― This is not going to last forever

It's your time and you most hold on

And i won't let you surrender

And i heal you if you feel broken

JunHyun abriu os olhos sentindo a luz lhe incomodar de forma insistente. Por um momento tudo lhe pareceu difícil de assimilar; um tempo antes sentia uma dor absurda no peito e caía no meio da sala de sua casa tendo uma parada cardíaca deixando seu irmão mais novo em choque e em prantos. E agora... Agora estava ali, em uma sala branca sentado a uma mesa também branca e fitando uma parede. Deveria ter adormecido e estar sonhando, era algo muito confuso para ele.

O rapaz passou a mão pelos cabelos e respirou fundo, segurou seu braço esquerdo e o beliscou sibilando de dor. Não, não estava dormindo.

Olhou a sua volta certificando-se se havia alguma entrada ali naquele lugar, mas não havia. Era apenas uma grande sala que só tinha paredes brancas, a mesa com a cadeira que ele estava sentado e a que estava à frente dele – também brancas – e ele, com suas vestes do mesmo tom.

Era mais estranho ainda por ele nunca ter usado aquilo em sua vida e, definitivamente, aquilo não era nenhum novo tipo de roupa hospitalar. Era tudo claro e calmo demais e a entrada da pessoa alada, que sabe-se lá como entrou, o fez arregalar com olhos e respirar fundo.

―Ta certo, eu realmente morri. – ele murmurou, mais para si mesmo do que para o garoto de grandes asas brancas e cabelos loiros que aparecia ali. O mesmo não aparentava ter mais de 15 anos, o que intrigava muito a JunHyun.

―A única coisa que preciso dizer agora é que você tem uma missão. – começou o menino sentando-se a frente de Jun – Você vai ser guardião de uma vida.

JunHyun engoliu em seco e balançou a cabeça tentando digerir aquilo. Sua mente funcionava a toda potência e o rapaz mal sabia o que dizer ou por onde começar a perguntar. Queria saber muitas coisas, mas a primeira delas é o que aconteceu.

―Você morreu de verdade. Problema cardíaco, não é? – o anjo falou lendo sua mente – E sim, eu sei o que você pensa, então pode falar apenas quando estiver pronto, JunHyun hyung.

―Onde é exatamente aqui? – ele perguntou ainda afoito e pensando como formular todas suas perguntas verbalmente por achar totalmente desconfortável que o menino mais novo lê-se a sua mente.

―Hyung, eu não leio sua mente. Eu escuto os pensamentos como se você estivesse falando verbalmente. – Afirmou o rapazinho rindo e se ajeitando na cadeira – Bom, aqui é uma extensão do céu, para onde vêm as almas puras com missões na terra. Todos já fomos humanos, apenas os arcanjos que não, isso nos ajuda a ter um pouco de piedade por boa parte das almas e a saber como lidar e orientar aqueles que devemos proteger. Além de muitas coisas por aqui não funcionarem apenas como o povo terreno pensa.

―Não ajuda muito essa sua explicação é... Como é seu nome?

―JunHong. - o anjinho falou mexendo em uma mexa encaracolada da sua franja - Mas absolutamente ninguém em chama assim. - ele riu dessa vez olhando direto para JunHyun - Me chame de Zelo.

–x–

Havia pouco movimento na casa. GongChan ainda estava enrolado nas cobertas e com a touca do pajama de tigre na cabeça quando ChanJi entrou no quarto do irmão. Ela o olhou com um sorriso fraco e afagou seu rosto com cuidado.

―Só mais cinco minutos Jiji... – o rapaz pediu com voz manhosa e apertou os dedos no cobertor o puxando para o rosto.

A mais velha riu e dando um tapinha nas pernas do irmão saiu do quarto resolvendo deixá-lo descansar um pouco mais enquanto preparava o café da manhã. Seria um dia puxado para ele, já que era o primeiro dia de faculdade para ChanSik e ele iria custar para se acostumar com o ritmo mesmo que suas aulas fossem durante o dia.

Um horário diversificado sempre ajudava, então ChanJi optou pela faculdade em que poderia estudar das oito e meia da manhã até a uma e meia da tarde em seu curso e no curso do irmão. Seria interessante ser veterana esse ano e ainda mais interessante ver seu irmão na faculdade com os novatos. Era um motivo para ficar despreocupada.

–x–

―Tem certeza que não quer uma carona? – Key perguntava para irmã ao colocar o café na mesa. Ele e JongHyun iriam para os próprios trabalhos e cursos, mas ele poderia muito bem se desviar o tanto que fosse para levar DongYul para a faculdade.

―Tenho. – ela respondeu depositando um beijo na testa do irmão e foi indo para o corredor parando apenas para dar um beijo na bochecha de seu cunhado que aparecia de shorts e descabelado na porta da cozinha ainda sonolento.

―Já vai? – Jjong perguntou – Está cedo!

―Não, não está. Você é quem se atrasou dormindo demais. – Key o repreendeu jogando o pano de pratos em sua cara enquanto Dong ria.

A menina voltou pegando uma maçã na fruteira e saiu acenando e mandando beijos para os dois que acenaram de volta. JongHyun foi até Kibum o abraçando e beijando seu pescoço.

―Me desculpa... – ele murmurou dengoso e Key por um momento pensou em apenas abraçá-lo de volta. Um momento bem curto antes que ele visse que horas eram ao passar os olhos pela parede e ver o relógio marcando quase oito horas.

―Ya, vá se trocar! – ele falou batendo nas costas do namorado que fez um bico. Kibum riu e deu um selinho nele o empurrando para que o mesmo fosse se arrumar. – E se vista direito.

–x–

―Ya, hyung! Estamos nos atrasando! – SunWoo gritava do andar inferior da casa arrumando o boné na cabeça e impaciente pela demora do irmão.

―Calma! – DongSoo pediu lá de cima, passando correndo pelo corredor e indo ao outro quarto da casa pegar algo.

O rapaz arrumou seu cabelo no espelho mais uma vez e pegou sua bolsa lateral a colocando no corpo e correndo para as escadas esperando que o irmão mais novo controlasse a ansiedade do primeiro dia de universitário.

―Não está se embelezando demais para apenas o primeiro dia de aula? – perguntou ao observar Baro ajeitando os mínimos detalhes no espelho.

―Nada é demais para o primeiro dia. – o moreno retrucou sorridente – Afinal a primeira impressão é a que fica.

―Claro, claro. – o loiro riu baixo e foi indo em direção a porta.

Baro parou por um segundo o olhando como se estivessem esquecendo algo.

―E o café? – perguntou pasmo.

―Tomamos na faculdade.

O mais novo assentiu e saiu acompanhando o irmão naquela caminhada.

–x–

Era o primeiro dia de serviço de Sorah no novo emprego. Ela havia ido ao prédio administrativo da agencia e eles lhe entregaram o endereço. Ao que parece ela iria trabalhar na administração de uma boa faculdade de Seoul com o serviço de bolsas dos alunos, o que a deixava com boas chances de ter um desconto de funcionária caso quisesse entrar em um curso superior.

A garota andava apressada pelos corredores com alguns formulários que pediram para que ela copiasse quando esbarrou em um rapaz deixando os papeis cair. Ela abaixou-se rapidamente para recolhe-los pedindo desculpas várias vezes, quando enfim ouviu um riso do rapaz e sentiu seu rosto corar.

―O engraçado é que sempre que te encontro você literalmente cai aos meus pés. – SeungHo riu fazendo uma piada. Era óbvio que ele se constrangia um pouco por sempre lidar dessa forma desastrada com Sorah, mas ele não poderia deixar a piada passar.

―Engraçadinho. – ela riu se levantando com a ajuda dele. – E porque a coincidência de novo?

Ele sorriu.

―Bem, estávamos no prédio da agencia, é meio óbvio que algum vinculo profissional eu teria com a empresa. – ela assentiu confirmando o óbvio que ele a dizia – Eu sou estagiário aqui. Trabalho durante o dia e estudo a noite, fico na biblioteca.

―Ah! – Ela havia finalmente ligado os pontos e assimilado tudo aquilo. – Se soubesse que te encontraria mais vezes nem teria te dado meu telefone.

Ele riu e fez uma careta se fingindo de ofendido.

―Não ia ser uma boa recepção para mim.

―Você não precisa mesmo saber se estou disposta a sair com você ou não. – A morena falou sorrindo e saindo dali como se nunca tivesse parado de seu trajeto até sua sala.

SeungHo permaneceu rindo a vendo se afastar até que se lembrou de algo.

―Ei, em que setor está? – ele questionou e ela parou virando-se e sorrindo para ele.

―Quando eu precisar falar com você vou até a biblioteca.

E rindo voltou a caminhar deixando SeungHo feito bobo parado no corredor sem entender.

–x–

JaeSuk às vezes achava um tanto inútil abrir a doceria tão cedo já que o movimento era tão fraco a essa hora, quando as crianças já haviam entrado no colégio e os outros não se interessavam por nada.

Ela ficava arrumando as prateleiras da grande loja que mais parecia um mercadinho apenas de doces. Era tudo colorido e a diversidade de derivados do açúcar dali era surpreendente. Talvez por esse fato ChanSik e ChanJi gostassem tanto do lugar. E foi isso que animou JaeSuk. O sininho da porta balançou anunciando novos clientes e pelo horário a pequena já sabia quem era.

―Sukkie! – GongChan chamou ao não vê-la no balcão frontal. – Sukkie cadê meu chiclete? – ele falava com um pouco de pressa mexendo nas caixinhas e potes do balcão do lado contrário ao que a menina estava.

A mais nova contornou o balcão e chegou ao lado dos amigos a ponto de ver ChanJi apertando as bochechas de GongChan e o repreendendo pela falta de educação, o que a fiz rir e chamar a atenção dos irmãos.

―Annyeong. – ela cumprimentou curvando-se e os outros acenaram. GongChan com um sorriso enorme e alegre e ChanJi sorrindo de forma fraca, como sempre.

Channie havia contado a JaeSuk sobre o sorriso da mais velha. Dizia ele que o sorriso de sua irmã era encantador e iluminava todos ao redor, mas que depois da tragédia a menina não sabia mais sorrir com a sinceridade e energia de antes.

―Vão querer o de sempre? – Ela perguntou já acostumada com a rotina dos dois de comprar doces antes de ir para qualquer lugar. Chanji ia para a faculdade e levava o irmão para buscar alguns doces antes de ele ir para o colégio.

A mais velha assentiu positivamente quanto a pergunta da atendente e foi observar a prateleira de balas.

―E marshmellows, Sukkie! – pediu GongChan animado.

―Sem marshmellows, Sukkie! – ChanJi retrucou fazendo o irmão formar um grande bico e JaeSuk rir. – Sabia que hoje é o primeiro dia de universitário do Channie?

―Anya! Ele não me contou! – a menina retrucou olhando para seu amigo que desfazia o bico e a olhava se desculpando. Ela pegou a quantidade de balas e o saquinho de alcaçuz de ChanJi, colocou os chicletes de GongChan junto com alguns marshmellows para a irmã do amigo não ver e separou o saquinho de chocolates que os dois sempre dividiam.

―Eu vou estudar com a Jiji, Sukkie. – ele falava sorridente enquanto observava a irmã voltar com um saquinho de pirulitos – Eu quero, Jiji!

―Eu sei Channie! – ChanJi falou rindo enquanto ele tentava pegar um pirulito de sua mão – Eu peguei para nós dois.

JaeSuk riu e pegou os doces da cliente colocando na sacola que eles dividiam indo em direção ao caixa. Entregou a sacola de ambos e a de ChanJi para a mais velha e ficou arrumando a notinha da de ChanSik, que recebeu a sacola com um recado de que seus marshmellows estavam ali assim que sua irmã se distraiu.

Os dois pagaram e foram indo para fora da loja acenando para Jae.

―Pode deixar os marshmellows que ela te deu comigo, que só de tarde você vai comer. – a mais velha falou ao irmão que reclamou manhoso e entregou a sacola a ela contrariado soltando a porta e fazendo o sininho balançar mais uma vez.

―Esses dois, viu... – Jae riu baixinho e sentou-se ao balcão pegando uma revista para ler.

–x–

JunHoon dirigia e olhava para a sua irmã ao seu lado sorrindo por vê-la tão preguiçosa pouco tempo antes de entrarem na aula.

O rapaz parou na vaga costumeira cutucando SooYoung de leve e indicando a instituição para ela, como forma de mostrar-lhe que já haviam chegado.

―Oppa, posso ficar dormindo no carro? – ela pediu e ele riu baixo.

―Não. Nem pensar, Sooyoungie.

Ela murmurou algo ininteligível e se espreguiçou pegando a bolsa e indo para fora. Os dois moravam longe da faculdade, por isso SooYoung dormia no carro, mas essa era uma ótima instituição e o primo dos dois havia conseguido bolsas para ambos em seu trabalho na secretária, então era pegar essa oportunidade ou ficar sem estudar.

Ambos saíram do carro e JunHoon o fechou pegando a mochila da irmã das mãos da menina e jogando em suas costas.

―Ya, não precisa levar a minha! – ela resmungou tentando pegar a bolsa.

―Sem reclamar, só deixe seu oppa ser um bom irmão.

Ela sorriu e fez uma careta contrariada, mas deixou assim mesmo. Às vezes era bom ter um irmão bonzinho ao extremo, na real sempre era bom.

–x–

HyunShik andava pelo apartamento impaciente com o celular na mão. Joon havia saído fazia algum tempo e KyuHyun ainda não havia chegado para levá-lo a faculdade.

O rapaz se jogou no sofá olhando para o display do aparelho e bufando alto apertando novamente o botão da discagem rápida.

―Onde esse cara se meteu? – perguntava para si mesmo levantando-se novamente.

Ele caminhou até a janela e franziu o cenho ao olhar para o lado e perceber alguém sentado na mesa da varanda do apartamento, na verdade duas pessoas. Balançou a cabeça e piscou os olhos olhando de novo e dessa vez não vendo ninguém.

O rapaz passou a mão na testa, vendo sua temperatura e cogitando a possibilidade de estar delirando de novo. Apertou o passo até o banheiro e abriu o armário de cima da pia, retirando de lá um pequeno frasco de remédios com uma faixa preta; permaneceu olhando-o e pensando se deveria tomar mais algum, até que seu celular tocou e ele desistiu enfiando-o de volta no armário e conferindo se estava com todos os livros na bolsa.

―Kyu? – atendeu perguntando pelo melhor amigo e começou a ir em direção a porta – Estou descendo. Por que demorou, seu babaca? – ele riu de nervoso – Eu disse para não jogar vídeo-game até tarde, babo! Agora dá nisso de acordar atrasado! Ta... Amanhã eu te acordo por precaução. Não, eu já to saindo. Chego aí embaixo em cinco minutos.

Assim que ele fechou a porta e saiu a porta da varanda se abriu e dois rapazes adentraram ao apartamento. O loiro trajando uma calça jeans larga e uma jaqueta azul com detalhes pretos e brancos por cima da camiseta branca mais o tênis largo nos pés. O moreno estava com um jeans escuro, uma camiseta branca com o detalhe da gola preto e uma camisa xadrez em um tom vermelho por cima. O sapato esporte nos pés e o cabelo despenteado com charme eram muito mais familiares para ele do que a roupa branca que ele usava anteriormente.

―Ta certo, hyung. – Zelo falou respirando fundo – Esse é o seu protegido, mas você ainda precisa se acostumar com o que deve fazer, por isso eu irei te auxiliar no início. É bem normal isso, essa semana mesmo mandamos um novato com o HimChan hyung para conhecer seu protegido. Alias, nessa área encontraremos bastante companheiros.

―Tem muitos protetores por aqui?

―Bem, alguns. Alguns são acompanhados pelos que já foram reconhecidos como anjos. Faz parte da provação, para ver se merecem mesmo, se estão preocupado com as almas.

―E eu posso voltar a ser humano ou passar por alguma outra coisa? – JunHyun perguntou tentando raciocinar sobre tudo que lhe era dito.

―Na verdade sim. Mas são coisas que nós vemos depois, apenas tem o fato que se a sua missão falhar a sua alma vai ter que encontrar um novo rumo. É meio complicado dizer o que acontece. – Zelo apoiou a mão no queixo pensativo – O mundo espiritual é muito mais extenso e complexo do que pensamos. A sorte dos guardiões é que não lidam diretamente com demônios.

JunHyun riu.

―Só me faltava essa, ter que dar uma de exorcista.

―Não, não! – o loirinho retrucou erguendo as mãos – Não estaria nem um pouco preparado para algo assim.

Jun sentou-se no sofá respirando fundo e olhando para todo o apartamento. Era um lugar bem grande e bonito, chique por assim dizer. Era muito difícil para ele imaginar qual seria o problema sério pelo qual aquele que seria seu protegido passava.

―Eu não poderia ser protetor do meu irmão?

―E estragar o ciclo divino? Nem pensar. – Zelo falou bufando. – Hyung, precisamos ir agora.

―Ya, para onde?

―Encontrar alguns companheiros e ir para a faculdade.

―Está brincando que eu devo estudar?

O mais novo acenou negativamente com a cabeça e riu puxando o outro para que ele levantasse.

―Venha. Nós precisamos apenas voar. – E abrindo as asas desapareceu levando JunHyun que sumiu nos ares com ele.