Depois de um tempo todos estavam conversando na sala de novo, menos a Demi, que eu acabo de apelidar como menina-ruiva-problemática. Sou foda, invento apelidos pra qualquer pessoa u.ú

Demi narrando...

Depois de momentos de tortura os Bieber's finalmente foram embora, a propósito, eu acabei de saber que o casamento ia ser daqui um mês, ótimo, menos dias para a minha vida infeliz começar, bem, ela já é infeliz, mas apartir de agora vai ser mais.

 Os dias foram se passando normalmente, ou talvez rápido demais para o meu gosto, quanto mais o tempo se passava, mais rápido seria para os bieber's virem morar aqui.

Hoje era a véspera do casamento da minha mãe, e como toda noiva, ela estava super alarmada, querendo que dê tudo certo. Sempre que ela falava comigo sobre algo do tipo eu fingia um sorriso e depois revirava os olhos. Minha mãe sabia que eu não estava feliz, mas sempre ignorava, pois ela não queria que nada estragasse “o momento perfeito dela”.

  Minha amiga, Anna, estava comigo em minha casa, como ela ia no casamento também, ela iria dormir aqui e depois iríamos juntas, não quero enfrentar esse terror sozinha!

 Anna e eu fizemos cupcakes, isso mesmo, eu amo cupcakes! E depois ficamos falando sobre algumas coisas, o legal é que ela sabe dos meus problemas, mas para ela, eu já parei com eles a muito tempo. Ela não sabe que eu me corto até hoje. Como eu disse, eu sei fingir muito bem.

 Depois de ficarmos acordadas até umas 3 da manhã nos fomos dormir.

Acordamos só ao meio dia, quando minha mãe começou a gritar, querendo nos acordar. Sim, isso me fez ficar com muita raiva, mas no fim tivemos que acordar.

18:50 da noite e eu estou dentro de uma igreja esperando a minha vida ser mais infernal. Todos os convidados já estavam na igreja, menos a noiva. Eu acho essa de a noiva atrasar tão ridículo! Que diferença faz? Mas como minha mãe é muito tradicional ficamos esperando lá uns 30 minutos até ela aparecer. Depois, o resto vocês já sabem, um casamento comum com todas aquelas frases idiotas, que eu não pretendo repetir, se não querer enjoar.

Finalmente a festa! Como eu sou a filha eu tive que cumprimentar algumas pessoas, o que eu não gostei muito, mas pelo menos fingi estar feliz. Já não agüentava mais aquele salto alto, que minha mãe me obrigou a usar, sentei em uma mesa vazia com Anna e tirei meus sapatos disfarçadamente por debaixo da mesa. A festa já estava acabando, o que era ótimo, já não tinha tanta gente igual antes. Tudo que eu queria agora é uma cama.

   O resto da festa foi só eu quase dormindo naquela mesa, eu estava morrendo de sono, nem aproveitei nada, para mim não tinha o que aproveitar, não mesmo. Quando todos foram embora, inclusive Anna, só sobrou minha mãe, Jeremy, Bieber e eu. Nós quatro fomos direto para o carro mortos de cansaço e Jeremy deu partida, não antes do metidinho posar para algumas fotos.

Depois de uns quinze minutos dentro do carro chegamos a minha bendita casa, ou melhor, nossa casa, arg, odeio ter que admitir que agora vou morar com os Bieber’s.

Quando chegamos eu nem me despedi de ninguém e fui direto para o meu quarto. Bieber foi logo atrás de mim, o quarto dele era do lado do meu, infelizmente. Bati a porta com força e tranquei – a. Fui direto para o banheiro. Eu sobrevivi a esse dia, mas isso não quer dizer que eu tenha gostado dele não é mesmo?

   Abri um armário do banheiro com a chave, que só eu tinha acesso, e tirei dali uma pequena lâmina.

   Posicionei – a corretamente no meu pulso e movi minha mão para a esquerda, apertando forte para que pudesse perfurar com intensidade.      Deixei cair algumas lagrimas.

  Vocês devem estar se perguntando: Porque eu fazia isso? Porque eu acabava comigo mesma? Mas talvez nem eu mesma saiba.

   Eu tenho vários problemas, mas as vezes me perguntava se realmente valia a pena fazer o que faço.

   Começou com o Bullying, eu sempre fui um pouco gorda, o que causa apelidos não muito agradáveis.

   Depois foi a separação dos meus pais em um momento que eu estava um pouco fragilizada; A pressão que minha família coloca em mim, por eu não ser uma filha tão boa igual minha irmã, Mellany. Ela tem 23 anos, namora com um médico, é diretora de uma impresa, mora com esse tal namorado, enfim, é uma vida tradicional que normalmente os adolescentes se vêem daqui alguns anos,e ela gosta de infernizar a minha vida sempre que possível. A verdade é que meus pais querem que eu seja igual a ela, e nós somos muito diferentes, e não nos gostamos muito... Meu pai ainda é pior que minha mãe, ele mora no Brasil agora. Quando eles estão com minha irmã, eles esquecem que eu sou filha deles e as vezes até me fazem coisas, digamos não muito legais. E eu já nem sei mais o que fazer no momento, deve ser por isso que eu me auto – mutilo...

    Fiz outro furo no meu braço, seguido de mais outros, vendo meu sangue escorrer até o chão, até que senti minha visão escurecer, e apagar de vez.

   A Luz que invadia o cômodo onde eu estava era tamanha que já me irritava, talvez eu tenha esquecido de fechar a cortina, como sempre. Abri os olhos lentamente e só aí pude perceber que eu não estava no meu quarto, e sim no chão do banheiro.

   Me sentei e vi o sangue seco no meu pulso. Tirei minha roupa e me enfiei debaixo do chuveiro, deixando a água levar minhas marcas. Depois de tomar meu precioso banho me sequei e peguei uns 3 band – aids, colocando - os nos cortes mais grosseiros. Peguei uma roupa leve e vesti.

   Quando olhei no relógio, vi que já eram 12:45, bem tarde para mim. Desci as escadas e todos já estavam na mesa. Não gostava disso. Me sentei sem falar com ninguém e minha mãe me olhou feio, o que me fez sussurrar um “oi”. Eles responderam de volta e depois todos voltamos a tomar café. Logo minha mãe e Jeremy foram trabalhar e sobraram só eu e o Bieber na casa. Subi para o meu quarto e fui assistir TV, até que um ser bate na porta do meu quarto, não disse nada, só olhei. Bieber apareceu lá e disse:

- Oi – Não disse nada, só continuei a encara – lo – Hum...Faz um favor para mim? Quando meu pai chegar diga a ele que eu vou dormir na casa do Ryan, por favor? – ele disse sem jeito, passando a mão na sua nuca. Eu só assenti e voltei a olhar para a televisão – Então...obrigado.- Ele falou novamente e saiu, vi que ele ficou meio constrangido por eu ter agido assim, mas foda-se, afinal, eu odeio ele!

   Minha tarde foi basicamente internet, eu não tenho muita criatividade sabe. Depois eu comi alguma coisa, tomei banho e fui dormir. Hoje foi um dos raros dias em que eu não fiz absolutamente nada que me prejudicasse. Me senti aliviada por isso, dava uma sensação boa, de liberdade...