Superando escrita por Arline


Capítulo 24
Capítulo 24 - SIMPLESMENTE AMOR


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu sei que estou super em falta com vocês e peço mesmo que me desculpem por isso. Creio que o capítulo nunca demorou tanto assim, não é? A inspiração sumiu por completo esses dias e escrever Superando já não estava fácil como era antes.

Claro que vou entender se quiserem me xingar, me amaldiçoar e me seguir, como eu suspeito que a Ketlen esteja fazendo...

Eliana, muito obrigada pela sutil pressão exercida pra que o capítulo saísse!

A todas (os), meu muito obrigada e espero que gostem das 28 páginas digitadas. Eu acabei agora e me avisem sobre qualquer erro, ok?

Há uma pequena passagem de tempo no capítulo, nada muito grande.



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SIMPLESMENTE AMOR

POV BELLA

Claro que voltar pra escola foi meio assustador; todas as pessoas que notavam o anel em meu dedo começavam a cochichar, apontar e querer saber o que ele significava. Se eu realmente tivesse saco pra responder a todos eles e se minha vida interessasse a mais alguém, além de mim mesma, eu diria que aquilo era amor. Era a prova de que eu estava sendo feliz. Isso, se ainda restasse alguma dúvida.


Edward pensou que eu surtaria e xingaria a todos eles, mas não; eu realmente deixei o que me fazia mal em um lugar bem longe de mim. Não me importava mais as pessoas que falavam e apontavam. Não me importava mais os olhares cínicos que eu recebia, e muito menos importava algumas meninas que ainda insistiam em olhar pra Edward como se ele fosse o melhor chocolate do mundo. Era a mim que ele amava e dizia isso todos os dias, era em minha cama que ele dormia e acordava, era comigo que ele se casaria dali alguns meses.


Também não me importei quando fiquei sabendo que Jacob havia pedido transferência. A fofoca da vez era que alguém o ameaçara e o pai achou bom bem tirá-lo de Forks. Se eu fosse muito idiota, teria acreditado naquela história... E se não fosse Edward de segredinhos com meu pai, claro. Depois de muito perguntar ao meu pai o que estava acontecendo, ele por fim me disse que teve uma séria conversa com Billy e que havia feito algumas investigações... Conclusão: A ficha de Jacob não estava nada limpa... Usando de suas palavras; marginal em formação.


Meu pai dizia que a partir do momento em que me mudei; algo em mim se modificou. Segundo ele, eu estava mais confiante, mais segura. Talvez fosse verdade. Morar definitivamente com Edward abriu meus olhos pra realidade; eu não era mais uma menininha que chorava por tudo, eu não me trancava no quarto e rezava para o mundo acabar e assim, minhas dores sumirem. Não! Eu tinha responsabilidades, eu tinha um cara pra fazer feliz, como ele fazia comigo.


Tudo ainda era muito novo e eu ainda ria quando alguma conta chegava e eu tinha que esconder; pra que Edward não pegasse e corresse pra pagar. Tínhamos feito regras quanto às contas da casa, mas ele sempre burlava uma ou outra e pagava algo a mais. Aquilo nos fez passar vergonha no supermercado também; eu dei o dinheiro pra pagar e ele puxou da mão da menina do caixa, dando o dinheiro dele. Eu peguei o dinheiro dele e dei o meu. Depois de muita confusão e risos por parte das pessoas que nos assistia, eu acabei pagando e ouvi Edward resmungar por três dias, dizendo o quanto aquilo estava errado, que a conta tinha que, no mínimo, ter sido dividida, já que ele morava ali também. E eu amava esses pequenos surtos; ele ficava adorável com aquele bico e de braços cruzados.


O que também o deixava adorável era ver suas bochechas vermelhas a cada vez que visitávamos meus pais. Foi meio traumático quando Charlie o pegou pelo colarinho e o acusou de ter desvirtuado sua inocente e pura menina. Mais traumático foi ver meu pai ficando roxo quando eu contei que fui eu quem atacou Edward. Ele precisava saber que eu não era mais nenhuma pobre inocente que cai na lábia de qualquer um. E Edward não era qualquer um. Eu quis e ponto final.


Quando eu me lembrava daquela noite, um sorriso bobo sempre surgia em meus lábios; não poderia ter sido mais perfeita. E só pra uma pessoa eu tive coragem de contar quase tudo. Rosalie sabia como eu me sentia com relação a isso, ela passou pelas mesmas coisas que eu, teve as mesmas dúvidas, sem contar que ela não ficava voltando ao mesmo tema, não fazia piadas ou insinuava qualquer coisa. Na casa da árvore eu contei e na casa da árvore morreu.


A casa... Ela era realmente grande. A inauguração foi perfeita e contou com uma ajuda da mãe natureza; havia tímidas estrelas no céu de Forks naquela noite. E Edward era certinho demais pra ter uma identidade falsa como eu tinha, então, pediu que Jasper lhe comprasse uma garrafa de champanhe. Não posso negar que Edward era muito mais romântico do que eu... Pétalas de rosas vermelhas, velas, almofadas por cima de um confortável colchonete... Ele ia para o céu por ser um cara tão fofo.


Eu não poderia querer muita coisa mais da vida. Ter ao meu lado uma pessoa como Edward era muito mais do que eu sonhei, do que eu quis. Meu passado jamais seria esquecido, não havia como, por mais que eu tentasse, por mais que eu quisesse, mas todas as coisas boas que estavam acontecendo serviam pra deixar aquelas lembranças cada vez mais distantes, mais no fundo de minhas memórias. Talvez elas se tornassem apenas pensamentos ruins quando eu fosse bem velhinha.


Levando em consideração o que Edward me disse uma vez, eu voltei a correr e levava Rose comigo. Me fazia bem, eu gostava de me sentir bem comigo mesma e não fazia aquilo pra mostrar nada a ninguém, pra ficar bem pra outras pessoas.


— Uh! Chega! — Rose gritou ao meu lado, me fazendo rir e me tirando daqueles pensamentos — Chegamos longe demais dessa vez.


Olhei em volta, tentando me situar. Estávamos quase chegando à divisa com La Push. Oh, merda!


— Rose, me perdoe, sim? Me desliguei completamente de tudo...


Ela riu, alongando as pernas com a mão apoiada em meus ombros.


— Notei isso depois de cinco minutos falando sozinha... Pensando em Edward, é?


Foi minha vez de me apoiar nela e me alongar. Se bem que eu gostava quando ficava com algumas dores, Edward sabia mesmo fazer uma boa massagem.


— Pensando em tudo, Rose. E eu acho que falhei miseravelmente em uma promessa que fiz a mim mesma quando te conheci. — respirei fundo algumas vezes, peguei o celular e mandei uma mensagem a Edward, avisando que estávamos voltando — Prometi que te ajudaria a enfrentar as dificuldades da Forks High, mas não fiz nada quanto a isso... Me envolvi em meus problemas, eu meu relacionamento com seu irmão... Me desculpe por isso; eu acho que não tenho sido uma boa amiga nesses últimos tempos.


Ganhei um olhar puramente compreensivo de Rosalie. Eu não sabia bem o que estava me acontecendo, mas eu sentia uma imensa necessidade de me desculpar com qualquer pessoa, por qualquer coisa. Eu sentia que tinha o dever de estar bem com as pessoas que em rodeavam, que queriam meu bem e me apoiavam em tudo. Minha mãe dizia que quando começávamos a sentir aquilo, era porque nossa consciência estava pesada ou porque a morte rondava; eu me sentia mais viva do que nunca e tinha plena certeza de que não morreria tão cedo. Só me restava mesmo a consciência pesada.


— Bella, eu nunca quis que você me pegasse pela mão e me dissesse como agir, o que falar e como falar... Te observar foi um grande aprendizado, acredite. Por mais que eu tenha aprendido, jamais serei como você e jamais saberei me defender como você faz; isso faz parte de mim. — eu sorri meio de lado, sabendo que aquilo não era totalmente verdade — Aprendi a me impor, a mostrar que meu peso não me define e só. Brigar, bater, xingar... Eu nunca serei assim, entende?


Oh, sim, eu entendia... As únicas a gostar de briga era Alice e eu. Minha cunhada amava dar uns tapas em alguém...


— Fico feliz por você ter conseguido mudar, por ter deixado tudo de ruim no passado e não carregar mágoas. Remoer esse tipo de coisa não nos ajuda em nada e eu escolhi ouvir e deixar passar; eu chorava e pronto, passou.

— Eu deixei mesmo, Rose. Demorou muito, mas eu vi que aquilo só me fazia mais mal, me deixava mais triste e pra baixo.


Ela me sorriu, esticando os braços pra cima e praguejando por causa do frio.


— Você só escolheu ser feliz, Bella. Deixando de lado, seus olhos se abriram para o que acontecia ao seu redor, pra quem queria o seu bem. E suas atitudes influenciaram na vida de outras pessoas também.

— Nem tanto, Rose. Minha família ficou feliz por mim, mas não mudou muita coisa.

— Mudou sim. Seus pais sabem que agora não precisam se preocupar com as consequências das palavras alheias, sua irmã se deu conta de que você não é a pobre garotinha que sempre vai precisar ser defendida, que vai se esconder e chorar por tudo. E tem Edward também; se você tivesse noção do bem que faz a ele, Bella...


Eu não estava entendendo muito bem o que Rose estava dizendo; eu sabia que Edward estava feliz, ele me dizia isso todos os dias, mas, assim como Alice, Rose gostava de fazer suspense com o que dizia respeito ao irmão. Elas adoravam me fazer perguntar...


— Coloque pra fora, Rosalie Cullen! Conte tudo o que sabe, vamos!


Ela me sorriu, mas eu sabia que ela não me esconderia nada.


— Não é nada demais, Bella... Não precisa querer arrancar minha língua! — eu ri de sua cara — Eu só acho que o Edward nunca disse o quanto ele te ama.

— É claro que ele diz isso! Rosalie, seu irmão não só diz como demonstra também. Todos os dias.

— Eu acho que não...


Aquele sorrisinho de canto me deu um frio desgraçado na espinha, mas vi que eu não conseguiria nada dela. A curiosidade começou a me corroer e passei a andar mais rápido, querendo chegar logo em casa, algo me dizia que lá eu encontraria resposta para aquela... Brincadeirinha de Rosalie.


Emmett a estava esperando quando passamos em frente à casa de Esme e mais uma vez eu senti que algo estava errado por ali; o grandão estava sorrindo demais e já estava ficando assustador.


— Até amanhã, gente! — falei, me afastando aos poucos.

— Bella! — Rose me gritou e a olhei — Feliz aniversário!


Oh, merda! Era meu aniversário? Como eu não percebi o tempo passar tão rápido assim? Olhei no celular e lá estava a data; treze de setembro. Merda, merda, merda! Como eu esqueci meu aniversário? Como eu fiquei na rua até depois da meia noite? Ah, mas eu ia me acertar com Rose depois! Ela não podia ter deixado!


Praticamente voei até em casa, já pensando no que Edward diria. Eu nunca havia ficado até tão tarde fora de casa... E dormíamos separados uma vez por semana, que era quando ficávamos com nossas famílias. Exigência de meu pai. Ter Charlie chorando e me fazendo prometer que eu iria passar pelo menos uma noite na casa dele, amolecia mesmo o coração de qualquer pessoa.


Ao chegar, abri a porta meio temerosa, receando o que Edward diria. Não que ele fosse gritar ou ter qualquer tipo de ataque; era mais o medo por aquela situação nunca ter acontecido antes mesmo. Ele poderia achar que eu não me importava; que estava tão confortável em nosso relacionamento, que ficar na rua e chegar a hora que eu quisesse não me seria um problema. Mal notei que meus lábios estavam sendo mordido com demasiada força, eu só conseguia enxergar Edward jogado no sofá, quase dormindo.


Quando notou minha presença, Edward me deu um sorriso puramente preguiçoso e sonolento, fazendo com que eu me sentisse mais culpada por ter demorado tanto.


— Desculpe. — minha voz saiu tremida e extremamente baixa; duvidei até se ele ouviu.

— Não tem problema. — agarrei fortemente a mão que ele me estendia e me sentei na ponta do sofá, quase caindo mesmo — Foram muito longe hoje?


E como! Se continuássemos distraídas daquele jeito, em breve pararíamos quando chegássemos à fronteira com o Canadá.


— Acabamos falando demais e prestando atenção de menos. Acho que sua irmã deve estar me xingando.

— Claro que não. Ela tomou gosto por caminhar com você.


Fazendo um malabarismo que não entendi muito bem, ele levantou-se e ainda me segurou pra que eu não caísse. Eu me sentia meio retardada olhando pra ele e sem nada dizer.


— Por que não toma um banho enquanto eu preparo algo pra você comer?

— Hum... Eu vou aceitar a oferta. — e eu não queria me levantar dali... Estava tão bom suas mãos pressionando meus ombros...


Eu tive que ser empurrada até a escada, porque a preguiça dominava cada pedacinho de mim. E nem tive muito tempo de pensar no fato de Edward não ter mencionado nada com relação ao meu aniversário; se eu me esqueci, como poderia cobrar que ele se lembrasse?


Separei uma roupa qualquer e segui para o banheiro, parando na porta com um sorriso bobo escapando. A banheira estava cheia, havia velas pequenas deixando o ambiente meio iluminado, e uma rosa sobre a bancada da pia, com um cartão embaixo. Pisquei algumas vezes, tentando ter certeza de que aquilo era real. Deixei minha roupa em um canto qualquer e peguei o cartão e a rosa, sentindo seu cheiro.


“Apenas uma. Eu não seria cruel ao ponto de fazer dúzias de rosas invejarem sua beleza. E desconsidere o cartão, eu não sei fazer essas coisas.

Amo você.”

Meu sorriso aumentou em meu rosto, me deixando com uma cara mais idiota ainda. Quando eu pensava que Edward não poderia me surpreender mais...


Por mais que eu quisesse me demorar muito ali, a vontade de descer e encher meu noivo de beijos falou mais alto, mas mesmo assim, tentei aproveitar aqueles poucos minutos de água ainda quentinha. Quando desci, comecei a me preocupar com os barulhos vindos da cozinha; eu nem queria imaginar a bagunça que ele estava fazendo ali...


— Amor, o que...


Minha voz morreu no meio do caminho. Edward havia arrumado a mesa da cozinha de forma muito bonitinha, com vasinho de rosa e tudo. E tinha coisas gostosas ali. Minha caminhada não ia servir de nada!


— Se você soubesse a vontade que eu estou de apertar suas bochechas! — falei um pouco alto, completamente feliz — Você é tão fofo!


Edward me olhava com um sorriso meio de lado, totalmente sedutor.


— E eu aqui, cheio de pensamentos maliciosos... Tem certeza que eu sou fofo?


A qualquer momento eu derreteria em seus braços. Beijar meu pescoço e minha orelha era golpe baixíssimo!


— Sim, eu tenho. — apertei meus braços a sua volta e escondi meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro bom — Obrigada.

— Eu não fiz nada, amor. Feliz aniversário.


Confesso que ser beijada por Edward era muito melhor do que me encher de comida; pena que ele não me deixou ficar muito tempo grudada nele... Obviamente ele não se esforçou pra nada e quis que eu comesse um pouquinho pelo menos.


E é claro que ele não me contou o que estava tramando, apenas disse que obteve muita ajuda para o “dia de amanhã”. Ele era bom em guardar aquele tipo de segredinho; nem me adiantaria tentar descobrir, implorar por saber...


— O que acha de irmos dormir? Amanhã seu dia será cheio...

— Sei... Você não vai nem me dar uma pista do que vou ganhar? Porque eu sei que mesmo não querendo, você me comprou um presente.


Puxei sua mão, nos levando até a sala. Ele não ia fugir daquela conversa! Não ia mesmo! E lavar a louça não seria uma boa desculpa; Edward sempre deixava algo cair ou se machucava.


— Lá em cima eu te conto.


Ele não contaria; aquilo era um subterfúgio. Eu deitaria, ele começaria a falar sobre coisas que nada tinham a ver com meu aniversário, e eu acabaria dormindo. Só isso.


Sendo extremamente chata, fiquei na porta do banheiro, perguntando e perguntando enquanto ele tomava banho.


— Seu presente é um álbum com fotos minhas. E eu estou nu em todas elas.


O encarei com a sobrancelha arqueada, não acreditando em uma palavra. Obviamente ele não faria algo do tipo.


— Edward, eu te vejo nu todos os dias... Um álbum assim não teria a menor graça!

— É mesmo? Bom saber! A partir de agora, estou em greve amor. Não irei te obrigar a ver a mesma coisa todos os dias... Boa noite.


Ganhei um selinho e Edward me deu uma empurradinha para o lado, passando por mim como se eu nem estivesse ali. Ah, mas ele não faria aquilo! Não no dia do meu aniversário!


— Edward, greve é coisa de mulher! Não seja bobo, sim? Eu estava brincando!

— Você não vai usar meu corpinho, Bella. Greve!


Bufei e rumei para o banheiro, onde escovei os dentes e me olhei no espelho, amaldiçoando minha imagem. Burra! Eu tinha mesmo uma boca grande!


Me deitei ao seu lado e logo seus braços me apertaram, me fazendo sorrir. Ele não estava com raiva de mim. Acabei virando e encontrei seus olhos bem abertos e um meio sorriso. Eu amava aquele sorriso. Na verdade, eu amava tudo em Edward.


O silêncio que partilhávamos não era ruim, muito pelo contrário; ele dizia mais do que se estivéssemos falando por horas e horas... A forma como Edward me olhava dizia tudo o que talvez, suas palavras não conseguissem expressar. Eu gostava de ficar minutos incontáveis olhando pra ele, gravando cada pedacinho em minha memória, gostava de saber que ele estaria ali quando eu acordasse, que no dia seguinte estaríamos juntos ainda, e continuaríamos assim por muitos e muitos anos.


— Case comigo na semana que vem.


Se não fosse o tom totalmente apaixonado, eu poderia dizer que Edward estava brincando ou delirando, mas não, ele estava falando bem sério.


Ainda faltavam alguns meses para o casamento; poucos meses, mas ainda assim, não seria tão perto quanto na próxima semana... Por sorte, e por eu ter uma cunhada que dizia trabalhar, meu vestido estava quase pronto, os detalhes finais ficariam mais pra cima da hora mesmo. Eu pedi que fosse assim, afinal, a balança ainda gostava de me iludir... Eu não queria nada muito grande e Edward também não, então, não teríamos muitos convidados, apenas nossas famílias e amigos, e tudo já estava escolhido, esperando só o grande dia. Realmente ter uma cunhada com os dons e conhecimentos de Alice era algo providencial... Mas, daria tempo de aprontar tudo até a semana seguinte? Daria tempo de providenciar todos os papéis necessários? A igreja teria uma data tão perto assim?


— Bella? Ouviu o que falei?


A voz de Edward me trouxe de volta à realidade, me fazendo piscar algumas vezes.


— Se conseguirmos arrumar tudo... Os papéis... É muita coisa, Edward... Não vai dar tempo.


E eu comecei a ficar nervosa. Uma semana!


— Dará. Lembra-se quando assinamos os papéis referentes à casa? — assenti — Então, lá no meio estavam os papéis necessários pra que pudéssemos nos casar no civil. Seu pai conversou com um juiz de paz amigo dele, que providenciou tudo e é perfeitamente legal, uma vez que você já havia concordado. — eu ri de sua explicação desnecessária — E tudo o que se refere à igreja já foi providenciado também... Sei lá, podemos mentir ao padre e dizer que você está grávida... Assim ele vai apressar tudo mais ainda.


Eu gargalhei de seu desespero. Edward era tão estranho! Sempre pensava que eu fugiria ou sumiria diante de seus olhos. E meu pai... Sempre me surpreendendo!


— Tudo bem, amor... Dando tudo certo, semana que vem nós casaremos.

— É claro que dará certo! E eu vou mandar uma mensagem agora mesmo para meu querido sogro; ele tem que falar com o juiz o quanto antes.

— Edward, é madrugada! O homem vai querer te prender por perturbação do sono alheio! Amanhã falaremos com ele, se acalme.


Não adiantou nada! Pelo visto, eu passaria a madrugada inteira acordada, vendo Edward andar de um lado para outro e rindo de seus surtos. Adeus romantismo. Adeus plano de atacar meu noivo...


POV EDWARD

O dia até que não amanheceu muito ruim; não havia chuva nem estava tão frio — aquilo era estranho, Forks era sempre fria —, e havia tímidos raios de sol iluminando tudo. Bella ficaria feliz com o dia bonito.


Obviamente não haveria muita agitação, eu só falei com Bella que o dia dela seria cheio pra que ela pudesse dormir um pouco, mesmo não tendo dado muito certo... Eu tinha que parar de surtar com os pedidos que Bella aceitava; nós nos casaríamos mesmo, eu só adiantei um pouco as coisas. Claro que eu não aguentaria esperar por mais quatro meses para oficializarmos tudo, e Charlie era um bom incentivo pra que eu apressasse todo o processo. Ele foi bem direto ao dizer que tinha um amigo juiz que poderia tratar de toda a papelada sem demora.


Quando tomei a decisão de adiantar o casamento, comuniquei minha família e a família de Bella, que se uniram pra apressar os preparativos sem que os detalhes ficassem esquecidos. E sem que Bella desconfiasse... Ela acreditou mesmo quando nossas mães disseram que o melhor era escolher logo tudo e só esperar o dia. Com ajuda, não foi tão complicado, e Bella sabia bem o que queria, não mudava de ideia a cada meio minuto; isso ajudou bastante também. Foi um mês intenso e corrido, cheio de escolhas, cores, bolos... Como conseguiam? Casar dava muita dor de cabeça! Mas eu queria aquilo mais do que tudo.


Como o planejado, Emmett me levou o café que minha mãe e Renée haviam preparado pra Bella. E ele foi bem direto ao passar o recado de dona Esme: almoço ao meio-dia e nada de atrasos. Arrumei tudo na cozinha e deixei o cartão que minha mãe havia mandado encostado a um vasinho com uma rosa. Com certeza Bella choraria com qualquer coisa que estivesse escrita ali.


Subi para acordar Bella e a encontrei da mesma forma que a deixei quando desci; o cabelo bagunçado sobre o travesseiro e o cobertor cobrindo até a metade de seu corpo. Mesmo sabendo que ela me xingaria, me deitei ao seu lado novamente, afastando as mechas que insistiam em cair sobre seu rosto; os resmungos baixos me fizeram sorrir, assim como o bico que ela fez.


Deixei que meus dedos percorressem sua bochecha, o nariz, o contorno dos lábios cheios e rosados... Poder estar assim, perto dela, já me fazia imensamente feliz. Não havia explicação para o que eu sentia, não havia tamanho. O sentimento que nos unia era muito mais forte do que poderíamos supor; e eu ainda morria de medo de perdê-la, de qualquer coisa tirá-la de mim.


Aos poucos ela foi acordando, seus olhos encontrando os meus, me fazendo sorrir e agradecer por ter tido a sorte de encontrá-la, de ter seu amor.


— Bom dia.


Ela me abraçou meio desajeitadamente, descansando a cabeça em meu peito, e riu baixinho.


— Você está aqui; já está sendo um ótimo dia.

— E tem sol. O que acha de deixar a preguiça de lado, hein?


Acho que ela se animou por saber que o dia estava mais quente do que o normal, pois levantou rapidamente, me fazendo rir de seu entusiasmo. Ela parecia uma garotinha contente porque ganhou um brinquedo.


Enquanto Bella foi tomar banho, peguei seus presentes, arrumei a cama, e voltei à cozinha. Vinte minutos depois, ouvi o gritinho de Bella ao notar tudo arrumado.


— Edward, a quem você subornou, hã?

— A ninguém, mas por você, eu seria capaz disso.


Por minha “fofura”, eu fui beijado por uns bons minutos.


Contei a ela que o café da manhã fora feito por nossas mães e é claro que ela fez força pra não chorar. Por mais que ainda tentasse manter uma postura um tanto “durona” às vezes, Bella não passava de uma menina. Na escola, ela fingia não ligar para o que era dito, para os olhares; em casa fingia não ligar quando Bree — creio eu que de forma inconsciente — fazia algum comentário sobre como a irmã estava mudada e não pedia mais conselhos ou qualquer tipo de ajuda... As atitudes alheias ainda a incomodavam sim, por mais que ela lutasse contra. De qualquer forma, já era um bom avanço ela não querer dar importância; aos poucos ela deixaria mesmo de se importar.


O cartão de minha mãe também contribuiu pra que seus olhos ficassem vermelhos; não havia nada demais pra muitas pessoas, mas pra Bella, ter minha mãe dizendo que a amava como uma filha e que estava feliz por nós, era muita coisa. Ah, e dizer que ela era a nora perfeita e que seria uma honra passar muitos outros aniversários com ela também pesaram positivamente em seu estado emocional.


O restinho de nossa manhã passou calma; levando em consideração o fato de eu ter decidido por entregar os presentes de Bella perto da hora de sairmos. Não teríamos nada grande por lá, apenas um almoço e depois, à tarde, bolo e docinhos — pedido de Vittorio.


Enquanto Bella se arrumava, ouvindo música em um volume um pouco alto demais, eu esperava jogado na cama e rindo de sua voz meio desafinada — não que eu fosse comentar sobre isso. Minha mãe já havia ligado três vezes, pedindo que não nos atrasássemos e que as comemorações ficassem pra depois. Ela sabia mesmo deixar uma pessoa envergonhada... E sim, as comemorações ficariam pra depois.


Minha boca se abriu lentamente quando Bella apareceu na porta do banheiro; ela estava simplesmente linda. Eu jamais me cansaria de observá-la, de dizer o quanto ela era bonita e o quanto eu a amava. Os cabelos, que ela havia cortado um pouco algumas semanas antes, estavam ao natural, ondulados como eu gostava. Na verdade, nunca entendi muito bem o fato de ela querer mudar o cabelo, mas ultimamente ela não os alisava muito não, apenas uma vez ou outra. O vestido era preto — e ela sabia como eu gostava dela com aquela cor... — com alguma coisa dourada e deixava o busto aparecendo muito. Não gostei dessa parte.


Inclinei um pouco a cabeça, observando suas pernas, os saltos e os pés. Eu amava aqueles pés fofinhos, mas Bella dizia que eu era bobo por gostar de partes estranhas do seu corpo. Eu gostava era de tudo mesmo, porém, minha parte preferida sempre seriam as coxas. Eu mataria por elas, sem dúvidas.


— Vai reclamar e me pedir pra tirar o vestido?


Eu quase ri do tom triste de sua voz. Bella me olhava como se eu fosse um cara mau que queria acabar com sua alegria... Peguei uma das caixas e me levantei; indo ao seu encontro.


— Se fôssemos ficar em casa, eu até pediria... Você está linda. Ou melhor, você é linda.

— E você está me saindo um belo galanteador.


Sorri meio de lado e me inclinei em sua direção, depositando um selinho em seus lábios avermelhados.


— Seu primeiro presente. — lhe estendi a caixinha — Nada seria suficientemente capaz de mostrar, demonstrar, dimensionar ou explicar o que sinto por você. Nem mesmo todas as redundâncias do mundo. — ela riu — Espero que goste.



POV BELLA


Confesso que minha mão tremeu quando peguei a caixinha, mas o brilho dos olhos de Edward me passou toda a segurança do mundo; eles só transmitiam amor.


Com medo de deixar cair e quebrar alguma coisa; desfiz o laço com todo o cuidado do mundo e sorri quando vi a delicada corrente e o pingente pendurado. Nossas iniciais estavam dentro de dois corações entrelaçados e havia uma pedrinha brilhante bem no meio. Eu nem queria ter a mínima noção do valor material daquele mimo...


Estremeci com o contato dos dedos de Edward ao colocar o cordão em meu pescoço; ele estava se saindo bem na tarefa de me seduzir e eu não deixaria que aquela greve se estendesse por nem um dia a mais...


— É lindo, Edward. — lhe dei um selinho mais demorado — Obrigada.

— Vamos ao próximo? — ele perguntou e se afastou, indo até a cama e voltando com mais uma caixinha — Não é pra você usar hoje, até porque, eu acho que nem combina, mas eu sei que você gosta... Então...


Peguei a caixinha em formato retangular e, com o mesmo cuidado anterior, desfiz o laço novamente. Edward queria mesmo me agradar... E eu amava a forma como ele prestava atenção às coisas que eu gostava, aos meus comentários... As pedrinhas reluziam dentro da caixa e eu queria mesmo era pular sobre ele e não largar mais. Era muita perfeição pra uma pessoa só. Era muita sorte pra uma mulher só. Mas eu a queria toda pra mim; aquela sorte seria só minha, pra sempre.


As pedrinhas da pulseira entrelaçavam pequenas rosinhas de prata, como se fossem seus ramos subindo por alguma parede ou entrelaçando-se uns aos outros.


— Cara, o que você quer de mim, hein? Fica me seduzindo, me agradando... Eu tenho noivo, ok? E eu o amo muito.


Edward envolveu minha cintura, mantendo nossos corpos bem próximos um do outro. E eu amei ver aquele sorriso em seu rosto.


— Eu só quero que você continue amando seu noivo, continue fazendo dele o cara mais feliz que existe e que seja sempre a melhor coisa que existe no mundo dele. Só isso.

— Obrigada por isso, Edward. Obrigada por ser um cara incrível, por estar comigo e me fazer feliz. Obrigada por estar fazendo desse aniversário, o melhor da minha vida.

— Não me agradeça, ok? Eu só faço isso porque te amo e quero ser sempre o melhor pra você. — ganhei mais um selinho — Agora, vamos ao último presente! Ele é meu também, mas eu não aguentaria esperar mais...


Novamente Edward foi até a cama e voltou com uma caixinha; essa era vermelha e sorri, só de imaginar o que estaria lá dentro. Dessa vez, ele mesmo abriu; apenas me mostrando o conteúdo. Eram nossas alianças de casamento e eu queria muito pegá-las e usar logo a minha, mas é claro que ele não deixaria... Ele tirou as duas e colocou na palma da minha mão, me fazendo sorrir bobamente. Nossos nomes estavam gravados nas duas alianças, unidos pelo símbolo do infinito. Oh, droga! Ele queria que eu chorasse até me desfazer!


Elas eram lisas, sem detalhes, mas grossas o suficiente pra que ninguém tivesse dúvida do que elas representavam; e só então eu notei que não pensei em nossas alianças; nem me passou pela cabeça escolhê-las.


— São perfeitas. — falei baixinho, minha voz quase não saiu — Eu quero usar a minha logo!

— Semana que vem ela estará onde tem que estar, não se preocupe. Agora, me devolva, sim? Você não vai sequestrar nossas alianças.


Eu ri, mas as entreguei a ele. Na verdade, eu queria era sequestrá-lo!


— Acho melhor nós irmos pra casa de meus pais; meu celular está vibrando tanto em meu bolso, que eu pensei que meu corpo sairia quicando daqui até lá.


A gargalhada foi inevitável. Edward ficou parado, só observando enquanto eu quase morria de tanto rir. A culpa não era minha se ele estava sendo atacado pelo celular vibratório...


— Ok, ok! Vamos!


Mesmo com Edward implicando com a velocidade de minha picape, não levamos dez minutos para chegar à casa de Esme. Notei os carros de meus pais e Angie parados do lado de fora e sorri meio de lado, adorando tudo aquilo. Eu poderia dizer que aquele estava sendo meu primeiro aniversário. Era o primeiro que eu estava amando comemorar, que eu estava feliz.


Nada do lado de fora indicava alguma mega produção e isso me deixou aliviada; a casa estava normal ao menos por fora. Contando até três, Edward abriu a porta e praticamente me empurrou pra dentro, rindo da minha cara de brava. Me assustei com sua atitude e com os gritos de todos, dizendo “Feliz Aniversário”.


Meus amigos estavam ali, meus pais, a família de Edward... Dimitri e Victoria?


— Bellucha! Eu pensei que você não ia chegar nunca! — Emmett gritou e me pegou no colo, me rodando na sala — Cara, eu já estou morrendo de fome!

— Emmett! Coloque minha mulher no chão, sim? Não precisa agarrar tanto também.


Eu nem preciso dizer que adorei a forma como Edward se referiu a mim, não é?


— Bellucha é sua bunda grande, Emmett. Eu não gostei desse apelido não... Mistura de Bella com gorducha.


Claro que eu não estava falando sério e acabei caindo na risada, sendo acompanhada por todos os presentes. E foi então que tudo começou; abraços, beijos, felicitações, minha mãe apertando minhas bochechas, meu pai dizendo que Edward estava ficando abusado... O normal.


— Bella, você está gostosa, hein, minha filha?! Se eu gostasse, Edward teria um trabalho comigo...


Emily também poderia manter a boca fechada às vezes... As pessoas estavam ouvindo!


— Bem, bem! — Carlisle se pronunciou — Bella é linda, está muito mais bonita hoje, mas verdade seja dita, ok? Estamos todos morrendo de fome e queremos comer, não é mesmo? — Emmett gritou “apoiado”, nos fazendo rir — E vamos parar de falar da garota do Edward, daqui a pouco ele tem um ataque e desmaia de tanto ciúme!


Eu juro que não queria, mas foi impossível não rir das bochechas vermelhas de Edward.


Enquanto todos se arrumavam em torno da enorme mesa da casa dos Cullen, eu segurei Edward um pouquinho, querendo ter mais uns poucos minutos sem que as gracinhas dos meus amigos me deixassem completamente sem graça. Eu estava meio idiota perto do meu noivo... Sei lá.


— Algum problema, amor? Está sentindo alguma coisa?

— Não... — apoiei minha cabeça em seu peito, sentindo seus lábios por meus cabelos — Eu só estou muito feliz.

— E eu espero que caiba muita felicidade aí dentro, porque eu vou te fazer feliz pelos próximos cem anos! E eu acho que pra um começo, está bom, não?

— Está perfeito.


Aquela bolha que nos envolvia não foi desfeita quando nos chamaram, pelo contrário; ela se expandiu, envolvendo todas as pessoas que ali estavam. Os olhares em nossa direção eram puramente calorosos, transmitindo o amor e o carinho que eles sentiam por nós e uns pelos outros. Havia um sopro de vida, de esperança. Era uma emoção diferente; algo que me fazia acreditar mais ainda em milagres. O olhar de Edward dizia que ele sentia o mesmo, que aquele sentimento o havia atingido também. Até Vittorio estava paradinho, olhando pra todos nós alternadamente, como se sentisse que algo diferente pairava no ar.


Edward acabou por tomar um pouco de consciência do mundo ao redor e me puxou até a mesa, sentando-se ao meu lado. Meu pai e Quil até que se entenderam — aparentemente, e Esme estava animadíssima com o casamento, e aquele passou a ser o assunto da vez; ao que parecia, eu fui mesmo a última a tomar ciência das armações daquela família. Até Vittorio estava sabendo que levaria as alianças ao altar...


Alice, muito animada, informou que os convites já haviam sido enviados há duas semanas! Desde quando Edward estava planejando aquilo? E se eu não quisesse me casar tão rápido assim? Claro que essa jamais seria uma possibilidade; eu já teria me casado há muito tempo, mas... Eu nunca fui normal... E então, ficamos em silêncio logo após Emily perguntar quem seria padrinho de quem. Bem, aquela era outra coisa na qual não pensei.


— Emily, não se preocupe com isso, ok? Nós decidiremos antes do fim da tarde.


Eu não estava tão segura quanto Edward... Nossos amigos nos olhavam, querendo um lugar no altar, assim como nossos irmãos... Quem conseguiria resistir ao olhar pidão de Alice? Ou então, ao olhar meigo de Rose? Os outros estavam mais pra assassinos mesmo, mas nos comoviam da mesma forma. Droga!


— Hum... Esme, obrigada pelo almoço; está maravilhoso. — eu tentei sair daquele assunto, mas acho que não tive sucesso...

— Não me agradeça, querida, sua mãe me ajudou muito aqui em casa.


Sorri pra ela, que estava sentada à minha frente.


Mesmo enquanto conversávamos espalhados pelo chão da casa, havia qualquer coisa que me atraía pra Edward; nossos olhares sempre se cruzavam e estávamos sorrindo um para o outro. Victoria era quem detinha a maior parte da minha atenção, sendo amável, perguntando sobre o casamento... Ela era bem diferente do que imaginei quando Edward me contou sobre sua profissão; estava bem longe da senhora gorducha e de óculos esquisitos que minha mente projetou. Não, ela era alta, esguia, ruiva e de olhos muito azuis. As sardas nas bochechas lhe conferiam um ar até juvenil demais, sem contar que ela formava um belo par com Dimitri. Ele estava mesmo apaixonado por ela.


As horas passaram sem que percebêssemos e logo Esme nos chamava para “a hora do parabéns pra você”. Se fosse em outra época, eu me sentiria extremamente envergonhada e ia querer me esconder sob a mesa. Mas não ali. Eram meus amigos e minha família ali, comigo.


Uma mesinha foi trazida da cozinha por Carlisle e não segurei a risada ao ver a vela do bolo. Aquilo era obra de Alice, sem dúvidas! Uma bonequinha gorducha e com as bochechas coradas.


— Gente! A Bella encolheu, olha lá!


Obviamente o comentário partiu de Emmett, que ganhou um belo tapa na cabeça, dado por Rosalie. Aquilo realmente não me importava; agora eu conseguia ver graça em coisas como aquela.


— Eu quero essa vela pra mim! — Edward se pronunciou e ganhou olhares estranhos de todos nós — Será uma ótima moeda de troca.


Eu não acreditei que estava ouvindo aquilo... Além de fazer greve, ele ainda queria me subornar ou algo assim! Só mesmo Edward pra pensar em uma maldade daquelas...


— Vamos cantar parabéns pra mim! Eu quero comer o bolo!


Em meio a risos, todos começaram a cantar, enquanto Alice utilizava muito bem a máquina fotográfica; eu acabaria cega com tantos flashes na minha cara.


— Antes de cortar o bolo, faça um pedido, Bella! — minha mãe me estendeu a espátula, enquanto eu segurava Vittorio pra que ele apagasse a vela.

— Eu não tenho nada a pedir. — coloquei o pequeno no chão — Seria ingratidão pedir mais do que já tenho, ao invés de agradecer. E eu agradeço por ter uma família incrível, por ter os melhores amigos que alguém poderia querer, e por ter ao meu lado, um cara incrível e que eu amo.


As bochechas de Edward ficaram vermelhas novamente.


— E nós? Você não falou de nós! — Jasper se fez presente, apontando pra ele mesmo e para Esme, Carlisle, Alice, Emmett, Rose e Vittorio.

— Vocês são minha família também, Jasper, já estão incluídos no pacote.

— Ah! Então tudo bem! E corte o bolo porque eu estou com fome outra vez!


Eu ri novamente e, pra não ter qualquer tipo de briga, eu comi o primeiro pedaço do bolo, deixando os outros se matarem depois.


Por mais que estar ali estivesse sendo ótimo, eu queria ficar na minha casa, com Edward, vendo filme idiota e rindo de nada só pra irritá-lo; eu sentia uma grande necessidade de estar apenas com ele, em qualquer lugar que fosse. Pelo menos naquele momento eu só queria nós dois.


— Hora dos presentes da Bellinha! — a voz de Emily fez um arrepio me subir pela espinha... Eu não ia gostar do que estava por vir... Ou talvez até gostasse, mas não pra mostrar na frente de todos.


Novamente nos espalhamos no chão da sala, e era ótimo ver que todos participavam daquela maluquice, até meus pais estavam ali no meio, rindo e felizes.


Algumas camisolas indecentes depois, eu sentia que jamais conseguiria olhar pra cara dos meus pais e meus sogros. Até Angie entrou naquela de me dar coisas indecentes! Edward não escondeu a satisfação ao ver tudo aquilo, e mostrou um interesse especial por uma camisola preta e completamente transparente que minha mãe me deu. Sim, minha mãe! Aquilo era vergonhoso demais pra uma pessoa só...


Esme e Carlisle foram os mais comedidos, obviamente, e me deram perfume e um colar, respectivamente. Agora eu sabia de onde vinha o bom gosto de Edward ao escolher alguma joia... O colar que ganhei de Carlisle era lindo e eu poderia usar juntamente com o que ganhei de Edward sem problema algum.


Também ganhei roupas íntimas de Alice, Bree e Emily. Elas sabiam que existiam outras roupas por aí, não sabiam?


Ben e Quil me deram uma réplica perfeita da casa da árvore que ficava na casa dos meus pais. Aqueles meninos eram incríveis!


Rose e Emmett me deram brincos e pulseiras que faziam conjunto — e eu nunca tive tantas joias assim antes.


Dimitri e Victoria me deram um cartão-presente pra que eu pudesse usar em uma livraria. Eles ficaram meio sem jeito por não ter ideia de algum presente, mas eu achei foi muito bom e tratei logo de deixar claro que havia adorado.


— O meu você receberá mais tarde e espero que aprecie. — a voz de Jasper estava carregada de algo que não reconheci, mas que devia envolver alguma indecência... Ele deu um sorrisinho meio de lado e bateu no ombro de Edward.

— Ok... Eu acho. — eu não estava tão segura se gostaria...

— Aqui está o meu, mas creio que será um presente pra Edward também... E só poderá ser usado durante as férias.


Peguei o envelope que meu pai me estendia e o abri, encontrando passagens pra vários lugares e hospedagens em quatro hotéis. Além de um mapa, com pontinhos vermelhos marcados. Era a mesma rota que ele e minha mãe fizeram na lua de mel deles.


— E nem adianta reclamar, ok? Eu mesmo entrei em contato com todos esses lugares e as despesas de tudo serão minhas.

— Oh, papai! Obrigada!


Eu já estava chorando quando o abracei. Aquilo era tão lindo! E eu amava esses cuidados que ele tinha...


— Sogro, o senhor é o melhor!

— Eu ainda quero te matar, garoto! Não me venha puxar o saco.


Pobre do meu Edward... Viveria eternamente em pé de guerra com meu pai...


— Tia Bella, toma o meu presentinho!


Olhei pra Vittorio, que me estendia uma caixinha e me dava um sorriso faltando dois dentes. Peguei o embrulho e o abri, notando um cartão grudado na tampa.


São cookies! E eu só, sozinho mesmo fiz eles. Minha mamãe está escrevendo o cartão, eu ainda não sei fazer isso. Come tudinho que tá bem gostoso! Eu comi um. Desculpa, tá?

Beijos do Vittorio, o homem mais lindo da família — e isso fui eu mesma quem escreveu; Alice, a mãe do príncipe!

— Que garotinho mais lindo! — puxei o pequeno e o enchi de beijos estalados, fazendo com que ele gargalhasse — Muito obrigada pelos cookies! Foi o melhor presente que ganhei.


Sem dúvidas, eu queria ter filhos!


Entre risos, gargalhadas e piadas, o dia passou da melhor forma possível. Aos poucos todos foram se retirando, restando mesmo a família de Edward, eu e ele. Edward pediu que minha irmã levasse meus presentes e entregou as chaves a ela — aquilo era perigoso... Não demoraria a acordarmos com ela lá dentro, gritando e bagunçando tudo.


— Sogra querida, eu posso levar um pouco dessa comida e do bolo? Sabe como é... Gorda, assalto à geladeira, um noivo que parece passar fome... Essas coisas.

— Claro! Eu vou arrumar tudo, só um instante.


Edward me olhou meio de lado, como se quisesse falar alguma coisa. Eu conhecia bem aquele olhar desesperado...


— Nem me venha com maluquices, Edward! Eu não estou com desejo, ok? Eu não estou grávida!

— Bella, ele nem disse nada! — Carlisle saiu em defesa do filho, fazendo com que Emmett risse.

— Mas pensou! É sempre a mesma coisa! Se todo dia eu disser que estou com vontade de comer alguma coisa, Edward surta e quer saber se estou grávida.

— Amor, não precisa contar meus surtos, né?


Claro que eu precisava! Ele tinha que parar com aquilo! Estava me deixando doida... Desde Seattle era a mesma história: Faz um exame, Bella. Você tem certeza que não, Bella? Será que está? E hoje? Ele surtava e eu surtava junto! Por ele, eu faria um exame de farmácia por dia.


Por fim, eu peguei as coisas que Esme separou e pedi que Edward me levasse pra casa. Pra quem não comemorava aniversários assim, o meu até que foi muito movimentado. Como já era noite, estava um pouco frio, mas preferi nem falar nada; era capaz de Edward me fazer vestir um casaco pra dias com neve e eu não queria mais surtos por parte dele.


Não reclamei quando ele se ofereceu pra dirigir, mas estranhei quando ele tomou o caminho contrário ao da nossa casa. Até perguntei pra onde estávamos indo, só que ele não me respondeu. Eu teria mesmo que esperar...


Quinze minutos depois, passávamos por uma recepção de algum lugar que ficava no meio do nada. Eu nunca vi aquele lugar na minha vida! Alguns poucos metros depois, Edward estacionava em frente ao que parecia ser um chalé e eu fiquei sem saber o que falar.


Quando desci, olhei ao redor e notei que não passavam de cinco casinhas iguais àquela, todas separadas por cerquinhas brancas.


Peguei a chave que Edward me estendia e soltei um gritinho quando ele me pegou no colo, pedindo que eu abrisse a porta. O lugar não era grande, mas estava aquecido e eu estava adorando mesmo tudo aquilo.


— É lindo, Edward!


Eu só conseguia ver seus olhos brilhando e o sorriso imenso em seu rosto.


— Eu te amo.


Antes que eu pudesse registrar sua voz, estávamos nos beijando. Meus pés tocaram o chão e eu ia andando pra trás conforme Edward ia me empurrando. Eu sabia que aquela greve não duraria, eu sabia!


Olhei ao redor e ao lado da cama havia uma mesinha com uma bandeja sobre ela e sobre a bandeja... Champanhe, frutas — morangos em sua maioria —, chocolates e um bilhete preso à tampa da garrafa. Sabendo que eu acabaria por rir, peguei o papel.


Espero mesmo que aprecie meu presente. Aproveitem os dias e antes de ir, não se esqueça de pegar as três garrafas que deixei pra vocês lá na sala.

Jasper.

— Oh, meu Deus! O que fizeram com aquele cara certinho? Quem colocou isso aqui? Quando?


As perguntas saíram feito enxurrada e Edward só fez rir, me apontando a cama com a cabeça, como se ela fosse a fonte das respostas! E acabou que foi mesmo!


— Bree! A chave! Foi ela!


Sim, só poderia ter sido, porque aquela camisola indecente que ganhei da minha mãe estava ali, dobradinha em um canto, quase escondida. Ela estava com medo que eu visse ou que eu surtasse?


Eu pulei sobre Edward, nos derrubando na cama. Com certeza aquele estava sendo o melhor aniversário da minha vida! E eu iria aproveitar cada segundo, sendo apenas feliz e amando loucamente àquele cara que me sorria e dizia que me amava enquanto me beijava e me fazia estremecer a cada mínimo toque.


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Notas finais do capítulo

Olá outra vez.

Bem, tenho uma coisa a dizer: a fic está acabando. Eu realmente não queria fazer isso, mas os comentários caíram pra menos da metade e isso mostra que a história não é mais interessante.

Talvez ela se estenda por mais três capítulos e um bônus. Ou mais dois e um bônus.

Desistir nunca foi uma opção e isso só aconteceria se eu morresse.