Eu me espreguicei na cama, sentindo meu corpo leve e relaxado. Eu me sentia bem...

– Bom dia. – uma voz soou. Sua voz para ser mais exata. Eu sorri preguiçosamente, abrindo meus olhos e vendo-o.

– Bom dia – murmurei. Dimitri me encarou com aqueles grandes olhos escuros e cheios de ternura, e por aquele momento, me perguntei se algum dia tudo aquilo poderia ser ainda mais perfeito. – O que faz aí tão quietinho...?!

– Estava observando você dormir... – ele murmurou de volta, naquela voz grave e baixa que me fazia ter arrepios. Eu senti meu sorriso preguiçoso aumentar, à medida que seus dedos deslizavam pela curva do meu quadril, me mandando um arrepio gostoso.

Eu me estiquei na cama, agarrando seu pescoço com meus braços, o puxando mais para mim, enquanto eu desfrutava de suas mãos no meu corpo, e o beijava faminta. Sentindo todo o meu corpo incendiar novamente. Foi exatamente naquele instante, enquanto eu sentia minha felicidade transbordar, que a voz de Lissa soou na minha mente;

“Estou na biblioteca, preciso te ver!”

Eu soltei um gemido frustrado, enquanto ainda o beijava Dimitri, com toda aquela intensidade.

– O que foi? – sussurrou, ao meu ouvido, eu senti meus pelos se eriçarem.

– Lissa... – gemi, ainda acariciando seus cabelos, seu rosto acima de mim. – Ela está na biblioteca...

Dimitri suspirou, se sentando na cama. Eu também o fiz em seguida, acariciando seu rosto com a ponta dos meus dedos, ele sorriu de forma terna, então tão logo, me levantei.

– Quanto tempo ainda temos? – ele perguntou, enquanto eu caminhava até o banheiro. Eu olhei por cima do ombro, lançando-lhe meu sorriso comedor de homens, ele também sorriu em resposta, me fazendo vacilar.

– Algum tempo... – antes que eu pudesse argumentar mais alguma coisa, ele estava de pé, dando longos passos atrás de mim.

~Vʎ~

Nós havíamos argumentado que não contaríamos a Lissa, enquanto nos vestíamos. Ela não precisava saber... Pelo menos, não agora, que Dimitri e eu estávamos... Tecnicamente, juntos. Eu sabia que aquilo não repercutiria muito bem sobre ele. E longe de mim, eu iria querer destruir a vida dele...

Então, eu saí primeiro, me sentindo flutuar, enquanto avançava pela Corte, até o prédio onde se encontrava a biblioteca. Paredes ornamentadas de um vermelho profundo, misturado com alguma cor que me lembrava caramelo.

Não foi difícil encontrar Lissa. Não por causa da nossa ligação, mas porque ela discutia com alguém. Ou mais precisamente, Avery Lazar.

Avery hoje usava um vestido que dava para Christian e Adrian verem até mesmo seu útero, se quisessem... Já que estavam sentados no chão, num canto mais afastado. Não que Christian estivesse olhando, obviamente... Mas cara, possa ter certeza, Adrian estava. E em algum momento, me perguntei se ele não adoraria ser um usuário de ar, para poder levantar o pouco tecido do vestido dela.

Eu me arrastei até Lissa, ficando ao seu lado, usando minha máscara de durona, enquanto as duas me notavam.

– Algum problema aqui? – exigi, cruzando meus braços sobre o peito. Cara, eu estava pronta para avançar em Avery. – Porque você não volta para a sala de alimentação?!

– Avery soou, e eu senti meu corpo responder, enquanto eu cerrava meus punhos. – Mas, wow, você provavelmente estava servindo em algum quarto, com algum Moroi.

Eu senti Lissa tensa ao meu lado.

– Obviamente não. Já que o cargo de vádia fica melhor com você. – eu sorri sínica. Eu sabia que Lissa estava tentando mandar ondas calmas pelo nosso laço, e eu estava à instantes de mandá-la parar.

– Disse a meretriz de sangue... – rebateu, e aquilo foi um átimo para eu avançar sobre ela, sentindo meu punho chocando contra seu rosto bonito. Um som de crack soou, horrível, enquanto eu via o sangue jorrar de seu nariz. E infernos! O que eu havia acabado de fazer?!

E logo, tudo se passou num espaço de segundos, enquanto eu estava imóvel, vendo o que eu tinha acabado de fazer.

Avery Lazar estava no chão, com uma mão segurando seu nariz ensanguentado, e Lissa estava ao seu lado, pedindo por ajuda. Então eu senti uma mão me puxar para longe, enquanto alguns outros Morois corriam até Liss e Avery. Eu não prestei muita atenção em quem havia me puxado para longe. Eu estava em êxtase, pensando em como eu poderia ter feito aquilo.

– O que pensa que estava fazendo?! – uma voz explodiu, eu me virei para ver ninguém mais que Janine. Eu pisquei, me sentindo ainda atordoada e cheia de uma ânsia de vômito. – Você é estúpida! Você agrediu um Moroi! Você agrediu um...

Eu senti meu corpo tremer violentamente.

– Rose! – a outra voz chamou. Então eu senti braços ao meu redor, me puxando para longe de uma Janine enfurecida. Eu levantei meu rosto para ver Adrian, me puxando para longe dali.

– Oh, meu Deus... O que eu fiz... – eu consegui balbuciar, quando saímos do prédio, o vento fresco contra meu rosto fez eu me sentir melhor.

– Você socou Avery. – ele disse, eu me virei para olhar para Adrian novamente. Ele ainda segurava meu braço, como se eu fosse cair a qualquer momento, e talvez, eu fosse. Eu não mais costumava fazer esse tipo de coisa... Exceto na minha adolescência, onde eu era imprudente e até mesmo, selvagem, confesso... Mas eu não tinha mais idade para aquilo... E, agora... Bem, eu havia socado Avery. Não que ela não merecesse. – E foi um belo soco...

– Deus, sou uma selvagem! – resmunguei, me sentindo péssima.

– Não... Você defendeu Lissa e à você. Eu não teria feito diferente. – ele sorriu preguiçosamente, me fazendo ter certeza de que ele mentia.

– Não seja um mentiroso... Você provavelmente nunca brigou na vida. – eu disse, me sentindo melhor.

– Verdade – ele concordou – eu tenho um rosto muito bonito para danificá-lo com um soco. Não que eu não saiba brigar, se necessário.

Eu me peguei sorrindo, enquanto me firmava no chão. Diabos, eu estava a ponto de explodir...

– Você deveria ter mais cuidado, vai que algum dia desses eu acabo acertando o seu belo rosto?! – eu sorri, sínica. Adrian apenas me deu um daqueles seus sorrisos que mostravam o quão arrogante e canalha ele conseguia ser. – Eu estou realmente fodida, uh?

Seus olhos se alargaram, talvez por eu ter xingado. Então, ele voltou a sorrir, algo gentil, vindo de Adrian Ivashkov.

– Sim. – ele concordou, seu sorriso se tornando amargo. – Mas você não é uma guardiã...

– Rose! – alguém chamou, interrompendo o seu provável discurso de como eu estaria fodida. Era Lissa, e ela correu até mim, me puxando em um abraço. Eu me senti protegida. Lissa era maior do que eu, como todas as Moroi evidentemente eram. Ela parecia um anjo. Um anjo da guarda. – Oh, Deus, como você está?!

– Meu punho vai melhorar... – eu tentei fazer piada, enquanto ela segurava meus ombros, me encarando. – Eu estou falando sério. Deus, Rose... Avery pode acabar com você. Ela... Quero dizer... Você acabou com o nariz dela, e muito provavelmente, ela vá precisar de uma cirurgia... Mas... Você. Eu quero saber de você! Você está bem? Porque você fez aquilo?

– Ela estava te incomodando. – eu disse de forma obvia. Adrian sorriu atrás de nós, acendendo um cigarro.

– Não. Ela... Bem, ela estava... Mas você poderia ter causado um dano pior. E além de poder prejudicar você.

– Eu não sou uma guardiã, Liss. – dei de ombros, de forma desconfortável. Ela sorriu, daquela forma terna e ao mesmo tempo, triste. – Não tem com o que se preocupar. E além do mais... Se eu for presa, temos dois usuários de Espírito, e um de fogo. Vamos dar um bom jeito numa fuga.

– Ainda assim, é errado. Deus, eu não sei o que dizer...

– Então não diga. Eu vou ficar bem. E aquela vádia, infelizmente, também. Além do mais, eu queria fazer aquilo há muito tempo. – Lissa balançou sua cabeça, exasperada, e logo me puxou em um outro abraço.

– Bem, então vamos entrar... Não há mais nada que possa ser feito, e Avery já está no hospital... – a voz irritante de Christian Ozera soou, nos viramos para vê-lo de braços cruzados, como uma criança deixada de fora de um segredo. Eu sorri para ele. Agradecida, por... Por enquanto, as piadas não começarem.