Recomeçar escrita por Missyine


Capítulo 4
Do seu jeito


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Aqui está o capitulo 4 de Recomeçar, pra mim um dos mais difíceis de escrever pois me custa muito "ver" Bella sofrendo. Espero que gostem, nos vemos lá em baixo =)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214231/chapter/4

PDV Bella

Memórias On

Apesar dos motivos que me trouxeram aqui não serem de todo os melhores, agora que conseguia ver ao longe o edifício onde eu sabia ser o dormitório do Edward sentia-me bem melhor. Quando ele me ligou ontem ao final da tarde para me dizer que tinha reprovado numa das cadeiras com mais peso nos créditos anuais de seu curso e que por isso teria que ficar mais um ano na faculdade, eu simplesmente explodi. Eu não estava zangada com ele por ele ter reprovado, isso podia acontecer a qualquer pessoa, pois nem todos temos que ser bons a tudo à primeira vez que tentamos, mas aquilo que me deixou fora de mim foram os motivos que eu sabia estarem por trás daquela reprovação.

Edward era uma pessoa inteligente, um aluno aplicado e uma pessoa que prezava a organização metódica da sua vida escolar, pelo menos era assim até uns meses atrás. A princípio ele pensou que eu não me apercebi de suas mudanças sutís, mas eu o conhecia bem demais para deixar passar as atitudes que eu não reconhecia nele. Começaram pelas saídas no meio da semana para depois passarem a saídas todas as noites, inclusive nas noites anteriores aos exames; quando me ligava notava na sua voz uma animação fora do comum para alguém que ainda nem tinha saído porta fora e nem havia tocado em álcool, agora que sabia de tudo preferia que ele estivesse bêbado nesses telefonemas. Quando me visitava aparentava sempre um ar cansado mesmo depois de dormirmos até tarde aos Domingos, e não eram raras as vezes em que o apanhava com um olhar vago e perdido observando o vazio. Sentia-o perder a luz e quando o confrontei ele contou-me tudo o que se vinha passando. Exigi que ele deixasse de imediato a cocaína e que fizesse queixa de James por tráfico de entorpecentes e ele me respondeu que tinha tudo sob controle que estava longe de estar viciado, que só o fazia para descontrair e animar mais um pouco as saídas com os amigos. Não fiquei satisfeita e sempre que podia tentava forçar juízo a entrar na cabeça dele, mas sentia-o cada vez mais distante e eram raras as vezes em que ele me dava realmente ouvidos.

Ontem fiquei furiosa pelo fato de o vicio dele estar a roubar-nos tempo precioso para começarmos a nossa vida a sério, longe da faculdade e dos horários que nos impossibilitavam de arranjar um emprego e acima de tudo longe um do outro, e por isso fui muito brusca com ele. Por isso dediquei toda a manhã de Sábado a adiantar trabalhos e apontamentos para conseguir libertar o fim de semana e eram duas da tarde quando parti a caminho de Seattle. No meu velho carrinho Chevy o caminho demorou um pouco mais a percorrer e tive mesmo que parar pra comer alguma coisa e dar descanso à minha companheira de viagem, pra ela não resolver morrer em protesto pelo esforço acrescido. Quando cheguei ao campus passavam poucos minutos das sete da noite e foi fácil arranjar um estacionamento, pois era Sábado e grande parte dos estudantes fora passar o fim de semana a casa, antes de trancar o carrinho retirei do banco do passageiro uma caixa onde tinha trazido os cupcakes que fizera nessa mesma manhã. Era uma forma simples de lembrar a data de hoje, dia dos namorados, a qual nenhum dos dois ligava muito, mas que eu não podia deixar passar em branco. Enquanto caminhava pela grama em direção a edifício onde se localizava o quarto do meu namorado, vi James ao longe e abrandei o passo, não queria um confronto com ele, pois sei que isso me levaria a uma discussão que eu não queria hoje. Estava aqui para fazer as pazes com Edward e só queria chegar a ele o mais depressa possível, pedir-lhe perdão pela maneira com lhe falei ontem e aconchegar-me nos seus braços rodeada do amor e da segurança que só sentia perto dele. Ao alcançar a porta, que estava aberta com de costume entrei e subi de imediato as escadas para o segundo andar. Uma sensação estranha tomou conta de mim, quase como um mau pressentimento e inconscientemente acelerei o passo pelo corredor fora.

Esperava muita coisa daquele encontro, esperava uma conversa um pouco dura ao prncipio e até um Edward um pouco ressentido e chateado, esperava um abraço quando tudo fosse esclarecido e um beijo, do qual tinha muitas saudades já. O que eu não esperava é que ao abrir a porta me deparasse com dois corpos nús, deitados sobre a cama e que embora encarassem direções opostas enquanto dormiam, não deixavam a mínima duvida sobre o que se havia passado ali. Naquele momento precisei apoiar-me no móvel que ficava logo ao lado da porta, pois as minha pernas perderam a força para me suportar, o ar tornou-se rarefeito onde respirar um tarefa quase impossível e a raiva que tomou conta de mim fez me ver tudo vermelho. Avancei em direção à cama e agarrei pelos cabelos a vagabunda que estava deitada ao lado do meu namorado o que fez com que ela acordasse com um grito estridente. Completamente desorientada ela mal conseguia articular frases com sentido e parecia não saber quem eu era. Nem o grito da vagabunda acordou Edward.

- Quem é você? O que raios pensa que está fazendo? –perguntou.

- Eu sou a namorada do Edward e deveria ser eu a perguntar o que é que você pensa que está fazendo nua na mesma cama que o meu namorado?

- Edward tem namorada? Estou um pouco confusa e não lembro muito do que aconteceu! Espera, qual é o seu nome? –perguntou a desgraçada.

- É Isabella. E não acredito que você não soubesse que ele tinha namorada, aposto que ele já tinha falado de mim.

-Ouve, eu não sei se ele costuma falar de você ou não! Eu não costumo frequentar o quarto do James, normalmente só nos pegamos no carro ou num motel. Mas quando acordei, esse pedaço de mau caminho olhou pra mim de um jeito estranho que me fez sentir respeitada e linda e eu não resisti quando ele quis me beijar. – ela explicou.

Eu nem sequer sabia o nome da garota, mas estava com uma vontade louca de atirá-la pelas escadas abaixo, pra não ter que ouvir mais detalhes que só me magoariam ainda mais.

- Mas agora já entendi porque ele insistia em me chamar Bella o tempo todo. É assim que ele te chama não é?

Depois dessa explicação eu entendi tudo o que se tinha passado, expulsei a rapariga porta fora e disse-lhe pra se manter afastada do que era meu, ao que a descarada teve a ousadia de responder que a avisasse se resolvesse terminar com ele. Entrei novamente no quarto, fechei a porta e sentei-me na cama onde Edward ainda dormia. Se antes eu sentia raiva por não perceber o que o levara a fazer aquilo, agora sentia uma tristeza profunda depois de perceber o que motivara aquilo tudo. Eu já não reconhecia o rapaz por quem me apaixonei, este não era o mesmo Edward a quem eu tinha entregado o meu coração, o meu namorado nunca me trairia com outra rapariga. Mas o viciado sim, o Edward dos últimos tempos, alterado pelas drogas e más companhias parecia agora capaz de tudo. Nem a mim ele respeitava mais.

Cheguei me perto dele e chamei o seu nome suavemente, ele abriu os olhos e depois de um primeiro minuto de confusão o reconhecimento acendeu-lhe a face. Deixei que ele se sentasse enquanto ele se estirava e bocejava, depois mal ele abriu a boca pra falar coloquei um dedo sobre a sua boca, interrompendo-o. E então, fiz uma coisa que nunca pensei que fosse capaz, dei um tapa na cara dele com tanta força que o som ecoou pelas paredes do quarto fechado mandando um arrepio pela minha pele. Os olhos dele abriram de súbito e neles eu conseguia ver uma mistura de emoções e sentimentos onde conseguia identificar apenas algumas como dor, surpresa, espanto e confusão. Ele não entendia o porquê de ter feito aquilo que fiz, mas eu pretendia explicar-lhe.

- Doeu? – perguntei, e sem lhe dar tempo de responder continuei – Agora você tem uma idéia mínima daquilo que eu estou sentindo.

- Mas porque você fez isso? Porque você está magoada?

- Vou te contar a versão mais curta dos acontecimentos e depois tenho a certeza que os covardes a quem você chama de amigos certamente te contarão o resto. Você se lembra de algo do que aconteceu ontem à noite?

- Não... eu não sei... nós estivemos juntos... fizemos amor... – ele respondeu confuso.

- Não Edward, ontem eu ainda nem sequer estava em Seattle. Cheguei aqui e encontrei uma vagabunda na sua cama, nua que me disse que transou com você. Eu só tenho um pergunta pra te fazer: porque? Porquê você fez isso com a gente?

- Mas Bella... não! Era você, eu juro que era você. Eu chamei o seu nome milhares de vezes...

- A cocaína fez você acreditar nisso Edward, mas a verdade é que não era eu e eu não consigo nem descrever a dor que eu sinto neste momento. Você mudou. Já não é mais o mesmo e eu não quero você assim, viciado, acabado, perdido. Eu estou disposta a te perdoar e ajudar você a se livrar disso, porque você é o tal pra mim. Eu sei, eu sei no fundo do meu coração que nunca vou amar ninguém da mesma maneira que te amo, porque eu só tenho um coração e ele já não me pertence. Dei ele ao Edward que me conquistou, ao Edward por quem me apaixonei e que infelizmente você perdeu pra cocaína. Mas eu não suporto a ideia de viver no mundo sem você e por isso eu estou disposta a ajudar-te e acompanhar-te enquanto o tratamento durar e prometo que vou estar à tua espera assim que voltares a ser o meu Edward.

Enquanto proferia o meu discurso, grossas lágrimas rolavam pela minha face e soluços envolviam as minhas frases e me obrigavam a fazer paragens pra recuperar o fôlego. As minhas palavras pareceram acordar algo dentro dele e os seus olhos mudaram, ganhando um tom de tristeza sem fim. Não percebi o porquê se tanta tristeza quando eu tinha acabado de lhe garantir que esperaria por ele mesmo durante os tempos mais difíceis, mas mal sabia eu que o melhor ainda estava para vir.

- Bella, não consigo fazer te perceber o quão arrependido estou pelo que fiz e a única coisa que me resta é pedir perdão, mas eu não posso deixar te fazer isso... Não posso prender você a mim enquanto luto contra este monstro que tomou conta da minha vida. Não sabes o quanto me dói dizer isto, mas eu quero que você tenha uma hipótese de ter uma vida normal. Uma vida ao lado de alguém que te ame sobre tudo e alguém que mereça tudo aquilo que você é. E eu deixei de ser essa pessoa.

- Eu não acredito, você está me expulsando da sua vida dizendo que não serve pra mim? Isso não me interessa, EU TE AMO! Eu acabei de te dizer que estou disposta a esperar, que não quero mais ninguém! – gritei desesperada, ele tinha que perceber que nada e nem ninguém me faria feliz se não ele.

- Um dia você vai entender que eu não era assim tão especial e que afinal havia alguém que te merecia mais do que eu. Eu não sou mais seu namorado e você devia procurar seguir em frente e encontrar alguém que te ame da maneira certa. Da maneira como você merece ser amada Isabella.

Levantei-me da cama e cambaleei pra trás em direção à porta. Eu não queria este Edward, mas estava disposta a ser um apoio na jornada difícil que ele tinha pela frente porque eu sabia o que estava escondido por baixo do vicio e do rumo perdido, eu sabia quem ele era lá no fundo. Mas ele não me queria lá com ele. Abri a porta e voltei me, com a visão turva pelas lágrimas, ele tinha a cabeça baixa como se não quisesse ver-me partir.

-Estás errado! Não há uma maneira certa ou errada de amar alguém, há amor! E apesar de ele ser difícil de encontrar quando se encontra é pra toda a vida. Eu sei disso porque o sinto desde o dia que te conheci, mas você... você vai aprender do seu jeito. De um jeito duro, mas do seu jeito.

Passei pela porta, fechando-a atrás de mim.

Memórias of.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Notas da beta:
Olá meninas! Tudo bem? =]
Neste capítulo vemos o fim do relacionamento de Edward e Bella. O fim de tudo que era lindo. O fim de tudo que era puro! Edward sucumbiu ao vício das drogas... e em um triste dia (Detalhe! Era dia dos namorados!) ele traiu Bella... ela por sua vez descobriu. Mas, decidiu lhe perdoar. Por esse ato de Bella vemos que um coração machucado não é apenas capaz de amar... é capaz também de perdoar. E no meio de toda aquela situação Edward chega a conclusão que está amando Bella da maneira errada... aqui eu pergunto pra vocês... existe jeito certo de amar alguém?
Vamos lá meninas... Recomeçar está cada vez mais liiiinda! Não está? Vamos comentar e recomendar!
Até o próximo post. Bom final de semana pra vocês!
Bjsss
Juh Cantalice
Notas da Autora:
Bem, depois das palavras da minha beta maravilhosa não tenho muito mais a acrescentar. Só posso prometer que a partir de agora melhores dias virão pro nosso par maravilha. E aí, alguém tem apostas no que se segue pra estes dois?
Espero que tenham gostado e que comentem muito e recomendem a fic a outras leitoras =)
Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Recomeçar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.