Os corredores da universidade se mantinham bem movimentados. Era incrível a quantidade de alunos que deixavam tudo para a última hora então no momento a secretaria estava totalmente lotada e era difícil pegar todos os horários.

Alguns alunos davam o seu jeitinho e outros apelavam para a pessoa mais procurada por ali: Choi SeungHyun, mas que era mais conhecido como TOP. O rapaz era sempre atencioso no atendimento, apesar de sua cara ser um tanto de ‘senhor malvado e intimidador’ ele não era mais que uma pessoa sociável e até mesmo bem brincalhão com os mais íntimos. Seu nome verdadeiro dificilmente era chamado, até mesmo quando eram os primos dele que estavam no balcão da secretaria como nesse momento.

―TOP hyung. – JunHoon chamou acenando para seu primo e Sooyoung sorriu para o mais velho dos três ainda ao lado do irmão.

O rapaz alto se desvencilhou das pessoas que lhe faziam pedidos excessivos e até mesmo das garotas mais atiradas da faculdade que permaneciam ali apenas para passar cantadas no rapaz, andou com certa dificuldade até o outro lado do balcão tentando piamente não esbarrar em nenhum dos outros funcionários e se aproximou dos dois sorrindo e bagunçando os cabelos de Sooyoung.

―Bom dia, universitários. – ele falou com um sorriso e ouviu seu nome ser chamado mais alto que de costume – Não grite na secretaria! – ele repreendeu o rapaz que se encolheu e baixou a cabeça. TOP respirou fundo e olhou para a novata que pegava documentos meio atrapalhada ao seu lado. – Sorah, poderia por favor pegar os horários desses dois? São meus primos, novatos do primeiro ano, então fica mais fácil achar já que estão no mesmo armário. Apenas entregue para eles que eu pego esses documentos e os do resto, ok? – ele falou já pegando o bolo de pastas das mãos da menina que apenas assentiu levantando-se do local onde estava abaixada caçando papeis nos armários e indo até os dois ali no balcão vazio.

―Certo. Primeiro: bom dia, sou a Sorah. E quais os nomes para eu procurar?

Os dois sorriram e deram bom dia juntos, a menina emanava simpatia.

―Choi JunHoon e Choi Sooyoung. – Jun falou entregando-lhe o papel de matricula para facilitar.

―Não, tudo bem. – ela falou sorrindo e devolvendo o documento. – Podem esperar aqui mesmo, é só um minutinho.

A menina afastou-se e foi pegar os papeis com os horários dos irmãos que observavam toda aquela gente em cima do primo.

―Hyung, ta separado? – DongSoo perguntou abrindo espaço até o balcão.

―Está, mas cadê ele? Você não pode retirar por seu irmão. – TOP falou a respeito dos documentos que o loiro havia já pedido para que fossem arrumados para o irmão mais novo.

―Aqui. – ele apontou para atrás onde havia um acumulo de pessoas. – Ou ao menos estava...

―Cha SunWoo – TOP chamou com a pasta de documentos em mãos e viu uma mão ser erguida lá no fundo – Ok, leve pra ele. – bufou ao ser puxado por algumas alunas e entregou os papeis para o irmão do rapaz.

Enquanto isso do outro lado Sorah voltava com as pastas para os irmãos Choi, que continham grade de aulas, nomes dos professores, lista de matérias que deveriam ser comprados e dos que deveriam ser retirados na biblioteca. Havia também um mapa do complexo estudantil e um guia dos prédios da faculdade e suas funções completas, lista de horários de palestras e inscrições em grupos, fora uma carta de introdução ao aluno.

―Prontinho.

―Muito obrigado, noona. – JunHoon se curvou e Sorah sorriu.

―Não há de que.

―Obrigada, unnie. Até mais. – Sooyoung acenou para ela com o irmão e foi indo para sua primeira sala conforme caminhava.

Na faculdade várias aulas eram para mais de um curso. Cada aluno tinha um horário, o que lhe jogava várias vezes com turmas diferentes do mesmo curso ou de um curso em área parecida. Em base as matérias gerais, que caem em todo curso de comunicação, ou em todo curso de administração, ou em todo curso de tecnologia mantinham grande número de alunos que nunca nem se encontrariam caso fosse em outra instituição.

Os prédios eram divididos como diferentes faculdades, áreas que eram determinadas para cursos com assuntos em comum. (N.A: Que nem na USP, uhul)

-x-

No prédio onde haviam os cursos de Letras, História, Filosofia e seus similares ChanJi estava procurando seu irmão. A menina foi até a porta e esperou algum sinal de ChanSik que nem havia lhe avisado que ia para outro lugar. Ela ainda tinha que deixá-lo em seu próprio complexo estudantil - já que o irmão fazia um tecnólogo - e ele simplesmente havia desaparecido.

Enfiou a mão no bolso pegando o celular e colocou no primeiro número da discagem rápida. Assim que estava pronta para ligar ouviu seu nome ser chamado.

―ChanJi noona! Olha quem eu achei! - GongChan falava em um tom animado.

A menina se virou para olhá-lo um tanto incomodada pelo sumiço dele. Parou e abriu os lábios de surpresa encarando a pessoa que se  aproximava com ele.

―Oi Chanji-ah. - cumprimentou o rapaz e ela sorriu fraco sentindo-se sem graça.

Era ele. O vizinho que havia a ajudado naquele dia da invasão e depois simplesmente se mudado.

―KiKwang-sshi...

―O hyung estuda aqui, noona! - GongChan falou animado. Ele era muito grato ao mais velho e realmente queria uma chance de ser seu amigo.

―Na verdade eu me transferi pra cá faz pouco tempo...

―Em que curso está? - ChanJi perguntou curiosa. Quem sabe...

―Letras.

É, era o mesmo curso que ela. Aquilo seria complicado...

-x-

DongYul caminhava calmamente mordendo sua maçã. Em menos de cinco minutos chegaria à faculdade e iria para suas aulas do curso de Música. Estava satisfeita com sua vida no momento, apesar de um tanto deprimente pensar em tudo que já passou nessa droga de mundo.

Distraída e com os fones no ouvido ela avançou para a rua, estava o sinal verde para os pedestres e ela estava na esquina da faculdade. Seus passos eram calmos, ela tinha todo o tempo do mundo para chegar, mas talvez nem chegasse.

Um carro desgovernado avançou o sinal vermelho e o barulho do freio foi ouvido por todos que estavam por perto. Assustados alguns pedestres reuniram-se na esquina onde tudo estava acontecendo, alguns confusos por tanto barulho.

DongYul não viu nada. Viu o carro vindo, fechou os olhos e sentiu um impacto em seu corpo. Talvez fosse sua hora... Talvez ela não pudesse ficar mais ali depois de sofrer tanto. Mas curiosamente o impacto era diferente do que ela esperava, o que sentiu em seu corpo foi algo quente e macio a jogando para o lado, não uma banheira de metal gelada acertando-a em cheio e a jogando para trás pelo impulso.

Sua maçã estava em um lado, os cadernos e livros espalhados pela rua, o mp4 com o visor piscando defeituoso pela queda ao lado da menina e ela estirada perto da calçada sentindo muito peso acima de si. Os olhos ligeiramente fechados pelo impacto e o susto. Ela mal conseguia abri-los no momento, mas esforçava-se. Sentia que se não conseguisse abri-los ia acabar perdendo-o novamente.

Teria batido a cabeça se não fossem as mãos do rapaz segurando ali em seu abraço, ambas as respirações ofegantes e corações acelerados. Dong se questionava sobre o fato de ele ainda não ter saído de cima dela, então resolver esforçar-se para olhar o que havia acontecido. Ele sentia a dor percorrer por todo seu corpo, mas de nada reclamava, só apertava os olhos e abria de vez em quando para ver se a menina estava bem ou se já havia voltado a si. Ao abrir os olhos DongYul viu que a perna do rapaz estava preso debaixo da roda do carro. O motorista freou o carro de repente antes de desacordar, mas foi o bastante para as rodas da frente passarem pela perna direita do rapaz e a de trás ficar em cima da mesma antes que ele pudesse pensar em tirá-la de lá. Ele havia a salvado e estava ferido, isso fazia com que ela sentisse uma dor no peito e a culpa a invadindo.

―Desculpe... - ela murmurou com os olhos marejando.

―Uh? Eu achei que ouviria um obrigado, não um pedido de desculpas. - ele falou rindo de nervoso. Sua voz estava um tanto fraca e era perceptível que ele sentia dor.

A menina levantou o olhar e fitou o rapaz que havia lhe salvado soltando um sibilo de surpresa. Ela não havia visto completamente o rosto do cara que havia a salvado naquele beco no seu primeiro trauma, mas ela sabia reconhecê-lo, ela sabia que era ele. O moreno sorriu de canto e olhou para baixo de um jeito que fez o coração da menina acelerar.

―Percebeu? - ele falou baixinho, como se tivesse cometido um erro.

―É você não é? - ela não o respondeu e lançou-lhe outra pergunta.

O menino levantou o olhar de novo e assentiu. Franziu o cenho e gemeu de dor ao percebeu que os bombeiros haviam chegado e estavam mexendo no carro. Sua perna estava presa e o motorista desacordado sendo atendido por outro bombeiro, aquilo realmente era uma tortura. Um dos bombeiros abaixou ao lado deles e perguntou se estava tudo bem, o rapaz rolou os olhos e o encarou meio que desacreditando daquilo.

―Claro, só tem um carro em cima da minha perna.

DongYul riu baixo e o bombeiro a olhou.

―E você?

―O quê? Quer saber se é confortável ter uma pessoa com a perna esmagada em cima de você enquanto está presa no chão, dolorida e sem poder se mexer por medo de machucar seu herói?

  

O bombeiro bufou e levantou-se fazendo um 'ok' para os companheiros com a mão.

―Eles estão mais que conscientes. - falou em tom irritado e os dois riram.

-x-

Os dois rapazes caminhavam com calma por uma sala ampla enquanto JunHyun fitava firmemente o anjinho que o recebera.

―Zelo... – Chamou com calma fazendo o rapaz olha-lo.

―Sim, hyung?

―Por que o seu cabelo está rosa? – falou com uma expressão seria que fez o anjo mais experiente rir.

―Eu gosto. – respondeu indiferente dando de ombros e mexendo em uma mexa do cabelo.

JunHyun bufou e apertou o passo até a porta da frente deles.

―Sunbaenim, vamos sair direto lá? – perguntou segurando a maçaneta com firmeza.

Zelo assentiu e indicou para que o menino abrisse a porta. Assim que o outro o fez uma luz forte adentrou o lugar e quando passaram por ela estavam andando como se estivessem acabado de sair de uma das salas da faculdade.

―E agora? – Jun perguntou arrumando a camisa.

―Agora vamos ver qual o curso do seu protegido para nos matricularmos.