Cielo escrita por Selene L Tuguert


Capítulo 4
O Retorno da Nuvem


Notas iniciais do capítulo

Hi minna! Desculpe a pequena demora, mas eu demorei mais do que tinha previsto para traduzir o novo capítulo, mas aqui estou eu!
Obrigada a todos que leram e comentaram vocês fazem a minha alegria!!!
Ah, um aviso, leiam a nota no fim do capítulo, é sobre a surpresa que eu havia mencionado!
Só lembrando: KHR pertence a Akira Amano-sensei, só o enredo é meu!



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The Return of the Cloud

            O lobby do hotel está movimentado além do habitual devido à chegada de uma atriz famosa, que escolheu Milão para passar suas férias junto com seu, também ilustre, namorado, após o longo período de gravações de seu mais recente filme. A montanha de repórteres e paparazzis focados unicamente nessa chegada, nem percebeu um grupo de homens, todos vestindo caros ternos negros, encaminhando-se para uma sala de reuniões, especialmente reservada para eles na cobertura do hotel, um luxo concedido para poucos.

            Com passos firmes, o grupo adentra a sala com uma grande mesa no centro. Lá dentro, um garçom desavisado ainda abastece a mesa ao lado do frigobar com bebidas. Um descuido que certamente será reportado ao seu superior e, muito provavelmente, lhe custará um desconto considerável em seu salário no final do mês, ou o seu emprego.

            __Heh, olha o que temos aqui, Boss. – um dos recém-chegados, um homem corpulento, com uma cicatriz sobre a sobrancelha direita e cabelos ondulados, presos em um rabo de cavalo na altura dos ombros, fala apontando para o garçom, que ao perceber o seu descuido, começa a tremer com os olhos fixos no piso cinza.

            __Deixe o homem trabalhar, Santo. Nossos convidados ainda nem mesmo chegaram. Você, sirva-me um copo do seu melhor vinho. – ordena ao garçom, enquanto senta-se na poltrona negra na extremidade da mesa, com os outros seguindo seu exemplo.

            O garçom limita-se a um breve aceno de cabeça e faz o que lhe foi ordenado, em seguida, com outro breve aceno, retira-se da sala. O jovem garçom entra no elevador descendo até o décimo andar e entra em um quarto. Imediatamente uma névoa índigo envolve o seu corpo, dissolvendo-se logo depois, revelando um par de olhos bicolor, seguido por uma risada sinistra e inconfundível.

            __Kufufufu, Sawada Tsunayoshi, que tipo de problemas você está tentando evitar desta vez? – fala para si mesmo, enquanto observa a tela do computador sobre uma pequena mesa, onde a sala de reuniões pode ser vista e ouvida - Parece que não ficarei entediado tão cedo.

            No chão ao lado da porta, a figura de um garçom encontra-se inconsciente.

~~~Ҳ~~~

            Seguido de perto por um Gokudera tenso, e murmurando coisas que assume sejam maldições em diferentes idiomas, Tsuna adentra a enfermaria para se deparar com seu Guardião da Nuvem, pálido e inconsciente, deitado em uma cama com uma enfermeira terminando de envolver o seu ombro direito e a parte superior do peito, com o auxílio de, um igualmente preocupado, Yamamoto. Sentado em uma poltrona próxima a cama está Kusakabe, mantendo um olhar fixo em seu patrão - que diz a Tsuna, o suficiente para imaginar o que aconteceu - enquanto a apreensiva Chrome desinfeta alguns pequenos arranhões espalhados por seu braço direito e o rosto.

            __Como ele está? – indaga o jovem Décimo imediatamente despertando a atenção dos ocupantes da sala, que só agora perceberam a sua presença.

            __Ele foi atingido por uma lâmina estranha que perfurou o seu ombro, e foi puxada para baixo, visto que rasgou um pouco do peito. – informa Yamamoto, o mestre espadachim da família de Tsuna – Nós conseguimos fechar o ferimento parcialmente, usando as chamas do sol de Luca-san, mas não de curá-lo completamente. Tsuna, há algo muito estranho com esse ferimento. Ele estava rejeitando a Shinu Ki no Honoo do Sol. – Yamamoto tem um olhar sério, enquanto encara seu chefe.

            Imediatamente a expressão de Tsuna escurece visivelmente, enquanto um pequeno suspiro escapa de seus lábios.

            __E você, Kusakabe-san, como esta? – indaga, voltando o olhar preocupado para o braço direito do ex-prefeito.

            __Estou bem, graças a Kyo-san. – informa com frustração palpável em sua voz.

            __Décimo-sama, já fiz tudo que estava ao meu alcance. – informa a enfermeira, inclinando levemente a cabeça para evitar os olhos de seu chefe, enquanto um tom vermelho percorre a sua face, a presença de Tsuna tende a provocar tais reações na população feminina, e em alguns da masculina.

            __Ah, obrigado Luca-san. Você pode se retirar por agora. Chamaremos você caso precisemos, então não se afaste muito.

            __Sim, Décimo-sama. – e, novamente se inclinando, a jovem deixa a sala.

            __Gokudera, vá buscar Shamal em seu consultório ou onde quer que ele esteja, e traga-o aqui o mais rápido possível. Diga-lhe que não vou aceitar suas desculpas. – o tom severo, vazando uma ameaça mal disfarçada na voz de Tsuna, lhes diz que ele não está nenhum pouco disposto a tolerar os caprichos do médico pervertido.

            __Hai, Jyuudaime. – e com isso Gokudera desaparece pelo corredor.

            __Yamamoto, informe onii-san da situação atual, e diga para Fuuta e Lambo para não deixar a mansão até segunda ordem. Sem exceções.

            __Sim, Tsuna.

            __Chrome, você poderia contatar Mukuro e conferir se ele esta bem, e também lhe informar da situação?

            __Hai, Boss.

            Assim que a jovem retira-se da sala, apenas Tsuna, o inconsciente guardião e o frustrado Kusakabe, permanecem no local. Um breve silêncio se forma, enquanto Tsuna toma uma profunda respiração tentando organizar seus pensamentos.

            As coisas se complicaram novamente. – pensa, observando a figura do Guardião da Nuvem, ao mesmo tempo apertando as mãos em punhos. É quando se lembra da outra pessoa ainda presente na sala.

            __Hibari pode ser frio a maior parte do tempo, mas assim como a nuvem que flutua à deriva pelo céu sem se prender a lugar algum, ele também protege a família à distância e à sua maneira. – Tsuna dirige o seu olhar gentil para o Kusakabe em choque.

            __Sawada-san como você... Ah, a Hiper Intuição dos chefes Vongola. – corrige-se, levemente sorrindo para o homem parado junto à cama de seu patrão.

            __Você pode chamar assim, mas, a convivência também me faz ser capaz de perceber isso. Depois de tudo, eu conheço bem meus guardiões. – fala voltando seus orbes, com um leve tom de laranja, sobre Hibari – Então, não fique se culpando, caso contrário, isso só vai deixar Hibari ainda mais irritado quando despertar. Afinal, ele odeia receber ajuda, e não vai ficar nada feliz ao saber que foi socorrido depois de perder a consciência na entrada da mansão. – completa, já prevendo o humor azedo que seu Guardião com o temperamento mais difícil, vai ter quando acordar, um sorriso um tanto amargo surge em seus lábios com o pensamento.

            Ao ouvi-lo, Kusakabe fixa seus olhos sobre o Décimo chefe da maior e mais poderosa Famiglia mafiosa, a Vongola. Sawada-san é uma pessoa única, alguém com uma capacidade de entender não apenas as pessoas, como também as situações a sua volta, com apenas um olhar. Talvez essa capacidade se deva a sua lendária Hiper Intuição - embora Kusakabe duvide que seja apenas isso. Ele é também uma das poucas pessoas, ou talvez a única que foi capaz de compreender perfeitamente seu chefe de temperamento arredio e que odeia sentir-se preso. Não foi em vão que Kyo-san decidira permanecer ao lado da Vongola, e de certa forma, sob o comando do jovem Décimo – embora Hibari negará tal fato até a morte, afinal, a nuvem não obedece ninguém. Mas não há como esconder que seu patrão desenvolveu um forte respeito para com Sawada-san, a maior prova disso, foi o extremo ao qual ele chegara durante a última missão que recebera do Décimo.

            “Kyo-san, precisamos ver um médico!” – alarma-se Kusakabe, diante do guardião estancando o ferimento em seu ombro, com uma bandagem improvisada usando seu próprio terno.

            “Não. Nós vamos voltar à mansão Vongola. Sawada Tsunayoshi precisa saber disso o mais rápido possível.”

            “Mas, Kyo-san-”

            “Kusakabe Tetsuya, você está me questionando?” – indaga Hibari, em um tom que desafia seu braço direito a prosseguir, junto com um olhar mortal, digno de um legítimo Shinigami.

            Sem perceber, Kusakabe estremece com a lembrança. Hibari Kyoya é alguém verdadeiramente assustador, mesmo estando ferido. Por falar em pessoas com poderes assustadores... Tetsuya percebe a expressão preocupada de seu chefe indiretamente - uma vez que seu patrão é Kyo-san. Sawada Tsunayoshi, se desejar, pode ser incontavelmente mais assustador do que qualquer pessoa que já tenha conhecido – muito mais do que o próprio Guardião da Nuvem, fato que testemunhou em pessoa anos antes - ainda assim, é a pessoa mais bondosa e gentil que conhece. O tipo perfeito para possuir tal poder, uma vez que jamais abusará dele. Pelo menos não enquanto seu coração estiver focado em proteger aqueles que lhe são importantes.

            __Algo errado, Kusakabe-san? – indaga ao perceber o silêncio e a expressão pensativa do outro.

            __Não. Estou bem. Apenas recordando o que aconteceu. Kyo-san queria voltar para a mansão o mais rápido possível. Tanto que imediatamente rejeitou a ideia de ser tratado por um médico. – responde, novamente relembrando a cena.

            __Eu percebo. – o olhar de Tsuna vaga de volta para seu guardião - Vamos conversar melhor sobre isso depois que Gokudera e Shamal voltarem.

            __Como quiser, Sawada-san.

~~~Ҳ~~~

            Cerca de quinze minutos após sua saída, Gokudera surge de volta na porta da enfermaria, arrastando um muito mal humorado doutor Shamal. Na sala também se encontram Yamamoto, que acabara de chegar, após cumprir as duas tarefas que recebera de Tsuna, que permanecera na sala quase o tempo todo, salvo por ter de atender uma ligação de Dino - que Tsuna tem certeza de que logo aparecerá para saber os detalhes da situação em que seu problemático ex-aluno se encontra - Chrome, que também acabara de chegar, Fuuta e Lambo.

            __Então... Meu paciente seria a doce Chrome-chan? – indaga em tom leviano, o médico descaradamente pervertido, recebendo um olhar reprovador que lhe causa um arrepio na espinha, cortesia de Tsuna, o que imediatamente faz o médico perceber a gravidade da situação – Certo, certo. O que temos aqui... Wow! Nosso adorável Hibari Kyoya andou brigando com uma serra para conseguir um ferimento desse tipo?! – questiona já observando a perfuração no ombro e parte do peito do guardião.

            __Na verdade, foi uma estranha espada com uma lâmina dentada, que mais parecia uma faca de cozinha feita em um tamanho maior, coberta por uma chama negra. – informa Kusakabe, recebendo olhares incrédulos de todos, exceto de Tsuna, cuja expressão está escondida sob seu cabelo castanho.

            __Chama negra... – repete Yamamoto como se não acreditasse em seus próprios ouvidos, afinal, durante estes dez anos eles nunca ouviram falar de tal chama, não importando quantos adversários estranhos e inesperados eles tivessem enfrentado.

            __Tch! Que droga é essa, agora?! – resmunga Gokudera, não disfarçando a confusão e teorias se formando em sua mente.

            __Assustador... – murmura Lambo, parado ao lado de Fuuta que se limita a observar, pois Tsuna não os chamaria aqui se não fosse realmente importante.

            __Eu também tive dificuldade para entender quando Kyo-san falou sobre isso, uma vez que eu mesmo não era capaz de ver a chama. Algo que Kyo-san claramente podia ver. Ele não quis dizer-me nada sobre isso. Na verdade, durante a missão inteira ele não comentou nada, e em muitos momentos agiu sozinho.

            Uma chama negra que nem todos são capazes de ver... –a mente de Tsuna parou de ouvir Kusakabe e focou-se, momentaneamente, naquele único fragmento de seu comentário, seus olhos estreitando.

            __Por que não entraram em contato durante um mês inteiro? Jyuudaime estava preocupado com vocês. – rosna Gokudera, o que traz Tsuna de volta a conversa.

            __Kyo-san começou a agir estranho depois que descobrimos que nosso principal contato havia desaparecido, com todos os seguranças e funcionários da sua propriedade mortos, provavelmente com o mesmo tipo de lâmina que feriu Kyo-san. Ele decidiu que não era seguro para o andamento da missão que qualquer informação fosse repassada. Foi por isso que paramos de entrar em contato. – completa, recebendo um olhar azedo do Guardião da Tempestade, mas que também significava compreensão.

            __Como Hibari acabou ferido desse jeito? Ele, de todos nós, é o mais difícil de derrubar, por mais que não gostemos de admitir. – indaga Yamamoto, que há muito abandonara seus sorrisos e assumira sua postura séria, lançando um olhar de soslaio para Gokudera, que mesmo sendo o líder dos Guardiões, por ser o braço direito de Tsuna, tem de admitir, por mais que odeie, que se tratando de poder Kyoya era de longe o mais forte dentre todos eles, algo que Reborn parece gostar de lembra-los sempre que vem com um novo tipo de treinamento para os Guardiões, para o qual Tsuna logo franze as sobrancelhas em desacordo.

            __Dois dias atrás fomos emboscados em Praga. Havia pelo menos quarenta homens armados, em sua maioria portando estas espadas estranhas. Como eu não posso lutar usando chamas, Kyo-san disse que eu só serviria de empecilho e mandou que ficasse fora do caminho. Porém, um dos inimigos portando duas daquelas espadas, encontrou-me e estava prestes a me atacar, antes que eu pudesse reagir Kyo-san surgiu na minha frente bloqueando com suas tonfas o golpe. Mas uma das lâminas acabou perfurando seu ombro. O homem ao ver que tinha o atingido, tentou obter o máximo de estrago possível. Kyo-san foi rápido em perceber a sua estratégia e enviou-o para longe, mas o estrago já estava feito. Depois disso, os que não haviam sido abatidos, fugiram. – Kusakabe faz uma pausa, visivelmente frustrado, enquanto ignorando os olhares de seus ouvintes – Eu insisti para que fossemos a um médico, mas Kyo-san energicamente rejeitou a ideia. Disse que agora, mais do que nunca, deveríamos voltar para a mansão. Ele queria falar com Sawada-san o mais depressa possível. Por isso mal descansamos durante a viagem de volta. Infelizmente, devido à perda de sangue e o estres, Kyo-san desmaiou assim que adentramos os portões da mansão.

            Um pesado silêncio cai sobre a sala. Todos ainda absorvendo a informação que acabaram de ouvir. Mesmo Lambo, que não entendera muito da conversa, permaneceu em silêncio, sem atrever-se a perturbar a concentração dos de mais. Afinal, é um fato. Alguma Famiglia foi corajosa – entenda por estúpida e desesperada – o suficiente para tentar emboscar Hibari Kyoya, o sanguinário Guardião da Nuvem. O que significa que alguém certamente será mordido até a mortepor isso.

            __Chrome, o que Mukuro lhe disse? – foi Tsuna o primeiro a quebrar o silêncio, sua franja ainda encobrindo sua expressão.

            __Que ele está bem e que é melhor Boss ter uma boa explicação para quando ele voltar. – fala, recordando a expressão divertida do seu mestre, o que significava que logo alguém estaria chorando desesperadamente.

            __Ah. Entendo. – faz uma pequena pausa, liberando outro suspiro - Minna, sei que querem respostas, mas no momento eu também não as tenho completamente em minhas mãos. – fala, erguendo o olhar e correndo os olhos pelas faces de todos ali presentes – Tudo que posso dizer é que precisamos estar alertas para tudo a nossa volta. Alguém está tendo a Vongola como alvo.

            Sim. Novamente somos alvos... É melhor esclarecer isso antes que algo pior aconteça... – a mente de Tsuna o avisa, enquanto rapidamente observa a parte de sua família que está atualmente presente na mansão – Se não tivesse sido Hibari a ser emboscado e sim Lambo ou Fuuta...

            __É por isso, que a partir de agora, qualquer um que sair da mansão tem de estar portando seus Vongola Gear, no caso dos guardiões, e os demais certifiquem-se de não saírem sozinhos. Lambo, sei que de todos, o seu Vangola Gear é o mais problemático, mas desde que Shoichi e Spanner conseguiram adaptá-lo a uma Box, você não tem desculpas para não leva-lo com você. Além disso, você está incluso aos que não podem sair desacompanhados da mansão. – seu olhar para o jovem guardião continha um ‘desculpe’.

            __Yare, yare. Farei isso, Vongola. – responde abrindo seu olho direito e acenando para Tsuna, recebendo um leve sorriso de volta.

            __Chrome, desde que Mukuro está atualmente com o Gear da Névoa, certifique-se de ter sempre uma Box e no mínimo dois anéis, sendo um obrigatoriamente classe A, junto com você. Fuuta, por favor, entre em contato com o CEDEF e informe Basil sobre a situação e veja se eles tem alguma informação nova. Gokudera, por favor, ligue e peça a Bianchi para voltar para a mansão. Sei que ela está ocupada procurando novos ingredientes para seus poison cooking, mas explique-lhe a situação. – fala passando o olhar de seu braço direito para todos os ocupantes da sala - Para todos, tenham sempre com vocês um mecanismo de rastreamento e um comunicador além dos celulares. E por último, não alarmem os empregados da mansão, não sabemos ao certo o que esta acontecendo, mas pânico é a última coisa da qual precisamos. Pessoalmente pedirei a Lorenzi-san que reúna todos os empregados, para dar-lhes novas instruções. Quanto à segurança, Gokudera, Yamamoto, deixarei com vocês a responsabilidade de reorganizá-los. Mantenham os líderes de esquadrões em alerta, dessa forma não seremos pegos de surpresa novamente. E Yamamoto, repasse as informações para onii-san.

            Houve um coro de sim na sala, seguido pela saída de cada um para suas obrigações. Lambo murmurou algo sobre ‘tirar uma soneca antes do jantar’, Chrome retirou-se em direção ao seu quarto, em busca do outro anel classe A da Névoa que possui, já que sempre tem em seu dedo o que seu Boss lhe dera assim que se tornara o Décimo Vongola, para que ela possa manter por conta própria as ilusões dos seus órgãos, sempre que Mukuro fica com o Vongola Gear da Névoa – o que geralmente acontece quando Tsuna lhe encarrega de alguma missão de um nível mais elevado, e ele não quer envolve-la. Yamamoto, seguido por um Gokudera resmungando ao telefone algo como ‘aneeki, esqueça os malditos escorpiões e serpentes africanos’, partiram em busca dos líderes de esquadrões. Fuuta foi falar com Basil, o novo líder do CEDEF, desde que Sawada Iemitsu se aposentou seis meses após Tsuna assumir a Vongola.

            __Ainda é meio estranho vê-lo dando ordens sem hesitação como um verdadeiro chefe, não importa que você já faz isso há seis anos. – comenta Shamal, que já havia terminado seu trabalho.

            __Como Kyo-san está? – indaga Kusakabe antes que Tsuna possa perguntar.

            __Como todos nós sabemos, ele é muito forte. Mesmo tendo perdido sangue ele parece ter desmaiado mesmo é por exaustão e falta de sono. O que é algo a se esperar de um maníaco por batalhas. O único problema é que o ferimento vai curar mais lentamente, levando em consideração o que Gokudera falou sobre as chamas do sol não funcionarem com força total. Certamente um poder maior, como o do seu extremo Guardião do Sol, fará um trabalho melhor. Tirando isso, ele deve estar bem assim que seu corpo recarregar as energias. E para isso, algumas horas de sono serão suficientes. Mas... Eu realmente fiquei curioso sobre estas novas armas... – começa a divagar até encontrar o olhar reprovador de Tsuna - De qualquer forma, Hibari está bem, nada com o que se preocupar.

            __Kyo-san... – murmura em alívio.

            __Bem, se você não se importa, vou passar a noite aqui na mansão e amanhã volto para o meu consultório. Se precisar falar comigo é só me chamar.

            __Ah, obrigado por vir. - agradece, dando-lhe um sorriso gentil.

            __Como se eu tivesse outra opção. Você só mandaria Hayato pessoalmente me buscar se fosse uma emergência, além do mais... Eu realmente não tenho vontade de enfrentar a ira de um homem que foi capaz de derrotar um Arcobaleno.

            __Não me lembre disso. Reborn só fez piorar ainda mais as suas horas de tortura depois daquele dia. – resmunga com um leve franzir das sobrancelhas, a simples menção de tais treinos lhe provoca um calafrio.

            __Eu é que não gostaria de estar na sua pele, Vongola. Agora vou beber algum vinho. Eu realmente odeio ter de atenderhomens. – resmunga saindo da sala.

            __Sawada-san, obrigado. – agradece Tetsuya, assim que os dois encontram-se sozinhos novamente.

            __Pelo que? – indaga, encontrando o olhar de Kusakabe.

            __Por ser um chefe tão bondoso e por se preocupar com Kyo-san, e mesmo comigo. – fala encarando-o.

            __Kusakabe-san, minha família é a coisa mais importante no mundo para mim. E eu sempre vou protegê-la.

            Mesmo que isso signifique não dizer-lhes que estou... – Tsuna engasga com o pensamento. Sua expressão em branco por uma fração de segundo, não foi percebida pelo homem sentado há poucos passos a sua direita.

            __Kusakabe-san, você também precisa descansar. Pedirei a Luca-san que fique aqui para que você possa tomar um banho, comer alguma coisa e principalmente dormir. – informa, dirigindo-se a porta.

            __Certo, Sawada-san.

~~~Ҳ~~~

            Estava quase na hora do jantar, quando um grande carro negro estaciona diante da entrada principal da mansão Vongola. Um belo loiro de olhos castanho, vestindo uma camisa marrom, sob um casaco verde oliva e uma calça folgada bege, com tatuagens amostra no braço esquerdo e no pescoço, desce do veículo seguido por um homem já com fios brancos surgindo em seu cabelo negro. Ambos adentram a mansão e são recebidos por Lorenzi, o velho e eficiente mordomo-chefe responsável por todos os empregados que trabalham na sede Vongola.

            __Boa noite, Lorenzi. – cumprimenta o loiro com um sorriso brilhante.

            __Eu estava certo, você veio depois de tudo. – uma já bem conhecida voz aveludada inunda o hall de entrada da mansão.

            __Oi, Tsuna! Você sabe que me assusta sempre que aparece assim. E por que essa recepção? E como você sabia que eu viria?

            __Dino, você está fazendo mais perguntas do que o habitual. Fica difícil responder desse jeito. Ele esta bem, se essa é a sua maior preocupação. E quanto às primeiras perguntas. Hiper Intuição e anos de convivência. – fala abrindo um sorriso divertido para os recém-chegados.

            __Ah, eu deveria saber que você iria me ler como um livro. Algumas vezes sinto falta do tempo em que o meu pequeno irmão não era capaz de fazer tais coisas. – murmura Dino, enquanto Romario limita-se a rir dando-lhe um tapinha no ombro.

            __Boa noite, Romario-san.

            __Boa noite, Tsunayoshi-san.

            __Lorenzi-san, pode deixar que eu cuido dos nossos visitantes, apenas avise Pizio-san de que teremos mais duas pessoas para o jantar. – ao falar, Tsuna envia a Dino um olhar divertido desafiando-o a negar o seu convite, o que arranca de Romario outra risadinha e um suspiro de rendição por parte do loiro.

            __Hai, Décimo-sama.

            __Então, devo imaginar que você quer saber o que aconteceu, caso contrário não teria vindo correndo na hora do jantar no dia da comida japonesa. – brinca Tsuna, ampliando seu sorriso travesso.

            É um tanto comum que Dino eventualmente junte-se a Tsuna e os guardiões nos dias em que Pizio prepara comida japonesa. Não é segredo para ninguém na máfia que o Décimo chefe da Famiglia Cavallone é um amante da boa comida. Além disso, Dino caíra no amor pela culinária da mãe do Décimo Vongola, e ambos, Dino e Tsuna, compartilham a mesma opinião sobre a comida do chef de cozinha da mansão Vongola – escusado será dizer que depois de ‘Cielo’, Dino está atualmente a ocupar o segundo lugar na lista de pessoas que aquecem o coração do cozinheiro.

            __Tsuna, você esta sendo indelicado. – resmunga Dino, corando um pouco com a acusação não disfarçada do seu irmão mais novo – Mas, sim, eu sei que podia simplesmente ter esperado você ligar, foi também o que Romario sugeriu. – confessa, afinal, em algum momento nestes dez anos em que se conhecem, Tsuna começou a lê-lo como um livro, não só ele, como todos a sua volta, até mesmo Reborn se tornou alvo deste olhar que desarma as barreiras auto impostas.

            __Relaxe, eu iria mesmo convidá-lo, mas com tantas coisas acontecendo em um curto espaço de tempo, acabei não tendo a oportunidade. Além disso, sei que também estava preocupado com o desaparecimento de Hibari. Você foi seu tutor depois de tudo. E segundo Reborn-

            __“Um tutor deve ser responsável por seu aluno até o fim.” – recitam em coro, as palavras de seu tutor espartano e sádico.

            __Por falar em Reborn, você já o avisou sobre os últimos acontecimentos?

            À menção de seu tutor, Tsuna congela momentaneamente.

            Ah, Reborn... Ele está desconfiado de que estou escondendo algo... Algo muito importante. Tanto, que certamente mudará a vida de todos... Sinto muito, Reborn...

            __-na? Oi, Tsuna?! Você não esta se sentindo bem?! Devo chamar Gokudera? – afoba-se Dino, pronto para começar a balançar os ombros de Tsuna, ou a gritar por ajuda, assim que as memórias de semanas antes começam a invadir sua mente.

            __Desculpe, me distrai pensando em algumas coisas. – fala lhes lançando um sorriso tranquilizador - Sobre Reborn, eu ainda não entrei em contato com ele, visto que ele logo estará voltando. Além disso, sei que ele está feliz atendendo a um pedido do Nono novamente, e eu já sou bastante crescido para lidar com os meus problemas, caso você tenha esquecido. – completa, movendo seu sorriso para um mais intimidador.

            __Tsuna... Como seu irmão mais velho fico tão orgulhoso de ver o quanto você cresceu... – fala com os olhos brilhando.

            E lá vamos nós outra vez... – pensa ao ver o olhar de Dino entrar no ‘modo irmão mais velho’.

            __Se você me abraçar e começar a chorar, vou mandar Pizio-san retirar o prato separado para você. – avisa, enquanto abre a porta da enfermaria para ambos entrarem na sala.

            __Oi, Tsuna! Não negue ao seu aniki o direito de sentir orgulho pelas suas façanhas. – braveja em tom divertido, recebendo um suspiro de irritação fingido de Tsuna, uma vez que esse tipo de brincadeira entre os dois já se tornou uma ocorrência normal dentro da família, algo ao qual todos estão habituados.

            __Décimo-sama, Cavallone-sama. – cumprimenta Luca, ao ver os dois chefes adentrarem a sala.

            __Luca-san, como ele está?

            __Ainda dormindo profundamente, Décimo-sama.

            __Obrigado. Luca-san, aproveite enquanto estamos aqui e vá buscar o seu jantar, só sairemos quando você voltar.

            __Hai, Décimo-sama. – fala inclinando-se e saindo.

            __Nossa, Kyoya parece mesmo pálido. Esta é provavelmente a primeira vez que ele se machuca de verdade durante uma luta.

            __Segundo Kusakabe-san, Hibari só se machucou por interferir quando um dos inimigos o fez um alvo. Então, tecnicamente, ele não se machucou por estar lutando.

            __Kyoya pode ser frio, mas não consegue ver um companheiro ser ferido sem fazer algo. Mesmo que ele nunca vá admitir isso. – completa suspirando, enquanto observa seu ex-aluno problemático dormindo – Então, o que aconteceu? – indaga, finalmente adquirindo uma expressão séria, as brincadeiras teriam de ficar para um momento mais propício.

            __Sobre isso...

            Tsuna conta a Dino tudo o que Kusakabe lhes dissera mais cedo, sobre as lâminas estranhas e as chamas negras, sem revelar detalhes sobre o que Hibari estava fazendo em sua missão. Pois este é um assunto em que apenas Hibari, Enma e ele próprio conhecem todos os detalhes, mesmo Shoichi não tem conhecimento de tudo, ao passo em que Enma também é uma parte importante da equação.

            __Isso parece bastante problemático, Tsuna. – comenta Dino após ouvir o relato.

            __Eu também penso assim. Ainda mais que essas chamas negras parecem de alguma forma interferir com outras, como diminuir a eficácia do atributo da Ativação da Shinu Ki no Honoo do Sol. Com ferimentos que não curam tão rápido quanto deveriam, em uma batalha lutar torna-se ainda mais perigoso, principalmente para quem não pode usar nenhum anel ou Box para se defender corretamente.

            __Você continua preocupado com a segurança de todos, como sempre. Como é que Reborn chama... Ah! “Hiper Proteção versão Vongola Décimo”. – comenta, bagunçando os cabelos de Tsuna, algo que faz sempre que sente o clima um pouco tenso ao redor do seu ‘irmão’ menor, e que Tsuna visivelmente não gosta.

            __Dino, você também vai começar com isso?! – reclama, enquanto tenta inutilmente arrumar seu cabelo fofo e castanho, rebelde por natureza.

            __Eu acho que esse termo se encaixa perfeitamente com você. Alguém que só luta quando é para proteger aqueles que lhe são importantes. É por isso que você é o Cielo da Famiglia Vongola. – fala abrindo um de seus sorrisos brilhantes, o mesmo que faz as mulheres corarem e suspirarem - Da mesma forma, é por ser a Nuvem que Kyoya sempre prefere lutar sozinho e acaba trazendo problemas. Francamente, mesmo nesta idade ele ainda consegue ser imprudente. – resmunga o loiro.

            __Dino, você está parecendo uma mãe repreendendo um filho desobediente.

            __Heh?!

            Ainda bem que Hibari está desacordado... – pensa Tsuna, suspirando novamente, enquanto imagina a cena que seu guardião iria fazer se ouvisse o comentário infeliz de Dino.

~~~Ҳ~~~

            Dino, Tsuna e Romario tomaram seu caminho para a sala de jantar, assim que Luca voltou com uma bandeja contendo o que seria o seu jantar – Spaghetti alle Vongole, fato que arrancou um sorriso de Tsuna, piorando o tom vermelho tomate da pobre enfermeira, algo que Tsuna simplesmente não consegue encontrar um bom motivo que explique tal reação. Ao dobrarem um corredor, os três se deparam com Yamamoto, Gokudera e Kusakabe, parados com estranhas expressões, que Tsuna imediatamente reconhece, fazendo seu coração apertar. Afinal, recentemente aquelas expressões começaram a aparecer com uma persistente frequência nos rostos de sua amada família.

            __Rapazes, por que estão parados no corredor?

            __Tsuna...

            __Não é nada, Jyuudaime. Viemos para buscá-lo para jantar. – adianta-se Gokudera, antes que qualquer outra palavra seja dita, como braço direito, sente que é seu dever afastar qualquer preocupação de seu chefe, tentativa que falha miseravelmente, uma vez que Tsuna é capaz de ver a verdade escondida sob essas palavras.

            __Vocês... – resmunga, com um longo suspiro irritado - Se continuarem fazendo essas caras deprimidas, eu vou definitivamente pedir a Reborn para intensificar seus treinos quando ele voltar. Francamente, algumas vezes eu me pergunto o que eu fiz para ter amigos tão superprotetores. Eu já não lhes disse para relaxarem? Eu não vou a lugar nenhum. – completa abrindo seu sorriso irresistível, batizado pelo próprio Nono de ‘attributo del Cielo’, que imediatamente quebra a aura escura ao redor dos três.

            __Sinto muito por perturba-lo, Jyuudaime.

            __Desculpe, Tsuna.

            __Sawada-san...

            __E ‘attributo del Cielo’ ataca novamente. – comenta Dino, bagunçando outra vez os cabelos de Tsuna, e por sua vez, recebendooutro tipo de sorriso de seu irmãozinho, um também bem conhecido, que o Décimo usa como uma advertência, e sempre vem com um olhar de gelar a espinha.

            __Dino. - a voz aveludada, porém firme, de Tsuna, acrescida por um olhar intimidador, alerta o loiro de seus limites, algo que ninguém é tolo o suficiente para tomar de ânimo leve.

            __Certo, certo. Mas agora... Será que podemos ir jantar? Eu realmente quero comer a comida japonesa que o seu chef faz.

            __Tch! Outro que só aparece na hora de comer. – resmunga Gokudera.

            __Hahaha. Então Dino veio para jantar com nós outra vez. – comenta Yamamoto, com seu sorriso de assinatura novamente em seus lábios.

            __Falando desse jeito faz parecer que eu só visito vocês por causa da comida. – resmunga Dino, corando por ter ouvido a mesma acusação duas vezes na mesma noite.

            __Boss, desista você já ganhou fama dentro da Famiglia Vongola. – comenta Romario com um sorriso.

            __Calado! Se eu ganhei essa ‘fama’, você tem culpa por sempre ficar dizendo que eu visitava meu irmãozinho no Japão só por causa da comida da mama. – faz uma pequena pausa - Que realmente é muito boa. Mas não era só por esse motivo que eu visitava Tsuna. Ah, por falar na mama. Tsuna, e quanto aos seus pais? Já tem um bom tempo que eu não os vejo. – questiona, enquanto o grupo adentra a sala de jantar, onde Chrome, Fuuta e Lambo já os aguardavam.

            Com a pergunta, Tsuna contrai uma das sobrancelhas, em uma expressão que costumava usar com frequência quando mais jovem, algo que só aparece quando o assunto são seus pais nonsense.

            __Eu falei com minha mãe tem dois dias. Eles ainda estão em Honolulu em sua ‘lua-de-mel’. Eu gostaria de saber como eles podem chamar seis anos de férias viajando ao redor do mundo, de ‘lua-de-mel...’ – comenta, ampliando sua careta.

            __Hahaha. Seus pais são tão apaixonados, Tsuna.

            __Esse não é o problema, Yamamoto. Acontece que meu pai está me fazendo pagar por todas as suas despesas astronômicas, como ‘compensação’ por ter me sustentado quando eu era mais novo. – fala contraindo um pouco mais a sobrancelha, o que lhe dá um ar engraçado e de certa forma, infantil.

            __Esse é o Tsuna que eu conheci dez anos atrás. – comenta Dino entre risos – Mesmo sorrindo com frequência, você acabou se tornando muito sério, Tsuna. Quem diria que meu irmãozinho desajeitado e medroso iria se tornar tão responsável.

            __Pizio-san, você pode retirar o prato correspondente a Dino, ele vai ficar apenas com a entrada, uma salada leve. – fala Tsuna, em seu tom aveludado, com um sorriso doentiamente doce, o que torna sua expressão mais assustadora do que a aura de Mukuro e Hibari quando os dois estão muito próximos um do outro e o chefe não está por perto para detê-los, com esse mesmo sorriso medonho.

            Um calafrio percorre a espinha de todos os presentes na sala, incluindo os funcionários. Todos lembrando da primeira vez em queaquele sorriso apareceu.

            __Oi, Tsuna! Você não vai fazer isso para o seu aniki?! – alarma-se Dino.

            __Pizio-san, esqueça a salada. Traga apenas um copo de água.

            __Si-sim... Cielo-sama... – responde o homem de 56 anos, lançando um olhar de desculpas para o Décimo Cavallone, com seus pequenos olhos cor de bronze, enquanto corre de volta para a cozinha, seguido por um punhado de empregados aturdidos, ao passo que os membros da família começam a rir, com exceção de Gokudera que sorri amplamente em aprovação a atitude de seu Jyuudaime.

            Tsuna está sendo travesso outra vez, a fim de aliviar a tensão que se instalou dentro da mansão, desde que o mais forte Guardião do Décimo retornou ferido. – é o pensamento na mente de todos sentados ao redor da grande mesa de jantar. Como o céu, Tsuna faz tudo o possível para manter os ânimos calmos.

            Felizmente para Dino, Tsuna permitiu-lhe receber seu prato de volta com a promessa de parar de perturbá-lo. E com isso, o jantar correu tranquilo, só até a sobremesa, mitarashi dango, quando Lambo de dez anos do passado apareceu de novo, berrando disparates sobre ‘Reborn jogou grande Lambo-san para a tartaruga gigante devorá-lo, por ser irritante’ e ‘não foi culpa de Lambo-san, Bianchi ter jogado comida envenenada em dame-Tsuna e Dino’ finalizando com ‘I-pin explodiu por que o assustador das tonfas apareceu para lutar com Dino’ – escusado será dizer que, tanto Dino quanto Tsuna começaram a suar frio com a menção de tais lembranças, ao mesmo tempo, felizes que no decorrer dos anos Hibari começou a focar suas presas nos infelizes que cruzavam o seu caminho durante suas missões, diminuindo assim, o risco da família ser mordida até a morte.

            __Neh, Tsuna, diga a Pizio-san que o jantar estava ótimo. – comenta Dino, enquanto atravessam o hall de entrada rumo a saída.

            __Ah, pode deixar. E, obrigado pela visita. Mas, realmente estamos bem.

            __Che! Como esperado, você sabia o real motivo de eu ter vindo. – resmunga ao ver o sorriso de Tsuna se alargar – Acho que me preocupei sem razão. É só que...  Eu realmente não sei o que está acontecendo e isso me deixa um pouco nervoso. Eu sei que você deve ter seus motivos para estar agindo assim e eu os respeito. Mas quero que tenha em mente, que sempre poderá contar comigo. Sempre. Independente de para que você precise de ajuda. – reforça com um olhar sério e ainda cheio de ternura.

            __Não se preocupe, eu sei que não posso carregar todos os fardos sozinho. Afinal, somos uma família. E eu prometo que quando o momento chegar, eu esclarecerei todas as coisas. – fala, abrindo um sorriso caloroso.

            __Certo. Mas mantenha-me enformado sobre Kyoya, sou seu tutor depois de tudo. – completa com um suspiro cansado.

            __Ah, pode deixar.

            __Boa noite, Tsuna. – despede-se, encaminhando-se para o carro onde Romario já o espera no banco do motorista.

            __Boa noite, Dino.

            Ah, quando o momento chegar eu certamente... – pensa Tsuna observando seu amigo ir embora.

~~~Ҳ~~~

            Um pouco afastado da mansão, próximo à densa floresta, fica um grande dojo construído no melhor estilo oriental. Escorado na parede junto à porta, Gokudera faz algo que havia praticamente parado no decorrer dos anos – fuma. Ele havia decidido parar com o mau hábito desde que Tsuna começara a repreendê-lo dizendo coisas tais como ‘se você continuar fumando, terei um braço direito por pouco tempo’. Atendendo a preocupação de seu Jyuudaime, Gokudera recorria ao velho hábito raramente quando estava verdadeiramente frustrado com sigo mesmo - como no presente momento.

            __Pensei que tivesse parado de fumar, Gokudera. – a voz de Yamamoto surge de dentro do dojo, onde se encontra praticando na tentativa de se distrair – Você sabe, Tsuna vai ficar irritado se descobrir que voltou a fumar. – alerta, sem poupar ao amigo angustiado um único olhar, pois também partilha do mesmo sentimento amargo.

            __Tch! – resmunga, apagando o cigarro e jogando em uma lata que usa para se livrar das ‘provas’ de seu delito – Yakyū baka, por que contou ao topetudo sobre o Jyuudaime? – resmunga, voltando à cabeça para dentro da ampla sala onde seu companheiro Guardião está ocupado ‘empalando’ inimigos imaginários – Esse é um assunto que deveria ficar só entre nós.

            __Por que cedo ou tarde ele iria acabar sabendo. Além disso, é melhor que sejamos nós a falar do que ele perguntar diretamente a Tsuna.

            __Tch, ainda assim, não vejo por que falar sobre isso, ele nem mesmo é da família.

            __Você e eu sabemos muito bem que Tsuna não pensa assim. E Kusakabe-san é o braço direito do Hibari, que é um dos Guardiões de Tsuna.

            __Tch!

            Yamamoto abaixa a lâmina da espada e observa Gokudera por um momento. O Guardião da Tempestade adquirira o hábito de falar pouco quando está sentindo-se realmente incomodado, quase como uma ‘tempestade silenciosa’. A única razão para estar em tal estado é de conhecimento de todos – Tsuna e sua saúde. Com ele próprio não é diferente. Estar a essa hora da noite treinando como um doido na frustrada tentativa de acalmar-se, é prova mais do que suficiente que está tão preocupado com seu precioso amigo, quanto Gokudera.

            __Gokudera, você realmente acha que Tsuna está bem?

            Um perturbador, porém esperado, silêncio cai sobre os dois. Embora Tsuna afirme estar bem, sua palidez persistente e os sinais de cansaço começando a emanar de seu corpo alegando o contrário, o que os inquieta ainda mais.

            __Eu... Não sei. Jyuudaime parece melhor, mas... – faz uma pausa, queimando com suas chamas da Tempestade os cigarros dentro da lata e o maço que tem na mão – Só o que podemos fazer é ficar próximos do Jyuudaime para que nada parecido aconteça outra vez. – completa entre dentes, amargura e medo fluindo de seu coração.

            Yamamoto observa Gokudera retornar a mansão, enquanto a conversa de horas antes invade a sua mente.

            “Gokudera-san, Yamamoto-san, o que exatamente aconteceu enquanto não estávamos na mansão?” – indaga Kusakabe, enquanto os três caminham pelo corredor em direção à enfermaria, onde Tsuna e o chefe Cavallone estão atualmente.

            “Um monte de coisas aconteceram.” – rosna Gokudera, não gostando do rumo que a conversa parece estar tomando.

            “Maa, maa, Gokudera. Kusakabe só está querendo se atualizar da situação, uma vez que eles não tiveram qualquer notícia durante um mês.” – apesar de ter um sorriso nos lábios, se observado com atenção, Yamamoto também está desconfortável com a recente pergunta, não era necessário nem para ele, nem para Gokudera, ter a Hiper Intuição de Tsuna para ter ideia do que realmente era a questão ainda não dita pelo recém-chegado.

            “Quero dizer... Talvez seja apenas impressão minha, mas Sawada-san parece muito mais pálido e cansado do que da última vez em que o vimos.” – comenta, mentalmente comparando a imagem que tinha de Tsuna do dia antes de partirem para sua longa missão, com a recente.

            Gokudera imediatamente para de andar, congelado no meio do corredor. Yamamoto ainda anda alguns passos à frente, mas logo para. Seu sorriso desfizera-se e em seu lugar havia uma expressão tensa. Era óbvio que um homem observador como Kusakabe iria perceber, afinal, ele convivia diariamente com o mais perspicaz observador dentre os guardiões – Hibari Kyoya. Esperar que alguém assim não notasse, o que todos os guardiões vinham tentando desesperadamente acreditar que eram suas imaginações lhes pregando uma brincadeira de muito mau gosto, era simplesmente estúpido e improvável.

            Kusakabe levantou uma sobrancelha para a abrupta mudança no comportamento dos dois guardiões. É de conhecimento de todos que entre os membros da família do Décimo, os mais próximos a Tsuna são Yamamoto, o mestre espadachim, e Gokudera, o seu leal braço-direito, por isso, sempre que um assunto delicado envolvia seu precioso amigo, os dois tornavam-se mais sérios e intimidantes do que já são. A Chuva e a Tempestade abandonam suas desavenças fúteis e se tornam uma só, uma combinação mortal, temida e evitada no submundo. Mas desta vez, a reação foi diferente, era mais grave e sombria, como o prelúdio de algo ruim.

            “Tsuna...” – a voz hesitante de Yamamoto, quebrou o silêncio auto imposto – “Tsuna esteve muito doente cerca de uma semana depois que vocês partiram.” – completa com amargura não disfarçada.

            Com o comentário do Guardião da Chuva, Gokudera fecha os punhos quase ao ponto de sangrar com as unhas escavando a carne. Em seu rosto é possível ver uma serie de emoções, raiva, frustração, tristeza e medo. Já Yamamoto, sua expressão está em branco, como se seu mundo estivesse começando a ruir e não soubesse como ou por que isso está acontecendo. O silêncio os engole novamente. Desta vez, muito mais denso. Kusakabe se esbofeteia mentalmente. Parece que entrara em um terreno repleto de minas terrestres sem perceber. Afinal, se algo está acontecendo com o ‘céu’, todos os outros elementos que o rodeiam também são afetados. E assim os três ficam parados no corredor, imersos em pensamentos. Até o motivo de suas preocupações aparecer.

            Yamamoto, com a lembrança desfazendo-se em sua mente, lança um longo olhar para o alto. Escuridão. Foi tudo que viu, como se escondendo deles a face de seu céu.

            __Tsuna... – murmura, finalmente voltando para dentro do dojo para aliviar sua própria frustração através de um intenso treinamento.

            A chuva precisa do céu para poder lavar todas as coisas.

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Notas finais do capítulo

Minna, espero que tenham gostado da aparição do Dino, deu um trabalhão imaginar a relação dele com o Tsuna, tentei coloca-la de uma forma mais brincalhona e intima, como se fossem irmãos mesmo!
Sobre a surpresa, já escrevi o primeiro capítulo Extra de Cielo. Os extras não seguirão uma linha cronológica, uma vez que tem por objetivo esclarecer/apresentar fatos que aconteceram antes do ponto em que a história começa. Todos os extras receberão o nome: Extra [mais um número] - Memórias da 10ª Família e dentro do capítulo estará o nome referente ao mesmo.
O primeiro desses especiais chama-se: Extra 1 - Memórias da 10ª Família: As Presas de Sawada Tsunayoshi. [E que eu pretendo postar amanhã ou mais tardar domingo.]
A princípio eu não tenho nada referente a família Primo, mas se as ideias surgirem, eu posso escrever alguns especiais sobre eles também.
Por fim, deixem-me saber suas opiniões, elas me inspiram a melhorar!
Até o Extra! Ciao, ciao!