Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 24
Capítulo 24 - Início do Segundo Ato


Notas iniciais do capítulo

Aqui começa o episódio de Battle for the Undercity.
Para mais informações, visite:
http://www.wowwiki.com/Quest:The_Battle_For_The_Undercity_%28Horde%29



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Nos arredores de Tirisfal Glades.

                A luz do Sol fazia as armaduras dos Paladinos da Ordem da Luz e os soldados de elite de Stormwind ofuscarem a visão de muitos batedores orc que estavam ali espreitando. Oxkhar era um deles, em sua roupa camuflada, sujo no rosto e segurando uma espada curta. Em suas costas, o antigo escudo da Ordem continuava como uma lembrança não muito boa de se recordar. Por tanto tempo largado ao mundo e depois acolhido pelo Batalhão Especial de Orgrimmar e pelos Farstriders o fizeram mudar de opinião sobre diversas coisas. Religião era uma delas. Oxkhar seguia a Luz com tanto afinco e fervor que se esquecia diariamente de algumas coisinhas básicas na vida de um paladino renomado. Só o fato de estar apaixonado pelo lado inimigo o fazia ter a clara impressão de como seu Rei Varian encararia a notícia. E lá estava ele, mais imponente do que na última vez que o viu. Que indagou palavra com ele. Que recebeu um belo soco no estômago e jogado as ruas de Stormwind por perguntar pelo pai adoecido esquecido propositalmente em um vilarejo de monstros e bestas.

                Monstros eram eles ali na frente mostrando todo o metal e estilo que tinham. Um batedor orc o cutucou devagar.

 - Hey Ox... Acha que consegue puxar conversa com teu Rei?

 - Ele não é meu rei, Ylien. Thrall é meu líder e os Farstriders meu grupo.

 - Precisamos de distração. Warchief explicou como as coisas na cidade fantasma estão desagradáveis... – um outro batedor cutucou os dois e apontou para o céu.

 - É o nosso chamado.

 - Definitivamente... – disse um feiticeiro Abandonado se erguendo atrás deles. Era Derris do Apotecário, elevando sua magia obscura e ofuscando o acampamento da Aliança ali perto com uma densa nuvem negra e espessa. – Isso vai os segurar até aquela menina Proudmoore fazer alguma coisa. – o som distante de um Zeppelin arranhou os ventos, os batedores saíram correndo pela estradinha que ia até a entrada de Undercity. Todos munidos com armamento pesado e letal. Oxkhar virou o escudo rasurado com sua faca de pesca (Agora havia um enorme símbolo da Horda talhado no metal da superfície e a camada da pintura descascada era vermelha e preta.).

 - Emboscada!! – gritou alguém lá do acampamento. Oxkhar parou na corrida e imediatamente se colocou entre a parte da estradinha aonde provavelmente a tropa da Aliança chegaria cedo ou tarde. Derris o puxou pelo colarinho da armadura de couro batido.

 - Nada disso, paladino valentão. Você vai comigo para baixo. Sua irmã está lá, lembra?

 - Mas!! – Oxkhar se virou novamente e aprontou o escudo.

 - Você continua o mesmo idiota de sempre... – usando um poder mental para tirá-lo do lugar e jogá-lo em direção dos soldados de Orgrimmar. – Agora aprende a ser homem, moleque!!


Caverns of Time no mesmo instante.

 (Foco em primeira pessoa de Hrodi em sua visita em Caverns of Time)

Caminhar até aqui foi como se eu estivesse em um sonho muito bom. As gaivotas da costa, a brisa do Mar, a terra fofa que acompanha os meus pés. Nunca pensei que as terras de Lordaeron fossem assim. Sempre as tive como um lugar amaldiçoado pela Praga e Morte. Nada mais parece ter tocado esse canto, apenas a brisa e as gaivotas.

                Maeline sempre me falava de lugares assim, onde nós poderíamos passar o resto de nossas vidas sossegados, cuidando de nossos filhos e apenas nos importando com a comida do dia. Sinto que já estou cansado demais para subidas. O portão da casa é simples, não há grades, apenas um portão encrustado na madeira ricamente enfeitada. A travessia é com pedrinhas brancas que são macias aos nossos passos, não incomodam, são feitas para confortar aqueles que chegam a casa, nõa edifício. O Windrunner Spire é uma bela construção élfica que se destaca no horizonte.

                Torres espiraladas e andares abaixo do penhasco que sustenta a casa maior. Como será que conseguem ser tão engenhosos ao incrustrar rocha a madeira? Elfos e seus segredos e pelo que a velha na caverna me disse, a minha missão é descobrir mais um.

                Caminho mais um pouco e alcanço a porta principal. A casa está vazia, estão todos dormindo. O fogo das tochas é brando e aquece o ambiente. Mágica. Está repleta em toda extensão da casa. Na sala maior, uma enorme estante de invejar os bibliotecários de Goldshire. Há livros espalhados no chão, uma fralda de pano, dois brinquedos de madeira. Um chocalho colorido. Sim, eu sei que você está aqui Sorena...

                Continuo minha investigação, vou ao terraço após a sala de entrada. Há rampas para cima - baixo - direita - esquerda. Qual escolho? Não preciso de muito, ali mesmo a minha frente há a resposta. Ir a lugar nenhum. Lá está ele, segurando um embrulho envolto em cobertores de fina estampa, cores vivas nesta noite que não existe no presente, mas se molda a partir do passado. Ele conversa com o embrulho, em uma lingua que desconheço, mas que aprecio desde muito tempo. Sempre tive curiosidade quanto os costumes dos elfos de Lordaeron. Parece que saberei mais que duvidava. O velhote que me impulsionou a essa aventura, se é que posso chamar de aventura. Ficar sentado nessa taverna torta no meio de uma caverna mirabolante não parece o cenário mais suscetível para uma aventura. Talvez Sorena estivesse com razão, estou ficando velho demais para ser o paladino que eu era. Não que ela tenha dito isso, mas por ver que a criança que abriguei em meu colo e deu de comer durante anos virou uma poderosa feiticeira volúvel e sem disciplina. Talvez eu tenha dado poucas palmadas nela quando necessitava. Talvez eu nem devesse ter a deixado tanto sozinha quando era nova. Tem tantas coisas que eu gostaria de desfazer! Mas o senhor ao meu lado, aqui nessa turva taverna torta me explica que o passado não pode ser desfeito, mas o futuro pode ser construído. Eu concordo como posso, já que estou do outro lado da visão do velhote. Estou aonde ele quer que eu esteja. Ali mesmo em algum lugar do Windrunner Spire, visitando uma lembrança como se fosse realidade.

                Alguém chega a passos imperceptíveis, atravessa a sala de entrada e quase tropeça em minha pessoa translúcida. O que me deve respostas vira imediatamente e cobre bem a cabecinha que aparece no embrulho. Os cabelos ralos e ruivos me fazem sorrir, são os mesmos que eu algum dia achei nas águas do rio atrás de minha humilde taverna.

                Uma discussão se segue, a língua é difícil de se compreender. Ele sibila como se estivesse contrariado, ela o acalma com gestos suaves das mãos, carinhos no rosto rechonchudo de minha Sorena, o silêncio toma conta. Um arroto. Os dois riem ao mesmo tempo. São gêmeos. Percebe-se pelo mesmo tamanho e porte, os mesmos cabelos prateados, os mesmos olhos azulados e os traços faciais. Ele é como uma cópia fiel dela e vice-versa. Mas diferem nas maneiras. Ele veste um grosso manto que cobre um macacão de obras, ela está de uniforme de algum exercito. A roupa é preta e o capuz que ela joga para trás é igualmente escuro. Ela é uma guerreira, ele um trabalhador braçal. Incrível como até no tom das vozes os dois são parecidos. Outro arroto, seguido por secreção branca e amarelada que escorre da boquinha da pequena. Sorena sempre foi sensível a leite. Ela nunca aceitava o leite de vaca que dávamos, nem o das amas que Karin chamou. Descobrimos bem tarde o quanto ela se sentia mal em tomar leite de qualquer espécie, e queijo. Ela odiava queijo.

                Os dois concordam em algo, ela estende as mãos finas e pega a minha menininha com cuidado. Após estar bem confortável em seu colo, ela limpa a sujeira com a fralda de pano que ele deixou. Ela parece gostar de limpar a sujeira, porque sorri bobamente para que a menininha fique concentrada em seu rosto. Sorena não tinha olhos verdes...? Os dela são de cor de mel, ou âmbar lapidado nesse pedaço de memória.

                Ela diz alguma coisa, Sorena responde com um resmungo de sempre, aquele que ela dava quando não se sentia segura no colo de alguém. Ela tenta manter a pequena bem quietinha, aconchega o corpinho no embrulho em seus braços e encosta a cabecinha em seu ombro. A pequena ainda resmunga, mas parece gostar do carinho que recebe nas costas. Era assim que a acalmávamos em casa quando ela não dormia. Oxkhar costumava dar palmadinhas leves no bumbum para que ela sentisse que estava andando (Caminhar com ela no colo era como um copo de sonífero para ela.).

                Alguns minutos se passam e nada do outro voltar. E parece que a moça elfa tão graciosa em seus movimentos gosta do silêncio e da companhia. Com alguns carinhos e uma bela canção nos lábios ela acalma Sorena até o sono. Eu vejo que não é só zelo familiar, é algo mais. Ela é como uma mãe experiente que sabe o que os filhos sentem antes mesmo de reclamarem. Minha pequena parece que se mexe demais um tempinho depois, uma mãozinha alcança a bochecha pálida da mais velha e a puxa de leve. Ela a olha bem nos olhos e faz uma cara de irritação, a pequena sorri sem dentes e depois solta um ruído de animação. É a vez da mais velha rir junto.

                Ela conversa com a pequena, aproxima bem seu rosto do dela, aponta para o horizonte e continua a falar palavras que desconheço. O discurso termina com um aperto de dedo indicador e mãozinha gorducha. As duas parecem concordarem uma com a outra, seja lá qual foi o acordo.

                Alguém se aproxima e vai direto para Sorena, braços abertos, tirando o bebê dos braços da mais velha. É a mãe zelosa. A mãe recém-desperta que não vê a filha ao seu lado. Nunca entendi porque Maeline ficava brava quando eu tirava Oxkhar de perto para que ela pudesse dormir tranqüila enquanto eu cuidava dele. Agora entendo o porquê. Não há nada pior no mundo que ser privado do calor de seu filho.

 - Agora entende porque tudo se tornou tão amarrado ao destino? - diz uma voz atrás de mim. Estou na mesma cadeira onde repousei meu corpo. A taverna de teto torto e com móveis tortos me lembram onde estou. As Cavernas do Tempo, onde todo herói gostaria de estar. Onde as coisas do passado são presente e futuro. O tempo não importa, mas é o mais importante aqui.

 - Ahn... - eu gemo de tontura. Tudo parece estar rodando ao meu redor. O elfo me ajuda com um cálice de elixir perfumado.

 - Você sabe que essas visões, caro Hrodi...

 - Fazem parte da missão, eu sei...

 - Não, meu senhor. Faz parte do futuro. - o elfo endireita meus ombros e examina minhas pálpebras. - Você ouviu bem o que conversaram?

 - Ahn... creio que não... Não sou bom com o thalassiano quanto esperava... - eu admito surpreso por todos os músculos de meu corpo estarem em frangalhos e doloridos.

 - Sylvanas prometeu algo para Sorena... - diz o elfo velhaco. Sua barba está para fazer e eu já o avisei sobre isso. Ele anda em círculos agora. - Disse que algum dia o Sol e o Mar tremeriam ao ouvir os seus nomes em Azeroth...

 - Acho que isso não é uma coisa para se falar a uma criança de colo... - eu gracejo e é claro que o velhaco não gosta.

 - Ela prometeu que protegeria os Windrunner, mas que Sorena deveria também manter o código...

 - Que código...?

 - Daqueles malditos Farstriders!! - e o velhaco está realmente irritado. - "Manter o Código.", "Proteger o Orgulho Élfico.", vê se pode?

 - Eles apenas faziam o que necessitavam para proteger seu povo, Theridion. - eu tento explicar. - Fazemos votos como esse o tempo todo...

 - Você não entende humano... Sylvanas era ambiciosa, pretendia mais que "manter o código"...

 - Pelo que eu saiba, ela manteve a ameaça do Rei Lich bem longe de sua cidade.

 - Mas não da sua.

 - Acho que não era o dever dela... - nos encaramos, sabemos que estamos velhos e gagás demais para compararmos as nossas opiniões. - O que quer me dizer com isso?

 - Sylvanas planejara tudo antes mesmo de morrer pelas mãos do Rei Lich. Esse evento mostra a ação que repercutiu no nosso presente.

 - Ou talvez ela só estivesse ali falando qualquer coisa com a sobrinha...

 - Sylvanas sabia bem o que fazia!

 - Pela Luz que nos ilumina, velhote! - eu grito irritado com aquele teimoso. - Uma tia não pode demonstrar o quanto ama a sobrinha?


Corte do Sol – Silvermoon.

                Em alguma fonte perto da Corte do Sol, casa dos líderes de Silvermoon, Sorena rodava para lá e para cá. Um guarda atento a movimentação agitada da menina, já avisara ao avô, mas Theridion não estava. Uma comoção de guardas estava bem ali perto, subindo a rampa para o prédio e ela quis ouvir mais do que deveria.

 - Estou te dizendo! O desgraçado do Apotecário jogou aquela coisa em nós! Se eu não estivesse debaixo da aura, teria derretido!

 - É tão ruim assim?

 - Mas que droga, não podemos ir assim...

 - Precisamos de um ladino...

 - Andrus está de cama, não tem jeito.

 - Só ele sabe entrar lá, oras!

 - Vocês acham que a Aliança vai se meter?

 - Chama o Andrus.

 - Ele está mal!

 - Ele é o único...

 - Eu sei entrar lá... – disse Sorena se colocando na frente dos Farstriders e subindo a rampa sozinha.

 - Escuta aqui pirralha, não temos tempo para... – todos se calaram ao ver que Halduron Brightwing estava ali discutindo a mesma situação com Lor’themar.

 - Minha última palavra é “não”! – gritava o regente de Quel’Thalas. – Vocês são a força mais eficiente de nossos exércitos! Não irei mandá-los para a morte lá com aqueles... aqueles... amaldiçoados!

 - Pode falar o que quiser, meu líder, mas nada irá nos impedir de irmos ao encontro de nosso dever.

 - Sylvanas não é sua líder!! Ela não dita mais ordens aqui dentro!! – Lor’themar puxou o líder dos Farstriders pela camiseta. – Eu sou o seu líder, você me obedece está entendendo Halduron?! – Sorena passou pelos dois sem nem cumprimentá-los e se encaminhou com os outros Farstriders para o Orbe de Teleportação para Undercity. – Como ousam?!

 - O emprego era dela, você ganhou uma promoção quando ela morreu. Contente-se com isso... – disse a elfa apenas e puxando uma Soulshard do bolso, expeliu um Voidwalker que logo a protegeu com sua aura. Dois Farstriders carregavam Andrus pelos ombros. O ladino estava ainda debilitado, mas conseguia andar. – Tio, você tá melhor? – o ladino consentiu com os olhos esverdeados decididos. Ele foi o primeiro a tocar o orbe com a ajuda da sobrinha.


Quadra da Guerra nos dutos acima.

 - Estamos arruinados...

 - Novidade...

 - Não brinque numa hora dessas Lazarus! – sussurrou Aelthalyste - Imladris! Concentração! – a elfa clériga estava em estado de choque após ver o que acontecera na sala do Trono. Era como se alguém houvesse a afogado em um tanque de ácido fervendo. E o pior, sair dali correndo como uma covarde e sem poder ajudar os que eram os seus amigos, seus familiares, seu povo. Não sabia se pensava nas possibilidades de sua Rainha estar debilitada pelo barril venenoso que o majordomo Varimathras mandou soltar no lugar, se o próprio Varimathras não havia enlouquecido (E se sim, por quê? Havia alguma razão para enlouquecer? Servir a Dama Sombria de tão perto era o sonho de muitos! Por que traição? Por que destruir aquela que livrou todos do Flagelo? Por quê?!), se todos haviam enlouquecido, se ela mesma ali não estava tendo o cérebro derretido por toda a batalha que acontecia lá embaixo. E pela Luz! Estava escondida em um duto enquanto sua cidade estava sendo devastada!

 - D-desculpe-me Mestre...

 - Veja se todos estão bem no final do túnel.

 - S-sim senhora... – pior que a humilhação de ficar como um ratinho escondido, era de finalmente entender a desconfiança que Sorena tinha sobre o dreadlord. As piadinhas infames, as reclamações deveras raivosas, o medo e o furor. Não eram ciúmes totalmente, tinha fundamento. Varimathras era uma ameaça real. Uma ameaça que deveria ser extirpada! – Não, não...! – ela balançou a cabeça vigorosamente. Não poderia nem pensar nisso agora. O bem estar dos Abandonados refugiados era sua prioridade. O machucado em seu braço não parara de sangrar, mas até que a faixa que Sorena tanto costurava de reserva dera para estancar um pouco. O ruim era sentir calor. Estava com essa febre desde que subiu no duto com os outros. Já acostumara com o ar rarefeito dali e do fedor costumeiro dos Abandonados. Vivera tanto tempo entre eles que essas coisas eram tão simples quanto Abominações serem adoráveis e o esgoto esverdeado bom para se pescar. Tossiu diversas vezes e tapou a boca para não atrair atenção. Sentiu gosto metálico na língua.

 - Clériga Imladris... Por favor... – pediu um Abandonado cheio de feridas feitas por magia maléfica. – Me cure... Está doendo tanto!

 - E-eu não posso... E-eu não domino esse tipo de... de... – o grunhido de um Abandonado chamou a atenção de todos, em questão de segundos ele se entortou em um espasmo cadavérico e se liquefez em uma massa avermelhada e borbulhante no chão do túnel. Muitos se afastaram assustados com a transformação tão drástica. O coração de Imladris deu uma guinada e ela foi obrigada a tossir novamente em um acesso. Sua mão que cobria o rosto foi inundada com uma grossa camada de sangue viscoso e saliva. Ela se apoiou em uma parede cheia de limo e caiu inconsciente.




Undercity, jardins da frente das Ruínas.

 - Flanco direito!! Arqueiros!! – Oxkhar se abaixou na hora em que a super Abominação girava a corrente, derrubando muitos soldados de Orgrimmar. Seus sentidos de paladino gritaram ao ver que alguém se esgueirava entre os combatentes e plantava pequenas bombas entre o espaço em que a Abominação pisava.

 - Oxkhar, a cabeça!! – alguém pulou em cima dele, o derrubando no chão.

 - Mas que diabos...!! – explosões consecutivas foram ouvidas por todos os cantos. A Abominação cambaleou alguns passos para trás.

 - Diabos, não. Feiticeira. Cheguei! – disse a sua irmã mais nova desaparecida.

 - S-sorena?!

 - Sim, eu. Pensou que era quem? – os dois se encararam por uns instantes e voltaram a sua atenção para a batalha. O voidwalker minava a cabeça de um Abandonado traidor. – A festa começou e nem me chamaram? – a comitiva de Thrall e Sylvanas entrou no prédio mais a frente, mas antes sem presenciarem o poder da Rainha dos Abandonados. Uma chuva de meteoros incandescentes caiu, perfurando e esmagando qualquer um que chegasse perto da comitiva. Oxkhar foi obrigado a jogar o corpo em cima de Sorena e empurrá-los para debaixo de uma escada ali perto. – Oh, está maluca? Eu tou aqui!! – gritou Sorena para o barulho a frente. Ninguém prestou atenção.

 - O que você está fazendo aqui, sua doida varrida? Por que fugiu de casa? Não sabe o quanto...?

 - Aí atrás de você...? – Oxkhar se desvencilhou de um golpe de um demônio menor e quem acabou derrubando o bicho foi Sorena com um tiro mágico do antigo rifle pequeno de seu Mestre Derris. Ela assoprou a mão tomada por chamas azuladas e a abanou. – Está ficando quente aqui ou é só eu...? – os dois correram para o outro prédio pulando por cima de corpos e desviando de ataques. A comitiva lutava contra Abominações menores que atacam no grande salão do antigo trono do Rei Terenas. Logo o som estrondoso do elevador caindo fez poeira e detritos levantarem em uma nuvem nociva.

 - Alto!

 - Não, baixo!! – gritou ela de volta. Uma explosão secundária foi ouvida e o chão entre o túmulo de Terenas e o corredor para o trono abriu em escombros. Muitos combatentes caíram pelo poder de um Apotecário com duas Abominações.

 - O elevador foi derrubado! – exclamou o Warchief Thrall, Sylvanas já desferia flechadas velozes nas abominações e junto a Derris completavam um círculo de pura energia destruidora. Oxkhar pegou Sorena pela cintura e a retirou dali o mais rápido possível.

 - O que você está fazendo?! Minha família está lá!!

 - Nada disso, você é a minha família e eu não vou deixar entrar nessa batalha!

 - Quer que eu faça o quê? Fique escondida nos dutos e rezando pra dar tudo certo?! – Oxkhar sorriu e a arrastou para fora. – Ox, me solta!!

 - Vem comigo!! – ele a segurou fortemente e correram rapidamente para fora das ruínas, contornando a muralha sólida da cidade de Lordaeron e chegando a beirada do lago que cercava a cidade. Os Farstriders já estavam ali a postos. – Caramba! Você aprontou tudo e nem me disse?

 - Oxkhar filho de Hrodi! – exclamou um Farstrider com as mãos sujas de sangue. – Graças ao Sol você está aqui!

 - Viu? Eles são seus fãs, Ox... – ela se afastou e foi até a um elfo com a aparência doentia.

 - Vamos entrar pelos dutos...

 - Dutos?

 - Undercity tem um sistema de dutos que fica lá do outro lado. – apontou um Farstrider. - Mas há um posto do Monastério Escarlate. – Oxkhar sorriu largamente.

 - Pode deixar que eu cuido deles!

 - O lago é fundo, Andrus? – o ladino sendo auxiliado por Sorena negou. – Vamos nos aprontar rapazes. Hoje vamos tomar o banho mensal...

 - Éca como vocês são primitivos! – disse Sorena colocando faixas embebidas com poções de cura que trouxera de Silvermoon na garganta do elfo. Oxkhar tentou focalizar quem era o elfo tão doentio e levou um susto.

 - Andrus Pernas-de-Aranha!!

 - Outro fã, tio... – Andrus riu ofegante e apertou a mão de Ox.

 - Vamos por lá e seja o que for, nada de chamar atenção para Andrus! Ele que sabe entrar!

 - Pode deixar senhor...

 - E eu? O que eu faço? – perguntou Sorena ansiosa ao ver o seu voidwalker entrando na água carregando seu tio nas costas.

 - Você fica aqui. – disse Oxkhar já entrando na água.

 - Não, não vou!! – também entrando.

 - Deixa de ser teimosa! – uma saraivada de flechas soou no ar e Oxkhar foi rápido em puxar sua irmã para trás e erguer o escudo. Duas ricochetearam e uma conseguiu atravessar a estrutura metálica do escudo da missão. – Descobriram a gente! – exclamou Oxkhar olhando de soslaio para trás. Sorena já estava fora do alcance dele, ela corria com a pistola mecânica em punho e conjurando um poder esverdeado da outra mão. – Sorena, volta aqui!!

 - Ah Immie, por que você não está aqui...? – e com um tiro certeiro, ela atingiu uma fileira de arqueiros que estavam protegidos pelo relevo da estrada para as Ruínas de Lordaeron. O estrondo que o tiro causou fez Oxkhar arregalar os olhos de terror. Sorena parecia aqueles necromantes em Stratholme, lançando esferas de energia maléfica que corroíam pele, osso e alma dos combatentes. Outra explosão concentrada fez um corpo do lado da Aliança voar por metros acima e com ele metade de uma ovelha mecânica. Os Farstriders remanescentes auxiliaram com flechadas encantadas, mas o batalhão vindo pela colina atrás dos Zepelins aumentava conforme marchavam em direção às ruínas. Oxkhar correu em uma investida enlouquecida e com um urro de fúria derrubou dois soldados da Ordem da Luz com seu escudo. Acertou a garganta de um atrás dele com o cotovelo e ouviu um gorgolejo dolorido do ex-aliado. Girando nos calcanhares protegeu Sorena de mais flechadas e com um gesto veloz da mão livre puxou seu martelo de guerra. Já a elfa feiticeira conjurava fogo azulado pela mão esquerda e incinerava as flechas que voavam para cima deles. – Immie disse o quanto você luta como uma mulherzinha quando está em combate desigual.

 - Cala essa boca!! Eu não sou mais paladino!! Não tenho mais...!! – e seu martelo atingiu as espadas de dois arqueiros que avançaram pela estrada. Ele ouviu a voz familiar de seu antigo Rei Variann.

 - Não deixe nenhum imundo traidor nos atrasar!!

 - Vai se ferrar, almofadinha desatento!! – Sorena tirou o pino das costas de um esquilo pequenino e colocou-o no chão. E afastando a proteção de Oxkhar de seu corpo pequeno, Sorena levantou as mãos reunindo uma aura de intenso pavor. Os arqueiros mais a frente sentiram o poder exalando da elfa e se afastaram gritando desesperados. O local onde o esquilo parara de andar lançou um jato de gás arroxeado e de mau cheiro, muitos recuaram para trás da colina. Um combatente da Ordem da Luz se aproximou brandindo uma espada maior que ele e quando iria atingir um golpe fatal nas costas, Sorena virou-se tranquilamente e segurou o pescoço do paladino com a mão esquerda coberta pela cota de escamas de dragão. – Siga a sua Luz, enlatado... – e ativando as escamas, ela pressionou a garganta do forte paladino. Ele gritava e se contorcia de dor. – Sinta o poder de virar churrasquinho... – ela sibilou pressionando mais os dedos. Os olhos do paladino giraram nas órbitas e sangue saía pelos seus ouvidos. Oxkhar a socou no estômago com toda força que tinha. Ela foi lançada ao chão por alguns metros, ofegante e surpresa.

 - Papai não nos criou para matar! – gritou o irmão com lágrimas nos olhos e os braços tremendo. Sorena desmaiou logo em seguida.



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