Show Me What Im Looking For escrita por xDropDeadx


Capítulo 8
[...] Aqueles olhos disfarçados de verde cristal


Notas iniciais do capítulo

hey hey minhas lindas.
O nome original desse cap. é:
"Um momento visto através daqueles olhos, disfarçados de verde cristal"
(Trecho de save me, só muda a cor do zóio. haha)
Mas num coube. Nyah do mau ):
Enfim
façam boa leitura :*



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OITO.

Johnny parou o carro na vaga de sempre, desta vez arrancando os chinelos para caminhar pela areia até a casa de Lizzy. Sentindo a brisa já fria do entardecer bater em seu rosto, encarou as montanhas mais além denunciarem que a noite estava prestes a chegar. Era fato que ele gostava bastante do crepúsculo alaranjado sobre o mar.

Batendo as habituais palmas, encostou-se ao muro amarelado a espera da garota de sorriso meigo. A que não demorou muito aparecer, logo ela estava à frente de sua porta vidrada, acenando para que o pequeno entrasse, enfim.

Preocupado em não sujar a casa incrivelmente organizada da garota, esfregou seus pés sujos de areia no gramado antes de entrar.

– Oi Lizzy. – a cumprimentou então.

– Hey Johnny, como está? Vivo pelo menos. – brincou.

– Pois é... – respondeu sem graça, coçando a nuca.

– Gosta de panquecas? Eu estou fazendo. – disse seguindo para cozinha com ele em seu encalço.

– Panqueca às seis horas da tarde?

– É proibido? - perguntou divertida.

– Não, não! Claro que não. – respondeu então, se sentando na bancada no centro do cômodo doméstico.

Lizzy apenas riu nasalada, voltando para a frigideira.

O cheiro da massa dopou as narinas de Johnny, o fazendo se prender naquela bancada. A mistura de fragrâncias vindas dos alimentos o fez sentir seu estômago roncar. O leve aroma de mel misturado a café era de total agrado, e ele não viu mais problemas em comer panquecas às seis horas da tarde.

Sem muita coisa a se fazer ao não ser observar uma Lizzy cozinheira do outro lado da cozinha, sorriu ao escutá-la cantarolar qualquer coisa desconhecida de seus ouvidos.

– Lizzy, depois que comermos as panquecas podíamos dar uma volta na cidade, o que acha?

– Você está me chamando pra sair, de novo? –ela perguntou arqueando as sobrancelhas, se virando para encará-lo seriamente. – Olha Johnny... Aquele nosso encontro foi muito legal, mas não confunda as coisas. Só fiz aquilo pra poder te livrar daquela aposta, ok?

Johnny engoliu em seco, se remexendo incomodado na banqueta em que estava sentado. Não sabia o que responder, ela o tinha pegado de jeito.

– Me desculpa Izzy. Eu só pensei que... – ele mal terminou de falar e ela desatou a gargalhar, pendendo a cabeça pra trás.

– Meu deus, como você é bobo, Christ! – ela disse ainda se engasgando com os risos.

– O quê?

– É claro que a gente pode dar uma volta na cidade. – falou por fim, vendo-o suspirar.

– Caralho! Eu juro que esse seria o fora do século! – deixou-se rir dessa vez. – Acho que eu nunca iria me recuperar, sério.

Ela riu nasalada, pousando um prato com uma montanha de panquecas com mel.

– Nem eu! – riu. – Mas e então? – ficou mais séria, o encarando intensamente.

– E então o quê? – perguntou nervoso.

– O que você quer?

– O que eu quero? – franziu o cenho. Não sabia o que responder e nem aonde ela queria chegar.

– Café ou suco, Johnny? Caramba, o que você tem? – disse rindo mais uma vez, vendo-o mostrar-lhe o dedo mal educado.




...

– Não, com certeza Homem aranha é o melhor super herói! – Lizzy rebateu, recebendo uma careta de desaprovação de Johnny. Ambos a caminhar por toda a extensão do píer desataram a conversar sobre qualquer coisa que lhe aparecessem na cabeça.

– Homem aranha? Qual é a graça de subir pelas paredes e soltar teia pelos pulsos?

– Toda graça do mundo! É muito melhor do que apenas ter um escudo mágico.

– Não é um escudo mágico, Lizzy. – explicou revirando os olhos. - É um escudo feito de um ferro invencível.

– Como se isso existisse... Enfim! Capitão América é muito chato. Ainda prefiro o Peter Parker. – continuou teimosa, chegando ao fim do cais não muito movimentado.

– Então quer ser a minha Mary Jane? – ele perguntou impulsivo, fazendo-a virar para olhá-lo surpresa.

Um leve tom avermelhado havia tomado a bochecha de Lizzy, ele não havia conseguido se segurar desta vez. Se divertindo particularmente com a timidez da garota, tirou uma das mechas teimosas de seu rosto, as colocando atrás de sua orelha. Izzy baixou o olhar sorrindo sem jeito, afinal, Johnny desenvolvera uma espécie de olhar tenso sobre ela.

– Lizzy... – ele começou fraco, recebendo a atenção tensa da garota de volta. Ele elevou uma de suas mãos até o rosto da dela, se aproximando lentamente. Ela fechou os olhos, esperando aflita então o choque de seus lábios. - Pronto. – falou por fim se distanciando novamente, aos risos.

– O quê? – perguntou abrindo um dos olhos.

– Só tirei um treco que estava preso nos seus cílios... – riu debochado vendo-a ficar roxeada. – Por quê? Pensou que eu iria te beijar, bobona?

Ela bufou dando um tapa no braço dele.

– Não, claro que não! – fingiu indiferença.

– Seu troco, mané. – debochou

– Johnny só não te jogo fora desse píer, por que...

– Por quê? – desafiou, arqueando as sobrancelhas.

– Porque ele é público, oras. – disse dando de ombros. Ele riu nasalado, parando na frente dela.

– Sabe... Eu estava pensando. – começou deixando de lado as brincadeirinhas constrangedoras.

– Isso é perigoso? – ela perguntou, vendo Johnny cerrar os olhos em sua direção.

– Meus amigos costumam dizer que é um milagre... – respondeu fazendo-a tombar a cabeça e soltar uma gargalha sonora e duradoura.

– Então se é um milagre, não vou interferir. O que estava pensando?

– Eu estava pensando da gente ir comprar uns cd’s novos. – falou por fim, vendo a garota franzir o cenho. – Sabe, estou curioso em relação a seu gosto musical. Não conhecia minha banda, meu deus! Nem quero imaginar o que você escuta...

– Hey, isso soou como insulto!

– Mas é verdade...

– Ok, vou te mostrar que tenho bom gosto. – completou enfim, o puxando cais a fora. Era longo, mas Lizzy estava ansiosa para provar que não tinha uma lista de reprodução péssima no Ipod, afinal.

Já chegando ao fim, Lizzy agarrou as mãos de Johnny e o arrastou até uma loja musical que ficava a alguns metros distantes dali.

Ao entrar no estabelecimento, Johnny se arrependeu um pouco por tê-la desafiado. Muitas das pessoas que estavam ali, inclusive funcionários, haviam o reconhecido de imediato. Mas não era o fato de ter sido obrigado a parar para dar autógrafos ou tirar fotos que o incomodou, mas sim o de Lizzy ter recuado um pouco da multidão que se espelhou em volta dele.

Sem deixar de prestar atenção na garota distraída a algumas prateleiras de cd‘s, ele terminou sua sessão interativa com os demais, indo até ela.

– Tudo bem? – ele perguntou, quebrando sua atenção de qualquer disco que analisava sobre suas mãos.

– Claro, e você? Bom... Está com as roupas pelo menos. – disse divertida, arrancando um sorriso do rapaz ao seu lado.

– Então, pronta para me mostrar o que tem pra ouvir? – disse, vendo-a arquear as sobrancelhas.

Sem deixar que Johnny visse o Cd em suas mãos, ela caminhou com ele em seu encalço até a máquina de prévia musical. Sabe aquelas que você passa o código de barra e consegue ouvir metade de uma música? Então, esse mesmo.

Um acorde de baixo foi dado, e Johnny já começara a achar interessante. Logo após uma voz grossa soou, afinada e exótica. Acompanhada de um agito sobre cordas de guitarra e violão, e as batidas esquizofrênicas da bateria... Ele ainda não conseguiu reconhecer.

–Quem é? – perguntou num tom mais alto do que o comum, fazendo-a rir nasalada. Eram os fones de ouvido.

– Seu xará, Johnny Cash.

– Johnny Cash!? – ela assentiu freneticamente – Jura?

– Qual é o problema?

– Isso é... Diferente.

– Não é diferente, Johnny. – revirou os olhos - É Johnny Cash! Qualquer um gosta de Johnny Cash.

Por fim os minutos seguintes terminaram e o tempo limitado disponível para ouvir o CD tinha se acabado. Retirando os headphones de si, ele a olhou surpreso.

– Eu não acredito que você escuta isso.

– É bem interessante enquanto arrumo a casa! – ela falou rindo, fazendo uma dancinha tosca espontânea, que o fez rir.

– Sua vez, mestre da música. – ela disse.

Johnny caminhou até as prateleiras mais além da loja, sem se importar com os olhares pesados das pessoas ao redor sobre ele e eles. Fazendo o mesmo processo que Lizzy anteriormente, não a deixou ver o Cd em sua mão.

Passou o código de barras sobre o sensor da máquina, colocando os headphones sobre os ouvidos da garota que baixou o olhar.

Depois de segundos, ela escutou os acordes melódicos de um violão começar. Prestando atenção em cada detalhe do solo, escutou enfim uma voz calma pairar. Uma voz rouca, mas musicalmente entorpecida ao mesmo tempo. A música era romântica.

Lizzy continuava estática, encarando seu tênis all star surrado. Tinha se prendido aquela música de um modo que não sabia explicar... Talvez fosse o ritmo, ou simplesmente a letra doce.

Quando finalmente acabou seu tempo, ela quebrou aquele transe, voltando a encarar um Johnny ansioso pela resposta.

– E então?

– É simplesmente linda, Johnny.

– Obrigado, demos duro nela.

– É da banda de vocês? - perguntou surpresa, deixando o queixo pender. Ele assentiu, deixando um riso fraco soar. – Como não escutei isso antes?

– Eu que me pergunto. – respondeu brincalhão, recebendo um empurrãozinho da garota. – O nome é Dear God, só pra constar.

Deixando os risos escaparem mais algumas vezes, Johnny quebrou o contato visual para analisar o seu redor. A loja parecia estar mais cheia que antes, ou era só impressão? Não era. Algum grupo de meninas já estava em um canto, com os olhos vidrados nele, cochichando algo que definitivamente não tinha a mínima curiosidade de saber.

– Vamos embora, Izzy? – perguntou a fazendo olhá-lo curiosa. Mas logo entendeu e não discutiu.

– Vou levar este. – falou pegando o cd com uma capa de caveira com asas.

– Jura? – ela assentiu sorrindo, indo até o caixa. Mas Johnny tomou o cd de suas mãos, retirando do bolso sua carteira. Ignorando o olhar confuso de Lizzy, ele respondeu antes que perguntasse alguma coisa. – Uma lembrancinha... E claro, uma diquinha pra você revisar seus gostos musicais. - falou rindo, vendo-a cerrar os olhos em sua direção. - Brincadeira. Pode me emprestar alguma caneta, campeão? – Johnny desviou sua atenção para perguntar pro menino que cuidava do caixa, fazendo-o se atrapalhar um pouco de inicio, lhe entregando o que pedira finalmente depois de reorganizar seus sentidos.

Lizzy viu Johnny escrever qualquer coisa sobre a capa quebrável do disco, e não fez muita questão de saber o que era de imediato – embora ficasse curiosa – o Cd ia parar em suas mãos mesmo.

Vendo que o processo havia terminado, Johnny pegou em sua mão para sair da loja movimentada, passando pelas pessoas que o pedia autógrafos, estes que não foram dados daquela vez. Receberam apenas acenos simpáticos de Johnny, e um tanto insatisfeitos acompanharam seus passos até que saíssem finalmente da loja.

– Vou pensar muito em te arrastar pra dentro de uma loja outra vez. – Lizzy comentou divertida. – Cadê meu CD?

– Espera apressadinha. – disse a fazendo rir infantilmente.

Depois de mais algumas caminhadas, Lizzy finalmente estava em frente a sua casa, encarando um Johnny silencioso.

– Está tudo bem Johnny?

– Está sim... - respondeu aéreo. – Aqui está o seu Cd. – ele estendeu a sacolinha plástica pra ela, que sorriu. – Acho que vou indo... A gente se vê. – beijou sem jeito a bochecha de Lizzy, saindo enfim.

Lizzy ficou um tempo ainda ali, estática, tentando entender tal reação. Mas nada de imediato veio em sua mente, então tentando desfazer todo aquele esquisitismo de Johnny abriu a sacolinha para olhar enfim o que Christ havia escrito.

“Para Lizzy Marie Jane”

A caligrafia jeitosa de Johnny sobre a capa e o modo de como as coisas estava virando o jogo tão rápido a fazia perder o chão algumas vezes.

Afogado, prancha quebrada, baixista, famoso, Brasil...

Ela pediu para que as coisas mudassem em sua vida, mas não como se um furacão estivesse prestes a derrubar tudo em sua volta.



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