Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 25
Capítulo 25




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Nos dutos.


                Derris atravessou apressadamente a sala do Apotecário e juntou tudo aquilo que poderia usar. Foi surpreendido pelo seu aprendiz, Grimsworth, punhal na mão e um vidro cheio de substância gelatinosa.

 - Não irá mais se meter nos desígnios de nosso Magnânimo Putress!! – e o atacou sem titubear.

 - E ninguém acreditava quando eu dizia que esse cara era um traidor imbecil esqueleto inútil... – Derris o afastou com uma joelhada nos ossos expostos das costelas. O Abandonado traidor caiu de lado e logo se levantou com mais raiva.

 - Todo poder à Legião Flamejante!! - os dois se engalfinharam por uns minutos até o vidro estourar no peito de Derris e em parte do rosto do aprendiz. Com um golpe veloz, o feiticeiro arrancou a cabeça do aprendiz e o afastou de si. O liquido despejado em suas vestes era frio e irritante. Ele tentou retirar o excesso com as mãos. Uma Abominação veio apressada para atacá-lo, mas com sua dominação o Mestre Derris controlou facilmente a criatura. Apressou-se a subir as escadas e controlar outras Abominações que passaram pelo seu caminho, ao total quatro, uma delas em um estado deplorável de feridas e sem um dos braços. Muitos se juntaram a ele, enquanto as pontes para o Royal Quarter eram atacadas por dezenas de demônios menores e dreadlords lacaios de Varimathras.

 - Tinha um maluco lá atrás dizendo que a Legião Flamejante deveria ter todo o poder. Procede a informação? – perguntou Derris ao se unir a Sylvanas no círculo de convocação.

 - Sylvos, eu não estou com humor para...! – o irmão-gêmeo abaixou a cabeça da irmã com força, pois um raio mortífero vindo de Varimathras quase a atingiu em cheio.

 - De nada, não há de quê, sempre as ordens... – a levantando rapidamente. O olhar avermelhado de Sylvanas estava cheio de emoções diferentes. – Educação foi algo que nossos pais sempre ensinaram muito bem... – e mudando de tom – Avante meus guerreiros!! – ele gritou acima do barulho e ruído. As Abominações investiram contra o imenso dreadlord nomeado de Khalok, o Impassível.

- Vamos ver se esse bicho é realmente Impassível... – ria Warchief Thrall conjurando um redemoinho para desestabilizar a criatura infernal. O grito de banshee de Sylvanas incomodou muitos ali, mas atingiu os dutos como uma flecha ao sabor do vento.


 - Dama Sombria!! – todos os Abandonados exclamaram ao mesmo tempo quando ouviram o grito vindo de Sylvanas Windrunner. Imladris acordou no mesmo instante em um sobressalto e uma sensação de urgência.

 - Quanto tempo fiquei apagada? – ela perguntou se levantando e percebendo no quanto seu corpo tremia. Aquilo sim era estranho. A febre não baixara, a sensação de seu peito estar sendo esmagado aos poucos, a dor ao engolir saliva.

 - Pouco tempo, no máximo 10 minutos, menina Imladris... – disse a translúcida Aelthalyste.

 - Reunião!! – exclamou Lankaster. Os Abandonados do duto se juntaram para confabular. – Quero espiões por toda parte. Reportem a situação a cada quarto de hora, entendido? – muitos concordaram, aqueles que estavam em condições para lutar pela sua cidade.

 - Aonde foi o maldito Brightcaller?! – resmungou um Abandonado participante do Deathstalkers. – Disse que voltaria com notícias.

 - Estamos encurralados e uma guerra debaixo de nossos pés. – disse outro.

 - Eu me voluntário para um grupo ativo. – disse Imladris com dificuldade. Aelthalyste apontou para seu rosto.

 - Se não fosse minha única aprendiz por tantos anos, eu tiraria seu coração pela boca por pensar em tal besteira!

 - M-mas! – a clériga exclamou querendo protestar.

 - Somos minoria e você não tem poder para curar os mortos.

 - Apenas os Apotecários poderiam fazer isso... – um deles pontuou indicando os corpos dilacerados e as massas disformes atrás deles.

 - Esqueça esses pulhas! – exclamou Lazarus exaltado. – Grupos de 3 ou 4 no máximo. Sabem os finais dos dutos Oeste não? – o grupo apontado concordou. – Quero pelo menos dois guerreiros na frente, um maldito conjurador atrás e se houver algum ladino...

 - Nenhum!

 - Hey! Tem aquela vermezinha lá no Apotecário enjaulada! – Immie olhou assustada para o Abandonado que falou isso. – Tem uma humana paspalha como cobaia lá embaixo. Pelo que me disseram a porcariazinha era punguista. – a clériga começou um acesso de tosse e se afastou do grupo. Aelthalyste foi até ela.

 - Tenho uma tarefa a te dar, Imladris...

 - S-sim Mestre... Eu aceito.

 - Não é assim, menina! Deixe-me falar e te dar as condições. Você aceita ou não.

 - Mas qualquer tarefa que a senhora me der, eu aceito sem questionar!

 - Isso é sobre sua vida daqui pra diante, Imladris. Eu a criei como pude, como me lembrava quando estava viva, mas chega uma hora em que os pais precisam deixar os filhotes saírem do ninho.

 - M-mas, mas!

 - Escute aqui menina. Vá até lá embaixo e proteja a nossa Rainha a qualquer custo. Mate, esfole, destrua se for preciso. Mas se sua índole não aprovar essa tarefa, abandone-a e fuja. É tudo que peço!

 - Mas eu não estaria sendo leal a nossa Dama Sombria!!

 - Querida... – a banshee tentou tocar o rosto pálido de Immie, mas sua mão atravessou a pele. – Ouça essa morta-viva aqui... Eu odiaria ter que aceitá-la de volta como um esqueleto adorável. – Imladris sentiu o peito estrangular o ar em seus pulmões e nem a tosse quis sair. Ela se curvou e tentou expelir o muco que assomava sua garganta e nariz. Virou-se instintivamente e expeliu sangue e saliva amarga na entrada do túnel para os dutos. Algo translúcido passou pelo seu corpo e deixou as pulseiras em formato de espinhos nas mãos da clériga doente. – Presentes de casamento, querida...

 - Ahn...? – questionou Immie com os olhos fundos. Os Farstriders entravam por um corredor carregando Andrus.

 - Ah! Viemos em paz!! – disse o primeiro que vinha na fila. Era Lethvalin, guardião de Tranquillien. Imladris olhou para o ladino Andrus e seu estado de saúde.

 - O que aconteceu com ele? – indo até o ladino e levantando sua cabeça. Ele ofegava pesadamente.

 - Ahn... bem... a... irmã dele explodiu as cordas vocais dele... Acho... – disse outro Farstrider mais velho e amigo de muito tempo de Andrus. Imladris tossiu discretamente e verificou a lesão pedindo para Andrus abrir a boca. Ele obedeceu com certa relutância.

 - Tentarei consertar. Não dou garantias e não aceito devoluções. – disse Imladris com a cara séria. Colocou ambas as mãos sob o pescoço do elfo do sangue e com uma palavra de encanto produziu uma onda de calor e luz opaca sobre o ferimento interno. Andrus tossiu um pouco e pigarreou várias vezes. Ele logo foi recuperando a cor do rosto e se erguendo sofregamente dos braços dos amigos.

 - Obrigado... – ele sussurrou com sofrimento.

 - Senhor, chegaram até a Sala do Trono. A batalha está intensa por lá.

 - Reporte ao reforço que virá pelas Ruínas. Avise ao Cavaleiro da Aliança que a hora dele chegou.

 - Cavaleiro da Aliança? – Imladris perguntou sentindo um calorzinho subir pelo seu estômago.

 - O ex-paladino da Luz. Aquele lá resolveu seguir um plano absurdo de invadir as ruínas primeiro caso não conseguíssemos descer.

 - Oxkhar está aqui...?! – um sorriso bobo apareceu nos lábios da clériga e ela se esqueceu por um momento das dores no corpo e se concentrou na sensação boa que era de saber que Oxkhar estava ali para ajudá-los.

 - Precisamos descer pelo Apotecário. – sussurrou Andrus tateando as paredes limosas do túnel. Ao encontrar os Abandonados em grupo, muitos o olharam com surpresa e cochicharam.

 - Andrus Pernas-de-Aranha está aqui...

 - Ele veio mesmo...

 - Ele não nos deixou...

 - Não autorizei nenhum maldito elfo do sangue a entrar pelos fundos! – exclamou Lazarus. – Com todo perdão da palavra, Immie...

 - Tudo bem, Mestre Lazarus... – ela sorriu com o deslize do velho padre. Verificou cada Farstrider que viera pelo túnel e curou os ferimentos superficiais que eles sofreram ao passaram pelo Lago.

 - Esse lugar fede. – disse Lethvalin. Todos viraram para ele. – Desculpe-me. Ghostlands não costuma ser assim... – Imladris o olhou contrariada e soltou uma bufada impaciente.

 - Vamos logo antes que a parte engraçada acabe. – ela disse liderando o grupo de Farstriders armados.


Sala do Trono.

 - Bem vinda ao seu futuro menina esperta! Ou pelo menos o resto que ainda lhe sobra! – a gargalhada de Varimathras fez tremer os escombros que se espalhavam pela Sala do Trono. A única coisa que permanecia de pé ali era o velho trono de madeira sólida de Sylvanas no centro da Sala.

 - Pelo que fez a minha linda cidade, você vai pagar bem caro, Varimathras... – a Rainha Banshee vociferou atirando flechas que ricocheteavam no peitoral do dreadlord traidor. – A única redenção para os traidores responsáveis por essa bagunça será uma morte lenta e agonizante.

 - Odeio quando ela começa os discursos... – resmungou Derris, mas foi interrompido ao ter um dos braços arrancados com violência. – Hey! Esse era o meu braço favorito!

 - Meu mestre irá me recompensar por limpar essa cidade dessa escória imunda que você chama de Abandonados!!

 - Odeio discursos grandiosos de chefões do Submundo... – resmungou Derris recebendo um golpe rude e sendo separado de Sylvanas na batalha.

 - É tudo que tem demônio desprezível? – exclamou o Warchief Thrall apontando um dedo acusador para Varimathras. – Não sobrou muita coisa para jogar contra nós? – uma multidão de demônios menores escapou do vortex conjurado atrás de Varimathras. Dezenas de homens-bode cobertos de sangue fresco e armados com grandes foices enferrujadas desceram as escadarias do Trono e caíram com ferocidade em cima dos combatentes. Muita confusão e gritos de horror inundaram a sala antes tão quieta.

 - Homens-bode?! Isso quer dizer que alguém aqui andou assinando contrato com o pessoal da Legião... – comentava Derris protegendo a irmã dos ataques mais poderosos de magia negra deixando sua guarda baixar e concentrando em uma aura protetora ao redor dela – Foi você Sylvanas?

 - CLARO QUE NÃO!! – gritou Sylvanas se virando graciosamente e atingindo um demônio com metade do corpo em forma de bode. A flecha não só ultrapassou seu crânio como atingiu o soldado dreadlord que vinha atrás. Sylvos chiou em apreciação.

 - E eu achando que você estava enferrujada...

 - Você ainda subestima os meus poderes, Sylvos...? – sorriu a Dama Sombria ajeitando os cabelos para trás e se concentrando em ativar as lâminas flamejantes de suas cimitarras.

 - Bem, pelo menos a sua inteligência sim. Um dreadlord debaixo de seu nariz e nem percebeu que ele planejava um holocausto na sua casa?

 - E sua casa também, caso não saiba. – Sylvanas cortou a garganta de muitos que saíam do portal negro que Varimathras mantinha sob vigilância.

 - Quem disse que aqui é minha casa? – Sylvanas o olhou torto. – Aqui é meu túmulo querida irmã. Você deveria saber disso desde o começo...

 - Meus irmãos têm fome. Suas almas servirão de um belo aperitivo! – Warchief Thrall urrou de fúria e atacou parte da hoste que se entulhava em cima de seus melhores guerreiros.

 - Pela Horda!! – ele gritou fazendo homens-bode voarem com a potência de seus golpes. – Pelo sangue derramado de Saurfang!! – Sylvanas desviou de alguns mortos e tencionou o punho para trazê-los de volta como seus servos, mas reparou que seu Bastão de Domínio desaparecera de sua cintura. Mas estava ali há um minuto atrás! Acuada pela quantidade de inimigos e a fúria presente de Thrall o impedindo de pensar direito, ela recuou até onde Sylvos estava para planejar algo eficiente e rápido.

 - Alguém roubou o seu bastão... – disse Sylvos. Ela concordou com o pensamento voando para fora da Sala do Trono. Alguém deveria recuperar o artefato antes que fosse tarde demais. Antes que fosse tarde demais para ela poder fazer coisa alguma. – Alguma idéia melhor?

 - E-eu não sei...!! – ela murmurou com raiva, abaixando a cabeça de Sylvos e atirando uma flecha flamejante em um homem-bode que se aproximava perigosamente. Varimathras abriu as asas membranosas lilases e saltou alguns metros do chão produzindo uma onda de energia maléfica que derrubou a maioria dos combatentes, inclusive suas hostes demoníacas.

 - A minha vingança foi alimentada por muito tempo pela sua negligência, Windrunner... – o dreadlord deu dois passos para frente e pisoteou guerreiros Abandonados que lutavam bravamente. Com um gesto grandioso para o teto ele drenou a energia do portal atrás e concentrou uma chama negra nos punhos. – E agora irei fazê-la sentir o mesmo que senti ao ser obrigado a matar meu irmão...

 - Sylvos!! – ela se virou imediatamente sentindo a mesma agonia quando certa vez no passado abriu o pacote que os Farstriders trouxeram do Monastério Escarlate com o corpo decepado de seu irmão embalado em sangue. Sylvos não desviou da magia.

 - O traidor de sua confiança, na verdade era eu... – a bola de energia o atingiu em cheio e em poucos segundos seu corpo decrépito foi incinerado a uma carcaça carbonizada. Sylvanas observou os segundos em câmera lenta, remoendo a fala do irmão. Traidor. Era Sylvos, não Putress, nem Varimathras. Os dois eram conseqüências, não a causa. Mas por que ele falara aquilo? Desde quando Sylvos a desobedecia? O grito dado por ela fez muitos se retorcerem de agonia e terem tímpanos estourados.

 - Agora sim estamos falando a mesma língua... – comentou Varimathras descendo do elevado do Trono e golpeando Sylvanas com seu chicote energizado.



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