Lily foi posta no chão e Edward puxou uma cadeira, sentando-se despreocupadamente, como se nada acontecesse.

— Esse menino não está bem! — apontei pra Gregory, que me olhava como se eu fosse louca ou coisa pior — Acho que tinha alguma coisa no suco do jantar, não é possível!


Foi o suficiente pra que Edward se desesperasse e corresse pra perto do filho, examinando cada pedacinho dele e fazendo perguntas repetidas e desconexas. Um era completamente louco pelo outro, e quase enfartamos quando Gregory nos chamou de papai e mamãe poucos meses após estar conosco. O choro foi tanto, que o pequeno até pediu desculpas e disse não falaria mais aquilo. E choramos mais ainda ao pedirmos que ele continuasse.


Gregory era nosso, Heidi só nos fez o favor de ficar com ele por um tempo, não tínhamos dúvidas disso. E ai daquele que dissesse que ele não era meu filho! Eu quase arranquei os cabelos da mãe de um coleguinha de Gregory porque ela me chamou de “mãe adotiva do garotinho de olho azul”. Foi difícil me tirar de cima dela.


— Certo. Ninguém ferido ou passando mal. Alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Edward cruzou os braços e ficou parado no meio da cozinha, me olhando. Lily ria, escondendo o rosto entre as mãozinhas.

— Nosso filho está doido! Ele me chega com essa carinha de quem não quer nada e me pede pra assar biscoitinhos pra levar pra namorada! Onde já se viu isso, pelo amor de Deus? Meu bebê não pode ter uma namorada!


Claro que não podia! Meu bebê estava com dez anos e nunca arrumaria uma namorada! Não mesmo! Nenhuma menina seria suficiente pra ele. Ponto final.


Edward caminhou um pouco, encostou-se contra a pia, olhou de mim pra Gregory, coçou a cabeça e, de repente, começou a gargalhar. Eu não estava achando nada engraçado! Era meu menino ali, gente! Nada de garotinhas assanhadas pra cima dele! Não!


— Pare de rir, seu idiota! Era pra você me apoiar!


O pano de prato voou na cara de Edward, que continuava a ignorar minha angústia. Meus filhos me olhavam como se eu fosse um animal exótico e riam discretamente, talvez com medo de eu surtar e começar a correr e gritar pela casa.


— Ele tem dez anos, amor! Na idade dele, eu dizia ter umas cinco namoradas! É normal, ok? Não precisa sentir ciúmes do seu filho; ele continuará sendo seu.


Ninguém me entendia naquela casa! Gregory merecia ser amado, e não ter um monte de garotinhas batendo os cílios excessivamente e aproveitando-se de sua bondade, dando a ele suas mochilas ou pedindo por biscoitinhos. Eu não era uma mãe louca que achava que os filhos deveriam ficar debaixo de suas asas pra sempre, mas admito que minha proteção com relação ao garotinho de olhos azuis era imensa. Me doía imaginar que qualquer pessoa pudesse magoá-lo. Mentira. Nenhuma garota seria boa pra ele; eu só estava me enganando ao dizer que não o queria sob minhas asas pra sempre.


— Não precisa ficar triste, mãe. Eu não levo mais os biscoitos e paro de falar com a Renata. — Gregory se pronunciou, me abraçando e me oferecendo um sorriso lindo.


Recebi um olhar torto de Edward. Eu estava magoando meu garotinho, e ele não merecia mesmo isso.


Me abaixei até ficar na altura de seus olhos, apertando um pouco suas bochechas. Como eu amava aquele pedaço de gente!


— Eu não estou triste, meu amor. Mães são estranhas mesmo, e eu só quero seu bem. Farei os biscoitos e amanhã você os leva.

— Obrigado, mãe. A Renata vai levar suco de laranja! Nós lanchamos juntos na hora do recreio.


Sendo completamente boba, puxei seu corpo de encontro ao meu e o abracei, tentando esconder que eu chorava. E eu ia atrás de todas as informações sobre essa Renata.


— Vá ver um pouco de televisão e depois, cama! Eu vou assar seus biscoitinhos e passo em seu quarto pra te dar um beijo.


Ele assentiu e seguiu em direção à irmã, que não estava com cara de que dormiria tão cedo...


— Eu te falei que a mamãe é legal! Fala pra ela do seu namorado também, sua boba!


Um barulho e Edward caindo no chão, desmaiado. Ah, meu Jesus! Era só o que me faltava pra uma noite fria de quinta-feira!


A correria se instalou na cozinha, e Gregory abraçou Lily, chorando e pedindo desculpas por ter matado o pai. Edward me aprontava cada uma... Como eu faria nosso filho entender que aquilo era apenas uma reação exagerada? Fazê-lo entender que não fora o culpado pela morte de Heidi foi muito difícil... Depois de um tempo ele conseguiu nos contar que queria comer besteirinhas e Heidi o estava levando pra um fast food quando sofreram o acidente. Ele ainda tinha acompanhamento psicológico, mas havia entendido que não fora o causador de tudo aquilo. Até Edward desmaiar...


— Meu amor, seu pai está bem, ok? Ele só é idiota e está tentando brincar com Lily. — minha voz saiu meio tremida e meu sorriso com certeza não convenceu.


— Desculpa! Eu não queria... Eu...


Que raiva da frescura de Edward! Estava me cortando o coração ver o menino vermelho e se tremendo daquele jeito. Consegui fazer com que Gregory fosse pra sala e só de ruindade, peguei uma jarra com água bem gelada e derramei em Edward, que deu um pulo na hora.


Ele parecia meio perdido e me olhava completamente confuso, não entendendo mesmo o porquê de estar todo molhado. Observei atentamente enquanto ele se apoiava pra levantar e assim que seus pés se firmaram, minhas mãos o atingiram nos braços descobertos.


— Ai! Bella, para! O que eu fiz? Au! Isso dói, mulher!

— Droga, Edward! Greg está desesperado e achando que te matou, seu imbecil! — mais tapas — Você sabe que não pode fazer certas brincadeiras com ele!

— Ai! Para! Para de me bater! E eu não estava brincado! Lily não vai namorar, entendeu? Ela é muito nova pra esse tipo de... Ai! Bella, sua mão é pesada!

— Que raiva, Edward! Que raiva! Você merece mais! Idiota!


Minhas mãos caíram ao lado do meu corpo e eu me rendi ao choro, odiando cada segundo de sofrimento que Greg estava passando. Realmente me fazia mal vê-lo triste ou pensar que ele poderia estar sentindo-se uma pessoa ruim.


Tentando me acalmar, Edward me abraçou e pediu que eu o desculpasse. Não era a mim que seu pedido de desculpas tinha que ser direcionado. Gregory ainda chorava, eu conseguia ouvir. Quando minha respiração voltou ao normal, Edward foi falar com nosso filho e com Lily; era certo que aquela coisa de ela ter um namoradinho não passaria impune... E não era só pelo fato de ela ser minha princesinha que eu acharia bonitinho seu namoradinho da escolinha. Crianças precisam ser crianças, e essa coisa de namoros não me agradava em nada. Aquilo era aceitável pra Vittorio, já com quatorze anos.


Alice teve uma crise de idade quando o filho completou doze anos... Ela chorou por horas e horas, e apenas Edward conseguiu acalmá-la. Não era uma questão de estar envelhecendo; Vittorio só veio cedo demais... E Alice fez questão de deixar bem claro que ser avó era inaceitável.


O nome de Lily foi dito em sua forma completa; Lílian Swan Cullen. Nada bom pra ela... Edward com certeza estava pirando naquela sala... E quando ele a chamou de pequena traidora, eu vi que era hora de interferir. Ele não tentou me impedir quando levei nossa pequena para a cama e o mandei calar a boca; ao que parecia, ele não havia entendido que a criança era ela, não ele.


Gregory já estava deitado, aparentando estar mais calmo. Me sentei ao seu lado, tirando os cabelos loiros de seu rosto.


— Seu pai conversou com você? — perguntei, arrumando a barra de seu cobertor.

— Sim. Ele disse que estava brincando e pediu desculpas. Eu fiquei assustado.

— Ele é meio idiota às vezes, mas não fez por mal, ok? Ele não quis te assustar.


Recebi um sorriso em resposta, e vi que aquele menino jamais guardaria nada de ruim.


— Meu pai é bobo mesmo, mãe. Ele quase chorou igual uma garotinha quando viu a Lily lá na sala. — eu quase gargalhei disso. Era bem a cara de Edward... — Uma vez ele me disse que a Lily nunca vai se casar porque ele não vai deixar. Você nunca vai me deixar casar também?


Oh, Deus... Minha situação não era nada boa...


— Claro que vocês se casarão algum dia. Nós só queremos que vocês encontrem pessoas legais e que os ame.

— O papai te ama. Ele me disse que você é a gordinha da vida dele.


Eu ri. Edward nunca perderia a mania de me chamar de “sua gordinha”


— E ele é o idiota da minha vida. Mas vamos deixar esse assunto pra depois; você ainda é criança demais pra pensar nessas coisas. Vá dormir enquanto eu preparo seus biscoitos. Amo você.

— Também te amo, gordinha linda do Greg.


Achei melhor nem falar nada, mas caí na risada quando saí do quarto. Aquele menino era terrível! E ainda o deixávamos perto de Emmett... As cantadas eram as piores possíveis, assim como as piscadelas e quando ele passava as mãos no cabelo, dizendo que aquele era seu charme.


Edward sabia que falar comigo não era a melhor opção, por isso ficou quieto quando passei por ele e fui para a cozinha. O chão estava seco, pelo menos. Meu marido andava meio imprestável nos últimos tempos; eu tinha que pedir que ele fizesse as coisas por repetidas vezes, até que ele cansasse de me ouvir reclamar.


Quando eu parava pra pensar e me dava conta de que já estava casada há quase dez anos, não conseguia acreditar. Passamos por tantas situações... Momentos felizes, em sua maioria, mas era tanta coisa! Com muita dificuldade eu consegui terminar a faculdade, embora não exercesse; Edward não quis mais pensar naquele assunto, mas conversava com Gregory sobre isso. O pequeno achava que o pai era incrível e dizia que seria igual a ele quando crescesse, e Carlisle dizia que não aguentaria mais um vagabundo na família.


Edward estava longe de ser um vagabundo... Seus negócios com Emmett cresceram muito e de uma lojinha de produtos esportivos e uma academia, eles tinham uma rede que se espalhava por várias partes dos Estados Unidos. Eles queriam um pouco de diversão também, por isso descentralizaram o poder e se decidiram pelas franquias, mas mesmo assim, ainda lhes sobrava muito trabalho... O homem que ficava atrás de uma mesa por várias horas durante o dia era Emmett, a pedido de Rosalie. Ela queria ter sua casa, seus filhos, e achava que o marido — ainda não de papel assinado — tinha que começar a criar responsabilidades. Como ele não os levou à falência; estava com um bom crédito com todos.


Eu estava feliz sendo mãe e esposa; não sentia falta de nada, não achava que me privei de nada. Minha família e meus amigos eram tudo pra mim; eu só precisava deles. Embora eu quase tivesse colocado Lily pra correr quando ela começou a falar... Lucy frequentava muito a nossa casa, e minha menina adorava as loucuras da tia torta. Resultado? A primeira palavra de Lily foi “Ucy”. Quase morri do coração ao ouvir minha filha, aquela criaturinha que carreguei por nove meses, chamando o nome de outra pessoa. Chorando, falei que Lucy poderia levá-la, que minha filha não me amava. Claro que meio segundo depois eu estava agarrada à minha filha, implorando pra que ela dissesse “mamãe”.


Meus amigos e minha irmã não voltaram de vez pra Forks, mas estavam sempre por perto, e era bom tê-los. Bree e Quil ainda moravam juntos, e o pobrezinho ainda ouvia ameaças do meu pai. Estavam no Oregon, muito felizes e trabalhando juntos na pequena empresa que abriram. No amor e nos negócios, sempre juntos...


Ang e Ben continuaram na Califórnia. Ela estava muito bem trabalhando em uma editora, enquanto ele era “engenheiro de coisa grande”, como dizia Vittorio. Construir qualquer tipo de máquina era com Ben!


Emily não tinha jeito mesmo... Em uma das muitas reuniões que fizemos a encontramos aos beijos com Kevin. Pelo menos ela se apaixonou por ele e o arrastou com ela pra Los Angeles. Um médico e uma artista... Até que deu certo!


Lucy continuava sem falar com os pais, mas estava feliz com Michelle, sua namorada. As duas estavam juntas há tanto tempo, que eu me perguntava o porquê de não se casarem de uma vez. Todos eles pareciam ter um medo terrível de casamento.


Doutor Luke e Julianne se mudaram pra Port Angeles e tiveram mais um bebê. Agora ele tinha mais tempo para a família e os filhos, e nos visitavam com mais frequência, assim como nós a eles.


Dimitri era pai de três filhos! Victória realmente conseguiu amansar aquele espírito livre — homem galinha, na verdade. Eles moravam em Seattle e Victória continuava sendo detetive. Uma traição seria descoberta em dois minutos... Era muito bom que Dimitri a amasse mesmo.


Meus pais estavam mais juntos do que nunca. Agora mais velho; Charlie Swan colocou em prática seu Manual da Rabugice. Nunca vi homem pra reclamar tanto quanto ele! Reclamava que seus netos estavam crescendo rápido demais, que suas filhas o abandonaram, que minha mãe o estava abandonando... E isso só porque minha mãe e Esme estavam completamente empolgadas com os projetos na pequena biblioteca de Forks. Quando foi anunciado que precisavam de voluntários com a reforma e pessoas interessadas em catalogar os livros, ambas se candidataram imediatamente, deixando seus maridos enlouquecidos. Meu pai ainda marcava o crescimento de Lily, assim como o de Gregory. Os dois se davam bem demais... Além da conta até. Jogos de baseball e futebol eram os preferidos.


— Amor, dormiu em pé? — a voz de Edward soou bem longe, mas foi o suficiente pra me despertar. Eu ainda estava encostada na pia, pensando e me esquecendo dos biscoitinhos.

— Estava pensando em tudo. Daqui dois meses nós faremos dez anos de casados. Dá pra acreditar? Eu te aturo desde os dezessete anos!

— Mas se casou comigo aos dezoito! Me fez esperar um tempão ainda! E você está ficando velha, hein? Já, já, eu te troco por duas de vinte.


Eu ri da cara feia que ele fez, rechaçando suas próprias palavras.


— Se duas de vinte te fizerem feliz como eu, pode ficar com elas. Mas espere completar quarenta, aí eu poderei te chamar de velho sem vergonha; por enquanto você ainda está gostosão.


Seus braços me envolveram, seu corpo me deixando imprensada contra a pia. E ele estava sem blusa. Você está com raiva dele, Isabella! Nada de se deixar levar por um tanquinho! Força, mulher!


— Eu nunca te trocaria por ninguém. Ficaremos juntos até sermos tão velhos que nem de nossos nomes conseguiremos lembrar.

— Não sei se quero isso, Edward... Esquecer nossa história, seu nome, nossos filhos... Quero me lembrar de você pra sempre.


Ele riu, deixando um beijo em minha testa.


— Você é tão literal! Eu só quis dizer que ficaremos juntos pra sempre, amor. Eu não quero outra mulher, nunca vou querer.

— Não vai correr atrás de outra gordinha? Não vai chamá-la de gordinha gostosa?

— Claro que não. Você é a única gostosa que eu quero, e eu acho que você bem que poderia engordar mais um pouquinho.

— Ficou doido? Só se for pra eu sufocar com meus seios!


As mãos atrevidas passearam pelas laterais do meu corpo, chegando aos meus seios e apertando com vontade. Edward andava tão saidinho... E eu adorava isso.


— Gosto deles. São perfeitos.


Seria bom manter minhas mãos ocupadas; tínhamos duas crianças em casa e não poderíamos mais fazer estripulias em qualquer lugar, eles poderiam aparecer de repente e seria traumático pra todos nós se tivéssemos que explicar o que estava acontecendo... Assim, prendi meus dedos nos passadores de sua calça e mantive minhas mãos perto e longe ao mesmo tempo.


Edward entendeu aquilo como um convite e diminuiu ainda mais a distância entre nós, arrastando os lábios preguiçosamente por meu pescoço. As mãos continuaram atrevidas e desceram mais, apertando uma dobrinha que deveria ser minha cintura.


— Gosto dessa curva e das outras. — a mão desceu mais, apertando minha bunda e depois, minha coxa — E aqui... Eu amo você, cada pedacinho seu. Tudo.


Perto demais... Minha perna direita sendo levantada... Uma encoxada na cozinha não fazia mais parte de nossa vida...


— Com calma aí, garotão. Não podemos mais fazer isso. Não aqui. — coloquei a mão em seu peito, o afastando um pouco — Se uma das crianças aparece...

— Sério isso? Você vai me deixar com vontade?

— Prometo que mato sua vontade depois. Visto qualquer coisa que você quiser; até mesmo aquela fantasia ridícula de bombeira que Emily mandou.

— Prefiro minha mulher nua mesmo, e matando minha vontade.

— Já falei que farei isso... Mas eu preciso fazer os biscoitos; Gregory ficaria arrasado sem eles.

— É verdade. E eu fiz nosso pequeno chorar. Então eu deixarei o Edward faminto pela mulher pra mais tarde e vou assumir o papel de pai tentando se redimir e vou te ajudar com tudo, ok?


Sorri e lhe dei um beijo bem casto, agradecida por ele ser incrível e sempre, independente da situação, deixar suas frustrações de lado. Talvez nem fosse frustração; entendíamos que sendo pais, muitas coisas iam ficando pra depois, pra quando as crianças estivessem dormindo, pra quando desse tempo... E era bom saber que Edward, assim como eu, não ficava chateado quando realmente só queríamos desabar na cama e dormir por doze horas seguidas, coisa que não acontecia há anos!


Fizemos os benditos biscoitos, limpamos a bagunça, demos uma olhada em nossos filhos e trancamos a porta do quarto, porque meu marido me queria nua, e eu passaria a noite inteira assim.



POV EDWARD



Dez anos! Há dez anos eu me casava com Bella e não sabia o quanto poderia ser feliz. Não havia nada que eu quisesse mudar, melhorar, fazer diferente, repensar... Tudo era perfeito daquele jeito.


Eu estava nervoso, esperando que as horas corressem pra que pudéssemos ir pra casa de meus pais, onde teríamos uma pequena comemoração. Bella pensava que seria um almoço com nossa família, mas não teria nada de pequeno ali... Também não seria algo cheio de pompa e com decoração impecável; seria do nosso jeito.


Nossos filhos já estavam na casa da vovó Esme. Eu precisava ter um tempo com minha esposa, não? Ela merecia carinho e cuidado, embora estivesse muito interessada em coisas mais... Rudes. Bella andava um tanto afoita e as marcas que deixava em mim faria qualquer um ter vergonha de mostrar o pescoço ou as costas. E ardia quando a água batia nas costas... Como ardia...


Ela estava deitada, completamente largada, e com uma das pernas pra fora da cama. Achei por bem arrumá-la; Bella tinha pavor de dormir com os pés pendurados. Eu também não gostava; me dava uma sensação estranha...


— Não, Edward... Preciso descansar... Não abuse de mim.


Aquilo me fez rir. Até uma hora atrás, era ela quem abusava de mim! Bella estava assim ultimamente; às vezes sua energia parecia não ter fim, mas de repente, ela só queria dormir...


— Pode descansar. Daqui a pouco nós temos que tomar banho e nos arrumar, ok?

— Você sabe que chegaremos atrasados. Sempre foi assim e nunca vai mudar.


Ela acabou despertando de vez, e se virou pra mim, sorrindo de um jeito diferente. Bella era linda, mas tinha algo a mais, uma beleza diferente.


— Você está radiante, sabia? Seus olhos... Eles estão brilhando muito.


Bella veio se aproximando mais e me abraçou, escondendo o rosto em meu pescoço e dando uma risadinha.


— Você é tão bobo... Ainda consegue me deixar envergonhada mesmo depois de tantos anos.

— Então a boba é você, porque eu só disse a verdade. Você é linda, amor, sempre foi.

— Estou bonita?

Incrivelmente linda.

— Seu coração está funcionando bem?


Não entendi aquela pergunta e acabei por afastá-la de mim, fitando seus olhos brilhantes e risonhos.


— Bella... — era só um alerta, porque brincadeiras não me faziam tão bem assim.


Minha mão foi firmemente agarrada, e Bella a levou até sua barriga, sorrindo mais ainda.


— Surpresa!


Meu riso saía de forma incontrolável, levando Bella a sorrir mais. Mais um bebê! Nosso bebê.


— Por que não me contou antes? — um beijo — Também é meu! — outro beijo — Quando descobriu?

— Descobri no início do mês, e como eu não tinha ideia do que comprar pra te dar de presente de casamento, achei que seria bom te contar hoje.

— E não teria presente melhor, amor.


Praticamente me arrastei sobre a cama até chegar à barriga de Bella. Eu teria uma séria conversa com nosso bebê.


— Nós te amamos, bebê! Por favor, não mexa muito com os hormônios da mamãe, ok? E obrigado por deixá-la ainda mais linda! Teremos que ir pra casa da vovó Esme; ela vai chorar quando souber de você, e seu vovô Charlie vai querer me matar outra vez... Então, fique quietinho e deixe sua mamãe contar que estamos te esperando!


Bella riu da conversa desconexa, mas nada disse. Eu queria ter coisas bonitas a dizer, ou fazer agradecimentos longos, cheios de palavras que deixariam Bella mais alegre, mas ficar em silêncio, apenas observando o quanto minha esposa estava radiante, me pareceu o melhor para aquele momento. Nada do que eu dissesse ou fizesse seria suficiente pra mostrar o quanto eu estava feliz e a amava.


Por longos minutos nós ficamos calados, só aproveitando aquele serzinho pequenininho e que nos enchia de sentimentos intensos e inexplicáveis. Minha mão não saía da barriga de Bella, e a dela segurava a minha com força. Aquela menina que conheci na escola estava ali, com um olhar sonhador e um sorriso bonito em seus lábios, me deixando bobo por ter escolhido a mim, por ter permitido que eu me tornasse seu amigo, confidente, companheiro, pai de seus filhos...


— Você ficaria muito triste se eu dissesse que queria mais um filho e por isso parei de tomar as pílulas há algum tempo? — Bella falou tudo muito rápido, me fazendo rir.

— Claro! Se você tivesse me contado, poderíamos ter praticado muito mais!


Eu não estava triste, longe disso, e Bella sabia só por causa do meu sorriso idiota.


— Acho que estamos praticando bastante de um tempo pra cá! Nossos filhos estão realmente exigindo menos de nós.

— Mas isso vai acabar em breve, senhora Cullen... Tem mais um bebê a caminho! E eu gostaria muito de ficar o dia inteiro aqui, te olhando e fazendo planos para o nosso bebê, mas temos que nos arrumar! Daqui a pouco estarão ligando desesperados atrás de nós, achando que fugimos para nos casarmos outra vez, só que em Vegas agora.


Não demoraria muito mesmo... Talvez Emmett ainda não estivesse com fome.


(...)


Apenas quando estacionei o carro em frente à casa de meus pais foi que me dei conta... Bella não podia mais se assustar! Mesmo sabendo que estragaria um pouco da surpresa, comentei que poderia haver gritos e um pouco mais de emoção... Como Bella me garantiu que estava tudo bem e pediu que eu não me preocupasse tanto, até consegui não pensar muito naquilo.


Era bom que nada acontecesse mesmo! Eu jamais me perdoaria caso Bella passasse mal por causa de um susto ou coisa parecida. Bem, levando em consideração que decidimos esperar pra contar sobre o bebê, não haveria tanto problema assim... Queríamos estar com nossos filhos apenas, sem muitas pessoas em volta, sem ameaças, sem choros ou gritos. Não que nossas famílias não merecessem saber, mas seria a primeira vez que contaríamos algo assim para as crianças e queríamos estar em nossa casa, no nosso cantinho; depois todos ficariam sabendo e toda a loucura começaria outra vez...


— Edward, você poderia parar de olhar para minha barriga? Só por um tempo, ok? Se você continuar assim, nem precisaremos contar nada a ninguém! — eu ri, mas não parei de olhar — E podemos entrar logo? Estou com fome.


Claro que estava... E a tendência era piorar bastante!


Enquanto seguíamos pra dentro de casa, eu tentava não ficar olhando pra Bella nem pra sua barriga, mas era quase impossível! Mesmo combinado, dava uma vontade de já chegar gritando... E eu gritei! Assim que viu a mãe, Lily veio correndo e quase pulo no colo dela, mas a segurei antes, recebendo alguns olhares estranhos.


— O papai já falou pra você não correr, não foi? — tentei desviar a atenção e até briguei com Lily. Pelo menos os olhares saíram de cima de mim.

— Cara, é incrível isso! Há dez anos que eu sou obrigado a passar fome toda vez que vocês são convidados pra qualquer coisa! Dez anos que vocês sempre, invariavelmente, chegam atrasados aos lugares! Um pouco mais de respeito com a fome alheia até que seria bom, ok? Eu não...

— Cale a boca, Emmett! — Bella gritou, me fazendo rir — Já estamos aqui, não estamos? Pare de reclamar, pelo amor de Deus! E eu não me lembro de ter dito que você só poderia comer depois que eu chegasse!

— Crianças, não briguem! Vamos? O jardim já está todo arrumado.


Isso, mãe! Coloque ordem na bagunça! E pelo visto, Bella estava mais do que grávida... Aquilo já havia passado de irritação! Óbvio que eu estava com medo da reação de minha esposa, então tratei de passar um braço por sua cintura e a mantive quase segura; ter Lily pendurada no outro braço não ajudava muito, mas era melhor que nada...


Assim que minha mãe abriu a porta, uma mistura de vozes e gritos se fez ouvir, e Bella ficou parada, olhando pra todos aqueles rostos conhecidos e dos quais sentíamos saudades. Vê-los através de um computador não era a mesma coisa de tê-los ali, poder abraçá-los e rirmos juntos. Não foi difícil convencê-los a juntarem-se a nós; todos queriam voltar à Forks ou pra algum lugar mais perto, onde poderiam estar mais próximos. Emily se mostrou mais entusiasmada que todos os outros, pois ser uma grande atriz não fazia mesmo seu tipo — ou melhor, ela acabou descobrindo que o brilho dos holofotes deixava algumas pequenas imperfeições de seu rosto mais evidentes. As marcas da adolescência não eram mais tão agradáveis... E eu estava sendo cruel com esse pensamento...


Bella sumiu no meio de tanta gente, e não adiantou que eu pedisse pra que a deixassem respirar um pouco; todos queriam abraçá-la e beijá-la. Me afastei e deixei Lily no chão, vendo-a correr imediatamente para Lucy. Aquilo não estava dando certo... Eu sabia que teríamos que afastar antes, mas era tarde! Em um dia qualquer, minha pequena simplesmente pegou sua vassourinha de brinquedo e a fez de guitarra imaginária.


Meus sogros estavam ali também, e pareciam bem felizes com a volta da outra filha. Melhor assim; meu sogro agora poderia pegar no pé de Quil e me deixar um pouquinho em paz, porque ele ainda me atazanava de vez em quando ao dizer que eu roubei a inocência de sua filha. Ah, se ele soubesse que foi ela quem me atacou e ficava me tentando...


— E aí, pai? Beleza? — demorei meio segundo pra me situar. Vittorio estava mesmo falando daquele jeito comigo? Onde estava o respeito? E desde quando ele surgia do nada? Sempre foi meio estabanado e fazia barulho!

— E aí? Beleza? Antes você me tratava como gente!


Claro que eu estava indignado! Eu duvidava muito que ele falasse daquele jeito com Jasper! Era capaz de meu cunhado ter um infarto fulminante.


— E eu não fiz isso? Ah, pai! Daqui a pouco eu vou fazer quinze anos!

— E o que eu tenho a ver com isso, moleque? Você fala assim com Jasper? Não!

— Claro que não! Vocês são meus tios e não me batem ou me deixam de castigo, mas ele é meu pai de verdade e ainda faz sua mão encontrar minha nuca, ok?


Pai de verdade... Eu também era pai dele de verdade, ora! Emmett também era! Aquele menino não estava normal. Só isso.


— Sabe de uma coisa, Vittorio? Não vou esquentar minha cabeça com isso não. E tomara que seu pai de verdade te deixe de castigo eternamente dentro do quarto!


Fiquei puto! Eu sentiria a mesma coisa caso Gregory dissesse que eu não era seu pai. Antes de sequer pensar em ter filhos, eu já cuidava de Vittorio, já passava noites em claro e trocava suas fraldas. Agora eu me pergunto: pra quê? Pra ele dizer que eu não era seu pai de verdade!


Voltei minha atenção para o outro lado. Eu ainda não conseguia ver Bella direito, mas como ninguém gritou por ajuda, supus que estava tudo bem. Perto das árvores, Greg brincava com os filhos de Luke e Julianne. Era bom vê-lo daquele jeito, conseguindo interagir e ser feliz.


Meu pai estava com um copo na mão, assim como Charlie e Jasper. Dia de alegria e whisky... Pra eles.


— Pai... Não fique chateado comigo, ok? É que eu quero falar uma coisa e não quero ouvir sermão de pai, quero conselho de tio.


Tá ok, moleque! Me amoleceu.


— Fale. Estou velho, mas ainda escuto.


Certo, eu nem tinha completado trinta ainda, mas já estava velho perto de Vittorio... Não demoraria muito e ele diria que eu seria vovô de mentirinha. Eu o mataria antes de Alice, era um fato!


— Então... Tem uma menina que eu... Nós... Ela...

— Certo. Você anda beijando uma menina. Continue.

— Não é assim! Eu não estou beijando uma menina. Eu gosto dela de verdade! E ela gosta de mim.


Um grito roubou minha atenção, fazendo Vittorio praguejar. Ele ainda não entendia dessas preocupações... Se ele soubesse o quanto eu estava nervoso com aquele tanto de gente cercando Bella, nem faria cara feia pra mim.


Tio, por favor! Eu posso ter um pouco de atenção?


A pergunta não passou de um sussurro abafado por uma respiração pesada. Eu estava prestando atenção, só que eu precisava cuidar de minha esposa, certo?


— Fale. Mas fale de uma vez. Vocês se gostam. E aí? Qual é o problema?

— Minha mãe! Ela me proibiu de chegar perto da menina e ameaçou me trocar de colégio!


Ah! E eu serviria de pombo-correio àquela altura da vida? Sério, Vittorio?


— Eu não quero brigar com a minha mãe nem mentir pra ela, mas não tem outro jeito!

— Tem! Mas, por favor, me prometa que vai manter a calça fechada perto dessa menina! Vittorio, eu te juro que se sua mãe me ligar avisando que vai ser avó antes de chegar perto dos quarenta anos, eu arranco seu pinto fora, ouviu?

— Certo.

— Ouviu?!

— Ouvi! Ouvi! Ouvi!


Ainda bem que ele correu, porque senão, minha mão encontraria sua nuca rapidinho! Greg seria assim também? Não, não seria não... Meu filho ficava bem longe de Emmett!


E eu nem tive muito tempo pra respirar, porque minha cunhada e amigos queridos resolveram abandonar Bella e me enxergar ali. Nunca fui tão amassado e apertado em toda a minha vida...


— Aê! Como está se sentindo o cara que completa dez anos de casado? — Quil bagunçou meus cabelos, me fazendo xingá-lo. Estávamos de volta à FHS?

— Como se todos vocês tivessem se conhecido ontem...

— Mas do nosso grupinho, só você está casado! Ainda está apaixonado pelas coxonas da Bellinha, hein?


Olhei feio pra Ben. Eu não ficava falando da mulher alheia por aí! E era da minha mulher que ele estava falando! E minha mulher grávida!


— E logo a Bella, não é? Vivia dizendo que não ia se casar... Pagou a língua!

— Ang, como eu resistiria a esse homem lindo? Não tem como!


Fui agradavelmente surpreendido por minha esposa, que me beijou assim que terminou de falar. Os outros fizeram sonzinhos engraçados e coraçõezinhos com as mãos, e eu nem me importava de estar servindo de diversão pra eles. Deixei Bella à minha frente e passei o braço ao seu redor, pousando, estrategicamente, minhas mãos em sua barriga. Era uma forma de acarinhar aos dois ao mesmo tempo.


— E foi só por isso que ela se casou comigo... Onde está o amor?

— Aqui, querido. — a última palavra veio um tanto debochada e com um aperto em minhas mãos. Era legal ficar com aqueles joguinhos sem que ninguém entendesse. Era nosso bebê.

— Vocês estão me deixando enjoado... É muito açúcar pra apenas duas pessoas... — Kevin era um amor... Bem parecido com Emily mesmo — Eu vou me juntar aos homens e beber!


Todos os homens se juntaram em um canto qualquer do jardim, enquanto as mulheres estavam em grupinhos menores e até duplas. Como fofocavam! Ninguém estava preocupado com as crianças; Greg cuidava bem deles, e mais ainda da irmã. E por falar em irmã, Alice me olhava bem feio e com certeza ainda não tinha me xingado por causa de Jasper. Vittorio deveria ter esperado um pouco mais ao invés de ter corrido para a mãe e ter dito que eu conversaria com ela. Eu amava tanto aquele menino...


— Atenção aqui, por favor! — Emmett gritou, tomando um lugar mais ou menos no centro do jardim — Eu sei que todos estão se divertindo e enchendo a cara, e que essa comemoração é pra Edward e Bella, pessoas que eu amo pra cacete, mas eu gostaria de dizer uma coisa.

— Tão educado esse meu marido...

— Marido não, dona Rosalie Elizabeth! Esse cara te enrola há anos!


Claro que eu não perderia a oportunidade de falar aquilo... Ele tinha que se casar com a minha irmã, ora essa!


— Fique calado, amor. Deixe esse morto de fome falar de uma vez! Desembucha logo, Emmett!


Eu amava minha esposa. Só isso.


— Ok! Rose pediu que eu contasse, pra dizer a verdade. Ela está morrendo de medo... Sabe o que é, gente? Eu vou ser pai! Minha fofinha está esperando um bebê!

— Ainda bem que é um bebê... O quê? Você engravidou a minha irmã? Eu vou te matar, Emmett! Corre, cara! Mas corre muito!


E ele correu. E eu corri atrás dele. Nem mesmo os gritos de todos foi o suficiente pra me fazer parar. Era um absurdo! Um absurdo! Quando consegui derrubar o grandão no chão, minhas forças acabaram e eu só consegui chorar. Era minha irmãzinha ali... Minha garotinha loira e frágil.


— Cara, não precisa me matar, ok? Eu vou ser pai!

— Você vai se casar com ela, Emmett! E vai arrumar uma casa! Sua fase de ser inconsequente já passou, ok? — parei pra respirar e limpar as lágrimas — E eu quero ver uma aliança no dedo de Rosalie.

— Quando você sair de cima de mim, eu posso pegar a caixinha com o anel. E está muito estranho isso.


Sim, mas ainda bem que eu estava por cima do grandão... Quando me levantei, vi que todos prendiam o riso, exceto Gregory, que me olhava com cara de pelo amor de Deus, pai, não me faça passar vergonha! Ele entenderia minha reação quando fosse a vez de Lily. Ou de mais uma pequena que poderia estar a caminho.


— Bem, como eu estou vivo, posso continuar com meu discurso bonito. — mais uma vez Emmett tomou seu lugar, ganhando nossa atenção — Quero deixar claro que não estou pedindo nada a ninguém; eu vou me casar com Rosalie e ela já aceitou o pedido. — eu não achei graça, mas os outros riram — Ao contrário do que vocês podem estar pensando, não vou me casar porque Rose está grávida; nós estamos juntos a tempo suficiente pra sabermos que nos amamos e que nenhum papel será mais importante que isso. Eu cansei de ser apenas “o Emmett que mora com a Rose há um tempão”, e ela se cansou de ser a adolescente que tinha medo de que eu pudesse deixá-la por uma modelo a qualquer momento.


Minha irmã ainda pensava nessas coisas? Mesmo depois de todos aqueles anos? Mesmo depois de tantas provas que Emmett lhe deu?


— Acho que o fato de Edward e Bella estarem comemorando dez anos de casados deu mais segurança à minha fofinha; vocês são o exemplo dela, vocês a fizeram acreditar que era mesmo possível e que eu não a estava enrolando esses anos todos. Eu, particularmente, não vejo problema nenhum em namorar ou dar uns amassos em uma gordinha... Vocês são gostosas, meninas! Com todo o respeito, Edward... As coxonas da Bellinha são suas, nós sabemos disso.


Só as coxas não... Bella era toda minha. Só minha.


— O que Emmett está querendo dizer com essa enrolação toda é que eu, embora não tenha dito tanto gostaria, admiro Isabella mais do que a qualquer outra pessoa que eu conheça. E que os outros presentes me desculpem por isso. — eu ri de minha irmã, mas notei que Bella fazia barulhos engraçados ao tentar não chorar — Ela me encontrou no chão de um banheiro, chorando e querendo sumir após eu ter sido humilhada mais uma vez, e me mostrou que eu era muito mais do que uma adolescente gorda e que não acreditava em si mesma. Gosto de acreditar que aprendemos muito uma com a outra, ainda que nem percebêssemos isso. Eu aprendi a não sofrer por ser como sou — e confesso que adoro tudo isso. — nós rimos quando ela rebolou um pouco e bateu na bunda. Pobres crianças presentes... — Eu aprendi que ninguém pode dizer que eu sou inferior ou me tratar como doente.

— E eu aprendi, Rosalie, que eu poderia amar e ser amada. Tudo bem que eu não esperava que um adolescente meio preguiçoso e lindo pudesse se apaixonar por mim, mas ele foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. — Bella falando... Ia ter choro, eu sabia! — Meus pais são meus exemplos de harmonia e felicidade, mas você e Emmett... Vocês me mostraram que o amor realmente não escolhe forma física. Para os sequinhos presentes pode não fazer muito sentido, mas acho que nós entendemos bem o que quero dizer, não é Rose? E eu fico muito feliz que vocês tenham escolhido o dia de hoje pra anunciar algo tão bonito, e desejo a vocês a mesma felicidade que eu tenho. Edward me prometeu cem anos e estamos caminhando pra isso. E bem, eu espero mesmo que ele cumpra a promessa, porque senão, a coisa vai ficar muito séria!


Embora os outros tivessem rido, era eu quem estava chorando ali. Que sacanagem! Ser pai mexia com os hormônios, gente!


— Então, para que todos possam voltar a comer e encher a cara, é melhor eu colocar logo o anel no dedo da minha fofinha!


E foi justamente naquela troca de alianças que todo mundo resolveu chorar. Os homens eram mais contidos, olhavam para os lados e fingiam que nem era com eles, mas as mulheres choravam mesmo! E eu adorei quando meu pai, mostrando toda sua masculinidade, deu um tabefe na nuca de Emmett e disse que estava feliz por ele finalmente parar de enrolar sua garotinha loira.


Deixei que todos abraçassem e felicitassem minha irmã, e só depois me aproximei. Eu choraria mais, era verdade, mas não me importava.


— Não seja bobo, gêmeo! Eu estou feliz, ok? Emmett sempre me fez feliz, só que agora eu serei mamãe!


Apertei Rose ainda mais, sem querer soltar mesmo. Mamãe! Minha gêmea sendo mamãe!


— Eu amo você, Rose, mas saiba que vou caçar Emmett se ele te fizer chorar. E cuide muito bem do meu sobrinho!

— Pode deixar, comigo! Esse bebê vai ser muito bem cuidado e amado. E terá os melhores padrinhos do mundo! Você e Bella vão amar meu pequeno, não vão? Porque padrinhos devem amar muito! Igual eu amo minha pequena Lily.

— Nós já amamos seu bebê, Rose, não precisa fazer essa carinha de cão carente!

— E você nem se deu conta que eu falei que você é o padrinho, não é?


Oh! Eu não tinha mesmo me dado conta... Aí que eu apertei minha irmã mais ainda.


— Eu preciso respirar, ok? Me solte e vá falar com Alice, porque ela está quase te engolindo com os olhos. Ciúmes...


Eu ouviria um tanto de reclamação, seria xingado, ouviria gritos e por fim, ela diria que eu não a amava do mesmo jeito que amava Rosalie. Roteiro decorado. Mas não fui até ela de imediato; antes eu parei, conversei, ri, brinquei com meus filhos, confisquei o celular de Vittorio... Pelo sorriso enorme naquela cara safada, a menina devia estar mandando mensagens pornográficas pra ele.


Também fiquei de olho em Bella e no copo em sua mão; com certeza tentariam fazer com que ela bebesse pra comemorar e aquilo não poderia acontecer por uns bons meses. Por Deus... A maluquice toda recomeçaria... E eu pagaria a conta ao ficar sem sexo, porque obviamente Bella diria, outra vez, que estava enorme e não conseguia mais se mexer... Ser pai também não é fácil.


— Querido? — minha mãe chegou por trás de mim, me abraçando e sorrindo — Podemos falar um pouquinho?

— Dona Esme, meu tempo é todo seu.

— Agradeço a preferência, senhor. — eu ri. Minha mãe era sempre engraçada — Bem, eu quero dizer que estou muito feliz por vocês, mas estou triste por mim e por seu pai.

— Opa! Não me assuste não, mãe... Vocês estão bem, não estão?

— Melhor do que nunca, menino! Você tem cada ideia... Mas seu pai vai ter que viajar pra participar de um congresso, e como ele tem férias acumuladas, talvez a gente fique uns dois ou três meses fora.

— E desde quando ficar sozinha com seu marido é motivo de tristeza, dona Esme? Aproveitem o tempo de vocês, porque agora, eu só posso ir à Disney ou qualquer lugar onde as crianças se divirtam.


Há quanto tempo mesmo eu não saía com Bella sem me preocupar com a hora de voltar? Ah, sim! Alguns anos. Só isso.


— Não é que estejamos tristes por ficarmos sozinhos, mas nós vamos perder os primeiros meses dos nossos netos.


O olhar que recebi não foi tão sério, só havia um quê de “eu sei que vocês tentaram esconder a gravidez e não deu certo, seu idiota.”


— Rose está grávida de gêmeos, é? Poderiam ter falado, a senhora não acha?

— Acho que você está perdendo a noção do perigo... Vocês poderiam ter contado!

— A gente ia contar, mas não quisemos estragar o momento da Rose. Vamos contar primeiro aos nossos filhos, depois falaremos aos outros.


Minha mãe riu outra vez, rindo de um jeito que só ela sabia fazer. Dizem que as mães possuem o mesmo jeito de olhar para seus filhos, mas eu discordava completamente... Cada uma amava com uma intensidade diferente, embora o sentimento fosse o mesmo.


— Foi bonito deixar que Rose vivesse esse momento, mas você se engana se pensa que ninguém percebeu... Edward, seus olhos estão grudados na barriga de Bella, além dos carinhos e dessa mão boba que sempre encontra um jeito de acarinhar o bebê.

— Passei um pouquinho da conta, não foi?

— Não importa. O que me importa mesmo é te ver assim, feliz. E desejo que vocês continuem sendo felizes juntos.

— Continuaremos sendo, mãe. Eu amo a Bella demais pra deixar que isso acabe.

— E eu acredito em você. Agora, vá falar com Alice antes que ela te fulmine com os olhos.


Sim, era melhor mesmo que conversássemos de uma vez. Vittorio me metia em cada uma... Seu celular ficaria comigo por uma semana, como forma de pagamento por tudo o que eu teria que ouvir. E quando ela apontou a casa com a cabeça, percebi que a coisa seria muito, muito chatinha mesmo.


Nada de biblioteca ou qualquer lugar privado; ela queria a sala mesmo, com qualquer pessoa podendo entrar e nos interromper. O clima mudou e com certeza eu sairia dali com uma leve dor de cabeça.


— Vou direto ao ponto: não diga ao meu filho o que eu vou ou não permitir. A responsabilidade por ele é minha e eu não quero mais que se metam na criação dele.


E eu ia discutir? Ia.


— Sabe de uma coisa, Alice? Os anos passaram e você se tornou uma mulher controladora e muito, muito chata! Se você não quer que ninguém se meta em sua vida, arrume sua casa e mude-se. Vittorio é um garoto incrível e não vai sair por aí engravidando uma menina atrás da outra. Você ter engravidado aos quinze anos não foi por culpa da educação que nossos pais nos deram; eles sempre falaram conosco abertamente e sabíamos o que aconteceria, não sabíamos? A irresponsabilidade foi sua, não deles.

— Ah! Então eu devo dar camisinhas ao meu filho e dizer que ele tem que usá-las, além de achar muito natural um menino de quatorze anos pensando em sexo?!

— O que você acha é problema seu, Alice. No começo eram engraçados os surtos que você tinha, mas já passou da conta há muito tempo! Ninguém aguenta mais sua vigilância, suas perguntas e o fato de você ligar para o menino de meia em meia hora, e eu achava que era uma preocupação exagerada de mãe, mas depois que Vittorio me falou da namoradinha, entendi tudo. Você vai perder seu filho, Alice.

— E você sabe muito sobre isso, não é? Seus filhos são pequenos ainda, não há tantos problemas assim.

— Eu nem precisaria ter filhos pra saber que essa história vai acabar mal. E sabe de uma coisa? Volte a falar comigo apenas quando minha irmã aparecer novamente, porque desconheço a mulher que tomou o lugar dela.


E eu saí sem me importar com seus gritos. Ah, Alice estava ficando muito chata e fazia coisas sem sentido... Vittorio não era nenhum alienado e com certeza sabia mais do que eu; Alice só estava mesmo arrumando uma forma de fazer o menino se afastar dela. Jasper, ao contrário, procurava sempre conversar, mostrar que estava ali.


Encontrei Bella antes de chegar perto de uma bebida qualquer e parei imediatamente; sua cara não era muito boa... E eu nem tive tempo de perguntar nada, pois ela me empurrou e correu em direção ao banheiro. Enjoo. Essa gravidez seria o máximo...


Quase vinte minutos depois, Bella saiu do banheiro um tanto sem cor e nada feliz.


— Melhor? Eu poderia ter entrado com você.

— Ah, não poderia não... Mas já estou melhor; o bebê só não gostou muito da torta de morango.

— Meu filho já chegou concordando comigo! — espalmei minha mão na barriga de Bella, morrendo de vontade de sentir alguma coisa, mesmo sabendo que ainda era cedo pra isso — Chocolate é melhor, não é, bebê?

— Mais um chocólatra? Eu não mereço tanto!


Não que eu gostasse mais de chocolate e menos de morango, mas o primeiro me trazia ótimas e inesquecíveis lembranças... E Bella também gostava mais de chocolate, mesmo nunca admitindo.


Como ela já estava melhor, voltamos para junto dos outros. Eu preferi não falar muito sobre minha conversa com Alice, mas o pouco que falei foi suficiente pra que Bella ficasse bem irritada e querendo se meter em briga. Nunca vi mulher pra gostar de uma discussão tanto quanto ela gostava... Só as conversas atropeladas conseguiram distrair Bella e impedir que ela largasse tudo e fosse trás de Alice pra tirar satisfações. Um homem do meu tamanho sendo defendido pela esposa... Eu merecia mesmo uma coisa dessas! E por mais que minha irmã estivesse mesmo se tornando uma mulher bem chatinha, ainda éramos irmão e pequenas brigas sempre nos acompanharam ao longo dos anos, igual quando eu colei chiclete em seus cabelos e minha mãe teve que mandar cortar a cabeleira toda... Meses sem nos falarmos, mas eu era pequeno demais, então não ligava muito.


Estar com nossos amigos era muito bom, sem dúvida alguma, mas eu já estava cansado e zonzo por ter que me dividir e dar atenção pra tantas pessoas; os homens já haviam cruzado a linha da sobriedade há tempos, então era hora de retirar meus filhos dali e deixar que eles pagassem quantos micos quisessem. Minha tropa não reclamou por ter que levantar acampamento, e saímos quase escondidos da casa de minha mãe.


A energia das crianças era algo assustador, porque nenhum dos dois quis dormir depois de tomar banho, e Bella decidiu que era hora de contar sobre o bebê. Eu não saberia como começar ou responder de onde eles vinham, então deixei tudo nas mãos da minha querida e amada esposa. Medo falando muito alto...


Lily estava correndo pela casa e Greg corria atrás, tentando fazer com que ela sentasse e ficasse quieta, mas não estava dando certo não... A menina parecia ter formiga no corpo. E eu até tentei convencer Bella a contar depois, mas ela não quis não... Me chamou de covarde! Então que fosse do jeito dela.


— Crianças, sentem-se um pouquinho, por favor? A mamãe quer falar com vocês! — falei de uma vez e vi Bella empalidecer — Todos seus... Sentados e quietos. Vá em frente!

Cretino.


Ela me amava... Dava pra sentir isso só de olhar. Mas Bella manteve-se firme e sentou-se ao lado de nossos filhos, olhando-os como se fossem criaturinhas estranhas demais.


— Antes de começar, eu quero dizer que eu e o papai amamos muito vocês, está bem? Muito mesmo. — Lily abriu um sorrisão; ela sempre sorria assim quando dizíamos que a amávamos — E não tem um jeito fácil de falar, então... Vocês terão um irmão ou irmã; tem um bebê bem aqui. — Bella apontou a barriga e as crianças olharam pra ela bem espantados.

— Dói? — Lily colocou um dedo perto do umbigo da mãe, como se estivesse com medo do bebê ou da barriga. Eu ri.

— Não, meu amor, não dói. Pode colocar a mãozinha.


Oh, Lily não quis não... Ela ficou só com o dedinho mesmo. E Greg estava quieto demais, só nos olhando. Como Lily logo perdeu o interesse pela notícia — e sabíamos que quando a barriga estivesse maior, as coisas ficariam tensas —, eu a levei para o quarto e não demorou cinco minutos pra que ela estivesse dormindo; quase que ela dormiu de pé enquanto escovava os dentes, mas aquele truque a gente já conhecia... “Escovar os dentes” era a frase que fazia nossa pequena ter de tudo: fome, sono, sede, dor... Mas depois que começava, não queria mais parar.


E quando retornei à sala, lá estava Greg, olhando pra Bella e parecendo não vê-la ali. Ficamos tão empolgados com mais um bebê que acabamos nos esquecendo de que com Gregory as coisas poderiam ser mais complicadas.


— Filho? Está tudo bem? — perguntei ao me sentar ao seu lado, estranhando seu silêncio.

— Não sei... A Lily era um bebê quando eu vim pra cá, não era?

— Era.


Não estávamos entendendo onde ele queria chegar, mas não me pareceu que um problema estava se formando na cabecinha esperta demais do nosso garoto.


— Pai, o bebê vai chorar igual ela chorava?

— Vai. Chorar é a forma que o bebê tem de se comunicar com a gente.

— Ah, não! Ela vai acordar todo mundo outra vez, pai! Vai puxar meu cabelo e jogar babinha na minha cara!


Eu não queria, mas comecei a rir. Infelizmente não havia muito a ser feito quanto a isso, só tentar nos esquivar das mãozinhas e da baba.


— Meu garotinho lindo! — Bella puxou nosso filho de qualquer jeito mesmo, quase esmagando a pobre criança — Eu te amo tanto, sabia? O bebê vai adorar ter um irmão como você.

— Claro que vai! Eu sou lindo e todo mundo me adora, mãe.

— Ah, é? Então eu acho que está na hora do lindão espertinho escovar os dentes e dormir.

— Pai, você não sabe brincar! Mas eu já estou indo! Estou indo! Olha, já fui!


E ele foi mesmo. Saiu correndo quando viu que eu ia atrás dele. Tínhamos que parar de deixá-lo perto de Emmett e Vittorio... Estava ficando igualzinho a eles.


— Deu tudo certo.

— Graças a Deus. E eu vou tomar um banho e dormir também, porque meu marido lindo me fez o favor de juntar um bando de adultos com espírito adolescente e eu estou cansada e com os ouvidos zumbindo por causa de tanta gente falando ao mesmo tempo.

— Você ama esse tal de marido, Isabella. Eu sei que ama.

— Amo. Ele é um cara incrível e me deu filhos lindos; viver com ele é mais que estar no paraíso. E ele é meio idiota também, mas faz parte do charme, sabe? E eu sei que ficaremos juntos por muito, muito tempo...


Sim, ficaríamos mesmo, porque dez anos era apenas o começo da nossa vida, ainda tínhamos muitas coisas para viver, muitas risadas e talvez, um pouco de choro também, porque Bella era muito sentimental... E mais um bebê estava a caminho, então, sem dúvida alguma, era apenas o começo.


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