Cielo escrita por Selene L Tuguert


Capítulo 11
Os Sinos da Discórdia Começam a Badalar


Notas iniciais do capítulo

Gomennnnnn eu atrasei de novo!!!!!!
Mas desta vez não foi por que eu fiquei só de papo no face! Foram problemas de causa maior - eu tive que sair ontem e não pude terminar as últimas páginas de Cielo T_T
Espero que me perdoem.
Ah, antes que me questionem sobre o cap. Extra do 50-san, ela ainda não entrou em contato comigo, então darei só mais até quinta feira para que nossa felizarda de sinal de vida. Caso nada aconteça, o primeiro a comentar do cap. 12 poderá escolher qual o assunto do nosso próximo Extra ^^
Sem mais enrolação: KHR pertence a Akira Amano-sensei, apenas o enredo é meu!



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The Bells of the Discord Begin to Ringing


            Cerca de nove anos antes

            Uma bagunça de cabelos castanhos é revolvida seguidamente desde que entrou no café. Suas mãos estão suando muito enquanto sente seu corpo trêmulo. Mas a urgência em fazer o pedido é maior do que o tremor em suas pernas e o desejo de sair correndo e esconder-se debaixo de suas cobertas – isso é claro, até um certo bebê sádico e espartano chutá-lo na cabeça para fora da cama ou fazê-lo de alvo para suas balas ou martelos-Leon. Engolindo o nó formando-se em sua garganta, concentra sua atenção na delicada figura que adentra o café e, com um grande sorriso, o cumprimenta.

            __Olá, Sawada-san.

            __O-oi, Uni. Obrigado por ter vindo.

            __Não tem problema, parecia muito importante. – tranquiliza, sentando-se na cadeira de frente para ele, enquanto Gamma os observa do lado de fora.

            __Ah... Uhn... U-Uni... E-eu... – começa tentando forçar seus lábios a proferirem o que vem atormentando-o já há algum tempo.

            __Está tudo bem, Sawada-san. Eu já sabia desde o momento em que eu os vi. – fala, abrindo um sorriso suave e de alguma forma cheio de sabedoria.

            __Uni...

            __Você quer que eu impeça Reborn-oji-sama de perceber certo? – por um momento Tsuna sente seus olhos, já bastante grandes, alargarem-se consideravelmente, enquanto uma sensação de alívio invade seu ser.

            __Ah. M-mas é só até eu conseguir controlar por mim mesmo. Eu não quero que ninguém descubra. Não ainda... – murmura a última parte, enquanto seus cabelos encobrem sua expressão.

            __Sawada-san...

            __De qualquer forma, por favor, Uni. – lança-lhe um olhar determinado, com um tom alaranjado surgindo sobre seus orbes castanhos-avelã, algo que nos próximos anos se tornará uma ocorrência normal.

            __Como eu disse, está tudo bem. Eu entendo os seus motivos, e por isso farei o que me pede. Mas lembre-se, oji-sama não sentirá a mudança, mas isso não significa que ele não poderá vê-la.

            __Ah. Eu serei cuidadoso. Obrigado, Uni. – agradece com um sorriso que no futuro ganhará o nome de ‘attributo del Cielo’, o mesmo responsável por fazer incontáveis mulheres apaixonarem-se instantaneamente.


~~~Ҳ~~~


            A BMW alugada estacionou na frente da sede Vongola pontualmente às 21 horas. Se Tsuna não soubesse que sua Hiper Intuição nunca está errada, teria duvidado que a quase nostálgica presença que inundou seus sentidos, enquanto revisava um relatório que Basil lhe havia trazido pessoalmente à tarde, enquanto esteve em seu descanso prolongado – cortesia de Kyoya e Shamal – realmente pertencia à figura ruiva que sorria para ele no momento em que apareceu no hall de entrada da mansão.

            __Enma, o que está fazendo aqui? – seus lábios disparam automaticamente a pergunta circundando sua mente.

            __Também é bom vê-lo de novo, Tsuna. – cumprimenta abrindo um sorriso divertido, não é sempre que alguém pode dizer que surpreendeu o Décimo Vongola a esse ponto.

            __Desculpe Enma. Estou verdadeiramente feliz que esteja aqui. Tem sido um tempo, velho amigo. – fala, abrindo um de seus sorrisos calorosos.

            __Ah. Certamente. – concorda Enma, enquanto Tsuna junta-se a pequena comitiva.

            __Eu estou surpreso que tenha vindo sem me avisar.

            __Enma resolveu que queria vir de repente, e não teve quem o convencesse do contrário. Ele até usou o seu ‘modo chefe’ na Adelheid. – comenta Koyo de forma entediada, fazendo um pequeno movimento com a cabeça em reconhecimento a presença de Tsuna.

            __Olá Vongola. – cumprimenta Rauji, curvando-se um pouco para o Décimo.

            __Sejam bem-vindos. É bom vê-los de novo. Lorenzi-san, poderia providenciar alguns quartos de hóspedes para nossos amigos e pedir a alguém que avise aos outros da chegada da Famiglia Shimon. Tenho certeza de que Lambo ficará muito feliz em ver Rauji, especialmente hoje que Bianchi também retornou de uma de suas pesquisas. – com a menção da Veneno de Escorpião e suas poison cooking, todos trocam olhares piedosos, já familiarizados com a situação do jovem Guardião, que como se na sugestão, surge na sala correndo.

            __Vongola! – choraminga, agarrando-se a Tsuna uma vez mais desde que o jovem chefe havia chegado.

            __Décimo-sama, estarei providenciando o que me pediu. – avisa Lorenzi, tomando a chegada do Trovão como uma oportunidade para retirar-se, a confusão certamente está a caminho.

            __Ah, obrigado. Agora calme-se Lambo, e me explique o que aconteceu. – fala em um tom sereno, pousando a mão sobre os cabelos ondulados e negros.

            __Bianchi está na cozinha! Bianchi está na cozinha! – responde entre fungadas.

            Tsuna suspira, enquanto um sorriso forma-se em seus lábios.

            __Lambo, você não estava prestando atenção na hora do jantar quando Bianchi pediu para usar a cozinha, e eu avisei que não era para ninguém entrar lá até a manhã. – fala em um tom de advertência apesar do suave sorriso.

            Silêncio veio da parte do Guardião. Durante a hora do jantar, Lambo estava distraído pensando em um convite para sair no próximo fim de semana que recebeu de uma colega de escola – a única vantagem de frequentar a escola na opinião do Trovão - que nem se deu conta do que acontecia ao seu redor, a certeza de que seu nii-chan estava presente na mesa era suficiente para lhe transmitir segurança.

            __Lambo o que você queria na cozinha? – indaga Tsuna, ele já imaginava que algo assim iria acontecer quando o Guardião estava sorrindo de forma sonhadora, enquanto Bianchi lhe pedia a cozinha da mansão emprestada por algumas horas com a promessa de que pela manhã tudo estaria intacto, algo que sempre ocorre quando ela retorna de suas viagens.

            __Eu queria outro pedaço do bolo que Chrome-san fez. – choraminga novamente, agora encarando Tsuna com olhos verdes cheios d’água.

            __Eu vejo. Lambo, o que acha de pedir a Pizio-san ou a própria Chrome para pegar um pedaço de bolo para você? Melhor, Enma, vocês já jantaram? – indaga, voltando sua atenção para os três assistindo a cena com expressões divertidas, no caso do chefe Shimon e de Rauji, e indiferente da parte de Koyo.

            __Yare, yare, quando foi que os Shimon chegaram? – questiona Lambo, finalmente percebendo a presença das outras pessoas na sala e voltando a seu temperamento habitual, o que arranca um sorriso de Tsuna.

            __Acabamos de chegar, Lambo-san. – fala Rauji, abrindo um sorriso para o seu amigo de longos anos.

            __Rauji, por que você não me avisou que viria quando conversamos ontem?

            __Ele parece ter se esquecido rápido. – comenta Enma, parando uma vez mais ao lado de Tsuna, ele havia se afastado quando Lambo entrou, seus próprios instintos o fizeram mover-se com a chegada do Guardião que certamente o teria derrubado no processo.

            __Ah. Lambo é Lambo depois de tudo. – concorda Tsuna divertido.


~~~Ҳ~~~


            Depois da intromissão de Lambo, que conseguiu sem muita dificuldade convencer Rauji a segui-lo em busca do cozinheiro chef, logo Fuuta e Chrome apareceram para dar as boas-vindas aos recém-chegados, nenhum sinal de Kusakabe ou Hibari – a Nuvem se retirou para seus aposentos desde que chegaram, perto do final da tarde, e não foi visto por mais ninguém – Bianchi emergiu da cozinha com um avental cheio de alguma substância arroxeada, que ninguém queria descobrir o que era, só para um breve cumprimento e submergiu em seus poison cooking novamente, seguida de Fuuta que foi atrás de Lambo, Chrome que retornou ao seu quarto e de Koyo, resmungando sobre conferir a sala de treinamento dos Vongola. Vendo-se sozinhos, Tsuna e Enma resolveram abandonar a ideia de um lanche e subiram para o escritório do Décimo, onde poderiam conversar com mais tranquilidade.

            __Enma, por que a súbita visita? Por que não me avisou? – indaga Tsuna, sentando-se em sua poltrona e recostando-se levemente para trás.

            __Se eu tivesse dito que viria, você teria tentado me persuadir alegando que não havia necessidade de eu deslocar-me para a Itália por sua causa. Além disso, eu provavelmente entraria na lista de ‘morder até a morte’ de um certo Guardião. – responde, sentando-se confortavelmente em um sofá e mantendo o olhar sobre seu amigo muito pálido.

            __Hibari? – indaga Tsuna, sem conseguir disfarçar o breve lapso de surpresa.

            __Ah. Ele me ligou, algo sobre ‘o onívoro irritante passou mal outra vez’ e ‘não sou babá’. – comenta, abrindo um sorriso divertido com a memória da ligação que recebeu do mais forte e perigoso Guardião Vongola.

            __Não acredito que Kyoya fez isso. – resmunga com um suspiro, parece que outro estava entrando para a lista de superprotetores.

            __Eu fiquei surpreso quando ele me ligou, embora eu já imaginava que cedo ou tarde você acabaria contando a verdade para ele.  Agora, Tsuna, o que aconteceu? Hibari-san deve estar muito preocupado para chegar ao ponto de me ligar, nós sabemos que ele não é do tipo de pedir favores. – indaga em tom sério, os orbes rubis fixos nos castanhos-avelã de Tsuna.

            Um pequeno suspiro de derrota escapa dos lábios do Décimo.

            Eu não pretendia preocupar Enma desta forma, eu sabia que se ele ficasse sabendo desculpa alguma minha o impediria de vir. Hibari deve ter imaginado que eu faria algo como isso. Mas agora, Enma já está aqui...

            __Como Hibari disse, eu tive outra crise, uma mais séria e perdi a consciência enquanto saíamos de uma reunião. Eu acordei quase quatro horas depois e meu corpo ainda estava pesado e minha mente um pouco nublada. Depois de tudo, parece que as chamas do Céu de Natsu tem um efeito colateral.

            __Neste caso, fico feliz que Hibari-san tenha me ligado. Você provavelmente teria ficado quieto e não me dito nada. – resmunga, lançando um olhar irritado e ao mesmo tempo acusador para Tsuna.

            __Tenho de admitir que Hibari foi inteligente. Ele chamou a única outra pessoa que sabe a verdade e que pode estar próximo a mim sem levantar suspeitas. – comenta com um leve sorriso, ignorando o olhar reprovador do amigo.

            __Ah. De fato. A propósito, sobre aquilo, eu não trouxe comigo, achei mais seguro deixar como está até que você vá pessoalmente busca-lo. - informa, lançando um olhar sério para o Décimo.

            __Você fez bem. Por enquanto ainda não é o momento para reavê-lo. Falando sobre isso, como eu já havia dito, Hibari obteve sucesso em sua missão. Segundo ele, foi graças aquilo que o ferimento causado pelas chamas negras não foi pior. – fala com o mesmo tom sério de Kozato.

            __Bem, e quanto aos outros, o que pretende fazer?

            __Esperar. Mesmo tendo pedido a Hibari para iniciar o plano Alpha, sinceramente eu espero não ter de conclui-lo. – responde, enquanto uma sobra perpassa sua bela face.

            __Falando nos outros, por que Gokudera-san e Yamamoto-san não estão aqui?

            __Uma Famiglia que há três dias fez uma aliança com a Vongola alertou-nos de um possível ataque, e pelo que minha intuição diz sobre Guiseppe Galhardoni, o alerta é sério. Então pedi a Gokudera e Yamamoto para irem ajuda-los.

            __O que mais sua intuição está dizendo? – Enma encara-o com um olhar firme.

            __Que uma tempestade está a caminho. – responde, enquanto um tom alaranjado engole seus orbes castanhos-avelã.


~~~Ҳ~~~


            Passava das três da manhã e Gokudera e Yamamoto estavam de prontidão. A tensão instaurou-se no ar assim que a noite chegou, afinal, até agora todos os ataques haviam sido feitos durante a noite, mesmo o ataque a Hibari ocorreu pouco após o pôr-do-sol, como Kusakabe lhes informou. Por esse motivo, sono era a última coisa ocupando a mente dos dois Guardiões, já habituados com situações como essas, embora desta vez havia um elemento perigoso envolvido – as chamas de um elemento desconhecido, as estranhas chamas negras que vão de encontro com a ativação da Shinu Ki no Honoo do Sol e tornam a cura de ferimentos quase impossível, por isso, ser atingido por elas está fora de questão, o Boss já havia avisado.

            Lá fora, uma forte chuva começou a cair por volta das dez horas e desde então não deu sinais de que iria parar, o que em nada aliviou o nervosismo e ansiedade perpassando todos os habitantes da propriedade. Por sugestão dos Guardiões, Guiseppe ordenou que todos que não podiam lutar fossem se abrigar no porão da sede Galhardoni, construído exatamente com essa função – fato que agradou os dois Vongola – logo, apenas estavam na superfície da propriedade aqueles aptos a lutarem, todos prontos e a espera de um comando para começarem a agir.

            Guiseppe estava no centro de comando que os Guardiões do Décimo Vongola montaram onde anteriormente era um deposito de munição, local que ficava dentro do corpo do casarão Vitoriano no centro da propriedade rodeada por muros altos. Os dois pouco saíram desta sala, com três computadores e um telão, além de diversos dispositivos que os Guardiões trouxeram consigo e que pessoalmente ignorava as funções - a Vongola é conhecida pelas mentes geniais que trabalham sob o comando do Décimo, sendo que dois deles haviam se juntado ao lendário chefe quando os três ainda eram estudantes - porém, toda vez que um ou ambos os Guardiões se retiravam, ordens precisas eram distribuídas e novas funções atribuídas aos subordinados Galhardoni, e o mesmo aconteceu quando no meio da tarde os reforços da Vongola chegaram, divididos em grupos pequenos e usando roupas normais – diferente dos atuais uniformes, azul, vermelho e amarelo que vestem – de forma a evitar atenção indesejada. E tudo isso só fez Guiseppe respeitar ainda mais o jovem chefe que havia poucos dias ele havia estado diante de sua presença poderosa, a Vongola tinha um líder formidável, como o submundo nunca havia visto, capaz de verdadeiramente harmonizar esse mundo sangrento e escuro, perde-lo seria como mergulhar tudo no absoluto caos.

            Ainda perdido em pensamentos, uma súbita movimentação do Guardião da Chuva, chama a atenção do chefe Galhardoni de volta para a realidade. Yamamoto chegou mais perto do grande telão, seus olhos sendo os mais afiados para captar a menor movimentação, pertencem ao mesmo nível que os de Hibari em observação - a Nuvem era de longe o mais observador dos sete. Guiseppe assiste a rápida troca de olhares e poucas palavras em japonês, como presume o Secondo da Famiglia, entre Chuva e Tempestade – algo está acontecendo.

            Seguindo o olhar de Yamamoto, Gokudera facilmente encontra o que despertou a atenção do espadachim, a imagem de uma das câmeras do lado leste da propriedade havia sofrido uma pequena mudança de ângulo, algo relativamente sutil, mas o suficiente para não escapar dos ‘olhos de águia’ da Chuva, como uma vez chamou Reborn durante uma das muitas sessões de treinamento que realiza com os Guardiões – geralmente quando eles fizeram algo errado e no processo expuseram o Jyuudaime a perigos desnecessários para um chefe. Além disso, a imagem na câmera parecia um tanto estranha, quase nebulosa. Sim, um usuário da Névoa está envolvido, como o olhar que o espadachim lança para Gokudera confirma. Depois do incidente com Genkishi e Daemon, Yamamoto se tornou um perito em usuários da Névoa, só perdendo para Hibari, cuja motivação é um pouco diferente – ele odeia usuários da Névoa, principalmente se tem um corte de cabelo abacaxi e suas risadas soam como ‘Kufufufu’ e possuem olhos bicolores, é claro, a única pessoa que parcialmente se encaixa em algumas dessas características e que parece não lhe perturbar, é terrivelmente tímida e tem um olho violeta.

            __Parece que temos companhia. – comenta Yamamoto, desviando os olhos afiados da tela, para Gokudera.

            __Tch. Então esses bastardos acreditam mesmo que vamos cair em um truque tão fraco como esse. – rosna a Tempestade.

            __O que acha?

            __Que vamos ter uma montanha de corpos para dar um jeito assim que o sol nascer. – retruca, ajustando o pequeno comunicador no ouvido esquerdo.

            __É o que parece. – concorda Yamamoto, o sorriso bobo de amante de baseball completamente varrido de seu rosto, dando lugar a um olhar frio do mestre espadachim que o Guardião Vongola da Chuva realmente é.

            __Oi, Galhardoni, parece que seus convidados indesejados finalmente resolveram aparecer. – informa Gokudera, poupando ao chefe um único olhar antes de começar a distribuir ordens para os outros postos de comando.


~~~Ҳ~~~


            A chuva insistente torna a visibilidade precária para um observador leigo, aliado a isso, a noite está em seu ponto mais escuro – as poucas horas que precedem o amanhecer, e o momento em que o cansaço de horas sem dormir começa a agir com mais força. Do lado leste da propriedade, Uffo Andreani, com seu longo cabelo esverdeado prezo em sua típica trança, mantem-se em guarda, se ele que é o líder do esquadrão da Chuva não se manter firme em uma situação como essa, não há como esperar que seus subordinados façam o mesmo. O pequeno posto de comando, montado junto ao muro que cerca a propriedade, abriga cerca de quinze homens, sendo que apenas quatro não são usuários de chamas e servem apenas de suporte, em caso de um inimigo conseguir esgueirar-se pela a retaguarda eles podem facilmente abatê-lo. Sentindo a tensão no ar aumentar a cada hora que avança sem qualquer sinal de ataque, o som de estática em seu ouvido direito avisa-lhe que o comunicador veio à vida.

            “Andreani, captamos uma leve mudança em uma das câmeras próxima ao seu quadrante.” – a voz de Yamamoto surge do pequeno comunicador –“Precisamos que confira. Em caso positivo, ataque primeiro, pergunte depois.” – o tom sério na voz do Guardião, principalmente na última parte da mensagem, deixa claro que a caçada já começou.

            Sinalizando para seus subordinados usuários de chamas para segui-lo e redistribuindo algumas posições, avança na direção que lhe foi dita. O capacete equipado com visão noturna pode ser desconfortável, mas é a melhor opção em situações como essa. No meio do breu total, o pequeno grupo avança cautelosamente. Subitamente o baque de um corpo caindo no chão enlameado, seguido de tiros, flashes de chamas e metal se encontrando retumbam no ar, meio abafado pelo ruído da chuva.

            Da sala de comando, Yamamoto e Gokudera tem um breve vislumbre de um confronto quando a imagem da câmera é cortada.

            __Mova a câmera mais próxima da área e nos dê uma visão da luta! – berra Gokudera, já em cima do pobre rapaz que ficou encarregado da parte eletrônica e comunicativa da base.

            __Sinto muito senhor, há interferência no sinal. – desculpa-se o jovem encolhendo-se diante do olhar e da aura do Guardião.

            __Andreani! Andreani! – chama Yamamoto no comunicador – Sem resposta, apenas estática.

            __Tch! Esqueça isso! – rosna, apontando para o telão onde uma após a outra as câmeras começam a perder o sinal.

            __Parece que uma vez que a parte ‘surpresa’ do plano foi descoberta eles resolveram agir abertamente. – comenta Yamamoto, já de posse de sua Shigure Kintoki, o Vongola Gear da Chuva, o Colar da Chuva versão X, já a mostra pendendo de sua camisa azul sob o terno negro.

            __Ah. Chegou a nossa vez. – resmunga Gokudera, suas armas Box que formam o sistema C.A.I. devidamente prontas junto ao Vongola Gear da Tempestade.

            __Nesse caso, eu me juntarei a vocês. – informa Guiseppe, acendendo um anel classe A em seu dedo, de onde a Shinu Ki no Honoo do Trovão emerge e inserindo-a em uma Box revelando um par de lâminas muito semelhantes a punhas, porém fendidas no centro, armas singulares cobertas pelas eletrizantes chamas verdes.

            __Tch, chamas do Trovão. – resmunga Gokudera, lembrando do pirralho vaca que vem treinando nos últimos dois anos e meio.

            __Ser atingido por essas lâminas não deve ser uma experiência muito boa. – comenta Yamamoto, um leve sorriso surgindo em seus lábios, que logo se desfaz quando seu comunicador vem à vida.

            “Yamamoto-sama...” – a voz de Andreani surge do pequeno aparelho ­– “Yamamoto-sama, estamos sobre ataque... Parte do muro leste foi destruído... Um ataque com um tipo estranho de arma Box emitindo chamas escuras... Conseguimos abater parte dos invasores, mas tivemos três baixas...” – informa entre falhas estáticas do comunicador.

            __Senhor! Temos um alerta do posto sete no quadrante sul e outro do posto 11 no quadrante oeste, eles estão sendo atacados. – avisa o jovem, uma vez mais estremecendo diante do olhar irritado da Tempestade.

            __Gokudera. – Yamamoto encara os orbes verdes do italiano.

            __Ah, eles estão se dispersando para forçar-nos a nos separar, se os atacarmos juntos as chances deles irão diminuir. Sendo assim, vamos partir para o padrão Delta de ação. Avise os outros esquadrões, vamos ter um tempo longo até o sol nascer. – rosna Gokudera, saindo da base acompanhado de Yamamoto, seguidos por Guiseppe, e ganhando a rua, a chuva imediatamente encharcando-os.


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            Assim que ganharam o jardim, os flashes causados pelo confronto de chamas e armas Box os cumprimentou. Não levou mais do que alguns segundos para que os primeiros invasores surgissem emergindo das sombras aos punhados. A expressão de Yamamoto escureceu assim que uma lâmina dentada foi movida em direção ao seu abdômen envolta em chamas negras, que, diferentemente do que se pode imaginar, ainda são capazes de emitir um estranho brilho, não o suficiente para iluminar a escuridão, mas brilhante o bastante para serem identificadas no breu. Usando uma das formas defensivas de Shigure Souenryuu, a Chuva bloqueia o ataque só para ver suas próprias chamas em contato direto com as negras produzirem algo semelhante a um chiado, quase como um choro de agonia, que por uma fração de segundo o distrai, o suficiente para um outro inimigo esgueirar-se por sua retaguarda pronto para acertá-lo. Uma explosão envia o atacante furtivo voando de encontro à fonte no centro do jardim, enquanto Yamamoto golpeia o seu oponente.

            __Não se distraia, Yakyū Baka! – berra Gokudera a alguns metros de distância, tendo sua ignição do Vongola Gear nos lábios, como os cigarros que Tsuna o fez parar de fumar, e uma porção de dinamites nas mãos, que arremessa sem hesitação alguma em seus atacantes, o que significa que a esse ritmo o jardim logo ficará irreconhecível.

            Fixando sua atenção completamente em seus oponentes, Yamamoto deixa seu lado mais sombrio vir à tona – seu lado mestre espadachim, o mesmo que lhe vale o reconhecimento de um certo Arcobaleno de fedora, como um assassino nato, embora graças a Tsuna e sua determinação inabalável, suas mãos nunca foram realmente manchadas de sangue.

            Percebendo que Yamamoto finalmente parece ter recobrado seus sentidos e se focado na luta, Gokudera analisa a sua própria situação, assim que o primeiro inimigo cobrado sobre ele com aquelas chamas negras malditas, seu sistema C.A.I. quase foi insuficiente para protege-lo, foi necessário colocar todos os anéis juntos para que a barreira tivesse algum efeito e ainda assim depois de três ataques consecutivos, uma das lâminas conseguiu perfurar dois dos anéis e por muito pouco não o atinge - não foi em vão que Hibari Kyoya acabou sendo ferido, essas chamas sem um elemento podem facilmente perfurar, ou mais especificadamente, corromper outras chamas ao ponto de diminuir significativamente os atributos das mesmas. Sentindo sua irritação crescer, Gokudera explode outra de suas dinamites, dessa vez conseguindo derrubar um número maior de inimigos. O jeito mais fácil de não ser ferido é derrubando e imobilizando o maior número dos bastardos, como ele e Yamamoto decidiram durante seu caminho para a sede Galhardoni no dia anterior. Resta saber se a prática funcionaria tão bem quanto na teoria.

            Um pouco afastado da dupla de Guardiões literalmente batendo para fora tudo que veem pela frente, Guiseppe tem sua própria batalha para cuidar, seu braço direito havia ficado encarregado de proteger as pessoas abrigadas dentro do casarão e auxiliar o esquadrão formado por usuários da Shinu Ki no Honoo do Sol, de modo que ele tem de virar-se com os subordinados que estão mais próximos da sede da Famiglia. A tática adotada pelos Guardiões do Décimo está funcionando perfeitamente como mostra o grande número tanto de aliados quanto de inimigos se aglomerando no centro da propriedade, eles haviam distribuídos os esquadrões de forma a guiar o inimigo para o jardim onde o local amplo e sem muitos empecilhos torna a luta mais justa, uma vez que o elemento surpresa do inimigo foi trazido abaixo por não haver onde esconder-se.


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            No mesmo horário em Milão, orbes bicolores observam atentamente o monitor a sua frente, esse é um dos poucos horários em que observou, a segurança diminui consideravelmente – prova disso é o vigia babando e murmurando disparates na cadeira do lado de dentro da sala, de onde com o auxílio de um dispositivo feito pelo coelho ruivo, baixou todas as gravações das últimas 24 horas. Como ele mesmo havia dito durante a reunião da Cúpula Vongola, sentar e apenas observar nunca esteve em seus planos, muito pelo contrário, agir é a melhor tática depois de tudo. Na tela do laptop, uma imagem de Silvanus Fabozzi, o chefe da maldita Famiglia fazendo experiências e usando humanos, aparece ao lado de uma bela mulher de cabelos longos e caramelo caindo sobre seus ombros, usando um vestido que deve ser uns dois números menor do que ela pela forma como está grudado ao seu corpo. A cena interessante foi pega pelas câmeras do circuito interno do prédio, a mulher com um grande óculos escuro que em momento algum olha para as câmeras torna difícil a identificação, mas a Névoa tem certeza de que já viu tão venenosa beleza em algum lugar.

            Ele soube sobre tal encontro pelas conversas que captou entre os funcionários da clínica, e ao que parece, essa não é a primeira vez que os dois se encontram. Talvez a questão de onde os fundos para as pesquisas estão vindo esteja liga as visitas da mulher venenosa, afinal, Mukuro já viu muitas coisas em suas passagens pelos seis caminhos, e melhor do que qualquer um, a Névoa sabe identificar um ser peçonhento quando o vê. E pela forma como Silvanus age, e a julgar pela situação financeira da Famiglia Fabozzi, pequena e de pouco prestígio, as verbas para bancar tão altos custos devem vir de uma Famiglia grande com poder e influência suficiente para representar uma ameaça real a maior potência no submundo - a Vongola. Fato que só torna as coisas ainda mais interessantes do que já eram.

            Com o sol começando a nascer do lado de fora, Rokudo Mukuro retoma o seu infame disfarce enquanto sua risada assinatura vaza de seus lábios. Um novo e longo dia está apenas nascendo


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            Assim que os primeiros raios de sol emergiram no horizonte, um verdadeiro campo de guerra surgiu onde horas antes havia um belo jardim. Corpos empilhados, sangue, armas e restos de capsulas de balas, além de escombros estavam espalhados pela grama, nem o canteiro de rosas tinha escapado, cinco homens estavam estirados sobre as flores, algumas quebradas outras despetaladas. O gramado em muitos pontos havia sido queimado até a terra, em outros lugares havia buracos os cortes profundos formando pequenas piscinas devido à água da chuva, que finalmente havia cessado. Esticando seu corpo dolorido e com alguns hematomas, Gokudera toma nota da situação geral, logo após o ataque inicial ter falhado, os inimigos haviam partido para a luta sem hesitação, os homens mais pareciam suicidas do que lutadores. Muitos nem ao menos pareciam saber o que estavam fazendo e ainda assim, houve muitas baixas tanto dos esquadrões Vongola, quanto da Famiglia Galhardoni. Os malditos estavam mais preocupados em feri-los do que em propriamente mata-los – fato que só tornou a situação toda ainda mais sem nexo do que já era. Quando os bastardos perceberam que seus ataques estavam sendo revidados, bateram em retirada sem pensarem duas vezes.

            __Tch! Bando de ratos. – rosna, massageando o ombro esquerdo que machucou quando esquivando-se de alguns ataques e acabou caindo de mal jeito.

            __Você ainda está resmungando, Gokudera. – ri Yamamoto, embora sua risada soe bem mais fria do que o normal – Neh, Gokudera, isso foi meio estranho, você não acha? Quero dizer, em vista dos outros ataques, esse pareceu mais desorganizado do que os anteriores, embora o elemento surpresa, as armas e o bater em retirada sejam os mesmos, algo parece impreciso.

            __Ah. Foi como se apesar de serem as mesmas táticas, outra Famiglia estivesse executando-as. – comenta, enquanto lança um outro olhar sobre toda a destruição – Tch!

            __Tsuna certamente não vai ficar feliz quando souber o tanto de destruição causamos. Ele odeia o trabalho com a papelada. – fala, coçando a cabeça da mesma forma que fazia quando estavam na escola.

            Sim, o Décimo ficaria irritado quando descobrisse a quantidade de estragos que seus Guardiões mais uma vez causaram. Muito embora desta vez não havia muito que eles pudessem fazer para evitar tanta destruição.

            Do lado de dentro do casarão, Guiseppe analisa a situação, graças à ajuda dos dois Guardiões sua Famiglia não havia caído, apesar das perdas, muitas vidas haviam sido salvas, e o italiano estava grato pelo Décimo ter cumprido a promessa de auxiliá-los quando o momento de dificuldade chegasse, apesar de que o Secondo sinceramente esperava não necessitar da ajuda da Vongola tão cedo. A força, destreza e organização que ele testemunhou com seus próprios olhos fizeram o seu respeito pelo jovem chefe só aumentar, não havia dúvidas, enquanto o Céu Vongola estiver com eles, milagres podem acontecer, e Sawada Tsunayoshi em si já é um milagre.


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            Tsuna estava impaciente, sua Hiper Intuição o arrancou da cama quando o sol ainda nem havia nascido, algo estava acontecendo e ele não conseguir entrar em contato com Gokudera ou Yamamoto nas últimas três horas não estava fazendo seu humor melhor. Sentado no sofá no escritório de Tsuna, Enma tem os braços cruzados e o olhar perdido no espaço, sua mente mergulhada em pensamentos. Desde a ligação que recebeu de Hibari no dia anterior, ele tem estado alerta para qualquer movimentação de seu amigo. O Décimo está doente, isso é um fato inegável. A pele terrivelmente pálida, muito mais do que ele conseguia perceber pelas vídeos chamas o alarmou, Tsuna está com uma aparência muito pior do que da última vez em que havia estado na mansão, durante o colapso que deixou seu amigo completamente apagado para o mundo por quase quatro malditos dias. Foi para vigiar o Décimo que ele veio, foi para ficar ao seu lado que ele largou tudo, e foi por esse motivo que assim que ouviu uma movimentação no corredor, ele saltou de sua cama para encontrar Tsunayoshi com um par de orbes alaranjados rumando para o seu escritório, onde estão há mais de três horas.

            Repentinamente o som do alerta de uma nova chamada quebrou o silêncio do escritório. Rapidamente abrindo o canal para a ligação, a imagem de Gokudera aparece, enquanto um suspiro de alívio escapa dos lábios de Tsuna, que finalmente afunda em sua cadeira.

            __Hayato! Finalmente, eu tentei entrar em contato com vocês várias vezes nas últimas horas e não consegui, o que aconteceu? Takeshi está bem?

            “Desculpe por preocupa-lo, Jyuudaime. Estamos bem, Yamamoto está ajudando a equipe médica a carregar os feridos para a enfermaria.” – informa Gokudera, o fato de que seu querido chefe os chamou por seus nomes deixa claro o quanto ele estava preocupado com eles.

            __Feridos, sendo assim houve mesmo um ataque a Galhardoni. – comenta massageando as têmporas, a dor finalmente havia diminuído.

            “Ah. Houve um ataque poucas horas antes do amanhecer. Homens portando lâminas dentadas cobertas por chamas de um elemento desconhecido, as chamas negras. Tivemos algumas baixas tanto da Vongola quanto da Galhardoni, mas nada que chegue perto do que aconteceu com Cavasin e Fregnani.”

            __E quanto a Guiseppe?

            “Ele está bem, nada grave aconteceu com nenhum dos membros centrais de sua família, sua esposa e filho estão seguros. Ele parece bem agradecido e disse que se Jyuudaime precisa de nós, ele não se importa que retornemos.”

            __Uhn, está tudo bem, fiquem e auxiliem Guiseppe até que as coisas estejam calmas, se algum imprevisto acontecer, eu os chamarei de volta. Além disso, Enma, Ooyama Rauji e Aoba Koyo vieram ontem da Ilha Shimon para nos auxiliar. – avisa Tsuna, lançando um olhar para o ruivo sentado no sofá a sua frente.

            “Os Shimons estão aí? Bem se Jyuudaime acha que não há problemas. De qualquer forma, Jyuudaime, Yamamoto e eu achamos que esse ataque foi um pouco estranho.”

            __O que quer dizer?

            “Os métodos foram os mesmos usados nos outros ataques, mas esse foi mais desorganizado e os inimigos pareciam mais suicidas do que lutadores. Jyuudaime, estou começando a achar que talvez não seja apenas uma Famiglia que está desenvolvendo as chamas negras.”

            Com o comentário Tsuna estreita os olhos, erguendo as mãos cruzadas até a altura de seu nariz, um brilho alaranjado engolindo o tom castanho-avelã de seus orbes.

            __Gokudera, as chamas qual a sensação que elas despertaram em vocês?

            Houve uma breve pausa enquanto Gokudera formulava sua resposta.

            “Elas foram capazes de atravessar até mesmo meu sistema C.A.I. depois de alguns ataques consecutivos e eu tive a sensação de que elas estavam corrompendo as minhas chamas. Além disso, Yamamoto mencionou algo sobre ouvir um grito de agonia quando suas chamas colidiram diretamente com essas sem elemento.” – fala, recordando a breve conversa após o término da batalha – “Por que pergunta isso, Jyuudaime?”

            __Hibari mencionou em seu relatório exatamente as mesmas coisas que você está me descrevendo. Hayato, em hipótese alguma deixem que essas chamas atinjam vocês, quero que me prometa e que faça Takeshi prometer.

            “Jyuudaime...” – o olhar sério e a expressão estranha que Tsuna assumiu fizeram o coração de Gokudera se apertar, além disso, essa é a segunda vez na mesma conversa que o Décimo refere-se a eles pelos nomes, o que aumenta a gravidade da questão – “Eu prometo, Jyuudaime.”

            Um suspiro de alívio escapa dos lábios de Tsuna, enquanto sua expressão alivia um pouco, o tom castanho-avelã surgindo sob o alaranjado.

            __Obrigado, Hayato, e bom trabalho.

            “Até breve, Jyuudaime.” – despede-se Gokudera com um sorriso nos lábios.

            __Até breve.

            __Tsuna, são eles não é. – comenta Enma, uma vez que o silêncio engole o escritório novamente.

            __Ah. Não restam dúvidas. – responde, levantando-se e mirando o jardim florido abaixo através da janela de vidro.

            Não restam dúvidas. – repete em sua mente as palavras que só fazem sua Hiper Intuição disparar ainda mais.


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            O café da manhã ocorreu um pouco mais movimentado do que no dia anterior, com Lambo já recuperado de sua fobia de Bianchi, que cumprindo a sua palavra devolveu a cozinha intacta - para alívio de Pizio que analisou a cozinha inteira completamente três vezes antes de decidir que era seguro começar a utilizá-la – com Aoba resmungando sobre não ter nada de interessante para fazer uma vez que Ryohei está atualmente na Varia, Rauji sendo alvo das conversas de Fuuta e Lambo, enquanto Chrome permite-se trocar algumas palavras com Bianchi, e Kusakabe que chegou com uma aura um pouco mais serena, o que indica que o humor da Nuvem está outra vez em níveis seguros.

            Após a refeição, Tsuna, que hoje abriu uma exceção no vestuário, uma vez que usa um colete preto risca de giz, igual à calça, sobre uma camisa branca ao invés do terno completo que geralmente veste, seguido de Enma, em um terno preto sem grava, encontram-se uma vez mais reunidos no escritório do Décimo, mas desta vez, a Nuvem e Shoichi, através de videoconferência, juntaram-se a eles.

            __Belucce? – indaga Tsuna, lendo o nome do arquivo que Hibari lhe entregou.

            __Hn. São uma das Famiglias neutras aliadas da Nocera. Seu chefe, Lanzo Belucce quase não aparece em público. – fala, colocando uma foto sobre o arquivo, imediatamente os olhos de Tsuna estreitam-se sobre a imagem de um homem em seus trinta anos, de olhos ônix e cabelos loiros, uma combinação estranha, mas esse não é o motivo da atenção do Décimo, e sim os orbes, gananciosos, familiares e ao mesmo tempo vazios – Seu braço direito é Petros Chicatto. – novamente uma foto de um homem alto e corpulento, cabelos ondulados e negros, é posta sobre a mesa – A Famiglia surgiu há cerca de dez anos, o que faz de Lanzo Belucce o Primo da Famiglia.

            __Eu já ouvi falar sobre eles, não fazem alianças com Famiglias grandes, também nunca entraram em conflito com outros mafiosos, são completamente neutros. – destaca Enma, pegando as fotos do chefe e de seu braço direito, que Tsuna largou novamente sobre o arquivo, e analisando.

            __Todos nós sabemos que não existe Famiglia completamente neutra. – comenta Tsuna, uma vez mais massageando suas têmporas, a dor havia voltado.

            “Eu concordo, não existe uma Famiglia no submundo que possa ser considerada dessa forma. Todos tem algum tipo de ligação, mesmo que seja irregular, com outras Famiglias. Esse tipo de atitude só os torna suspeitos.” – fala Shoichi, enquanto arruma seu óculos, uma expressão séria em seu rosto – “Agora a questão é, o que eles estão escondendo.”

            __Outras Famiglias ligadas a eles e ou a Nocera? – indaga Tsuna, fixando seu olhar sobre Hibari, uma vez que foi ele quem trouxe o assunto em primeiro lugar, e parece particularmente interessado na Famiglia Nocera, interesse que o Décimo também compartilha.

            __Ligada a Nocera e Belucce não há nenhuma, mas Nocera parece ter alguma relação com Fabozzi. – declara, lançando um olhar afiado para o chefe.

            Com a nova informação um silêncio pesado recai sobre o escritório. A Famiglia fazendo pesquisas que de alguma forma estão relacionadas às chamas de um elemento desconhecido e usando humanos como cobaias, pode ter ligações com uma aliada da Vongola.

            __Nocera novamente. – resmunga Tsuna, um tom de irritação perpassando suas palavras – O que mais sabemos sobre essas três Famiglias?

            “Eu recebi alguns dados novos de Mukuro-kun, parece que o chefe da Fabozzi tem se encontrado com certa frequência com uma mulher que ele não conseguiu descobrir quem é, mas que de alguma forma parece familiar. Ele acha que ela pode ser a responsável pelos fundos das pesquisas ou o elo que os liga.” – responde Shoichi, lendo algumas anotações que fez sobre as informações repassadas pelo Guardião.

            __Se Nocera e Fabozzi estão mesmo ligadas, há uma grande chance de que essa mulher que Mukuro fala seja a própria Adelina Nocera, a Secondo da Famiglia. – comenta Tsuna, lembrando da mulher perigosa que encontrou ontem pela manhã.

            __Hn. Ainda assim, Nocera não possui tantos fundos para bancar um laboratório de tão alto nível, e se considerar que pode haver mais de um laboratório ativo, as chances diminuem ainda mais. – argumenta Hibari de pé, escorado na parte traseira do encosto do sofá, de costas para Enma.

            “Mais de um laboratório? O que os faz pensar que pode haver mais do que um?

            __Seria algo como divisão de tarefas, Tsuna? – indaga Enma.

            __Parece uma conclusão lógica, se considerarmos que o processo de fabricação destas chamas negras possam possuir estágios ou algo do tipo. Além disso, duvido muito que um único laboratório conseguiria produzir sozinho a quantidade que vem sendo utilizada nos ataques. – comenta Tsuna, estreitando os olhos.

            “Vendo por esse ângulo faz sentido. Sinceramente eu também tinha minhas dúvidas sobre aquele laboratório. Por mais completo que seja, uma pesquisa de tal nível deve estar sendo desenvolvida há bastante tempo, mas o laboratório é bastante recente, segundo as plantas ele deve estar ativo a no máximo três anos. Além disso, é uma boa tática, utilizando mais de um laboratório as chances do inimigo detê-los é menor, seria necessário destruir todos para pará-los em definitivo.”

            __De qualquer forma, por hora vamos nos concentrar em descobrir o que exatamente o laboratório em que Mukuro encontra-se está pesquisando, assim seremos capazes de determinar que sinais devemos buscar para localizar os demais laboratórios.

            “Como quiser, Tsunayoshi. Agora, se não há mais nada, eu peço para retirar-me. Ainda preciso terminar os concertos no núcleo de energia da base.” – fala abrindo um leve sorriso.

            __Ah, claro. Eu entrarei em contato se precisar de sua ajuda. E Shoichi, tente não exagerar, você também precisa descansar. – avisa com seu sorriso caloroso e cheio de preocupação, que faz o outro corar um pouco.

            __Alguém deveria começar a ouvir seus próprios conselhos.

            __Hn.

            Tsuna move os olhos da tela, agora desligada, para encontrar sua Nuvem e seu melhor amigo lançando-lhe olhares acusadores.

            __Obrigado, mas eu estou bem. – tranquiliza, recebendo um ‘Hn’ seguido de um olhar indiferente de Hibari, e um estreitar de olhos de Enma – É sério. Estou bem. Voltando ao tópico principal. – começa, tentando desviar o assunto - Hibari, preciso que descubra o máximo que puder sobre Nocera e Belucce. Sinto que eles estão mais perto do que imaginamos e não quero ser pego de surpresa.

            __Hn. E quanto ao traidor? – indaga a Nuvem, estreitando os olhos.

            __Ah, isso eu também quero saber, Tsuna.

            __Basil já encarregou Lancia de verificar seus principais suspeitos, ele até me trouxe pessoalmente sua lista. – enquanto fala, pega uma pasta de dentro de uma gaveta e entrega para Kyoya – Há três nomes muito interessantes aí.

            __Agato Guedini? – indaga, um brilho predatório começando a se espalhar por sua face.

            __Ah. É o mesmo que aparece no relatório de Shiro-chan.

            __Guedini... Esse não é o mesmo nome da Famiglia que se desfez há uns cinco, seis anos atrás durante a última grande briga entre Famiglias? – questiona Enma, pensativo.

            __Foi antes da oficialização de Sawada Tsunayoshi, alguns daqueles herbívoros tentaram destruir a paz de Namimori e eu os mordi até a morte. – comenta Kyoya, estreitando os olhos perigosamente com a lembrança de sua amada cidade em meio a guerra da máfia.

            __Gokudera, Yamamoto e eu chegamos a nos envolver, foi quando eu desmantelei a primeira Famiglia, Reborn me deu um ‘bom trabalho’ pela ação rápida e sem mortes ou derramamento de sangue. – comenta, lembrando a onda de emoções que se espalhou por seu ser ao ouvir aquelas palavras. – De qualquer forma, os outros dois que eu destaquei na lista estiveram envolvidos em pequenos incidentes envolvendo chantagem e a fuga de um membro de uma Famiglia inimiga. – continua retomando o assunto.

            __Por que os dois herbívoros não foram disciplinados?

            __Esse é o motivo de estarem destacados. Até ontem eu não sabia sobre esses incidentes. Quando questionei Basil ele disse que os dois arquivos estavam separados e nenhuma informação extra constava sobre eles no sistema.

            __Wao. Parece temos um rato maior do que parecia. Vai ser divertido mordê-lo até a morte.

            __Ah. Imagino que sim. Bem, eram essas as informações que eu- Tsuna faz uma pausa, atraindo a atenção de Enma e Hibari, fechando os olhos enquanto um sorriso desponta em seus lábios.

            Então você finalmente voltou...

            Lá embaixo, Lorenzi dá as boas vindas para um homem charmoso vestindo um terno negro com um chapéu de fedora e um camaleão no ombro.

            ...Reborn.


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Notas finais do capítulo

Kyaaaaaa finalmente nosso Arcobaleno sádico preferido voltou de sua missão para o Nono. O que será que vai acontecer com Tsuna entrando em colapso cada vez com mais frequência enquanto Reborn está com seus olhos de águia sobre seu ex-dame aluno?
Espero suas opiniões sobre o cap. Deixem-me saber o que estão achando da história.
Ciao, ciao 0/