E quando meus olhos se abriram, na manhã seguinte, eu podia notar a escuridão entrando pelas janelas. Dizendo, em bom tom, que era dia para os Moroi. Então, eu me sentei na cama, notando então, que ao meu lado, apenas havia o vazio e lençóis bagunçados, prova que eu não havia sonhado que havia dormido com Dimitri. Aquilo havia soado estranho... Nós não havíamos feito nada, mas talvez, se tivéssemos, não seria tão importante quanto. Eu me sentia nova. Pronta para um novo longo dia, cheio de Janine, Christian, Adrian, Avery, Corte, Guardiões, e até mesmo, Lissa... E o pensamento na minha melhor amiga, fez com que eu sentisse algo estranho no meu estômago. Eu não podia evitar o fato de que Lissa e eu não éramos as mesmas de antes. Eu podia sentir, naquele momento estranho, que Avery Lazar tomara meu lugar como a melhor amiga, vaca total, e extremamente alegre. Eu sabia que eu não podia competir com alguém, que, naquele momento, parecia tão certo para Lissa. Diabos, Avery era até mesmo usuária do Espírito!

Eu me permiti suspirar, enquanto me deitava novamente na cama, a procura de um pouco mais de tempo até ter que levantar. E a vontade de continuar na cama, aumentou, potencialmente, quando meu nariz sentiu o cheiro do travesseiro ao lado. O cheiro de Dimitri estava ali, tão familiar e bem vindo... Que me fez suspirar sonhadora.

“Rose...” a voz mental de Lissa me acertou como uma tapa na cara. Meus olhos se abriram, e todo o amargo do mundo voltou.

Eu me levantei em um pulo, deixando a cama como estava. Talvez mais tarde, eu pudesse aproveitar o cheiro. Foi o que eu me permiti, enquanto marchava para o alojamento, onde Lissa morava.

Eu dei boas vindas ao ar livre e fresco do outono. As folhas caiam pesadamente no chão, formando um tapete seco, que estalou sob meus pés. E quando eu alcancei o quarto de Lissa, não precisei bater na porta. Ela se abriu, fazendo eu dar de cara com Janine Hathaway. Ela não disse nada, mas me deixou passar, ao menos. Eu tentei, ao máximo, ignorá-la, enquanto me encostava na parede, esperando por Lissa, que conversava com alguma outra mulher no cômodo. Janine saiu, o que me faria suspirar, se naquele momento, Avery Lazar não tivesse se encostado na parede junto à onde eu estava encostada. Sua voz baixa,menos que um sussurro para alguém ao meu lado.

– A minha proposta de tomar uma bebida ainda está de pé, Guardião Belikov. – ela dizia. E eu não era nenhuma guardiã, então, me permiti espionar pelo canto dos olhos, para ver Dimitri encostado ali, com sua máscara perfeita, e Avery Lazar com seu belo sorriso de flerte estampado na sua cara. Então, a vontade de bater nela me atingiu. Mas eu me segurei potencialmente. Por mais difícil que tenha sido. Eu apenas esperei.

– Sinto muito. – disse Dimitri, uma voz tão dura quanto de um guardião podia soar. Mas ao contrário do que eu imaginei, Avery apenas sorriu ainda mais.

– Sabe, Guardião... – sua voz soou rouca, e um tanto sexy. Eu podia começar a  sentir que ela o tocaria, daquela forma vadia que ela tanto parecia ter... O que me fez cerrar os punhos – Eu adoro essa sua hostilidade... Me faz ser mais insistente... Faz você valer apena, se é que me entende.

Ela sorriu torto. E Dimitri balançou sua cabeça, exasperado. Não daquela forma na qual, ele fazia comigo, mas de uma forma realmente desconfortável. Eu contei os segundos, enquanto esperava ele dar um excelente sermão, ou apenas olhar para ela, com aquele olhar de desprezo que às vezes, ele sabia fazer. Mas não fez nada, apenas permaneceu ali, parado, imóvel, enquanto olhava para frente e Avery babava. Como um daqueles garotos nerd’s quando vê alguma revista sensual pela primeira vez. E o pensamento de Avery como uma garota nerd, me fez sorrir.

– Dimitri... – a voz de Lissa soou. Então, ele se endireitou.

– Com licença. – ele disse para Avery, que apenas sorriu, com sua taça de suco de laranja com, provavelmente, álcool ali dentro.

– Wow. Ele é realmente quente. – ela disse para mim, com um sorriso idiota, enquanto olhava para Dimitri, que passava pela porta para o quarto de Lissa. Eu não respondi, então, ela se voltou para mim, completamente, já que não havia mais distrações ali. – Hey. Como você está? Aquela coisa na noite passada com sua mãe deve ter sido bastante difícil, hein? Eu até entendo... Minha mãe não era das melhores também, mas o fato “superchato” fica para meu pai.

– Que seja. – eu disse de forma rude, enquanto me afastava da parede e de Avery Lazar, antes que eu arrancasse algumas mexas de seu cabelo escuro perfeito.

Eu marchei para fora do quarto. Sentindo que talvez, o ar livre me fizesse bem. Eu me encostei contra a parede, junto à janela pintada no corredor, mas que estava aberta, durante a noite. Eu me permiti suspirar, e respirar fundo. Quando senti um cheiro de cravo da Índia. Eu me virei para ver Adrian Ivashkov com um sorriso arrogante e preguiçoso no rosto.

– Olá, pequena dhampir. É muito bom ver seu rosto de manhã cedo. – ele fez uma pequena reverência. Eu rolei os olhos.

– O que quer?

– É sempre hostil de manhã cedo? – ele perguntou, seu sorriso ainda mais afetado.

– Só com quem merece. – eu sorri, fingidamente.

– Ótimo. – ele sorriu, se encostando à janela, ao meu lado, e soltando uma baforada de cigarro contra a noite. Logo, ele se voltou para a parede, encostando-se nela e me observando. Logo, olhou pela porta, para ver Avery com um sorriso idiota, o que provavelmente, era por estar babando por Dimitri, como um cachorro por um belo bife.

– Urgh. – murmurei, revirando os olhos novamente.

– Sabe – a voz de Adrian soou novamente, divertido – eu não me espantaria se logo, Avery Lazar fosse para a cama com Belikov. Ela realmente é insistente quando quer...

– E o que eu tenho a ver com isso? Eu não tenho nada com ele. – minha voz foi extremamente dura, e eu vi um pouco de mágoa nos olhos de Adrian, por um breve instante, mas logo, foi substituída por divertimento e arrogância.

– Eu não diria isso... Admita que há alguma coisa a mais no ar, Rose...- ele sorriu, colocando sua mão no bolso do seu casaco, à procura de outro cigarro.

– Não há nada no ar. – eu disse, minha voz dura. – Exceto um cheiro de cigarros. E eu não me incomodaria se você saísse de perto de mim enquanto fuma, Lorde Ivashkov.

Seu sorriso apenas aumentou. E eu reprimi um gemido exasperado. Diabos, era realmente difícil ficar sozinha, hum?

– É só um aviso, pequena dhampir. – ele disse, acendendo, assim mesmo, seu segundo cigarro desde que chegou, e talvez, seu décimo desde que acordou, se é que havia dormido. – Avery não costuma recusar um desafio. Ainda mais, se o desafio for dormir com algum cara. E ela vai gostar ainda mais de concorrência, se você demonstrar esse seu desgosto junto à ela. Eu te garanto. Ela nunca perde.

– Aposto que ela não perdeu quando tentou dormir com você, hum?

– Não. – ele sorriu, distante, enquanto baforava no ar – não perdeu... E acredite, ela realmente é boa.

– Para mim, basta. – levantei minhas mãos dramaticamente no ar, exasperada. Foi quando o cara alto saiu pela porta. Dimitri nos olhou de relance, enquanto caminhava para o corredor, e de repente, ele estava vindo em nossa direção. Eu senti meu corpo ficar tenso. Tudo o que eu menos precisava era falar com Dimitri com Adrian por perto.

– Lorde Ivashkov. – Dimitri saldou Adrian, com uma pequena reverência.

– Guardião Belikov. –Adrian, assentiu em respeito. – Vou deixá-los um pouco à sós. – Ele se afastou um pouco, então, ele olhou por cima do ombro. – E Rose... Lembre-se o que eu te disse.

– Pode deixar. – eu disse amarga, enquanto ele se afastava pelo corredor. Dimitri me estudou por alguns longos segundos, tão sereno...

– O que ele te disse? – sua voz não soava curiosa ou preocupada, mas havia alguma coisa ali, transitando pelos dois.

– Nada demais. – eu sorri, não conseguindo evitar que meu corpo relaxasse, enquanto olhava para ele.

– Desculpe por ter ido embora antes de você acordar. – ele murmurou as palavras, carregadas pelo seu sotaque russo. Eu sorri para ele, não conseguindo ficar chateada.

– Ao menos, você conseguiu fazer com que eu dormisse. E, afinal, não é como se eu e você tivéssemos dormido de verdade. – Infelizmente, eu completei mentalmente. Dimitri sorriu, de forma mais serena ainda. Deus, ele era tão lindo. Sua mão se levantou, a ponta dos seus dedos descansou sobre minha bochecha, e o toque foi tão bem vindo, que eu me permiti fechar os olhos. Logo, seus dedos tiraram alguns fios de cabelo do meu rosto. Eu abri meus olhos para vê-lo tão perto. Não era como se fossemos nos beijar, ou talvez fossemos... Era mais como se parecesse certo aquilo... Seus dedos traçaram por meu rosto, parando em meus lábios, entreabertos.

Me beije... – eu pensei tão fortemente. E eu sabia que aquilo estava espantado em meu rosto. Foi exatamente naquele instante que a porta se abriu, deixando sair de lá, Avery Lazar.

Dimitri e eu nos afastamos quase que instantaneamente, mas logo, ela parou, junto à Lissa e Adrian, que saiam também. Ela sorriu, sem notar o drama ali, mas Adrian, ao menos, notou. Então, quando Lissa se jogou nos meus braços, eu a abracei, tentando esconder o quão embaraçada eu estava. E olhando por cima do ombro da minha melhor amiga, eu podia ver o olhar de ódio que Avery Lazar mandou para mim.

Diabos, tudo o que eu precisava era de uma nova inimiga.