Show Me What Im Looking For escrita por xDropDeadx


Capítulo 31
Moçinha doce, não fique louca


Notas iniciais do capítulo

reviews cairam, reviewa cairam - RUM u.u
haha
Boa leitura.



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TRINTA E UM.


Johnny encarou o relógio de pulso e bufou, era meio-dia e meia. O sono lhe despertava bocejos de cinco em cinco segundos e aquilo só contribuía para a irritação do rapaz. Estava irritado consigo mesmo, pensando em como havia sido grosseiro com Lizzy sem ao menos ter precisado. Era claro que a garota estava tão abalada quanto ele, afinal, fora o próprio irmão que a deixara plantada naquele restaurante, sem ao menos demonstrar sinal de compaixão, ou sequer remorso depois. Aquilo havia revoltado Johnny cruelmente, e ele nunca pensou que poderia sentir tanta raiva assim de alguém – ou, pelo menos, já fazia um tempo que ninguém o despertava este sentimento desprazeroso.

Tentando se controlar, pedira um tempo para a namorada, quando finalmente conseguiu encontrá-la, quase caindo aos braços daquele estranho – que ele contou até dez para não voar em seu pescoço simplesmente, ali mesmo, naquela avenida mais famosa do mundo. Johnny ainda trabalhava duro em relação a esta questão de sair batendo em qualquer um... E já algum tempo, mas naquela manhã, quando chegara à casa dos pais de Lizzy, esses conceitos não haviam surtido tanto efeito quanto na noite anterior - talvez houvessem se tornado até mesmo inúteis-, enquanto andava pela Sunset Boulevard com as tentativas persistentes de ligar para seus amigos, pedindo que fossem o buscar o mais rápido possível. Michael também estava chegando lá naquele instante, e encarara Johnny com um sorriso – que ele julgara sínico - nos lábios, se adiantando em procurar qualquer desculpa pelo abandono, como se fosse sua obrigação. Christ deu de ombros, não queria saber... Só queria ver se sua namorada estava deitada, calma, limpa e sem vestígios de lágrimas aos olhos. Apesar de ter perdido o controle das palavras mais cedo, não conseguia evitar se preocupar. Entretanto, essas que saiam daquele clone logo à sua frente, pareciam ter se transformado num zumbido em sua cabeça; Johnny estava estressado demais para ter que simplesmente omitir todas elas. Não havia dado cinco minutos pra si mesmo para que enfim começasse a responder afiado ao garoto, sem preocupar-se se, definitivamente, não estava em sua casa. Com mais alguns segundos de discussão, Michael avançara para cima do namorado de sua irmã, e Johnny não deixando quieto, também revidou com toda potência que podia ter.

Agradeceu por se cansarem rápido, a tempo de ninguém os ouvir brigando no gramado da casa, onde fizeram questão de se jogar para este justo feito. Michael encarou Johnny estirado ali, enquanto recuperava o ar, e dissera: “Não se meta na nossa vida.” As palavras rudes ainda podiam ser escutadas por ele. Talvez aquele rapaz de olhos verdes cristais tivesse absoluta razão; estava se metendo demais na vida de Lizzy, e de fato, aquilo não estava dando certo.

Christ sacudiu a cabeça, tentando se libertar daqueles pensamentos torturadores. Havia sido o pior fim de semana da sua vida, e ao constar definitivamente isto, ele mal via à hora do carro de Matt parar em sua frente, pronto para levá-lo embora daquela cidade que não queria ver tão cedo.

Era fato que em um lado de seu peito, podia sentir fisgadas, e aquilo lhe tirava o fôlego em determinados minutos. Este de quando se lembrava que havia deixado Lizzy pra trás, enfrentando aquela ‘barra’ sozinha. O deixava um tanto desnorteado, se não culpado. Mas era uma decisão que havia tomado - ao se trancar no banheiro para limpar aquele sangue aos cantos dos lábios. Lizzy tinha que tomar sua própria decisão sem que ele interferisse. Já havia a trazido até ali, talvez, de fato, sua parte também já houvesse sido feita.

Johnny jogou sua mochila no chão, enquanto acendia um cigarro contra os lábios e sentava-se, olhando atento para os lados. Não queria ver fotos suas como um mendigo estampadas na internet. E se aprofundando nisso, ele apanhou seus óculos de sol e o pôs rapidamente ao rosto – como se aquilo realmente fosse adiantar - caso alguém realmente aparecesse.

– Ótimo. - sussurrou pra si mesmo. Agora teria que ficar ali até que aqueles caras chegassem, e aquilo com certeza levaria algumas horas. Mais algumas horas de tortura, que diferença faria?

Porque estava dando tudo errado? O estresse já estava voltando, e Johnny se remexeu impaciente no chão, cruzando as pernas como criança, tentando se lembrar de como se respirava livremente. Apoiou o cotovelo sobre uma delas e ficou a cantarolar qualquer música que lhe viesse em mente, a fim de conseguir tal sossego. Estava se sentindo um adolescente fugitivo da própria casa. De volta as origens Johnny Christ. Não fez muita questão de lembrar a sua adolescência, no entanto, e voltou a pensar em outra coisa... Talvez a turnê que chegaria a pouco.

– AAAAAAAAARGH. Grunhiu. Mas não via nada mais do que olhos verdes cristais refletidos pelo sol, a beira da praia, e risos contagiantes lhe infectar a memória.

– Por quê? Droga.

– Porque o quê? – escutou aquela voz se materializar em seus ouvidos. – Ta ficando doido, Christ?

A garota de cabelos castanhos claros jogou sua mochila ao chão também, e sentou-se sobre ela, puxando o cigarro da boca do rapaz enquanto o tragava precisamente. Fechou os olhos, sentindo pontadas a cabeça. Não poderia evitar aquela ressaca, que sequer lembrava-se de como havia adquirido - ou pelo menos sim, através de borrões confusos, coisa que, definitivamente, não estava se importando.

Christ segurou o sorriso de alívio ao vê-la sentada ao seu lado, e ao tentar isto, decidiu-se que pegar o cigarro de volta seria a melhor solução.

O silencio que se instalou entre eles fora cortante, e um tanto constrangedor. Johnny continuava sentado com as pernas entrelaçadas, e Lizzy... Bem, ela tentava fazer o mesmo, arrancando a atenção daquele ao seu lado.

– Que porra é essa? – perguntou confuso, vendo-a brigar com as próprias pernas.

– Sei lá, eu acho que encolhi, ou uma perna minha é maior que a outra. – explicou simplesmente, escutando seus risos altos contagiá-la logo após.

Lizzy deixou de lado, por fim, suas tentativas frustradas e o encarou. Ele já o fazia, intensamente, e isto só fora aprofundado quando aquelas íris verdes passaram a ser cordiais. Não conseguia sentir raiva dela, por mais que quisesse. Sim, ele queria - principalmente quando revivia aquela imagem de Lizzy saindo dum carro desconhecido. Johnny não fazia a mínima idéia donde haviam surgido todos aqueles ciúmes, de fato, era assustador até para ele.

– Me diga uma coisa? – respirou fundo, tomando coragem para se manifestar. Ela assentiu, engolindo o sorriso no mesmo instante. – Você me traiu ontem? – perguntou então, cauteloso.

A face de Lizzy alternou de surpresa a incrédula, mas não retrucou com palavras rudes, no entanto. Ele, definitivamente, tinha motivos de pensar o pior, ao rever então sua situação na noite anterior. Havia sido irresponsável, e nem ela podia negar, por mais que não tenha tido a intenção e houvesse sido naturalmente atraída àquela festa.

– Não! – rebateu quase que desesperadamente, sentindo espasmos em seu corpo só de imaginar se realmente tivesse o feito. – Não, Johnny, eu posso explicar agora se quiser, mas não!

– Tudo bem, eu só precisava saber isso. – cortou então, suspirando pesado. Lizzy abaixou a cabeça, encarando seu all star branco, agora sujo.

Ao sair de casa não dissera muito aos pais, Johnny já havia se despedido deles, como ficara sabendo, e o motivo fora claro... Um show de emergência – como se isso existisse. Lizzy disse que haviam discutido na noite passada, e que acharia melhor se fosse embora também, tentar resolver as coisas. Michael, sentado a um canto da bancada segurava uma bolsa de gelo sobre o olho esquerdo, resmungando de dor quando sua mãe o tocava. Explicou-a que havia brigado na rua. Lizzy deixou o ar lhe passar friamente, imaginando que pelo menos isso ele havia feito por ela, arranjar uma desculpa esfarrapada para camuflar a briga que houvera tido com seu namorado. Mas afinal, quem se importava de ganhar mais um problema? Eles apareciam a todo instante e Lizzy já nem sabia mais como lidar com todos eles. A sensação de que tudo estava dando errado era no mínimo atormentadora. E por este fato, ela constara... Ficar mais um dia que fosse encarando aquela face de seu irmão, esperando que ele ao menos a pedisse desculpas, ou simplesmente lhe contasse o porquê de ter saído daquele restaurante simplesmente, não iria contribuir, definitivamente, para nada. Nunca iria acontecer. Ele não ia dirigir a palavra a ela, e muito menos para o que ela tanto queria.

A ferida havia sido cutucada, e Lizzy estava se arrependendo cada vez mais por isso... Já havia aceitado o fato de que o irmão não a tolerava desde então.

– Escuta... Desculpa-me, ok? – escutou Johnny ao seu lado despertá-la do transe. – Eu fui meio cuzão com você ontem.

– Um a mais um a menos, sinceramente, não estou ligando. – respondeu sem olhá-lo, firmemente.

– Eu só queria que você e seu irmão se desse bem... Mas vejo que o difícil é ele nessa história.

– Tudo bem... Agora, nada mais sensato do que esquecermos que pisamos em Los Angeles um dia.

– Também acho. – disse então, descruzando as pernas e se aproximando da menina ao lado, minimamente. Passou seus braços sem jeito pela cintura dela, percebendo-a dar-se a vez de suspirar aliviada. Izzy fechou os olhos e tombou sua cabeça no ombro de Johnny sem muita cerimônia. Tudo que precisava era daquilo mesmo.

– Os pombinhos ai querem uma carona, ou vão ficar com essa melação até a que a gente, finalmente, vomite?! – escutaram a voz de Brian ao fundo. Ergueram a cabeça em sincronia, sorrindo abertamente para aqueles que os esperavam dentro do carro, aos reboliços. – Anda, é pra hoje!

Não demorou muito para que o casal se colocasse em pé, segurando suas mochilas as costas. Adentraram o carro aos gritos daqueles garotos, e puderam enfim sentir o ar passar mais leve por suas gargantas. A sensação de que estavam em terra firme fora perceptível tanto para Johnny quanto para Lizzy, e não fizeram mais do que demonstrarem.

– Todos nós precisamos dessa pessoa que pode ser verdadeira com você! – Johnny cantarolou mal afinado. - Ah que saudade de vocês! – disse enfim, agarrando o amigo logo ao lado.

– Eu sabia que você era fogo na roupa Johnny, mas não tanto assim... Qual é! Não perdoou nem o cunhado? – Zacky não demorou muito para debochar.

– Ele que é um babaca. – explicou com a cara fechada, vendo todos olharem abismados para Lizzy, ao mesmo instante. A garota se mantinha apertada entre Zacky e Jimmy, tentando respirar, e não fez mais do que assentir em concordancia.

– Ah caralho, não dava pra vocês virem com mais um carro? – resmungou, tentando se ajeitar.

– Pode sentar no meu colo se você quiser. – Jimmy falou em tom sério, arrancando gargalhadas de todos os amigos, menos do baixinho, é claro.

– Muito engraçado. Já basta um tarado metido a hollywoodiano querer pegar a minha namorada, tem que ser o ganso do James também, não é? Não estou me surpreendendo mais... Sinceramente.

– Cala a boca, ninguém mandou arranjar uma namorada gostosa. – retrucou então, passando os braços pelo ombro de Lizzy. - E aliás, porque toda essa tensão? AH JÁ SEI! Você apanhou do irmão dela. - e gargalhou loucamente.

– Essa viagem vai ser longa. – escutaram, logo a frente, a voz rouca de Matthew. – Hasta luego Los Angeles.




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Notas finais do capítulo

TEMPOS difíceis virão... muahaha *risada maligna*