Cielo escrita por Selene L Tuguert


Capítulo 14
Suspeitas - parte III


Notas iniciais do capítulo

Minna-san, primeiramente eu quero pedir desculpas pela lonnnnga demora em atualizar Cielo. A verdade é que tive vários problemas durante essas semanas, a maioria pessoais além disso descobri que overdose de ideias pode ser tão ruim quanto a falta delas. Eu tive um momento complicado para organizar tudo que eu queria desenvolver neste capítulo, e acabei ficando bloqueada na hora de escrever. Geralmente eu consigo escrever até 8 p. em um único dia, mas dessa vez o máximo que consegui foi duas p. e isso me frustrou bastante.
Mas no fim tudo deu certo e 'Suspeita - parte 3' ganhou 17 páginas ^^
De qualquer forma, eu vou compreender se muitos de vocês desistirem da história por meus sucessivos atrasos - apesar de não serem intencionais (mesmo que eu chore como uma criança se isso acontecer).
Antes, tenho um pedido: por favor leiam a nota ao final do cap. é muito importante!!!
Sem mais enrolação: KHR pertence a Akira Amano-sensei, apenas o enredo é meu!



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Suspicious - Part III


Era Primo

Após a forte chuva do dia anterior, o Sol finalmente começou a aparecer. Sentindo suas forças retornando, McCain corre os olhos pela infinidade de títulos espalhados pela grande biblioteca da mansão Vongola. Depois de dormir por um dia inteiro, o cientista acordou relaxado e sentindo uma tranquilidade, que havia praticamente se conformado de que nunca mais iria sentir. Este é o terceiro dia em que está sob a proteção do Don Vongola, que lhe deu permissão para conhecer a mansão com a companhia horas do clérigo, agora identificado como Knuckle, horas do jovem japonês de sorriso fácil, Ugetsu – que surpreendentemente é um excelente falante do italiano, muito melhor do que ele próprio, reconhece o cientista. Outro que mantem um olhar atento e visivelmente cauteloso sobre sua figura, é, o agora identificado como braço direito do chefe, G, que claramente não foi com sua pessoa. Muito embora Ugetsu tenha por diversas vezes afirmado que a Tempestade é assim mesmo, principalmente quando se trata da segurança de Primo.

__Encontrou algum livro interessante, McCain-san? - ao ouvir seu nome acrescido do honorífico, Stuart vira-se para o jovem japonês, que acabava de tocar uma doce melodia em sua flauta, encarando-o com um sorriso nos lábios.

__Oh, sim. Muitos na verdade. Don Vongola possuiu um gosto refinado para literatura. – responde, voltando seu olhar para as grandes estandes.

__Primo é um curioso. Antes ele costumava passar bastante tempo aqui, mas as responsabilidades o fizeram afastar-se de seus próprios hobbys. – comenta com leve pesar na voz - É interessante a forma como essa biblioteca se formou. No começo os livros ocupavam apenas uma estande e havia apenas um punhado de manuscritos. Mas pouco a pouco cada um de nós começou a adquirir títulos diferentes durante nossas missões e trazê-los para cá, isso meio que virou uma tradição. Alaude sozinho é responsável por preencher aquela estande de uma só vez. – fala apontando para uma das grandes estandes que ocupam uma das torres da mansão – Ele os trouxe para cá quando veio da França. Curiosamente a maioria são de autores ingleses, há mesmo alguns da América. G é outro que com frequência trás algum livro novo, assim como Primo ele é um amante do conhecimento. Mesmo Lampo algumas vezes vem aqui pescar algo das prateleiras para espantar o tédio. – completa em tom divertido.

Stuart observa com curiosidade cada expressão no rosto do jovem a sua frente, enquanto esse fala. A forma gentil e carinhosa como ele refere-se a pessoas com as quais claramente não possui nenhum vinculo sanguíneo, o fascina. E esse tipo de reação não é uma exclusividade do Guardião da Chuva – cargos que ainda não conseguiu assimilar completamente, pois estar envolvido diretamente com uma Famiglia da Cousa Nostra é algo verdadeiramente novo para o cientista - todos os outros parecem compartilhar deste sentimento de familiaridade, mesmo o seu interrogador que exala uma aura indiferente, de alguma forma possui esse mesmo olhar protetor – como ficou claro no dia em que discutiram sobre o Don ir sozinho encontrar-se com alguém visivelmente perigoso. De fato, os Vongola são um tipo único neste mundo de sombras.

__Oi, Ugetsu, Primo está chamando no seu escritório. Traga o cientista. – a voz de G arranca Stuart de seus pensamentos.

__Aconteceu algo? – indaga Ugetsu, enquanto os três atravessam os corredores rumo ao escritório de Giotto.

__Lampo voltou de sua missão.

__Com sua missão você quer dizer.

__Ah. Primo o mandou buscar aquele homem. – responde a pergunta não verbalizada pela Chuva, ignorando a expressão confusa no rosto do cientista.

A porta do escritório é aberta para revelar o jovem Don com um sorriso nos lábios, o clérigo conversando alegremente com um rapazote de cabelos verdes, que a julgar pela postura e vestimenta é de linhagem nobre, resmungando disparates sobre ‘bosque assombrado’ e ‘ovelhas malignas’. Outro fato que claramente chamou a atenção de Stuart é a mistura tanto de classes, quanto étnicas que formam a elite Vongola, há um religioso, um japonês, um francês, cuja maneira de agir lembra muito um oficial da lei, e agora um nobre. Subitamente a atenção do cientista é voltada para uma quarta pessoa dentro da sala, cuja presença só agora havia notado. Um homem envolto em um manto longo, com um corte de cabelo estranho, com os olhos vendados e segurando um tipo de cajado, sorrindo em sua direção.

__Então este é o cientista do qual me falou, Primo. – comenta o homem, espetando Stuart com o cajado como se fosse um saco de batatas – Ele parece fraco e velho. Mas também inteligente.

Giotto não consegue evitar uma pequena risada. De fato mesmo sendo cego, o homem enxerga melhor do que muitos.

__Talbot, esse é Stuart McCain, foi graças a ele que fomos capazes de conseguir informações mais detalhadas sobre as pesquisas sendo feitas com os moradores. – introduz Giotto.

__Hohoho. Eu percebo. Eu tive a sensação de que algo ruim estivesse acontecendo e a chegada do seu jovem Trovão me deu certeza disso. Bem, deixe esse velho saber o que está acontecendo e então poderei ver o que posso fazer para ajuda-lo, Primo. – comenta Talbot, voltando sua atenção para o chefe loiro.

__Ah. Obrigado. – agradece com um sorriso gentil, os orbes alaranjados brilhando com determinação.


~~~І~~~


Disser que Daemon está impaciente é um eufemismo. Essa já é a quarta noite desde que havia começado a mover seus contatos, na parte mais obscura do submundo, a fim de obter suas mãos sobre o infeliz que está, direta ou indiretamente, ligado a Famiglia desafiando o poder da sua amada Vongola - e tal ato não é algo que o ilusionista está disposto a tolera – e todas as pistas que recebeu provaram-se inúteis, para dizer o mínimo. Ainda assim, assumindo seu disfarce, uma vez mais a Névoa vaga rumo às docas - talvez essa noite alguém terá azar.

O cabelo encaracolado e negro esvoaça com a brisa vinda do oceano. Um sorriso cruel enfeita um rosto marcado por uma cicatriz no olho direito, enquanto orbes entre o castanho e o preto observam a cena a sua frente com nítida diversão - três homens batendo a vida para fora de um viajante, que teve a infeliz ideia de aventurar-se pelas ruelas da cidade durante a noite.

__Mi-misericórdia... – roga o pobre viajante, reunindo todas as poucas energias que lhe restam, sua voz quase um sussurro vazando dos lábios inchados e feridos.

__Heh, misericórdia?! Por que eu deveria ter misericórdia de um verme? – indaga o homem com a cicatriz, seu sorriso apenas alargando-se ainda mais, revelando dentes ligeiramente amarelados, o que lhe dá uma aparência ainda mais assustadora – O que acham rapazes? Deveríamos ter misericórdia? – com o questionamento, os outros três começam a rir, um deles, o mais baixo, acerta um novo chute nas costelas do viajante, enquanto outro cospe em seu rosto já coberto de sangue, o pobre infeliz grunhe de dor para a diversão do grupo.

Subitamente uma risada sinistra inunda o beco mal iluminado onde se encontram. Um calafrio faz seu caminho pela espinha de cada um, com exceção do saco de pancadas que já perdeu a consciência devido à dor. Confusos, o grupo corre os olhos ao redor em busca da fonte de tal aura assassina - que fez a temperatura cair consideravelmente, enquanto a névoa começa a envolvê-los como uma cortina espeça. Antes que possam reagir, tudo ao redor do quarteto desaparece, mesmo o homem ferido some de seu campo de visão. Apenas a névoa pode ser vista. Visivelmente amedrontados, ambos sacam suas armas pondo-se em posições de ataque. Os olhos buscando qualquer sinal que lhes diga onde o inimigo está. Sem sucesso.

“Nufufufu, o que é uma cena patética essa.” – a voz surge da névoa, não de um ponto especifico, mas vinda de todas as direções, arrancando-lhes um novo calafrio.

Com expressões de puro horror, os homens se veem cercados por incontáveis olhos de tamanhos diferentes, que parecem famintos por sangue, como um animal selvagem observando sua presa antes de lhe devorar. Gritos horripilantes rasgaram a noite fazendo até mesmo os cães calarem-se e encolherem-se de medo.

__Nufufufu. E pensar que tal um fraco pudesse causar-nos tantos problemas. – resmunga Daemon com desprezo, enquanto observa os homens caídos com expressões vazias e babando, o único ainda parcialmente consciente é seu alvo original, afinal, será impossível interrogar alguém cuja mente tenha sido destruída – É uma pena que será a cotovia a se divertir interrogando-o. – completa com algo próximo a decepção, vazando sua risada sinistra assinatura novamente, sua missão está finalmente concluída.


~~~І~~~


Cerca de nove anos antes – tempo presente

O doce aroma de café encheu suas narinas. Ah, como ele aprecia esse cheiro saboroso, e ainda mais o sabor forte e um tanto amargo. Havia sido um dia tranquilo. Seu dame-aluno estava fora, quase no horário de regressar da escola - onde havia feito mais uma de suas visitas surpresas durante o intervalo do almoço, que lhe rendeu alguma diversão ao ver Tsuna gritar seu ‘Hiiieee’ enquanto tentava separar uma I-pin a beira de explodir da vaca estúpida, que uma vez mais a fizera sentir-se envergonhada. Foi só mais um dia normal. Só mais um dia como tantos outros, ainda assim, algo em seu interior, chame de intuição de Hitman, o faz desconfortável, foi por isso que novamente recorreu ao café expresso fumegante na pequena xícara em sua mão, na cozinha de Sawada Nana - que está fazendo compras com Bianchi, I-pin, Fuuta e a vaca estúpida – na tentativa de aquietar esse sentimento estranho em seu interior. O problema é que essa incomoda sensação não é algo recente. Na verdade, é algo que o tem perturbado desde que regressaram das batalhas no futuro.

Alguma coisa está diferente, e a mesma sensação em suas entranhas aliada a anos de experiência como Hitman, dizem a Reborn que não foi apenas o choque de vivenciar um futuro negro que fez este sentimento sutil começar a emanar de seu dame-aluno. Não é algo realmente perceptível, pois ele ainda é o mesmo bom-em-nada que cai da escada quase toda manhã, que tira zero em suas provas, que odeia lutar, que reclama como um bebê sempre que tem que treinar, que fala que não quer fazer parte da máfia, o mesmo coração mole que não aguenta ver sua Famiglia em dificuldades sem interferir, mesmo que isso signifique ter que tomar a frente em uma luta, como na batalha do arco-íris. Sim, ele ainda é o mesmo garoto que o Nono lhe enviou para treinar. Porém, algo está acontecendo. Algo que só se intensificou após o incidente com a Famiglia Shimon, e, de alguma forma, parece ter se fixado durante aquele tempo. E o que mais irrita o tutor, é não ser capaz de descobrir o que este algo realmente é. Além disso, dame-Tsuna não é o único a provocar-lhe esse sentimento, um certo prefeito parece diferente também.

Sorvendo um pouco mais de seu expresso, Reborn tem seus pensamentos completamente varridos, quando a chupeta amarela ao redor do seu pescoço ilumina-se em um brilho que não se recorda de já ter visto. E esse mesmo brilho parece envolver seus sentidos como um manto espeço, cobrindo algo em seu interior, forçando as chamas de dúvidas que vem perturbando-o nos últimos tempos, reduzirem-se a meras fagulhas inofensivas. Em meio a tudo isso, um único pensamento ecoa em sua mente, um que logo é engolido, encoberto pelo manto – Tsuna mudou.


~~~Ҳ~~~


“Reborn sabe.” – as duas palavras proferidas por Shamal fazem as pernas de Tsuna instantaneamente estremecerem, enquanto seu controle sobre o aparelho só aumenta - “Desculpe garoto.”

__Ah... – é a resposta em branco de Tsuna, ele já não está mais prestando atenção à conversa, os olhos hermeticamente fechados, Shamal resmunga qualquer coisa do outro lado da linha, antes que a ligação é cortada.

Colocando o celular sobre sua mesa, Tsuna caminha até a janela, os olhos ainda fechados, enquanto uma aura muito familiar, e ao mesmo tempo gritantemente perigosa, é captada por sua intuição apurada – era tarde de mais agora.

Três... Dois... Um– seus pensamentos são interrompidos quando a porta de seu escritório é chutada aberta com tanta força que a madeira quase cai das dobradiças, e um homem vestindo um terno negro, com uma camisa amarela e um chapéu de fedora, invade seu escritório. Tsuna não precisa olhar para saber que ele está segurando uma arma, e dessa vez não é Leon e certamente as balas não são especiais, pois o invasor não é seu tutor, mas sim o maior Hitman do mundo, exalando fúria através de sua aura poderosa.

__O que você fez para Shamal? – indaga com a voz sem emoção, abrindo os olhos, seu olhar vagando pelo céu noturno, não há estrelas, nem luar, ao menos dessa vez o outro parece compartilhar de seu vazio.

Quão irônico. – pensa, pressionando os punhos, ignorando a temperatura do escritório caindo mais a cada segundo.

__Ele vai viver. O mesmo não posso dizer de você. – fala entre os dentes, ira perpassando sua voz de uma forma que nunca antes o Décimo ouviu.

Um suspiro longo escapa pelos lábios de Tsuna, em completa derrota. Seu corpo estremece ligeiramente. Ele já esperava por esse tipo de reação, foi por isso que mais do que qualquer outro, Reborn não deveria saber a verdade. Reborn deveria permanecer na ignorância pelo maior tempo possível, assim como o restante de sua amada Famiglia. Mas aqui está ele, no meio do seu escritório, apontando uma arma para as suas costas, e só há uma coisa que possa fazer.

__Reborn, eu-

Tsuna não chega a completar a frase, pois um tiro perde a sua cabeça por milímetros, raspando sua pálida face esquerda e produzindo um filete carmesim, abrindo um buraco no vidro da janela – supostamente a prova de balas. O Décimo fecha os olhos enquanto pressiona com ainda mais força os punhos, as unhas cravando em sua pele a beira de sangrar.

__Eu- novamente o som de um disparo preenche o escritório silencioso, mas dessa vez a bala atinge o chão, junto ao seu pé direito, por pouco não o acertando.

__Tsuna estúpido! – a frase soa carregada de raiva e terrivelmente próximo, fazendo o jovem Dom encolher-se um pouco, gotas carmesim começando a manchar suas mãos pálidas.

Uma mão repousa sobre seu cabelo fofo e castanho. Não uma que visa machuca-lo, mas uma mão reconfortante. O gesto faz Tsuna arregalar os olhos em surpresa com o raro gesto paternal.

__Eu entendo que queira esconder dos outros, mas eu sou seu tutor e não um de seus Guardiões estúpidos. Então, da próxima vez que tentar manter coisas como essa em segredo de mim, eu vou fazer com que todo o treinamento que você teve até agora pareça um passeio no parque perto do inferno que vai enfrentar. – fala, com um brilho de morte que instantaneamente faz um calafrio percorrer a espinha de Tsuna, isso é mais do que uma ameaça, é uma promessa de horas e horas de pura dor e tortura, que o Arcobaleno espartano não hesitará em cumprir da forma mais sadista possível.

__Ah. Sinto muito. – concorda, com uma expressão deprimida, ainda assim, de uma forma estranha, a sensação de ter um enorme peso sendo retirado de sobre seus ombros, acalenta seu coração e aquele seu corpo cansado.

__Pare de se desculpar, é irritante. Você é um chefe da Máfia, esse tipo de comportamento é vergonhoso. Depois de tudo você continua o mesmo dame-Tsuna de sempre. – um pequeno sorriso desponta nos lábios de Tsuna, que logo é substituído por uma expressão de choque ao sentir o cano de uma arma do lado direito de seu abdômen – Agora, sobre a sua punição. – ao som de um tiro um tanto abafado, Reborn segura o corpo mole de seu dame-aluno antes que caia no chão, enquanto Hibari e Enma aparecem na sala.

A Nuvem abandonou sem hesitação alguma a conversa com o Haneuma irritante – com sua ladainha típica reclamando da papelada por fazer, de seu comportamento agressivo e antissocial, sobre o estado da Vongola e sobre como Reborn deve forçar Tsuna em uma série de treinamentos torturantes, uma vez que está de volta -­ não porque ouviu os disparos, pois esses são de certa forma uma ocorrência normal na sede Vongola. Foi a aura mais densa e raivosa que lhe chamou a atenção, mesmo motivo que fez Enma abandonar as xícaras de chá no instante em que viu o Arcobaleno entrar na Mansão e correr para o escritório do Décimo, ignorando os olhares que lhe eram lançados – algo estava completamente fora do lugar.

__Hibari, leve Tsuna para o seu quarto. Enma, reúna os outros Guardiões de Tsuna na sala de treinamento, depois você é livre para ficar vigiando seu sono ou fazer o que quiser. – fala ainda entre dentes, virando-se ligeiramente para os recém-chegados que imediatamente tem seus olhos sobre a figura pálida firmemente presa nos braços do Arcobaleno.

__Akanbō. – o Guardião da Nuvem estreita os olhos, enquanto sua voz pede uma explicação, mesmo o Hitman sendo o tutor do chefe irritante, Hibari não pretende simplesmente vê-lo levar um tiro e cair inconsciente sem saber o motivo, ainda mais com tudo que vem acontecendo.

__Peguei um pouco de calmante com Shamal, Tsuna vai dormir por algumas horas e acordar relaxado. Nós sabemos que ele, mais do que qualquer um, precisa descansar. Sobre os Guardiões, até que dame-Tsuna acorde, irão ter uma sessão extra de treinamento por serem estúpidos e não perceberem o que seu chefe está passando. – sua voz fala que horas de tortura sadista estão por vir, e Enma interiormente lamenta pelos Guardiões de seu melhor amigo.

Com a declaração do Arcobaleno, o Don Shimon e Kyoya imediatamente compreendem o significado por trás daquelas palavras – Reborn sabe.

__Reborn-san, sobre os Guardiões. – comenta Enma, os olhos de rubi estreitando sobre o Hitman.

__Ah, eu sei, e vou respeitar a vontade de Tsuna. Não direi nada. – responde a questão não verbalizada pelo chefe Shimon, a fedora tornando difícil visualizar sua expressão - Agora, sobre vocês dois, conversaremos mais tarde sobre há quanto tempo e o quanto vocês sabem da situação de Tsuna. E se sabem o que é bom para vocês, é melhor não tentarem esconder nada de mim. – completa, erguendo o olhar, com outro brilho de morte, que imediatamente faz a temperatura na sala despencar ainda mais, afinal, tutor ou não, Reborn ainda é um Arcobaleno e o maior Hitman do mundo, desafie-o e enfrente as consequências.

A Nuvem estreita os olhos para a forma inconsciente nos braços do Arcobaleno, decidindo morder o onívoro até a morte mais tarde, por estar envolvendo-o novamente em seus problemas irritantes.

__Hn. – resmunga Hibari por fim, pegando Tsuna e cuidando para apoiar sua cabeça, Kyoya não precisa do chefe adquirir uma concussão por bater a cabeça em alguma coisa, e saindo da sala, seguido de perto por um Enma ainda um pouco apreensivo, a situação havia mudado muito em pouquíssimo tempo, se para melhor ou pior, logo eles irão descobrir, mas uma coisa é certa, com Reborn ao seu lado, o segredo de Tsuna permanecerá seguro por mais tempo.

__Reborn-san! O que aconteceu com Jyuudaime?! – Gokudera e Yamamoto estouram no escritório poucos segundos depois da saída do Shimon e da Nuvem, a Tempestade visivelmente a beira do pânico.

__Por que Hibari está levando Tsuna para o quarto? – indaga Yamamoto, tentando afastar as terríveis memórias do dia em que Gokudera encontrou o Décimo inconsciente e ardendo em febre no chão do escritório.

Vendo-os, Reborn sente a súbita vontade de encher de buracos de balas os dois Guardiões, supostamente os mais próximos de Tsuna. Mesmo Gokudera, o mais inteligente e dedicado a seu dame-aluno, não foi capaz de perceber o que seu chefe está passando. Mas tão rápido quanto a vontade surge, desfaz-se, afinal é esperar de mais dos dois, quando ele, que se orgulha de ser o maior Hitman do mundo, também não fez nada para arrancar a verdade de Tsuna deixando a situação progredir ao ponto em que está. O que não significa que ele não vai descontar sua irritação na formação dos Guardiões. Alguém tem que pagar pela sua ira, e uma vez que o centro dela está fora de questão, seu foco volta-se para aqueles ao seu redor.

__Dame-Tsuna estava trabalhando de mais e eu o coloquei para dormir. Agora, sobre vocês dois, pedi a Enma para reunir os Guardiões na sala de treinamento. Pelo tempo em que Tsuna estiver dormindo, vamos tirar o atraso na formação de vocês. – responde, saindo do escritório sem poupar-lhes um olhar, sua mente está ocupada de mais pensando em formas dolorosas de castigar os Guardiões estúpidos que não são capazes de perceber o sofrimento silencioso de seu próprio chefe, depois de tudo, eles ainda tem muito que aprender, e o Hitman sua ira para aplacar.

__O garoto deve ter colocado Tsuna para dormir para que ele não interfira no treinamento. – comenta Yamamoto, enquanto observam o Arcobaleno desaparecer ao dobrar um corredor, com um sorriso bobo, que logo desaparece – Ou descobriu algo que não sabemos. – completa, assumindo uma expressão séria, preocupação vazando em sua voz.

A Chuva estava no dojo treinando um pouco, a batalha na sede Galhardoni, onde testemunhou o poder destrutivo das chamas sem atributo, fez crescer em seu interior o sentimento, que havia alguns anos tinha se aquietado um pouco, de que suas habilidades precisam ser aperfeiçoadas ainda mais. Foi quando sentiu uma aura poderosa emanado da mansão. Sem pensar duas vezes, correu de volta para a sede Vongola, a fim de descobrir o que estava acontecendo. Assim que chegou ao salão principal, Gokudera e os de mais já estavam lá, até mesmo os Guardiões Shimon. Chrome foi quem informou o que tinha visto – Reborn-san entrar na mansão com uma aura assustadora e marchar para o escritório do Boss, logo em seguida o Shimon-san tinha feito o mesmo. Então, quando a aura diminuiu de intensidade, em um acordo silencioso, Tempestade e Chuva subiram para conferir a situação, só para depararem-se com um Enma apreensivo, e Hibari, com sua expressão fria e indiferente, carregando seu chefe e querido amigo inconsciente. E isso só os fez gelar até os ossos.

__Ah. E parece que tão cedo não irá nos dizer o que realmente está acontecendo. Tch! Aquele bastardo do Hibari e o Shimon certamente sabem de alguma coisa. – rosna Gokudera irritado, pressionando os punhos fechados - Mas, se Reborn-san está envolvido, eu já me sinto um pouco mais tranquilo. Embora... Eu realmente quero saber.

Um breve silêncio engole os dois Guardiões, enquanto Gokudera corre os olhos pelo escritório tão familiar, e logo sua atenção é capturada pelos dois buracos de bala, um no chão e outro no vidro da grande janela. Reborn-san devia estar realmente furioso.

__Seja como for, é melhor irmos logo, o garoto não parece de bom humor. – comenta Yamamoto, que também tinha percebido as perfurações, algo que só agrava a situação, uma vez que o Arcobaleno espartano raramente se deixa dominar por qualquer emoção que seja, se o Hitman chegou a esse extremo, a situação é mais séria do que eles calcularam.

__Só espero que Jyuudaime esteja mesmo bem. – resmunga, com os orbes presos na mesa, agora vazia, visão que só o irrita ainda mais, pois seu chefe gentil não deveria ter de passar por tantos problemas.

__Maa, maa, Gokudera, se o garoto disse que Tsuna só está dormindo, então é por que ele deve estar cansado. Enma mesmo disse que nosso Boss não dormiu desde o ataque durante a madrugada. – argumenta, tentando acalmar um pouco o amigo, algo que falha miseravelmente, uma vez que a carranca no belo rosto da Tempestade só se intensifica ainda mais.

__Tch! Esses bastardos malditos deixando Jyuudaime preocupado! Quando eu puser minhas mãos neles eu vou ter certeza de exterminá-los!

__Você não é o único que quer pegar esses caras, Gokudera. Qualquer um que seja uma ameaça para Tsuna terá seu destino selado em nossas chamas. – comenta, com seu olhar afiado de espadachim, substituindo a expressão sempre alegre do amante de baseball.

__Tch! Você ficou muito determinado para alguém que no começo achava que a máfia era algum jogo estúpido. – rosna, enquanto os dois desaparecem pelos corredores em direção à sala de treinamento, ainda discutindo, onde horas de tortura os esperam.


~~~Ҳ~~~


A Box roxa com pequenas nuvens em relevo descansa sobre a mesa ao lado de seu laptop – atualmente desligado. Foi de certa forma ideia sua construir este tipo único e especial de Box. Tomando o pequeno objeto entre seus dedos, sua mente o lança de volta em memórias de cerca de um mês e pouco antes.

“Uma Box de armazenamento especificamente para a sua Shinu Ki no Honoo?!” – indaga um Irie Shoichi meio confuso pela súbita abordagem do sanguinário Guardião da Nuvem.

Não é uma ocorrência normal que Hibari Kyoya deixe suas instalações na Fundação, para vir pessoalmente ao Quartel Vongola em construção, geralmente o Guardião tem Kusakabe ou outro subordinado vindo ter um olhar sobre o andar das coisas e conferir se eles não estão mais destruindo do que construindo – como há três meses, quando Spanner novamente perdeu o controle sobre um de seus Strauss-Moska, o que resultou em um andar inteiro sem energia e quatro salas danificadas, ou como dias antes desse incidente, quando Giannini, de alguma forma, conseguiu fazer com que um dos geradores explodissem, aparentemente o mecânico havia esquecido algumas de suas ferramentas dentro da máquina, o que resultou no mau funcionamento e consequentemente na explosão que destruiu metade de uma ala.

Da mesma forma, não é que o Guardião mantem um olho no trio de cientistas de bom grado, muito pelo contrário. O fato é que, uma vez que Hibari passa boa parte do seu tempo envolvido em seus próprios assuntos na Fundação, Tsuna gentilmente solicitou a Nuvem que eventualmente observasse o avanço da construção da nova base em Namimori – e claro que Kyoya sendo Kyoya prontamente recusou, alegando algo como ‘não sou babá de herbívoros’, que o Décimo rebateu com um sutil ‘eles estarão trabalhando muito próximos a Fundação, não seria conveniente leva-los com cautela no caso deles poderem acidentalmente explodirem ou causarem estragos em ambas as bases?’, e a ameaça não declarada fez seu trabalho, uma vez que o Guardião tornou-se cauteloso sobre o rendimento dos três cientistas.

Um simples ‘Hn’, seguido de um estreitar de olhos é a única resposta que Shoichi obtém, enquanto sente seu estômago apertar um pouco, Hibari é alguém verdadeiramente intimidante, e o pior é que a Nuvem não precisa fazer esforço algum para assustar alguém até os ossos.

“Suponho você esteja se referindo a usar a Shinu Ki no Honoo como uma espécie de impressão digital.” – comenta Irie, tentando interpretar a indagação da Nuvem Vongola.

“É possível?” – questiona Kyoya, mascarando sua irritação e pressa com um olhar frio e plano, que só faz o ruivo a sua frente estremecer um pouco mais.

Havia pouco mais de duas horas que a Nuvem recebera alguns dados do onívoro, e após uma leitura minuciosa, sua mente chegou a uma possibilidade, e uma que não lhe agradou nada. É um fato que Sawada Tsunayoshi está planejando algo novamente, e isso seriamente afeta a paciência de Kyoya, pois esse algo certamente o envolve, uma vez que o chefe de tão bom grado lhe enviou essa papelada irritante. E se suas suspeitas estiverem corretas, o plano Alpha pode, finalmente, estar a um passo de entrar em vigor, e isso só destaca a gravidade da situação, pois não há nada que Sawada queira evitar mais do que por esse plano em ação.

“Bem, ainda não tentamos nada assim, mas nossas pesquisas com a Shinu Ki no Honoo provaram que apesar de vários usuários possuírem um mesmo atributo de chama, ela possuiu características individuais, como uma digital que se reflete em sua pureza. Então, teoricamente, uma vez que coletamos a chama desejada, torna-se possível criar uma Box especifica para um usuário específico.” – informa, ajustando o óculos de volta no lugar.

“Quanto tempo?”

“Heh?!”

Hibari resiste a vontade de morder Irie Shoichi até a morte, afinal se fosse para ele deixar o cientista em uma pasta sangrenta no chão, não haveria ponto em deslocar-se até aqui para exigir que ele faça o trabalho irritante.

“Quanto tempo leva para construir a Box?” – resmunga, estreitando um pouco mais o olhar afiado sobre o pobre ruivo, decidido a deixa-lo no gancho desta vez, há prioridades mais urgentes a tratar.

“B-bem, veja, eu teria de coletar a sua Shinu Ki no Honoo, analisa-la e então obter os materiais necessários para a criação da Box-” – a queda na temperatura provocada pela densa aura assassina emanando do Guardião, imediatamente silencia Shoichi, que sente seu estômago doer um pouco mais, enquanto se questiona onde raios ele estava com a cabeça quando decidiu juntar-se a máfia anos atrás.

“Estarei deixando o Japão em 19 horas.” – fala Kyoya, saindo do laboratório e deixando um Irie Shoichi completamente congelado para trás, o chefe de estratégias e o maior gênio da Vongola havia plenamente compreendido a ameaça contida naquelas palavras.

__E pensar que algo como aquilo está aqui dentro. – fala para si mesmo, enquanto observa novamente a Box roxa em sua mão.

Mal Hibari guardara a Box dentro do seu paletó, e a porta dos seus aposentos pessoais se abre revelando um certo boxeador de cabelos cinza, com alguns curativos espalhados pelo rosto e parecendo muito surrado, que faz seu caminho para dentro do cômodo sem a menor cerimônia, algo que só faz o nível de irritação da Nuvem elevar-se um pouco mais. Não é que os outros herbívoros irritantes não tenham um pouco de estômago para vir até seus aposentos, na verdade Yamamoto Takeshi algumas vezes aparece para convidá-lo para juntar-se a mesa quando o espadachim faz sushi – algo que mesmo Kyoya tem de admitir, o amante de baseball é habilidoso no preparo de tais pratos – outro que costuma aparecer a sua porta com uma carranca, sempre que o chefe quer algo da Nuvem, é Gokudera Hayato, quanto aos demais Guardiões, ou é tímida de mais ou medroso de mais, já o ilusionista-abacaxi, esse mantem uma distância tolerável, uma vez que o onívoro tende a mostrar suas presas carnívoras sempre que ambos estão na propriedade, algo sobre ‘fazerem a sua papelada se destruírem a mansão’. Mas o herbívoro boxeador é o único que seguidamente quebra sua tranquilidade deliberadamente ignorando sua irritação palpável.

__Yo, Hibari, você perdeu um treino EXTREMO com o mestre Pao Pao! – berra Ryohei, lançando um punho enfaixado para o ar com os olhos em chamas, mesmo sabendo que Reborn é seu antigo mestre, o Sol por vezes ainda chama o Arcobaleno pelo velho apelido, especialmente após uma sessão de treinamento.

__Suponho. – resmunga a Nuvem, fitando o herbívoro-boxeador barulhento, decidindo se vale ou não a pena morde-lo até a morte, uma vez que o mesmo já passou pelas mãos do Akanbō.

__Até os Guardiões Shimon, participaram! Mestre Pao Pao foi extremo, ele nos colocou para baixo sem muita dificuldade! Lambo foi o primeiro a ser nocauteado. Hun, aquele foi um golpe certeiro. – comenta, começando a divagar nas memórias recentes da formação dos Guardiões, para irritação da Nuvem.

__O que quer aqui? Você não veio até aqui só para me falar do treino. – indaga, repensando a ideia de deixar o boxeador barulhento no gancho, mesmo que não seja tão divertido morde-lo até a morte em seu atual estado, visto que ele não está nas melhores condições.

__Ah, você tem razão, por mais que eu goste de um treino extremo, Reborn-san parecia muito irritado. Além disso, a forma como ele voltou para a mansão algumas horas atrás, só não parecia muito com ele. Além disso, Takorēto disse que você levou Sawada extremamente apagado para o quarto dele. – comenta, sentando-se de modo oriental sobre uma almofada de frente para Kyoya, ignorando o olhar afiado que o ex-prefeito lhe lança.

__E? – questiona, retomando sua expressão indiferente.

__Mesmo eu percebo que alguma coisa está acontecendo. A mansão tem estado com um clima pesado recentemente. Me pergunto se mestre Pao Pao descobriu alguma coisa sobre Sawada.

__Talvez.

__Você sabe de alguma coisa, não é mesmo. – comenta Ryohei, encarando a Nuvem solitária, que o fita com sua típica expressão em branco – Só espero que Sawada esteja extremamente bem. – completa, fechando os olhos e cruzados os braços sobre o peito em um de seus raros momentos silenciosos.

Kyoya permite um pequeno sorriso brincar em seus lábios enquanto fita o Sol Vongola. Mesmo após tanto tempo o boxeador não mudou em tudo, e diante da expressão preocupada do herbívoro barulhento, uma parte de sua mente sussurra-lhe uma vez mais nostálgico.


~~~Ҳ~~~


Há calor. Fumaça. Fogo. Vozes gritando. Os sons de uma violenta batalha. É noite, um olhar para fora de uma janela quebrada lhe diz. Pode sentir as chamas acesas em suas luvas, da mesma forma que a chama em sua testa. Pode sentir os olhos um pouco embaçados pela baixa visibilidade. Assim como pode sentir o coração acelerado e a adrenalina correndo por suas veias. Corredores enfumaçados, é o que seus pés percorrem. Sua capa ruflando com seus movimentos.

Um laboratório. Frascos contendo substancias de diversas cores espalhados por sobre duas grandes mesas. Incontáveis vidros contendo de órgãos humanos até animais, sobre várias prateleiras, dividindo espaço com uma grande quantidade de livros e manuscritos. O odor de sangue misturado com o cheiro de queimado é o que invade seus pulmões. Ira arde em seu interior, quando seus orbes laranja veem a cena que se revelara diante de si.

Uma cela. Há pessoas. Pessoas acorrentadas. Há até mesmo crianças acorrentas. Mortos. Inconscientes e alguns drogados.

Há um sorriso presunçoso. Um sorriso ensandecido e olhos ônix o fitando. Olhos ônix gananciosos, familiares e ao mesmo tempo vazios.


~~~Ҳ~~~


Sentado em uma cadeira ao lado da grande cama, o chefe Shimon observa a pálida figura a sua frente. Cinco horas. Faziam exatas cinco horas que Tsuna estava dormindo. Por esse mesmo período de tempo, Enma não movera um pé para longe de seu amigo inconsciente. Nem mesmo os seguidos abalos vindos da sala de treinamento quebraram sua concentração. Foi para estar ao lado de seu melhor amigo que ele deixou tudo para trás. Foi para cumprir sua promessa que ele veio. E ver o jovem Don nesse estado lhe arrasta de volta para aquela semana em que a estabilidade do seu mundo foi vertiginosamente abalada. Memórias dos dias negros da Vongola, quando seu Céu permaneceu longe do alcance de todos. Dolorosas lembranças do momento em que o Décimo lhe revelou a verdade sobre as condições de sua saúde – uma sentença que o fez perceber em frustração sua própria impotência, pois não importa o quão forte tenha se tornado no decorrer dos anos, há momentos em que apenas a força não é suficiente para proteger o que lhe é precioso.

Os pensamentos de Enma são completamente varridos por um farfalhar de cobertas, seu amigo esteve agitado durante boa parte de seu sono induzido, obviamente mergulhado em um pesadelo - nem mesmo dormindo o Décimo parece ter descanso. Subitamente um par de orbes alaranjados emerge de sob as pálpebras.

__Você finalmente acordou! – exclama, sentindo um sorriso de alívio fazer seu caminho através de seu rosto.

__Cozart?! – o nome escapa dos lábios, quando o outro finalmente percebe sua presença, enquanto uma expressão confusa espalha-se pelo rosto doentiamente pálido, fazendo o sorriso do ruivo vacilar ligeiramente.

__Vá com calma. Você esteve dormindo por cinco horas. – alerta ao ver o amigo forçar o corpo em uma postura sentada, que pisca reassumindo o controle de sua mente.

__Desculpe, Enma. – murmura, abrindo um leve sorriso e apoiando o corpo na cabeceira da cama, enquanto o tom alaranjado é uma vez mais engolido pelo habitual castanho-avelã.

__Está tudo bem Tsuna, não é como se estivéssemos imunes a isso, você melhor do que qualquer outro sabe bem disso. – tranquiliza o ruivo, alargando um pouco o próprio sorriso, servindo um copo d’água para o amigo, que de bom grado aceita.

__Ah, você está certo.

Um tranquilo silêncio os envolve, enquanto Tsuna sorve o líquido transparente, sua garganta está desagradavelmente seca. Esvaziando o copo, mal o deposita sobre o criado mudo e tão rápido quanto se instalou, o silêncio é quebrado, quando as lembranças dos acontecimentos que o levaram a este estado atingem sua mente superlotada de problemas, como uma avalanche.

__Reborn! – exclama, arregalando os olhos, significativamente menores do que quando mais jovem, seu rosto ficando ainda mais pálido, se é que isso é mesmo possível.

Um riso atrai a atenção do Décimo para a cadeira ao lado de sua cama.

__Tsuna será sempre Tsuna. – comenta o chefe Shimon, não disfarçando o riso, são em momentos como esse que o Don Vongola mostra que, apesar de tudo, lá no fundo o garoto tímido e dame ainda existe.

__Ah. Parece que Reborn está certo em dizer que eu ainda tenho muito a aprender. – concorda com um suspiro - Mas, não consigo evitar me preocupar. Preciso saber o que aconteceu. – completa, fixando os olhos no amigo, que finalmente parou de rir, embora ainda mantenha uma expressão divertida no rosto.

__Sobre isso, fique tranquilo. Reborn-san disse que vai seguir o seu desejo e não irá contar nada aos Guardiões. Ele me pediu para reunir os seus Guardiões na sala de treinamento. Algo sobre ‘formação’. – comenta, lançando um olhar de piedade para o amigo, uma vez que na máfia não há uma única pessoa que não saiba sobre as técnicas que o Arcobaleno espartano utiliza em seus treinamentos.

Eu devia ter imaginado. Conhecendo Reborn, ele certamente encontraria uma forma de me punir e ao mesmo tempo aliviar a sua raiva. – pensa, enquanto outro suspiro escapa de seus lábios. – Só espero que ele não tenha exagerado.

Como se na sugestão, um novo tremor percorre a mansão, fazendo Tsuna lamentar por seus Guardiões, mas o jovem Don sabe melhor do que qualquer um que, uma vez que Reborn inicia uma de suas formações, interrompe-lo não é uma ideia muito saudável.


~~~Ҳ~~~


Depois de acordar, receber uma breve visita de Reborn - para ver se o efeito do calmante já havia passado - com algumas poucas palavras trocadas, com Tsuna reclamando do Hitman descontar sua ira sobre seus Guardiões, rebatidas pelas rotineiras ameaças do Arcobaleno sobre parar de mimá-los e cuidar mais de sua própria saúde – adiando a conversa sobre a real situação do jovem Don para um momento mais propício, algo que aliviou um pouco a tensão do Décimo - Tsuna tomou um longo e relaxante banho e, com alegria indisfarçável, descobriu que Gokudera havia pedido para atrasarem o jantar até o Jyuudaime estar presente – algo que Pizio fez com o maior prazer, uma vez que era para o bem de seu Cielo. O jantar, apesar de muito tarde e do cansaço evidente de todos após a formação espartana, foi animado como apenas as Décimas Famiglias são capazes de fazer - algo que sempre acontece quando Shimon e Vongola se encontram - com a Nuvem sendo sempre ausente por odiar apinhamento, Ryohei e Koyo discutindo sobre quem realmente foi o primeiro a ser abatido por Reborn – uma vez que o Arcobaleno derrotou os dois simultaneamente – com Lambo reclamando e lamuriando por estar todo dolorido e sobre ter de tolerar os treinos do Hitman sádico – o que quase lhe rendeu outro nocaute por conta de um martelo-Leon, algo que o tutor fez sob os protestos de Tsuna – Gokudera brigando com todos os barulhentos por estarem perturbando o Jyuudaime, enquanto Yamamoto se dividia entre rir e tentar acalmar os ânimos.

Após o jantar, Tsuna mergulha novamente em sua apelada, com a promessa – entenda por ser ameaçado por um certo tutor espartano de posse de uma arma – de que iria dormir novamente em no máximo duas horas, enquanto os outros se recolheram cada um para seu próprio quarto – algo que Enma fez a muito contra gosto, só cedendo depois que Reborn alegou que manteria um olho em ‘dame-Tsuna’, muito embora todos saibam por experiência que o Décimo sempre cumpri suas promessas – e ameaças.

Passava da meia noite quando o jovem Boss sentiu uma presença conhecida aproximando-se da mansão pela segunda vez em poucos dias.

Sempre fora dos padrões. Bem, não é como se eu já não estivesse acostumado com isso. – pensa, levantando-se de sua cadeira e abrindo a janela, onde uma sorridente figura alada surge.

__Boa noite, Shiro-chan. Acho que eu deveria parar de recebe-lo até você vir me visitar em horários convencionais e pela porta da frente da mansão. – fala em tom divertido, apesar de que está realmente cogitando a possibilidade.

__Moh, Tsu-chan é tão mau comigo ~ reclama, fazendo uma expressão manhosa, enquanto entra no escritório.

__Então, por que motivo você novamente vem me visitar como um gatuno no meio da noite? – indaga, sentando-se em sua poltrona outra vez, cruzando os dedos sobre a mesa e encarando o recém-chegado, apesar de brincalhão, Tsuna sabe que Byakuran não é do tipo que se arrisca a levar um tiro do Arcobaleno espartano, sem ter um motivo muito sério para deslocar-se da sede Gesso até a Vongola, cuja distância é consideravelmente grande.

Byakuran senta no sofá de couro negro de frente para Tsuna, só então seu sorriso desvanece e em seu lugar uma expressão séria surge, algo que faz o jovem Boss estreitar os olhos sobre o amigo amante de marshmallows.

__Uni me ligou no final da tarde. Tivemos uma longa conversa. – começa, retirando um marshmallow de dentro de um pacote, que pegou de sua jaqueta, e apertando o doce fofo - Ela quer que formemos a Millefiore novamente. – completa, fixando seus orbes lavanda nos castanhos-avelã, levemente alaranjados, de Tsuna.


~~~Ҳ~~~


A bela jovem de longos cabelos entre o castanho claro e o caramelo, com um vestido em um tom suave de verde, sorri enquanto mais um grupo de clientes satisfeitas saída da já famosa loja no centro comercial. É uma bela manhã de sol e lá fora as pessoas caminham de um lado para o outro fazendo compras, rindo e conversando. No passar dos anos a cidade se expandiu muito e quase não se parece com o que era, prédios foram construídos, novos estabelecimentos comerciais foram abertos e novos empregos foram criados. Muito desse desenvolvimento vem dos investimentos feitos pela parceria de uma empresa de exportação e um grande grupo empresarial, ambos com sua sede principal na Itália. Apesar de ter crescido tanto, Namimori é uma das cidades mais seguras do país, o índice de criminalidade registrado é um dos mais baixos, devido à presença de um Shinigami de tonfas na cidade, apesar de que o mesmo raramente é visto desde que se formou. Segundo os boatos que circulam entre a população residente – os poucos que tem coragem, ou estupides o suficiente, para comentarem sobre a vida do ex-prefeito - o terror de Namimori passa mais tempo no exterior do que no Japão, quanto aos seus negócios - ninguém quer realmente saber do que se tratam.

__Parece que teremos de aumentar a encomenda de tecidos novamente. – comenta a jovem ao ver sua amiga, e a designer responsável pelas roupas vendidas, surgir dos fundos da loja trazendo um novo modelo para expor na vitrine.

__Hahi, se continuarmos nesse ritmo, logo teremos de aumentar o número de funcionários. Uhn, talvez tenhamos de aumentar a loja também, ou alugar outro lugar. – começa a divagar a recém-chegada, de cabelos castanhos escuros cortados na altura do queixo, usando uma camisa azul e uma bermuda negra com longas meias que vão até os joelhos.

__É uma possibilidade que não podemos descartar. Mas todo esse sucesso não deixa de ser bom. Não estamos nem na metade do mês e já recebemos o dinheiro suficiente para cobrir todos os nossos gastos. – fala, alargando o seu sorriso gentil.

__Tanto sucesso pede uma comemoração. Vamos comer bolo desu!

Enquanto as duas riem, um sinal vindo da porta anuncia um novo cliente. As duas voltam-se para o recém-chegado só para terem seus sorrisos ampliados com a visão da bela mulher, com longos cabelos entre o rosa e o vermelho, que adentra a loja com um sorriso caloroso.

__Bianchi-san! – exclamam as duas em coro.

__Ciao Haru, Kyoko. É bom vê-las novamente. – cumprimenta, enquanto as duas jovens a abordam em um abraço.

Enquanto as garotas fazem seus pedidos na confeitaria preferida da dupla, a uma quadra da loja que as duas abriram, onde vendem as roupas criadas por Haru, Bianchi tem sua mente lançada de volta ao dia em que chegou a Mansão Vongola. Sua primeira impressão ao ver o jovem Don, cujo desenvolvimento pode dizer com satisfação que acompanhou de perto, foi choque. O Décimo estava muito pálido, mais do que da última vez em que o tinha visto, no dia em que deixou a Itália rumo à África em busca de novos ingredientes para seus poison cooking, sua expressão de cansaço era evidente, ainda assim, as únicas coisas em seu coração era o desejo de proteger sua família.

“Bianchi, sei que acabou de voltar de uma viagem a qual eu mesmo sou responsável por interromper, mas diante da situação atual, tenho um pedido que só você pode atender.” – o brilho alaranjado, sobreposto sobre o habitual castanho-avelã refletindo uma determinação inabalável aliado à seriedade em seu tom de voz e em sua bela face, deram-lhe a certeza de que qualquer que fosse o pedido, era algo que não poderia recusar.

“Você está preocupado com as garotas no Japão, não está?” – depois de tantos anos de convívio não era difícil de adivinhar o que estava borbulhando em seu coração, ainda mais considerando a natureza gentil do Don Vongola.

“Por favor, cuide delas e não as deixe saberem o que está acontecendo. Eu sei que é egoísmo esconder a situação delas novamente, mas eu quero que elas mantenham suas vidas o mais normal que puderem, sem a interferência e o peso da máfia pelo maior tempo possível. – fala enquanto caminha até a janela - Eu... Não me perdoaria se por minha causa elas forem pegas outra vez no fogo cruzado. Já foi doloroso o bastante tê-las envolvidas nas batalhas no passado, eu não as quero imersas no caos de novo.”­ – completa, virando e encarando-a, enquanto cerrando os punhos com força.

__Mama criou um garoto gentil de mais. – murmura para si mesma, enquanto um pequeno sorriso desponta em seus lábios ao lembrar-se da conversa que tiveram no escritório de Tsuna.

__Bianchi-san, você disse alguma coisa? – indaga Haru, fixando seu olhar sobre o seu exemplo de mulher madura, sentada ao lado de Kyoko.

__Não é nada, apenas me lembrei de uma conversa. – responde sorrindo.

__E Tsu-kun, ele está bem? Desde que ele esteve à última vez aqui em Namimori, nós pouco nos falamos. Chrome-chan geralmente nos dá notícias de como as coisas estão, mas sabemos que ela não nos conta tudo. – comenta a jovem Sasagawa, sentada de frente para a Veneno de Escorpião, com uma expressão preocupada e um tom claro de tristeza na voz, uma vez que, principalmente nos dois últimos anos escolares, Kyoko e Tsuna haviam se aproximado bastante, e mesmo sabendo da possibilidade, foi um choque para a jovem a decisão do Don Vongola de mudar-se em definitivo para Palermo, cerca de seis anos atrás.

__Gokudera-kun é a mesma coisa, desde que eles se mudaram para à Itália eles pouco dão notícias. Não é que não sabemos que eles estão ocupados com os assuntos da máfia, mas não podemos evitar nos preocuparmos. E é por isso que Kyoko-chan, I-pin-chan e Hana-chan decidimos que já que Tsuna-san e Gokudera-kun estão sempre ocupados para virem, nós iremos visita-los na Itália. Certo, Kyoko-chan?! – fala Haru com os olhos brilhando, lançando um olhar determinado para a amiga.

__Hai! Nós iremos fazer uma surpresa para Tsu-kun e os outros! – exclama, abrindo um sorriso brilhante.

__Sem dúvidas vocês duas amadureceram bastante. Estou certa de que Tsuna e os outros ficarão surpresos em verem o quando vocês mudaram. – comenta, abrindo um sorriso para a dupla a sua frente.


~~~Ҳ~~~


__Yare, yare, por que o grande Lambo-san tem que ir para a escola? – choraminga um Lambo sonolento se arrastando para a sala de jantar.

Fazia exatos quinze minutos que um Gokudera Hayato fumegante, quase derrubou a porta do quarto do jovem Trovão para que o mesmo se aprontasse para a escola e descesse para o café da manhã - um ritual rotineiro na mansão, uma vez que o mais jovem entre os Guardiões tende a dormir de mais.

__Bom dia, Lambo-san! – cumprimenta Rauji, assim que Lambo entra na grande sala de jantar.

__Yare, yare, o que este dia tem de bom? Estou todo dolorido do treinamento de ontem. – resmunga, parando ao lado do amigo Shimon, que sorri ao seu comentário.

__Oi, Ahoushi, pare de reclamar como um bebezinho. Caso você tenha esquecido você foi o primeiro a ser derrubado por Reborn-san. O que significa que a partir de hoje irei aumentar o nível de dificuldade em seu treinamento.

__Ah, Takorēto está certo! Lambo precisa treinar ao extremo! – berra Ryohei ao topo de seus pulmões, entrando na sala logo após Gokudera.

__Shibafu, você quer furar os tímpanos de todos na mansão?! – rosna Gokudera, olhando punhais para o Sol.

__Hahaha, Sasagawa está animado hoje. Yo! – comenta Yamamoto, surgindo na porta, seguido por Chrome, Fuuta e mais atrás Koyo.

__Tch! Vocês amantes de esportes desmiolados! – resmunga a Tempestade, enquanto a Chuva apenas ri sua risada assinatura.

__Vocês podem falar mais baixo, Lambo-sama está querendo dormir.

__Ahoushi, se está com tanta vontade de dormir eu posso cuidar para que você não acorde mais. – comenta Reborn com um brilho no olhar que envia um calafrio na espinha do Trovão, que corre esconder-se atrás de Rauji com um sonoro ‘Gupyaaaa’.

__Reborn! – uma nova voz surge na sala repreendendo o Arcobaleno.

__Mas ele é muito chato. – resmunga de forma infantil o Hitman, algo que em sua forma bebê seria fofo, mas em sua forma adulta é tudo menos inocente.

__Bom dia Jyuudaime!

__Yo Tsuna!

__Extremamente bom dia Sawada!

__Boss.

__Bom dia Tsuna-nii!

__Bom dia, minna-san! – cumprimenta o Décimo, abrindo um caloroso sorriso.

__Tsuna, Enma não está com você? – indaga Yamamoto ao perceber a ausência do chefe Shimon, e, como se na sugestão, uma figura ruiva surge na porta.

__Gomen, eu acabei dormindo de mais. – comenta Enma, com um leve rubor.

Com todos sentados em seus habituais lugares, logo Pizio surge trazendo o café da manhã, saboroso e farto como sempre.

__Oh, Tsuna, não Shoichi-san e Spanner-san já deveria estar aqui? – comenta Enma, de seu lugar na outra extremidade da mesa.

__Não se preocupe, eles já estão chegando. – responde o jovem Don, sentindo a presença familiar dos dois gênios da Vongola próximo a mansão.

__Falando em visitas. Você não tem nada a dizer Tsuna? – comenta Reborn, sentado ao lado de Yamamoto, imediatamente atraindo a atenção de todos para o Décimo, que lança um olhar irritado para seu tutor sádico, que sorri levemente puxando um pouco a fedora do chapéu.

Então você ainda não desistiu de se vingar, Reborn. – pensa, soltando um suspiro. Parece que vai ser outro longo dia.


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Notas finais do capítulo

Minna-san, sei que os atrasos são irritantes, mas saibam que eu fico tão frustrada com isso quanto vocês. É por esse motivo que estou pensando seriamente em transformar Cielo em uma fic quinzenal, ou seja, capítulos novos só seriam postados a cada duas semanas.
O fato é que eu quero desenvolver a trama com tranquilidade para não deixar furos no enredo pois não há nada pior do que uma história que deixa o leitor sem respostas e com dúvidas - e para isso eu preciso de tempo.
De qualquer forma, ainda não decidi nada, e até segundo aviso, o próximo cap. deverá sair no próximo domingo. Aliás, se tudo der certo, o próximo cap. será um pouco diferente e vocês podem interpretá-lo como um tipo de Extra, embora ele está ligado a trama central da história.
E falando de Extras, decidi que não darei um prazo de quando vou postá-los e nem em que ordem sairão, pois vou escrever primeiro aquele que a ideia melhor fluir. Mas estejam certos de que eles vão ser postados! Apenas tenham um pouco de paciência comigo, ainda mais que minhas aulas recomeçam terça-feira T^T
Ah, um fato importante para todos os leitores, algo que uma amiga me questionou recentemente. Originalmente eu pretendia desenvolver a história em no máximo 20-25 capítulos, mas depois de rever todas as ideias e anotações, percebi que é atualmente impossível para mim finalizar Cielo só com essa quantia de cap. Na verdade, eu não sei nem mesmo se é possível finalizar a história com 30 capítulos. Então estejam preparados para ler por um bom tempo ^^
Por fim, quem tiver msn ou facebook e quiser me add, meu face está no meu perfil aqui no Nyah! E o msn eu passo por mp para quem quiser. Para os usuários do face saibam que eu costumo postar notícias de Cielo lá, além de que eu possuo um álbum com fotos dos personagens de KHR TYL, que estou atualizando!
Então até 'Interlúdio'! Ciao, ciao!