Show Me What Im Looking For escrita por xDropDeadx


Capítulo 26
Confissões Profanas


Notas iniciais do capítulo

Oi minhas lindas.
Converso com vocês lá embaixo tá?
Façam uma boa leitura. :B



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VINTE E SEIS.


A cabeça de Johnny ainda latejava, e os raios solares que adentravam sorrateiramente pelas frestas da cortina de seu quarto ajudavam naquilo. Mas ele já estava acostumando com a claridade intensiva.

Estava acordado já fazia algumas horas, e ao encarar o seu teto cor de gelo, sua mente começara a tagarelar. O tempo de diversão estava acabando, embora fosse apenas o começo para Avenged Sevenfold. Dear God faria mais sentido para Johnny agora, um novo dono do propósito daquela letra doce. Voltar para a estrada com o seu baixo logo ao lado era tudo para ele, com certeza, mas agora teria alguém que o esperasse em casa, quando chegasse finalmente das viagens cansativas, e este fato não poderia ser ignorado ter se tornado um dos melhores de toda a situação. E ao ver aquela pele branca, lisa, logo ao seu lado, ele teve certeza disso.

– Adoro as pintas das suas costas. – disse calmo, dedilhando as costas seminuas da mulher. Ela estava virada do lado oposto, porém Johnny imaginara que em aqueles lábios que o cativava tanto, estava presente o mesmo sorriso meigo de sempre.

– Acho que voltei no tempo... – falou então, se virando para observá-lo finalmente. Johnny estava com a cabeça apoiada a um de seus braços, encarando os fios longos e amendoados, agora embaraçados, da garota fazerem um leque em seu travesseiro.

– Isso é bom?

– É bom me sentir uma garotinha de quinze anos com seu primeiro namoradinho... – disse tímida, vendo-o sorrir orgulhoso.

– Mesmo sabendo que eu dormi com mais algumas vintes e que você foi à vigésima primeira?

– Contanto que eu seja a ultima.

– Estamos tentando, não é? – disse então, vendo o cenho da garota logo a frente franzir. – Quer dizer, é claro que você ainda tem muitas coisas a me contar.

Lizzy desfez seu sorriso de canto, deixando que o incômodo lhe tomasse as expressões faciais. Sem nenhum pouco de sutilidade, ela puxara o edredom para cobrir metade do rosto, numa tentativa nula de esconder toda aquela insatisfação que, sequer pensar, aquele assunto lhe trazia.

– Quem é Anthony? – perguntou sem cautela alguma. Sabia que estava pisando em solo restrito, e que dali não teria mais volta. Mas Johnny estava determinado. Já estava há certo tempo, de fato, apenas esperando o espaço que lhe aparecesse. E sem temer se fosse ele, o segredo mais sombrio, ou sequer o mais vago, apenas exagerado por ela, ele tinha que saber.

Aquele nome não saiu de sua cabeça desde a noite anterior, quando escutara ser pronunciado pelo cara que houvera feito, absolutamente, de tudo para tomar seu posto ao lado de Lizzy. As palavras a respeito estavam impregnadas nas paredes de sua memória, o atormentando. E a conclusão que tivera era que, sim... Tinha haver com aquelas lágrimas cálidas que houvera caído no rosto de Lizzy naquele começo de Julho, há um mês, e que havia o deixado assustado com tamanha dor reprimida. Afinal, precisava saber de tudo... Embora parecessem algumas vezes, não eram mais adolescentes, e nada mais sensato do que, finalmente, conversarem como adultos maduros, totalmente dispostos a se abrirem para que a contribuição fosse dada para o próprio relacionamento entre si.




– Então quer dizer que você está disposta a destruir tudo?! Você não é assim Marie! – Michael a repreendia, mais uma vez em menos de uma semana. – Eu entendo que esteja magoada com tudo que vem acontecendo, mas como pode ser tão egoísta Marie?

– Não me chama de Marie, Mike, eu odeio. – disse calmamente, fazendo o rapaz a sua frente ficar ainda mais possesso de raiva.

– Eu pensei que você tivesse crescido, mas pelo que vejo continua uma criança. – disse enfim, batendo a porta em seguida.

– Lizzy? – Anthony a chamou então, calmo. Adentrou o quarto, agora bagunçado, da garota e se sentou ao pé da cama, vendo-a cutucar o canto das unhas. – Está tudo bem? – perguntou o óbvio, mas não se importou, no entanto. Ele só precisava se comunicar com ela, tentar fazê-la bem. Fazia tempo que Lizzy Marie não era aquela menina doce que adorava fazer graça para os amigos. Estes meninos que ela adorava irritar. Agora estava os irritando por sua ausência.

– Michael é um idiota... Ele só sabe me xingar, me criticar.

– Lizzy está sendo difícil para ele também... Essa separação dos seus pais, tudo que aconteceu com o Tyler, o exército. Você sabe que eles jogam tudo em cima das costas dele por ser homem.

– Mas não precisa descontar em mim, Tony, eu também estou péssima com tudo que anda acontecendo, mas nem por isto o trato mal.

– Quer saber por que ele está fazendo isso? Ele esta ficando louco com o jeito que você está encarando tudo isso. Você não é assim Lizzy, fria e mal humorada o tempo todo. Isso não faz parte de você.

– Talvez seja, Anthony. As coisas andam mudando, não é?

– Pode estar Lizzy, mas não quer dizer que você tenha que fazer isso também.

– Você não está no meu lugar, Anthony.

– Não estou, mas é fácil perceber o quão imatura você está sendo. Seu irmão tem razão Lizzy. Era hora de vocês estarem juntos, encarando tudo, mas não... Só ficam brigando!

– Você tem uma vida perfeita, não é?! Um dia vai ter que sacrificar tudo isso. E não precisa ficar me dizendo o que eu tenho que fazer ou não, eu não preciso disso! Já estou cansada das pessoas apontarem o dedo na minha cara para falar, mas não ajudam em nada. Em nada! - gritou raivosa, descendo as escadas nos pulos.

Não queria ter dito aquilo a Anthony, não daquele modo. Aquele era o que sempre ajudava, o que sempre tinha palavras para todas as situações. Mas talvez, de fato, Lizzy não estivesse com sua cabeça ao lugar, e como se o botão do automático tivesse sido acionado ela cuspira aquelas palavras a um dos seus melhores amigos. Uma das pessoas mais importantes na sua vida.

– Lizzy Marie! Para agora! Não é isso que eu quero te dizer! – Mas ele sabia que se a deixasse sair daquele modo alguma besteira aconteceria, e não fez nada mais do que correr atrás, tentando-a convencer de que ele só queria o bem de todos.

Izzy pegou então as chaves do carro de seu pai, sem se importar se tinha permissão ou não, naquele momento nada significaria, muito menos as palavras repreensivas de ambos os lados. Ela adentrou o veículo assim que pôs o pé na pista da Beach Boulevard, onde o sobrado amarelo beirava a areia.

– Não saia com esse carro Marie! – Anthony gritou, pulando para dentro do banco motorista antes que ela saísse de vez com ele, e enfim não tivesse mais chances de alcançá-la.

– O que está fazendo Anthony? Sai daqui!

– É você quem tem que sair, Marie! Anda!

E o que ela fez foi pisar fundo ao acelerador, saindo descontrolada com o carro não tão novo pelas ruas movimentadas de Huntington Beach. Os gritos que saiam da garganta de Anthony logo ao lado se transformaram em mais potentes a cada esquina que a garota dobrava, e ela não fazia nada mais do que apertar aquele volante entre suas mãos. Esperava que a velocidade lhe desse a adrenalina necessária para que aquele incômodo interior sumisse, e estava ficando satisfeita com a medida que o vento soprava forte pelo seu rosto, lhe dando a sensação que queria de liberdade.

Mas, definitivamente, aquilo durara pouco. Ao virar então para a avenida principal Lizzy teve apenas tempo de gritar, e ver o caminhão atingir em cheio o lado passageiro do veículo. O carro prata fora arremessado metros distantes, se não quilômetros, e depois disso a visão periférica da garota já não era mais tão perfeita. Havia sido atingida pela dor, pela preocupação com seu amigo logo ao lado.

O centro de Huntington Beach havia parado. Algumas das pessoas ali presentes já corriam gritando que havia uma mulher presa as ferragens. Os bombeiros já haviam sido acionados. As pessoas estavam horrorizadas.

As pernas de Lizzy doíam; A garota já podia sentir o sangue lhe escorrer pela testa. Seu corpo estava preso entre o volante e o acento, fazendo-a sentir as costelas latejarem. A respiração estava dificultosa, e a visão turva. Mas ela ainda pode ver Anthony. O seu Anthony ensangüentado, machucado cruelmente. Desacordado.

Lizzy não fez nada mais do que deixar que aquele grito de desespero e pânico lhe saísse agudos por suas cordas vocais.

– Se acalma moça, daqui a pouco a emergência chega. – um dos homens que tentavam a tirar dali disse, tentando-a acalmar. Mas aquilo era, absolutamente, impossível.

– Me-meu... E-ele, tirem e-le daqui! – ela tentou falar, gritar, mas era como se facadas tivessem sendo dadas em suas entranhas, porque doía, doía como ela jamais tivera sentido.

Nada doeria mais do que a culpa quando ela finalmente a sentisse. A culpa era toda dela.

...

– O que você fez Lizzy?! – Michael gritava do outro lado da linha, fazendo-a aumentar a intensidade de seu choro, este que já estava beirando a desesperado.

– Me desculpa!

– Onde ele está?!

– Ele... Ele não resistiu Mike.

Ela podia sentir aquele sufoco que se transformou seu pulmão; A dor que cada segundo a fazia pensar que seus órgãos estavam sendo esmagados dentro de si, lhe dando a intensa sensação de que iria cuspir sangue a qualquer momento. Aqueles ferimentos em volta de seu corpo não eram nada comparados aqueles que se instalaram em seu interior.

Era cruel ter a consciência pesada, era cruel ter o coração se despedaçando. Talvez seus pedaços nunca mais se reconstituíssem perfeitamente.

...

O buquê das flores havia sido despejado sobre o caixão, já sendo coberto por terras. Lizzy se mantinha distante, num canto afastado daquele enorme cemitério. Ela estava se sentindo a pior pessoa do mundo, e os olhares que eram lançados em sua direção contribuíam com aquilo. Ela era um monstro. Só não podia ver aquilo vindo de seu irmão, de seu irmão com quem havia divido até a mesma barriga. Michael não havia dirigido a palavra a ela depois do telefonema que recebera do hospital. Anthony havia morrido. O mais velho, o ponto de equilíbrio entre aquele grupo de amigos que era nada mais do que felizes, juntos, curtindo os raios solares daquelas praias californianas. Joseph, o mais apegado, se mantivera em silêncio. Ele só precisava de um tempo para se conformar. Nick e Noan estavam tão abalados quanto os outros, mas mesmo assim conseguiam lançar sorrisos vago-tristes para Lizzy do outro lado do cemitério. Ela precisava de ajuda. Eles sabiam disso. Ela precisava se acostumar com a idéia de que agora seria ela por ela.

Seus pais havia lhe comunicado, ainda ao velório, de que se mudariam para Los Angeles... Uma proposta de emprego que sua mãe houvera ganhado e que, infelizmente, não poderia negar. Alegara também que seria uma chance para que ela e seu pai pudessem recomeçar; tentar salvar o casamento a beira do abismo. Michael também iria, antes de fazer os testes do exército. Não queria mais pisar em Huntington Beach. Lizzy ficara. Ela tinha o poder da escolha, mas definitivamente não poderia ir com aquele fardo sobre as suas costas. Com os olhares subjugados sobre sua pele, embora os boatos de sua própria família fossem cruciais.

Desde então Lizzy Marie decidira que iria se entregar para aquele mar apenas, para o esporte que tanto gostava por influencia dos próprios amigos. Aquele sobrado amarelo beirando a areia era confortante, no final das contas. Ela podia sobreviver sozinha. Ela tinha que aprender. Joseph, Noan e Nick se mantiveram ao seu lado. Apenas eles. E talvez, de fato, bastasse.

– Éramos seis. Anthony era o mais velho...

Lizzy começou a contar então, com a voz falha, ignorando o nó em sua garganta. As lembranças daquele dia viam com mais facilidade do que outra coisa, e ela não sabia se agradecia por aquilo ou não.

Johnny se mantinha em silencio, escutando a namorada com toda a atenção que podia ter. Não estava se sentindo arrependido, no entanto, por ver algumas lágrimas descerem pelo rosto pálido dela. Ele as limpava, e acariciava seu braço descoberto. Ele estava ali, e parecia que a sensação de que, definitivamente, queria estar pra sempre, aumentava a cada palavra proliferada.

– E então meu irmão nunca mais falou comigo. Meus pais não são tão presentes desde aquele dia... Embora liguem aos meus aniversários.

– Eu não consigo entender como que eles puderam ser tão frios assim com você!

– Sendo agradável ou não... Eu sou a culpada de tudo, Johnny. – ela disse, limpando as lágrimas, enquanto se ajeitava sentada ali. Encostou suas costas a cabeceira confortável da cama, sentindo as mãos tremer aos bocados.

– Olha, eu estaria mentindo para você se eu dissesse que aquele dia você não tivesse sido realmente teimosa... Mas ás vezes algumas coisas acontecem para que outras dêem certo.

– Como assim?

– Veja só, Lizzy! Você é uma mulher, que luta para ter o que quer. Você não tem nem o mínimo de idéia o quanto você cresceu com isso? Você é extremamente matura, que desenvolveu um tipo de superproteção as pessoas em sua volta, que eu nunca vi igual. Me diga? Se não fosse você o que seria de mim aquele dia? Talvez, de fato, eu tivesse me salvado, mas Lizzy isso não deixa de ser fato que, não se importa se conhece ou não, você só quer o bem da pessoa. Você não fez aquilo por querer... Simplesmente aconteceu porque teve que acontecer.

Lizzy ficou em silêncio, apenas absorvendo as palavras sinceras do rapaz ao seu lado. Elas desciam amaciadas agora, sendo ditas por ele. Era fato. A realidade parecia menos cruel em um passe de mágica.

Johnny se remexeu na cama, sentando-se ao mesmo modo que a garota, puxando-a pelo antebraço até a sua frente, onde ela não demorou muito para se sentar em seu colo. Ele a abraçou, a abraçou forte, como se com aquilo pudesse tomar suas dores. E havia feito. Lizzy estava sorrindo. Estava se sentindo confortável com aquela dor, finalmente. Talvez, de fato, ela nem mesmo existisse.

– 20 dólares pelas palavras.

Ela desgrudou seu rosto do peitoral nu do pequeno, o olhando enquanto fingia incredulidade.

– Estou brincando... Acho que esse sorriso ai quita as suas dividas.

– O que eu faço com você?

– Nada, só panquecas, estou com fome.

Ela cerrou seus olhos, escutando o risinho sem jeito dele soar. Não poderia negar nem mesmo panquecas naquele momento, o ar que lhe passava entre o peito era tão leve, que a disposição para até mesmo escalar as montanhas, havia lhe batido a porta. Lizzy assentiu, saindo do quarto para que pudesse preparar o café da manhã, então.

Johnny ainda encarava a sombra da namorada, com os neurônios caminhorolando. Ela não podia estar sozinha, sem dizer palavras ao próprio irmão.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente: Desculpa se o capítulo não saiu dos melhores... Ele é importante.
Maaaaas, uma tragédia aconteceu comigo e eu ainda estou me recuperando.
O meu notebook queimou, e eu perdi TUUUUUUDO.
Eu estou chorando faz dias... e nem é pelo note, porque ainda bem que ele ta na garantia, mas o fato de que eu perdi todo o enredo de Showme... De mais outras fic's em andamento que eu estava escrevendo. Estou entrando em colapso. Mas, eu estou conseguindo restabelecer a fic, e por sorte tenho quase tudo em minha mente ainda, e já passei para o PAPEL.
Bom era isso... Só queria mesmo que entendesse, caso algum capítulo saia ruim. (:
Beijos minhas lindas.