Andei até uma outra porta que era do lado direito do closet. Abri – a. Era o banheiro, e ela estava ali, mas não na situação que eu esperava.

   Tinha sangue por todo lado do banheiro, um armário cheio de coisas de primeiros socorros, lâminas, giletes, canivetes e dezenas de outras coisas cortantes espalhadas. Outro estava com uma caixinha que dentro havia muitos remédios, de todos os tipos, também desorganizados. E, finalmente, Carlie estava deitada no chão, inconsciente, com seus pulsos e braços cortados, ela havia feito mais cortes recentes.

   Corri para o lado dela e coloquei – a na banheira, abri a torneira e deixei encher. Quando finalmente chegou a um ponto adequado eu comecei a limpar os cortes e fazer curativos em todos. Estavam muito profundos, dessa vez ela exagerou.

Demi narrando...

Eu havia acordado mentalmente, mas meus olhos estavam pesados de mais para conseguir abri – los.

Senti algum ser me tocando, como se estivesse cuidando de mim. Fudeu! Minha mãe veio aqui e descobriu a coisa toda. Depois de tanto nervosismo que eu passei tentando esconder, eu sou burra o suficiente para deixar a porta aberta! Tentei abrir os olhos, e lentamente, fui conseguindo. Percebi que não era a minha mãe que estava ali, era Justin.

   Fiquei sem entender. Porque ele estava ali me... ajudando?

- Oi – Ele disse isso e sorriu gentilmente para mim.

- Oi – Respondi. Qual é! O garoto ta me ajudando, o mínimo que eu podia fazer era ser um pouquinho mais educada com ele. Senti meus pulsos arderem um pouco. Ficamos em silencio enquanto ele acabava de fazer os curativos. Quem diria, Justin Bieber me ajudando! – Porque está fazendo isso? – Fiz a pergunta mais essencial de todas.

- Como assim? – Ele fingiu de desentendido.

- Bom, nós nos odiamos, não? – sorri, sem graça. E ele riu.

- Não é bem assim, eu te implico por que acho divertido, mas eu não te odeio, literalmente. – Ele sorriu.

- Wow, essa foi inesperada! – Disso mostrando estar surpresa e ele simplesmente sorriu, para de sorrir caralho. – Mas ainda não entendi porque você está me ajudando. Quer dizer, se alguém descobrir isso, eles vão me achar uma idiota. E você era justamente a pessoa que eu achava que mais iria me zoar! – Disse tudo rápido.

- Eu disse que você não me conhecia. – Eu não sabia o que falar, então apenas fiquei calada. – Pronto, agora é melhor você trocar de roupa, porque você está toda molhada. – assenti e caminhei até meu closet. Vesti um pijama que era calça e blusa de frio e fui até o quarto, Justin estava sentado na cama. Sentei-me perto dele e ficamos em silêncio, de novo.

- Porque você faz isso? – Ele disse. E eu entendi na hora. Suspirei.

- Problemas. – Falei simplesmente.

- Ei, pode me contar. – Ele estava com um tom... Amigável. Já que ele sabia, não fazia mal contar o resto, afinal, eu precisava mesmo desabafar com alguém. Suspirei novamente.

- Eu sou muito inútil Justin, meus pais nunca se orgulharam de mim, eu não consigo fazer nada, não consigo nem me relacionar com as pessoas. Não sou simpática, nunca fiz alguma coisa que realmente valha a pena, não consigo tirar notas boas na escola, meus pais sempre gostaram mais da minha irmã, tudo que ela faz é infernizar a minha vida e me humilhar quando está perto de mim, minha infância não foi muito boa, tive problemas, bullying, separação dos meus pais, tinha que morar na mesma casa que minha irmã e outras coisas... - Suspirei - Eu não sou como as garotas da cidade, eu sou gorda, não me acho bonita... – Ele me interrompeu.

- Ei, para. Você não é e nunca foi gorda ou feia. E tem razão, você não é como todas as garotas, você não passa o dia inteiro se maquiando ou arrumando o cabelo para mostrar o quanto é superior, porque você é especial e se importa com coisas mais importantes do que a aparência, e também, não precisa ficar arrumando igual as garotas da sua idade para ficar bonita, porque você é naturalmente linda, sem fazer nada. E, na minha opinião, se sua irmã faz isso com você é porque você aceita, é só você levantar a cabeça e ignorar, porque não é verdade todas as humilhações que ela te faz. E...bom, xingar um irmão também é muito legal as vezes. – Ri com isso. - E com certeza você tem um dom, todo mundo tem, você só tem que esperar com paciência, e viver um dia de cada vez, sem atropelar as coisas. Dizem que se aprende errando. – Ele falou todo fofo olhando nos meus olhos, e sorri para ele, meio sem graça. Ficamos em silencio por mais alguns segundos, até que ele o quebrou. – Eu acho que eu vou indo para o meu quarto. Mas quando você precisar eu vou estar aqui, ok? – Sorri para ele, que se levantou.

- Justin... – Ele se virou. – Obrigada, mesmo. Por tudo. – Ele só sorriu de novo e saiu do quarto.

  Que aquele momento foi totalmente estranho ninguém duvida né. Mas foi legal. Ele foi gentil comigo. Eu me surpreendi com isso, mas beleza. Será que eu to achando ele... Legal? Mas eu o odeio! Ou odiava, sei lá.

   Enfim, deitei na minha cama e fui dormir...