Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 23
Capítulo 23 - Fim do Primeiro Ato


Notas iniciais do capítulo

Hello hello!!
Voltando a postar, muitas novidades, personagens novos e... e... logo logo BATTLE FOR THE UNDERCITY!!
Sim, sim!
Que aproveitem a história e deixem seus comentários!



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Undercity, Sala do Trono.

– Minha Rainha...? – uma voz rouca e distante a chamou de suas lembranças de juventude. Era o Embaixador Sunsorrow seguido por Halduron Brightwing. – Estamos presentes conforme o seu chamado... – os dois se curvaram para um cumprimento formal. Halduron sentiu seu coração pulsar mais forte quando a Dama Sombria levantou do trono e dirigiu-lhe um olhar.

– Sempre soube que poderia confiar em você Halduron...

– Antes que eu saiba o motivo do chamado, gostaria de saber qual é o propósito de Vossa Senhoria chamar justamente os Farstriders para proteger suas fronteiras. – Sylvanas sorriu maliciosamente e desceu os degraus do trono.

– Vingança. – disse apenas. Halduron a olhou curioso. – Era tão bom quando pensávamos que a vida era só caçar Trolls e proteger as bordas de Quel’Thalas... Então o Inimigo veio e retirou tudo que tínhamos para proteger... Vingança é nosso lema agora não é?

– Com todo respeito, Vossa Senhoria não faz mais parte de nossa legião. Não depois de sua traição.

– Não estou mais no Farstriders...? – perguntou Sylvanas inocentemente fingida.

– Não, Vossa Senhoria, não está mais conosco.

– Mas responderam ao meu chamado mesmo assim.

– Temos nossa devoção a zelar.

– Comigo?

– Com os Windrunner. Com o legado deixado por Sunstrider.

– Kael’Thas... – debochou Sylvanas dando as costas para Halduron. Ele notou que o corte da espada de Arthas ainda estava impresso no corpo de Sylvanas. Uma cicatriz em suas costas era a prova do terrível dia no Portão de Silvermoon. – Um simples mendigo que rasteja nas migalhas da magia arcana dos Antigos...

– Senhor! – um soldado chegou atrás de Halduron e cochichou algo em seu ouvido. O líder dos Farstriders a encarou ferozmente e lançou.

– Não iremos quebrar a promessa, mas não ficaremos aqui em seu imundo esgoto. – Sylvanas se virou imediatamente pronta para arrancar o coração de alguém. Dois soldados carregavam Andrus, com a roupa de ladino encharcada de sangue e muco. Ele segurava algo na mão esquerda, gorgolejava e salivava sangue. Andrus pediu para os soldados pararem por um momento de segurá-lo e foi em passos falsos até ela. O objeto em sua mão voou para o colo de Sylvanas, alertando muitos guardas ali. Sangue espirrou no rosto da Rainha dos Abandonados e ela segurou o objeto antes que ele caísse. Era um colar de safira, com base em prata com inscrições atrás. “Com todo meu amor, Alleria.”. Ela lançou um olhar duvidoso para seu irmão mais velho, acariciando o colar azulado, sentindo sua textura lisa e fria.

– Não pode ser... Depois de tanto tempo, e-eu pensei que houvesse o perdido... – e depois de uma pausa longa, lançando um olhar mortífero ao irmão mais velho, ela exclamou em Thalassiano: - Imaginou que isso iria me agradar? Acha realmente que sinto falta de um tempo anterior em que não era a Rainha dos Abandonados?! Assim para você, isso não significa nada para mim! E Alleria Windrunner é uma lembrança há muito tempo morta!! – jogando o colar de volta para Andrus, que não o pegou a tempo. – Faça um favor a si mesmo, ladino e retire-se de minha presença antes que eu faça mais que impossibilitá-lo permanentemente de sua voz. - Andrus curvou-se em uma saudação exagerada e cuspiu ao chão, escreveu rudemente aos pés da Rainha com seu próprio sangue.

“ – Nós te perdoamos, Sylvanas...” – depois gesticulou para seu próprio peito onde o coração se localizava, seus lábios como se quisesse manter o silêncio e depois em direção a Sylvanas.


Corte do Sol, Silvermoon.

Hrodi abraçou novamente Sorena. E de novo e mais uma vez. Ela já queria rir pelo comportamento do velho pai.

– Você vai me largar ou o quê? – ela brincou, mas Hrodi segurava suas mãos.

– Promete que não vai se meter em encrencas?

– Ahn... Acho que não mais... – os dois olharam para o chão sem ter o que falar um para o outro. – Hey, tia... quero dizer... Senhora Vereesa... – a elfa a olhou pelo canto dos olhos azulados. – Posso visitar meu velhote aqui quando eu puder?

– Entre em minha cidade e será sua sentença de morte.

– Então quer dizer que vou poder?! – Sorena respondeu com um sorriso exagerado e infantil. – Viu? Ela pode ser rabugenta, mas vão cuidar bem de você.

– Escreverei cartas...

– Sim! E se tiverem grifos, eu quero saber! – incentivou Sorena. O velho paladino suspirou e fungou sua tristeza, abraçou a filha mais uma vez e fez um sinal de benção em sua testa.

– Que a Luz esteja sempre com você...

– É, vou lembrar disso quando estiver em uma caverna escura e sem uma tocha, velhote... – os dois riram, Rhonin ajudou o velho paladino a andar até um prédio enorme em que Sorena não poderia entrar. Era o Sunfury Spiral, onde os líderes moravam. Sorena limpou uma das lágrimas que fazia cócegas em seu queixo e deu as costas. Theridion estava ali perto conversando com um guarda real. – Ela é uma tia muito ranzinza não? – comentou ela tossindo um pouco e seguindo pela rampa. Sentiu alguém abraçá-la com vontade, até fazer seus braços adormecerem pela força. Um beijo foi plantado em seus cabelos avermelhados e outro puxão fez ela se encolher com o carinho exagerado.

– Sempre serás bem-vinda ao meu lar, filha de meu irmão Sylvos... – sussurrou Vereesa ainda no abraço. – E Artemísia, a clériga, é tua verdadeira mãe... Serenath é seu verdadeiro nome e ela se escondeu para não trazer mais a ira daqueles que querem o fim dos Windrunner... – Sorena sentiu o aperto sumir e quando olhou para trás, apenas viu a sombra de sua tia entrar no prédio. A mais nova apontou para a sombra, depois para o velho Theridion.

– Ela é uma tia muito maluca, não?

– A única que tinha juízo, se quer saber... – comentou o avô.

– Eu tenho juízo...

– E eu sou o Rei de Ironforge...

– Não era um anão? – confundiu-se Sorena. O avô a estapeou na cabeça.

– Criança tola! Estou fazendo uma piada!

– Vai chover sapos... Sapos coloridos, acho eu... – disse ela olhando bem para o céu azulado de Silvermoon.

– Ora sua...!


Fortaleza Stratholme.

Oxkhar se sentia vivo pela primeira vez na vida. Trocar a espessa armadura por corselete de couro e botas mais confortáveis. Andar pelas árvores como se fizesse parte da natureza, da própria floresta. Espreitar o Inimigo e rechaçar qualquer um que chegasse perto demais do Portão secreto. Os Farstriders não gostavam de sua presença, mas admiravam sua técnica de luta armada. Quando o Chamado chegou para os remanescentes do Norte de Quel’Thalas, todos responderam um sonoro “sim” para atacar o Necromante de Stratholme. Derris parecia um general poderoso com sua roupa de batalha, suas criaturas conjuradas e suas ordens claras e incrivelmente certas. Tudo que o Abandonado dizia para os Arqueiros-vigia deveriam começar a fazer dava certo. Oxkhar imaginou como era Derris em sua vida, talvez um estrategista nato, um guerreiro estupendo, talvez mais que isso, um líder que inspirava confiança e devoção.

E havia Imladris. Era como cuidar de uma flor em meio a tempestade. Ele sabia que ela era mais poderosa que todos ali, mas esse senso de dever era mais do que ele, e que a Luz o protegesse, não estaria ficando apaixonado pela clériga sombria? Com um movimento rápido de seu braço esquerdo atingiu um morto-vivo com o escudo, para depois baixar a lâmina de sua espada pesada. Os que estavam ao redor o olharam por um momento. Um humano entre os Fartriders? Como isso seria possível? Mas Oxkhar nem mais se considerava como o humano da Aliança, nem mais o paladino da Ordem da Luz, tudo estava tão certo agora que deveria fazer o que fazia.

– Anglir! – ele exclamou para seu companheiro mais à frente. Os dois pressentiram os passos pesados de uma Abominação se aproximando, Imladris deixou os ombros caírem.

– Eu vou ter que derrubar um desses também?

– É preciso! – alertou Oxkhar preparando sua espada e escudo. Anglir e outros se juntaram com seus arcos em um cerco contra a criatura que vinha pela porta da ruína de Stratholme.

– Mas ele me lembra o Gordo... Guarda Real lá de Brill, não é justo! E se for um primo dele?

– Immie, não estamos aqui para... – e os passos ecoaram em seus ouvidos. Oxkhar nunca vira uma criatura tão grande e... horrenda. Seus olhos se encheram de lágrimas e uma vontade irresistível de sair correndo se apoderou de suas pernas, mas era Imladris ali resmungando ao seu lado pelo fato da Abominação ser parecida com outra naquele lugar chamado Brill. O que era Brill? Será que algum dia veria Brill de perto? Estaria Imladris ao seu lado visitando Brill e conversando com Gordo, o guarda Real?

– Arqueiros! – flechas zuniram no ar e atingiram parte da coisa que andava em duas pernas e carregava um machado de cortar carne e ossos que via com os açougueiros de Stormwind. Entranhas saíam por lugares que não deveriam ter entranhas, o odor pútrido era tanto que seus joelhos falharam quando a coisa se aproximou demais. O ex-paladino calculou a velocidade dos golpes da coisa com a lentidão que a arma enorme lhe daria. Ele tinha uma chance. Outra saraivada de flechas retardou os movimentos da criatura. Oxkhar cutucou Imladris.

– Immie, preciso de sua ajuda nessa...

– Fala... – ela curava um arqueiro atingido por uma das correntes que a criatura usava como arma na outra mão. Em uma das outras mãos? Só agora o guerreiro percebia que a coisa tinha vários braços e por tudo que era mais sagrado em sua vida, o rosto... o rosto era humano?

– Eu vou tentar derrubá-lo...

– Não vai dar certo e você vai morrer. – ela sentenciou sem olhar para ele, estava concentrada em mirar uma bola de energia negra em direção a coisa.

– Estou te dizendo, se eu derrubá-lo de lado, podemos abatê-lo sem problemas, ele não vai conseguir levantar mais! – Anglir que estava perto dos dois olhou seriamente para Oxkhar e depois para seus arqueiros.

– Formação Zeroo!! – exclamou e os arqueiros se organizaram rapidamente e mais flechas voaram em direção a criatura. Oxkhar percebeu no que se tratava, era tirar a atenção da coisa, era fazê-la olhar para os arqueiros e esquecer que havia um guerreiro humano ali. Imladris o olhou com uma careta.

– Vai fazer mesmo isso?

– Se eu voltar vivo, você me remenda?

– É o que eu mais faço não? Mas que droga... – ela reclamou aprontando o seu melhor feitiço atordoante. Quando a criatura arredou o pé para frente, deixando o lugar que ela protegia a vista, outros Vigias se prepararam para atacar sem piedade, mas verem a formação dos arqueiros de Anglir, entenderam de imediato a estratégia. Derris deu um meio sorriso morto e desviou de um ataque de um morto-vivo com uma maça estrela. Com um simples aceno fez o corpo putrefato virar cinzas.

– Amadores... – Oxkhar já corria com toda sua força e intensidade, derrubando qualquer morto que aparecesse para interceptá-lo com seu enorme escudo em forma de pipa. Com um movimento rápido, sacou a espada e atingiu a Abominação bem em seu ventre, abrindo um corte tão profundo que vísceras se espalharam no corredor no mesmo instante. As flechas penetravam em seu crânio e peito, enquanto os Vigias com aptidões mágicas entraram no Portal que a Abominação protegia. Derris ajudou o ex-paladino a se levantar depois do golpe que havia dado, a criatura se retorcia em dor e gorgolejos de ódio.

– Mestre Derris? – disse um dos líderes do assalto a Stratholme.

– Com todo prazer, caro Endros... – e com um simples toque na pele viscosa e gelada da Abominação, Derris fez o que para Oxkhar seria impossível. A coisa se levantou mecanicamente e virou-se para o Abandonado. A ferida profunda se fechava aos poucos e os olhos da coisa se tornavam esverdeados. – Agora vá, meu servo... Arraste os meus inimigos com tua força. – a Abominação saiu arrastando o passo e as correntes, dizimando qualquer morto-vivo reanimado pelo Necromante de Stratholme, Amnemmar Coldbringer.

– Por Quel’Thalas!! – gritaram vários Farstriders que invadiam a fortaleza e arrasavam com as forças.

– Como fez isso? – perguntou Oxkhar ainda atordoado pela bagunça que tudo havia se tornado de repente. Imladris corria de um canto para lá, sorrindo como uma criança e ajudando os soldados feridos.

– Ahn, já esqueceu que sou um Feiticeiro, paladino?

– Ex-paladino. – disse Oxkhar com rancor levantando sua espada e partindo para a batalha dentro das ruínas.

– Graças a noite que Dar’khan não está aqui... Seria memorável duelar com ele...

– Que-quem?

– Um cara muito chato e extremamente pomposo... Elfo do Sangue como fui antes.

– E-ele era tão forte assim? – Imladris passou pelos dois levantando as mãos e conjurando uma aura protetora para o time de elite que entrara.

– Ele explodiu Quel’Thalas ao mando do Rei Lich. Dizem que morreu por causa de uma humana... – e saiu correndo como entrou.

– Vamos dizer que mais outro inconveniente saiu de nosso caminho. – Oxkhar esmurrou um ladino do Flagelo com uma força considerável. Além do buraco que o escudo abriu na cabeça do inimigo, o barulho de algo estalando alertou o mais novo Farstrider. O sangue que escorreu no chão fez o rapaz parar. – O que foi? Nunca matou um dos seus?

– Ele era... era...

– Cultos dos Amaldiçoados. Acostume-se. Terá mais deles aqui e nem todos estão verdadeiramente mortos por fora. – Oxkhar se aproximou e tirou a máscara negra que o ladino usava. Era sim um humano. Talvez mais jovem que ele, talvez um jovem que também perdera a esperança e se entregara ao lado perverso do mundo.

– Guerreiro humano, está tudo bem? – perguntou Anglir entrando por último com os Arqueiros-vigias. Oxkhar não parava de olhar para o olhar morto do rapaz no chão. – Temos que continuar. Barão Rivendare é nosso alvo! – ordenou ele para os arqueiros. Todos se embrenharam nas ruínas silenciosamente em seu jeito invisível de guerrear. – Oxkhar, filho de Hrodi. Precisamos de você. Irá continuar conosco ou ficará aqui?

– E-eu... – Anglir balançou o ombro de Oxkhar com cuidado.

– Não há como voltar. Você matou um homem, alguém de sua raça. E é assim que será daqui por diante. Aceite isso e aproveite o pouco de vida que ainda te resta.

– O que resta a todos nós, eu diria... – comentou Derris comandando a Abominação a entrar e guiá-los para passarem despercebidos dos soldados do Flagelo.

– Barão Rivendare fez atrocidades com os elfos de Quel’Thalas. E arrebanhou humanos das vilas aqui perto para seguirem seus propósitos. – explicou Imladris ajeitando seu elmo recém-encontrado. Oxkhar a ajudou a colocar a peça no lugar e amarrá-la bem ao queixo. – Não há como voltar. Ele vai te matar na mesma hora e fazer você voltar como um deles... – apontando para o corpo do rapaz humano morto no chão. – E ahn, eu não vou gostar de te derrubar... Não vai ser nada divertido.

– Por que faz isso Immie? – ela deu de ombros e passou a mão de leve no braço ferido do paladino, o ferimento se fechou milagrosamente.

– Orgulho...

– Orgulho...?

– Todo poder à Horda! E que venham mais deles... – e saiu furtivamente atrás de Derris, o rapaz não via outra possibilidade e os acompanhou como pôde.


Corte do Sol, Silvermoon.

– Posso cantar uma música?

– Não.

– Vai deixa, vai... – pedia Sorena para Kalí se arrumando para sua profissão.

– Não... Já disse!

– Só uma musiquinha boba que eu aprendi quando era criança? – Kalí a olhou receosa, calçando suas botas de viagem.

– Não quero que cante para mim agora. Estou saindo e logo voltarei e não quero pensar que se você cantar agora talvez eu não vá mais escutar sua voz quando eu voltar.

– Então quer dizer que eu posso cantar quando você voltar? – a cara de inocente de Sorena fez Kalí baixar a guarda e suspirar alto.

– Eu preciso me concentrar...

– Grande batalha contra o Grande Mal... – debochou a garota elfa. – E eu fico aqui esperando morrer de dentro pra fora. Lindo!

– Não fale isso, você não vai morrer.

– Não, porque no exato momento que meu coração parar de bater, eu vou voltar.

– Sorena...

– Como uma Abandonada em decomposição. Acho que vou praticar mais os feitiços de restauração... Sabe, eu deveria aprender mais sobre conservação de tecidos mortos... – ela dizia para si mesma. Kalí se aproximou e desferiu um tapa em seu rosto. Sorena deu alguns passos para trás e gemeu. – Isso dói! – com a face pálida e de veias ligeiramente esverdeadas. - Estranho...

– O que é estranho?! – despejou Kalí com lágrimas nos olhos.

– Eu não... sinto a dor depois do tapa... Sabe? Aquela sensação de que está ardendo...? – tateando o seu rosto e fazendo alguns arranhões leves para ver se sentia. Kalí se jogou contra ela e a abraçou fortemente. – O que... foi...? – ficaram ali em silêncio, Kalí a balançando mansamente como se quisesse ninar Sorena. – Sério, o que foi? Kalí...?

– Pode cantar... – acariciando as costas da mais nova. Kalí sentia que a pulsação de Sorena estava fraca e quase inaudível.

– Tá, eu canto... – e pigarreando se afastou da mais velha um pouco e começou a cantar baixinho. – Você é o meu raiozinho de sol, meu único raiozinho de sol... – fazendo uma coreografia ridícula como se fosse uma criança. – Você me faz feliz quando o céu está nubladoooo... – imitando nuvens com os dedos se mexendo. – Você nunca irá saber, minha querida, como eu te amo, então por favor não roube o meu raiozinho de sol... – ficou e silêncio para saber da reação da mais velha. - Viu? Bobinha como qualquer música besta que criança canta... – comentou após terminar. Kalí a olhava curiosa e com um sorriso triste no rosto. – O que foi?

– Da onde você tirou isso?

– Ah sei lá! Raios de sol! Aqui não é o lugar que venera o Sol e tudo mais? Pois então... Raios de sol... A poética é bonita, mas sei lá se a situação pede por isso. Quer saber de uma coisa? Vai logo pro seu “trabalho” porque eu estou sentindo uma vontade enjoativa de chorar agora mesmo! – e empurrando a elfa mais velha para fora do quarto que usavam durante o dia, fechou as portas e abriu um armário de madeira encostado na parede oposta. Entrou e suspirou de alívio, mordendo o punho em agonia para não deixar que ninguém a ouvisse chorar. Ficou ali por um tempo, forçando a vontade de gritar ir embora, de parar de ter medo de morrer e voltar como uma coisa inanimada e que com certeza os guardas de Silvermoon iriam trucidar na mesma hora, de estar completamente sozinha em um armário velho e empoeirado. Mordeu tanto sua mão que nem sentiu os dentes cravarem na carne entre o polegar e o dedo indicador. O sangue viscoso escorreu lento para o chão e pingou em seu vestido. Ela cheirou um pouco o punho e se encolheu enojada com o odor de sua carne. Estava ficando podre por dentro.


Undercity, arredores das Ruínas.

– O que aconteceu para sermos obrigados a defender os mortos-vivos?

– Warchief Thrall demandou essa tarefa a nós e vamos cumpri-la, soldado...

– Sim, eu sei! Não me oporia a nenhuma ordem de nosso Líder... – Oxkhar lia a carta vinda de Stormwind. A Irmandade das Arqueiras informara que o paladino Bolvar Fordragon, seu principal líder na Ordem morrera em combate em Icecrown. A traição viera do lado da Horda. Um Abandonado chamado Putress chegara sorrateiramente nas legiões contra Arthas e despejara bombas com a Nova Praga em cima dos soldados. Isso afetara o Rei Lich, mas não tanto quanto aos vivos.

– Em algum lugar Onyxia está chorando... – ele comentou colocando a carta dentro de sua bota. Havia uma segunda carta da Visionária Akara, predizendo que o futuro de Oxkhar era estar naquela batalha, ali mesmo, para salvar uma pessoa muito importante na vida dele.

– Quem se importa com uma cria de Asaletal...? Pelo menos ela segurava esses paspalhos lá na cidade de vocês... – disse Derris entediado.

– Qual é o plano? – perguntou um líder orc disfarçado entre os arbustos, Vol’jin, o líder troll da Horda estava ao seu lado, machado de guerra abaixado no chão, sua armadura de couro suja e camuflada. Era noite e as fogueiras dos soldados da Aliança estavam a poucos metros de onde estavam.

– Esperar o sinal...

– Qual sinal? – perguntou o companheiro ao seu lado.

– O sinal vindo do céu.



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