Cielo escrita por Selene L Tuguert


Capítulo 3
Apreensão - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Hello Minna! Obrigada por todos os comentários, vocês fazem a minha alegria!!!
Como prometido, acabo de add o capítulo lá no fanfiction.net e vim add aqui também ;)
Só lembrando: KHR pertence a Akira Amano-sensei, apenas o enredo é meu!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214384/chapter/3

Apprehension - Part 2


Cerca de 200 anos atrás - Era Primo, três semanas antes da invasão

Um homem de cabelos negros e olhos castanho mel, com um curativo sobre o nariz, vestindo uma batina longa e negra, atravessou o corredor correndo com uma velocidade e agilidade que não se espera encontrar em um celibatário. Sem se dar ao trabalho de bater na porta, adentra a sala, imediatamente atraindo a atenção de todos os seis indivíduos ali presentes.

__Primo! Más notícias! – grita ao topo dos seus pulmões, fazendo todos encolherem-se.

Giotto, que já tinha o olhar fixo em seu barulhento guardião do Sol, instantaneamente estremeceu. Sua Hiper Intuição o estivera incomodando desde que acordara aquela manhã. Algo ruim está para acontecer e a abrupta entrada de Knuckle só vinha confirmar o que já estava sentindo. O que não ajudou a melhorar o seu humor.

__Acalme-se, Knuckle. – aconselha no tom mais tranquilo que conseguiu encontrar diante da situação.

__Tch! Deve ser algo realmente ruim para você invadir a sala gritando dessa forma. – resmunga G, enquanto observa Lampo levantar-se do chão, com o susto o rapaz despencara com cadeira e tudo.

__Se continuar barulhento-

__Na cidade, uma pilha de corpos foi abandonada próximo a Igreja! Que deus os tenha. – informa Knuckle interrompendo Alaude, enquanto juntando as mãos e rezando uma pequena prece.

__O que?! – houve um coro de vozes dentro da sala, com exceção de Alaude que se limitou a estreitar os olhos enquanto apertando um par de algemas e Lampo que apenas caiu da cadeira novamente com um gemido.

__Explique. – foi tudo que Giotto conseguiu dizer.

__Eu sai para ir a Igreja rezar, mas assim que estava chegando, vi um monte de corpos empilhados como se não fossem nem mesmo seres humanos. Estavam no campo vazio que você doou a Igreja para a construção da escola. – pronuncia as palavras com amargura não contida.

__Que crueldade. – murmura Ugetsu, que havia parado de tocar sua flauta no momento em que o amigo invadira a sala gritando.

__Assustador... – geme Lampo, já sentado em seu lugar.

__E também... Estou certo de que muitos dos corpos são dos moradores que vem desaparecendo desde o mês retrasado. Entre eles reconheci o do filho de Enrico dono da sapataria e a irmã de Fazio da pensão junto à entrada da cidade.

__Nufufu, parece que alguém está nos desafiando. – comenta Daemon com sua risada de assinatura.

__Tch! Esses bastardos! Primo! – exclama G, voltando o olhar para seu amigo de infância sentado na extremidade da mesa, tendo seus orbes laranja encobertos por seus cabelos dourados e uma expressão séria em sua bela face.

__Ah. Nós temos de dar um fim a esta situação. – fala encontrando o olhar de seus guardiões.


~~~ І ~~~


A reunião começara a cerca de trinta minutos, e desde então Tsuna tivera tempo mais do que suficiente para analisar o homem diante de si. Guiseppe II Galhardoni, chefe da promissora Famiglia Galhardoni de Verona, e uma das quase incontáveis famiglias que se formaram após a era Primo. Essa em especial, possuí um poderio militar já bastante desenvolvido para o seu tamanho e abriga cerca de setecentos membros. Nada mal para uma Famiglia pequena que se formara há menos de três décadas. Embora Galhardoni fosse muito recente em comparação com Vongola, seu segundo chefe é uns bons dez anos mais velho do que Tsuna, o que de forma alguma intimida o Décimo Vongola. Afinal, quando se cresce sob a tutoria espartana do maior Hitman do mundo e tendo ameaças de morte reais em uma base diária, poucas coisas no mundo podem realmente abalar sua confiança e tranquilidade, isso sem levar em conta que Tsuna ainda tem entre os membros da sua família, três homens conhecidos e temidos por todo o submundo, Xanxus, que apesar da rivalidade declarada com o legítimo sucessor da Vongola, ainda conta como membro ativo da Famiglia, Rokudo Mukuro, o ilusionista poderoso e sádico que conseguiu escapar por duas vezes da temida Vendicare e, por fim, Hibari Kyoya, o guardião mais forte de toda a Vongola, cuja sede por sangue e a paixão por lutas o precedem onde quer que vá.

Tsuna observa atentamente Guiseppe, enquanto esse concentradamente lê todos os termos que formarão a aliança entre Vongola e Galhardoni. Seu cabelo curto entre o loiro e o castanho, numa mistura um tanto curiosa, ressalta seus olhos de cobre, e, diferentemente de Tsuna cujo corpo misteriosamente permanece um tanto esguio – não que ele não possua músculos fortes e desenvolvidos, apenas seu corpo não tem excesso desnecessário de massa muscular, apesar das infindáveis horas de tortura nos treinamentos horripilantes de Reborn - o físico de Guiseppe é visivelmente trabalhado com os músculos dos braços mal disfarçados pelo terno negro sobre uma camisa branca, finalizando com uma gravata de cetim azul celeste, algo que parece bastante deslocado na figura corpulenta do italiano.

Mas, pondo de lado o senso estranho de moda para um chefe da máfia que Guiseppe possuí, Tsuna gostou do que encontrara na figura diante de seus olhos, o homem parece ter um forte senso de justiça, algo bastante raro de se encontrar no submundo. Outro ponto que agrada Tsuna é o fato de que em momento algum o herdeiro Galhardoni mostrou hostilidade ou tentou reivindicar algum tipo de posição dentro da grande Vongola, tudo que ele pediu foi que a Vongola protegesse seus subordinados como se fossem parte da Famiglia. Tal fato soou como melodia aos ouvidos do Décimo, que nestes seis anos de reuniões deparara-se com algumas tentativas frustradas por parte de outras Famiglias de formar uma aliança com a Vongola, pelo fato de que começaram a fazer exigências absurdas como querer um lugar privilegiado no centro da principal Aliança, que atualmente consiste das Famiglias Vongola, Cavallone, Shimon, Giglio Nero e por fim a Famiglia Gesso, outros queriam posses, e ainda havia aqueles que desavisadamente vinham até o Décimo querendo um caminho livre para fazer seus negócios obscuros – estes últimos conseguiram irritar Tsuna de tal forma que por muito pouco não foram extintos do submundo, cortesia de seus guardiões superprotetores que tomaram a ira de Tsuna como sendo a sua. Sim, o bondoso Sawada Tsunayoshi aceita qualquer um em sua família de coração aberto e um sorriso acolhedor nos lábios, desde que estes tenham o desejo de protegê-la, pois o céu é acima de tudo justo e não é capaz de abraçar aqueles cujo coração e a alma se tornaram obscuros de mais e recusam-se a mudar.

Desviando o olhar de Guiseppe e observando rapidamente a sala de reuniões, que fica localizada no hotel em que o chefe Galhardoni e sua comitiva estão hospedados, no centro de Palermo, e que Tsuna escolhera pessoalmente, uma vez que Guiseppe se deslocara de sua cidade a fim de firmar a nova aliança, Tsuna achara justo que ele também se deslocasse até os convidados ao invés de fazê-los vir até a mansão, que fica consideravelmente afastada do centro da cidade em uma região cercada por uma densa floresta. Na sala, que o gerente do hotel, e também membro da Vongola, alegremente cedera para o seu bondoso chefe, havia uma mesa de mogno com capacidade para dez pessoas. Ao redor da mesa encontram-se apenas Tsuna, sentado em uma das extremidades tendo Gokudera de pé um pouco para trás ao seu lado direito com sua típica expressão de poucos amigos, enquanto Yamamoto, que teimosamente rejeitou a sugestão de seu chefe de permanecer descansando, estava aguardando do lado de fora junto à porta com outros cinco guarda-costas da Famiglia Galhardoni, por sua vez, Guiseppe e seu braço direito, que também havia sido o braço direito de seu pai, o fundador da Galhardoni, um homem em seus cinquenta anos, com um olhar de ave de rapina em seus orbes cinzentos, que atende pelo nome de Francesco Adami, ocupam a outra extremidade.

__Décimo, acredito que todos os termos estejam de acordo com nossas expectativas e os aceitamos com plena certeza. – a voz rouca de Guiseppe ecoa pela sala fazendo um sorriso gentil despontar nos lábios de Tsuna.

__Fico feliz em saber que Vongola e Galhardoni a partir de agora sejam uma só família. – informa Tsuna ampliando o seu sorriso.

Enquanto ambos os lados assinam os papéis que validam a aliança, Guiseppe lança ainda um último olhar à já lendária figura, aparentemente imperturbável, sentada a sua frente. O rapaz tem uma década a menos de vida do que ele próprio, e ainda por cima é de conhecimento de todos na máfia, que Sawada Tsunayoshi, o Décimo chefe da maior Famiglia da máfia, a Vongola, não havia crescido no submundo, ele havia sido um garoto normal até seus 14 anos quando foi arrastado para o submundo sem a opção de fugir. No entanto, assim que assumiu o seu lugar como chefe, foi como se uma onda refrescante inundasse todo o horror desse mundo, em pouco tempo a sua figura ganhou destaque, o jovem chefe, que parece naturalmente emanar uma aura poderosa, empenhou-se em diminuir as injustiças, desavenças e derramamento de sangue sem sentido dentro da máfia, e em poucos anos as coisas dentro do submundo acalmaram-se consideravelmente. E este mesmo Décimo, conhecido por seu coração bondoso, que prefere resolver seus problemas na base do diálogo e de negociações, sempre disposto a perdoar, é também, ironicamente, a pessoa mais forte que a máfia já viu. Olhar em seus olhos castanhos-avelã, onde, não raramente, se pode ver surgir um lampejo de um suave tom de laranja, é como ter sua alma lida como um livro aberto, tal é a profundidade de seu olhar. Acrescido a tudo isso, há ainda a tão comentada Hiper Intuição que corre pelo sangue de todos os chefes da Vongola desde o seu fundador.

__Bem, já que terminamos de assinar, eu receio que terei de me retirar. Peço desculpas, mas, ainda há alguns compromissos que exigem a minha atenção. – informa Tsuna, fechando a pasta em que colocara a sua respectiva cópia da aliança recém-feita.

__Não há por que se desculpar, Décimo. Compreendemos perfeitamente bem que lidar com uma Famiglia tão grande como a Vongola deve exigir muito de seu chefe. – fala Guiseppe sentindo-se confortável com a aura calorosa emanando do sorriso doce que o outro chefe possui no rosto.

__Ah, eu fico agradecido. Então, até nos vermos novamente. – fala enquanto aperta firmemente a mão de Guiseppe – E espero que sua estadia em Palermo seja agradável.

__Obrigado, Décimo. Até nos vermos de novo.

__Você parece bem mais tranquilo do que eu imaginei que ficaria. – comenta Francesco, observando a expressão determinada no rosto de seu próprio chefe, após a saída do chefe Vongola da sala.

__O Décimo Vongola é uma pessoa impressionante, você não concorda, Francesco? – indaga ainda olhando, com visível admiração estampada em seu rosto, para porta por onde Tsuna e Gokudera saíram.

__Ah, sem dúvidas. – concorda com um aceno de cabeça.


~~~Ҳ~~~


__Tsuna, foi tudo bem com a Galhardoni? É que a reunião terminou bem mais rápido do que eu esperava. – indaga Yamamoto observando pelo espelho retrovisor do carro, que atualmente está dirigindo, seu chefe sentado com o olhar perdido através da janela de vidro escuro e aprova de balas.

__Ah, correu tudo bem. Guiseppe Galhardoni é um chefe interessante. Vai ser bom tê-lo ao nosso lado.

__Tch. Aqueles dois parecem bastante amadores. O tal chefe estava bastante assustado quando Jyuudaime entrou na sala, e aquele braço direito dele ficou encarando Jyuudaime quase a reunião toda. – resmunga Gokudera sentado no banco do carona com os braços cruzados, ainda com uma carranca no rosto.

__Maa, maa, Gokudera. Se Tsuna gostou dele então não importa muito. Além disso, pelo que eu conversei com os guarda-costas dele, Galhardoni parece ser realmente um bom chefe. Mas é claro que ele não chega nem perto do nosso. – completa com seu sorriso de assinatura olhando novamente para Tsuna, que apenas suspira e balança a cabeça nos comentários dos seus guardiões e amigos mais próximos.

__É claro que ele não se iguala a Jyuudaime, Yakyū baka! Jyuudaime é único e incomparável! – completa Gokudera lançando um de seus raros sorrisos para Tsuna.

__Vocês dois continuam me dando crédito de mais. – brinca Tsuna, recostando a cabeça no banco e deixando a mente vagar preenchida pelo sono.

__Tsuna parece mais cansado do que o habitual. – comenta Yamamoto, em um tom que apenas Gokudera possa ouvir, assumindo uma postura séria, ao constatar que seu precioso amigo estava ressonando tranquilamente no banco de trás.

__Ah. Jyuudaime, não parece ter se recuperado completamente ainda. Reborn-san me pediu para ficar de olho no comportamento do Jyuudaime, uma vez que ele tem alta resistência à dor, ele pode alegar que esta bem, quando na verdade ele esta a beira de outro colapso. – comenta lembrando a expressão séria no rosto do Hitman, dois dias antes da volta de Yamamoto, quando Reborn deixou a mansão para ir atender algum pedido do Nono, ao mesmo tempo tentando limpar as lembranças do ocorrido de algumas semanas antes.

Enquanto ambos assimilam as palavras de Gokudera e o peso que elas carregam, um silêncio pesado recai sobre os ocupantes do carro. Ambos, Gokudera e Yamamoto, mergulham em seus próprios pensamentos, despertando apenas quando avistam o grande portão da mansão Vongola.


~~~Ҳ~~~


“EXTREMO!” – o grito soa do lado de fora do castelo enquanto um certo boxeador, de cabelos cinza com um curativo sobre o nariz, corre ao redor da propriedade seguido por cerca de dezoito homens arfando e parecendo estar a beira de um colapso. Todo esse cansaço deve-se ao fato de que eles estão completando a terceira volta ao redor da enorme quantidade de terra que constituí a sede da Varia - a unidade de assassinato independente da Vongola, sobre a chefia implacável de Xanxus - após todos terem feito uma sequência de 800 abdominais, seguida de 1hora e meia de luta corpo a corpo. As cinco voltas ao redor da propriedade é a forma de relaxar o corpo, segundo o pugilista extremista.

“...Estou enviando um dos meus guardiões para continuar o treinamento dos novos recrutas da Varia, como Lussuria havia pedido, uma vez que ele estará ausente por um período de tempo indeterminado. Garanto-lhe que seus subordinados estarão em boas mãos...”

__Maldito lixo! O moleque maldito me mandou outro maldito lixo barulhento! – rosna Xanxus recordando a ligação que recebera do lixo, há uma maldita semana atrás, enquanto arremessa outra taça com vinho na parede mais próxima.

__VOOOOIIIIIII! Chefe maldito, por que você mandou me chamar?!

__Cale a boca, tubarão maldito. – rosna novamente, dessa vez jogando a garrafa que erra a cabeça de Squalo por milímetros, e arrebenta na parede próxima a Levi, que se ocupa de encontrar outra taça e agora outra garrafa de vinho para seu precioso chefe.

__VOOOOOOIIIIIII! O que você pensa que está fazendo chefe retardado?! – berra Squalo balançando, a espada no lugar do seu braço esquerdo, freneticamente.

__Lixo, o que aquele maldito guardião do outro lixo maldito está fazendo desta vez, que não calou a boca desde as cinco da manhã? – apesar do tom moderado na voz de Xanxus, suas palavras estão embebidas em uma ameaça clara de derramamento de sangue, aliado a isso seus olhos vermelhos brilham com uma aura assassina e predatória.

__VOOOOOIIIIIII! Como raios eu vou saber! Foi você mesmo que mandou ele substituir o Lussuria no treinamento dos novatos! – berra novamente, desta vez não conseguindo desviar da nova taça cheia de vinho que Xanxus arremessa em sua direção, estourando ao entrar em contato com a sua testa, que imediatamente começa a sangrar – VOOOOOOIIIIIIII! Pare com isso seu chefe maldito retardado!

__Shishishishi. Parece que o chefe está a um passo de matar o guardião que o Décimo mandou para substituir o Lussuria, enquanto ele está fora em uma missão. – comenta Bel com sua risada de assinatura, enquanto atira suas facas no chapéu em forma de abacaxi na cabeça de Fran.

__Bel-senpai. Você poderia abster-se de encher de buracos meu chapéu novo? – a voz entedia e levemente arrastada de Fran, indaga enquanto ele retira uma por uma as muitas facas encravadas em seu chapéu.

__Não quero! Já que Mammon não está aqui e não temos nenhuma nova missão, você vai ter que servir como alvo para passar o tempo. Além disso, por que você está usando esse chapéu abacaxi ridículo?

__Ah, é uma homenagem para o meu mestre que me deixou assumir novamente o meu lugar na Varia, enquanto ele está ocupado com o Décimo-senpai.

__Shishishishi. Tenho certeza de que Rokudo Mukuro não ficará feliz se souber desse seu chapéu idiota. – sorri Bel, novamente jogando facas em Fran.

Do lado de fora, outro grito de ‘extremo’ pode ser ouvido.


~~~Ҳ~~~


Sentindo todo o corpo relaxado e confortável, Tsuna resiste à ideia de despertar. Seu corpo começara a doer durante a reunião esta manhã e levou-lhe muita energia para permanecer firme e não deixar seu incomodo interior transparecer em seu rosto, que Tsuna sabe, esta muito pálido desde três semanas atrás. Afinal, mesmo Tsuna se olha no espelho - pois segundo Reborn ‘um chefe que não cuida da própria aparência é uma vergonha’. Quando uma estranha e ao mesmo tempo familiar sensação de calor enche o seu corpo, seguida pelo peso de algo sobre seu abdômen, Tsuna dispara os olhos, ainda reclamando por um pouco mais de sono, abertos e encontra-se cara a cara com uma juba flamejante laranja levemente rosando seu pescoço.

__Natsu, eu já não disse para você não sair do anel sem ser chamado? – murmura afagando a cabeça do leão do céu, deitado como um gato doméstico sobre o peito de seu mestre.

O felino, que crescera bastante durante os últimos dez anos, agora tinha a estatura equivalente a de um cão pastor, e o mesmo fenômeno ocorrera com Uri, a arma box de Gokudera, que atualmente assemelha-se muito a um leopardo, e parece ter finalmente se entendido um pouco com seu mestre, uma vez que Gokudera raramente aparece com o rosto arranhado. Talvez o fato do Guardião da Tempestade aprender a controlar o seu gênio ajudou Uri a se aproximar mais de seu mestre - amante não declarado de gatos.

Parando de afagar Natsu, que resmungou um ‘Gao’ desapontado para seu mestre, Tsuna finalmente observa ao seu redor. Obviamente ele não estava mais no carro com Yamamoto e Gokudera, e Natsu só costuma sair de seu Vongola Gear, quando estão em um local seguro, além disso, sua Hiper Intuição não está gritando perigo para o ambiente. Não foi necessário mais do que alguns segundos para Tsuna perceber onde estava. As paredes pintadas em um suave tom de laranja, a crista Vongola acima da cama e um tapete no centro da ampla sala com o mesmo símbolo que suas novas X-Gloves, este era sem dúvidas o seu quarto na mansão Vongola. Olhando para si mesmo, enquanto ainda usando o seu terno, salvo a grava e o paletó que, obviamente, quem o trouxe para o quarto tirou e colocou sobre o encosto de uma poltrona próximo a grande janela que ilumina o quarto, e seus sapatos dispostos no chão junto à cama, um único pensamento brota em sua mente – Minha dor sumiu... Mas eu não cheguei a tomar um dos comprimidos que Shamal me deu. Então... –voltando seu olhar para baixo, Tsuna encontra Natsu ronronando para ele com outro ‘Gao’. – Não poderia ser que a harmonia da Shinu ki no Honoo do Céu contida nas chamas do Natsu... Parou a minha dor...?

__Ah. Obrigado, Natsu. Eu me sinto muito melhor. – fala afagando a cabeça do felino novamente, que com um último ‘Gao’ para seu mestre, retorna ao Vongola Gear nos dedos de Tsuna.

Agora a questão é, por que ninguém me acordou quando chegamos...?

__Você pode entrar, Chrome. – fala sentando-se e calçando os sapatos.

Sob o convite, a bela figura da Guardiã da Névoa surge na fresta timidamente aberta na porta, vestindo uma delicada saia roxa com babados brancos na borda e uma blusa índigo com pequenos laços de fita rosa nas mangas. Há muito tempo não era novidade para nenhum dos Guardiões, o fato de que seu amado chefe, devido a sua Hiper Intuição, era capaz de sentir a presença de todos os conhecidos a sua volta – algo que começara com Mukuro, em seguida o sanguinário ex-prefeito e assim acabou cobrindo a todos - por esse motivo, Tsuna é sempre o primeiro a detectar quando uma intenção hostil se aproximava muito da mansão. Mesmo antes que as câmeras de vigilância registrem a presença de invasores, os habitantes da propriedade já estão em alerta. Por isso, o fato do Décimo Vongola encontrar-se na mansão é mais do que suficiente para fazer todos ali sentirem-se seguros. E essa capacidade que desde Primo apenas Tsuna possuiu em um nível tão absurdamente elevado – mesmo Timoteo não a possuía - também se tornou lendária no submundo, fazendo com que muitas Famiglias rivais que pretendiam enviar assassinos ou espiões para a sede Vongola, pensassem muitas vezes antes de fazê-lo.

__Boss, vim avisá-lo sobre o almoço.

__Já é tão tarde assim?! – murmura com um suspiro – Chrome, por que ninguém me acordou?

__Porque Boss parecia cansado. Então Gokudera-san o trouxe para o seu quarto e Yamamoto-san disse para não acordá-lo antes do almoço, de modo que Boss não voltaria a trabalhar sem parar de novo. – informa com um olhar determinado, apesar do leve tom de vermelho em suas bochechas, sua marca registrada.

Nos últimos anos, uma vez que Tsuna tomou conhecimento da história triste de Chrome, o que lhe custou algumas horas ouvindo bobagens e duas garrafas e meia do vinho preferido de Mukuro para fazê-lo responder as perguntas do jovem Décimo - Tsuna dedicara uma parte do seu tempo com o único propósito de se aproximar de Chrome e assim inseri-la ainda mais na família, algo a que mesmo Mukuro não se opôs – principalmente depois que Tsuna gentilmente informou-lhe que conhecera o seu lado mais falante, afinal, depois de tudo Tsuna é aluno de Reborn, e desde então Mukuro passou a ardentemente evitar beber na presença de seu chefe. Por ter sido rejeitada, Chrome mais do que qualquer um merece sentir o amor e carinho de uma verdadeira família. Tsuna enfrentou uma grande luta para fazê-la referir-se aos outros membros por seus nomes e não suas posições, uma vez que ela se referia aos outros Guardiões pelo clima que representam, por exemplo, antes Gokudera era referido simplesmente como Tempestade-san. Essas pequenas mudanças no comportamento da jovem e o fato dela ser capaz de manter um diálogo que dure mais do que duas ou três frases, fazem a alegria de Tsuna – embora, não importa o quanto ele se empenhou, não foi capaz de convencê-la a chama-lo de Tsuna e não ‘Boss’.

__Certo. Mas espero que esse pequeno complô de vocês não se repita com frequência, caso contrário Reborn vai realmente me matar por deixar meu trabalho com a papelada atrasar. – comenta com um sorriso tenso fingido.

__Está tudo bem, Boss. Gokudera-san e Yamamoto-san adiantaram o seu serviço no escritório. – fala desviando ligeiramente o olhar de Tsuna para a cortina branca na janela.

__Oh! Isso é inesperado. Mas, eu poderia me acostumar com isso. – ao comentário ambos sorriem – Bem, vamos descer para o almoço?

__Hai, Boss.


~~~Ҳ~~~


A hora das refeições é uma espécie de momento sagrado na mansão Vongola, fato que é de conhecimento de todos os empregados. O chef Luigi Pizio, o responsável por todas as refeições e também pelos maravilhosos banquetes que o Décimo oferece aos seus convidados, tem como a maior alegria de seus 36 anos trabalhando na cozinha da sede Vongola, o fato de trabalhar para ‘Cielo’ e sua família, como ele se refere à Tsuna e seus guardiões. Mesmo tendo trabalhado com Nono que é uma pessoa de coração bondoso, o pequeno Cielo, que se mudou para a Itália com seus guardiões – mesmo Hibari que sempre evita multidões, decidiu vir para a Itália junto com Kusakabe, algo sobre ‘conhecer a disciplina do país’ - após formarem-se na escola, é declaradamente seu Boss mais precioso, ainda mais após Tsuna ter-lhe dito que depois da comida da sua mãe, a comida de Pizio era a melhor que já experimentara – escusado será dizer que depois desse comentário, o chef dedicou-se de coração a aprender as iguarias da culinária japonesa, chegando a pedir a Yamamoto para lhe dar algumas dicas, que o espadachim amante de baseball, alegremente usou de uma de suas folgas, após uma missão, para ensinar o chef, dizendo-lhe ainda quais os pratos preferidos de todos. Desde então, três vezes por mês a mesa da Famiglia Vongola encontra-se coberta por comidas exclusivamente de origem japonesa. Pizio chegou ao extremo de encomendar peixes diretamente da costa japonesa – proeza que Tsuna lhe pediu para não repetir sem avisa-lo antes. Curiosamente, esses dias são os mesmos em que Hibari costuma juntar-se a Famiglia para as refeições por vontade própria, uma vez que quando na mansão, ele costuma comer em seu quarto.

__Cielo-sama, espero que o almoço hoje seja de seu agrado. – comenta Pizio, enquanto sinalizando para os empregados disporem sobre a mesa toda a saborosa comida, no melhor estilo japonês.

__Ah, tenho certeza de que estará saboroso como sempre. – fala Tsuna lançando um olhar divertido para seu excêntrico chef de cozinha, usando uma bandana sobre a testa com os kanjis de Cielo, italiano para Sora ou Oozora, que significam céu, apelido que, assim como o de Chrome e Gokudera, não fora capaz de revogar.

Enquanto os empregados colocam diante de seu amado patrão e família os pratos, uma, já bastante conhecida, fumaça cor de rosa envolve o lugar onde Lambo encontra-se sentado, ao lado direito de Gokudera. Um quase inaudível ‘de novo não’ foi tudo que pode ser percebido antes que a fumaça engoliu-o completamente, seguido pelo também conhecido choro.

__Waaaaaah! Reborn!

__Lambo.

Ao ouvir a conhecida voz, o garoto de cinco anos, murmurando disparates sobre o ‘Hitman idiota me chutou’ e sobre ‘não foi culpa de Lambo-san dame-Tsuna ser explodido junto com Ahodera’, salta para os braços de seu ‘nii-san’, ignorando completamente o olhar reprovador de um Gokudera irritado e tossindo.

Tsuna acaricia as costas de Lambo, enquanto esse se distrai comendo o tamagoyaki do seu prato sem a menor cerimônia. Essas aparições súbitas do Lambo de dez anos do passado, já são quase uma rotina na família. Havia muito Tsuna começou a carregar em seus bolsos doces de sabor uva, para prevenir situações mais embaraçosas, uma vez que a versão mais jovem do seu guardião do relâmpago costuma aparecer sempre aos prantos e em momentos geralmente inoportunos. A ideia surgira a Tsuna após a luta contra a família Shimon, onde Gokudera aparecera para salvar o dia com seis diferentes tipos de doce de uva de vários lugares do mundo. Então, após assumir como Vongola Décimo, não só Tsuna começou a carregar os doces, como recomendara a todos os seus guardiões que fizessem o mesmo. Após essa simples atitude ser tomada, sempre que Lambo vem do passado, ele logo é acalmado.

__Tch! Ahoushi está causando problemas a Jyuudaime novamente.

__Maa, maa, Gokudera. Lambo é só uma criança, tenho certeza de que ele não fez por mal. Além disso, todos nós já estamos acostumados com isso. – aponta Yamamoto calmamente comendo, sentado ao lado esquerdo de Tsuna e de frente para Gokudera.

__Mesmo sem os doces, a simples presença de Tsuna-nii é suficiente para acalmar Lambo. – comenta Fuuta sentado ao lado de Chrome, que balança a cabeça em concordância.

__Tsuna é incrível. Ele consegue manter Lambo tranquilo sem muito esforço. Por outro lado, Gokudera-

__O que foi, Yakyū baka?! – resmunga Gokudera interrompendo Yamamoto.

__É só que, você e o Lambo deste tempo conseguem conviver muito melhor do que no passado.

__Tch, isso é porque ele já não é mais um pirralho tão irritante, que anda por aí atirando granadas para todas as direções sempre que lhe convém. Mas diga isso a ele eu vou explodir você e o seu dojo. – os olhos de Gokudera brilham com a ameaça.

__Hahaha. Maa, maa, o que tem de mais você admitir que gosta do garoto?

__Yakyū baka-

__Né, né. Por que nii-san parece tão pálido? Mama diz que quando estamos assim é por que estamos doentes. Então nii-san está doente?

Ao comentário inocente de Lambo, uma estranha tensão assume a, antes alegre, sala de jantar. A expressão irritada do braço direito do Jyuudaime, transforma-se em uma de apreensão. O sorriso no rosto de Yamamoto, enquanto discutindo bobagens com Gokudera, desaparece. Um ar triste toma conta de Chrome, enquanto Fuuta se torna sério. Percebendo o estranho silêncio de seus guardiões, Tsuna sorri para Lambo.

__Mama está certa, Lambo. Mas estou me sentindo muito melhor agora, então você, e vocês não precisam se preocupar. – fala movendo os olhos do garoto vestido com uma estampa de vaca, para a mesa com os outros amados membros de sua família – Agora, Lambo, você poderia sentar-se novamente no lugar em que estava? Esta na hora de você retornar. E lembre-se do que me prometeu.

__Gyahahahaha. O grande Lambo-san nunca vai esquecer a promessa que ele fez a nii-san. – e com isso o pequeno salta pra a cadeira vazia ao lado de Gokudera.

Em poucos segundos uma fumaça rosa substitui um menino de cinco anos, por um adolescente de quinze.

__Yare, yare... Pelo menos eu pude ver mama outra vez... – resmunga Lambo, imediatamente percebendo o clima tenso, que ainda não havia desaparecido completamente – Vongola, meu eu menor fez algo estúpido de novo?

__Você só fez a pergunta que todos estão com medo de fazer. – comenta com uma expressão gentil para o adolescente, que se contrai um pouco sentindo-se de alguma forma culpado.

__Tsuna...

__Jyuudaime...

__Boss...

__Tsuna-nii...

__Relaxem. O que eu disse a Lambo é puramente verdade. Estou me sentindo bem agora. – fala enquanto oferecendo-lhes o seu mais doce sorriso, aquele capaz de desarmar temporariamente qualquer um, seja um chefe da máfia ou mesmo seu tutor espartano, que esconde isso cobrindo sua expressão puxando a fedora de seu chapéu.

Houve um suspiro coletivo ao redor da mesa e com isso todos voltaram a suas ações habituais, comer, discutir, rir e continuar discutindo.

Sim, eu não menti para Lambo, estou bem agora, mas nada me garante que permanecerei assim por muito mais tempo... De qualquer forma, enquanto Lambo manter a promessa de não contar nada do que ele vê no futuro para os outros, então tudo estará bem. – e com este último pensamento, Tsuna pede a Pizio que lhe traga mais tamagoyaki, uma vez que o seu agora se encontra dez anos no passado, descansando no estômago de um Lambo de cinco anos.


~~~Ҳ~~~


“Tsuna, finalmente você resolveu me ligar! Achei que tinha me esquecido!”– exclama em tom entre repreensão e brincadeira, um homem aproximadamente da mesma idade de Tsuna, de cabelos ruivos e olhos rubi, na tela do computador.

Tsuna estava novamente em seu escritório, lá fora o sol baixando no horizonte, indica que falta cerca de duas horas para o pôr-do-sol.

__Olá para você também, Enma! – cumprimenta com uma risada – Desculpe pela demora em retornar suas chamadas, estive bastante ocupado recentemente.

“Como você está? Alguma nova notícia?” – indaga o Décimo líder da Famiglia Shimon, sentado em seu próprio escritório na ilha pertencente à família, agora quase completamente habitada pelos membros que se uniram à Famiglia nos últimos anos. – “Você pode falar, estou sozinho.” – completa ao perceber a hesitação do amigo.

__Tive outra onda de dor hoje pela manhã durante uma reunião. –confessa já prevendo a reação do amigo.

“Tsuna!” – se alarma Enma, a única pessoa para quem Tsuna revelara sua situação. Mesmo que essa não fosse sua ideia inicial, o pensamento de que apenas Shamal, alguém com que não tem tanta liberdade e, principalmente, intimidade para desabafar, soubesse de seu estado, e encontrar-se passando por isso completamente sozinho, o assustou mais do que a possibilidade de morrer antes mesmo de completar seu vigésimo-quinto aniversário.

__Estou bem agora. Parece que de alguma maneira as chamas de Natsu funcionam como um analgésico ou mesmo um anestésico, pois a dor desapareceu. Mas sinto que o problema ainda esta aqui dentro, apenas temporariamente parado. – fala enquanto repousando a mão direita sobre o peito.

“Tsuna...”

__Me desculpe Enma. Eu o arrastei para um problema meu e o deixei preocupado-

“Idiota! Eu ficaria furioso com você se não me dissesse nada e tentasse enfrentar tudo isso sozinho! Somos amigos! Você me salvou de um destino cruel cheio de ódio e vingança inútil! Ouvi-lo e tentar ajudar com tudo que eu puder, é o mínimo que posso fazer!”

Sem Tsuna perceber, seus olhos se tornam úmidos. Sim, Tsuna sempre soube que Enma era esse tipo raro de amigo que faz qualquer coisa para proteger aqueles que lhe são preciosos – assim como ele próprio - embora algumas vezes parecesse esquecer-se desse lado de seu amigo mais íntimo.

“Você sabe que pode contar comigo, Tsuna. Se você quiser que eu largue tudo aqui e vá para a Itália ainda hoje, você só precisa pedir. Eu tenho Adelheid para cuidar das coisas aqui. Ela vai ficar um pouco brava, mas vai entender.” – conclui com uma pequena risada ao imaginar a reação de seu braço direito.

Tsuna observa a imagem de seu amigo na tela do computador, não fora apenas sua aparência que mudara no decorrer dos anos - que também o tornara a cópia exata de Shimon Kozart, o criador da Famiglia Shimon. Sua personalidade, assim como a de Tsuna, tornara-se mais determinada e ao mesmo tempo suave, sendo capaz de manter a calma em praticamente qualquer situação. Tão diferente do garoto que vivia sendo alvo de valentões e perseguido por cães. Enma é agora um grande chefe, inspirando confiança e sendo respeitado e temido no submundo, como o líder de uma das grandes Famiglias que formam a principal Aliança da Vongola, assim como deveria ser desde o início, se tão somente Daemon não tivesse se precipitado e traído Primo.

__Esta tudo bem, Enma. Além do mais, não vamos querer irritar Adelheid, nós dois sabemos o quanto ela pode ser assustadora quando zangada. - ao comentário de Tsuna, ambos começam a rir, um riso um pouco tenso pela lembrança.

Sim, eles sabem bem o quanto a guardiã mais forte da Famiglia Shimon pode ser assustadora quando brava. Mesmo que Enma conheça Adelheid há muitos anos, ele só a viu realmente furiosa três vezes. E a pior de todas foi justamente em companhia de Tsuna, há cinco anos durante a penúltima vinda de Tsuna ao Japão, em que o Décimo Vongola decidiu pagar uma pequena visita a Enma, desde que eles haviam há pouco se mudado em definitivo para a ilha pertencente à Famiglia Shimon. Adelheid que mantinha – e ainda mantém – um ressentimento contra o Guardião da Nuvem de Tsuna – algo mal resolvido nos tempos de luta entre o comitê disciplinar, aka Hibari Kyoya, e o comitê de liquidação, aka Suzuki Adelheid – achou a visita do Décimo, que estava curiosamente acompanhado pelo guardião escorregadio – algo que rendeu a Tsuna, que ainda estava tendo algumas dificuldades em controlar o temperamento arredio da Nuvem, algumas dores de cabeça – a melhor oportunidade para esclarecer a situação. Infelizmente para ela, Hibari simplesmente lhe virou as costas e botou a culpa de não estar interessado em lutar, em Tsuna, algo sobre ‘o onívoro irritante me prometeu uma luta muito mais interessante’. Fato que imediatamente fez Adelheid voltar sua ira para o jovem Décimo suando frio na sua frente. Foi então que Enma resolveu entrar em ação e tentar acalmar os ânimos – a palavra chave é tentar, pois tudo que o rapaz conseguiu fazer, foi acrescentar mais combustível ao incêndio. Frustrada e sentindo-se subestimada por seu maior rival, sua paciência, a pouca que sobrara, foi para o espaço quando os dois lhe propuseram ‘deixar as rixas tolas para trás’. Depois disso, ambos os chefes tiveram que correr para salvarem suas vidas.

__Ah, eu decidi seguir a sua sugestão. Tudo que resta agora é esperar. – informa enquanto seu sorriso se esvai.

“E sobre o outro assunto?” – Enma reassumira sua postura firme e séria.

__Ontem à noite estive conversando sobre isso com Shoichi, ele ainda está trabalhando com Spanner e Giannini na base no Japão, mas continua mantendo um olho em tudo que acontece aqui na Itália.

“Como esperado do chefe de estratégias do Décimo Vongola.Pergunto-me como ele esta se saindo com suas dores de estômago.” – comenta o ruivo em um tom divertido.

__Sobre isso eu não posso fazer nada. Quando mandei Yamamoto ao Japão, pedi-lhe para manter um olhar sobre os três, principalmente Shoichi. Ele tende a esquecer até de se alimentar quando está concentrado em uma tarefa. Mas, agora que Yamamoto retornou à Itália, terei de contar com o bom senso de Spanner e a preguiça de Giannini. – fala com um suspiro seguido de um olhar de preocupação, que Reborn apelidou de ‘Hiper Proteção versão Vongola Décimo’.

“E quanto a Hibari-san?”

__Nada. – afirma enquanto balançando a cabeça - E já tem um mês desde que ele recebeu a missão e desapareceu. Estou certo de que tem algo haver com aquilo.

“O que pretende fazer? Você não pode ignorar o desaparecimento do seu guardião mais poderoso por muito mais tempo. Ainda mais quando é de Hibari-san que estamos falando.”

Tsuna massageia suas têmporas em uma vã tentativa de prevenir a dor de cabeça formando-se em seu cérebro. Em pouco tempo os problemas haviam começado a empilhar-se sobre seu corpo, que atualmente parece viver beirando um colapso, sem piedade alguma.

__Eu havia decidido esperar por notícias até amanhã e então mandaria onii-san e talvez até Yamamoto, que se ofereceu para ir procurá-lo. Porém, acredito que isso não será mais necessário. No entanto, não significa que os problemas diminuíram, pelo contrário. Eles aumentaram. – na última sentença, um lampejo de laranja atravessa os olhos castanhos-avelã de Tsuna.

“É o que a sua Hiper Intuição está dizendo?” – indaga, estreitando levemente os olhos para o amigo.

__Ah. Enma, sinto muito, mas eu realmente preciso desligar. Assim que as coisas se acalmarem entrarei em contato novamente. Além disso... Acho que o momento de lhe pagar outra visita, chegou.

“Ah. Eu entendo. Até mais, Tsuna.” – despede-se com uma expressão um tanto sombria em suas belas feições.

Mal a imagem de Enma desaparece da tela do computador e Gokudera invade a sala de Tsuna, ligeiramente ofegante com um olhar de puro espanto.

__Jyuudaime! Hibari voltou e esta ferido!

Lá fora, o céu começa a escurecer.


~~~~~~~~~~~~~Ҳ~~~~~~~~~~~~~



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Minna, espero que tenham gostado da pequena aparição da Varia, por que eu tive crises de riso enquanto tentava escrever!!!
Sobre as postagens, incluindo o prólogo, eu acabo de iniciar o 6º capítulo, mas só posso garantir a postagem de um por semana - se nada der errado ¬¬
Bem, deixem-me saber suas opiniões, elogios e críticas construtivas são sempre bem-vindos!
Ciao, ciao!!!!