Show Me What Im Looking For escrita por xDropDeadx


Capítulo 22
Saindo daquele pequeno inferno


Notas iniciais do capítulo

hey everybody
Boa leitura! :B



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VINTE E DOIS.

O sol já estava se esvaindo do céu, dando lugar para aquele tom alaranjado perfeitamente alinhado em cima do mar. Johnny encarava Lizzy e Zacky travarem uma guerra entre si, no tênis, logo à frente. Era engraçado ver o grandão se irritar facilmente por não conseguir acompanhar a habilidade da garota, qual o desafiava firmemente.

Aquele seu temperamento bipolar estava começando a deixá-lo confuso, Lizzy não era uma simples garota surfista que morava num sobrado amarelo a beira do mar, afinal. E Johnny já começara a perceber que havia muito mais atrás daquele sorriso meigo, enquanto outra coisa também queria o dizer que se dependesse dela não iria saber o que era tão cedo.

Talvez, de fato, não fosse somente aquele acidente que a traumatizara, Tyler nem fazia mais parte de sua vida para se martirizar daquele modo, e aquilo de certo modo o fazia recuar. Tinha medo do que ela escondia dentro de seu interior, ou, talvez, apenas medo de não conseguir fazê-la bem, como havia dito aquele dia. Vê-la daquele modo mais cedo, não pode negar, havia apertado seu coração como já mais sentira. Agora tinha um motivo para se importar e por quem, e estava um tanto ansioso para enfim cuidar de alguém.

Entre esses tantos, Johnny não sabia que apenas sua presença a fazia sentir que sua ferida começara a se fechar. Era como fechar os olhos, perdida numa mata, para que depois pudesse os abrir novamente, encontrando seu lugar finalmente. Aquele rapaz era, agora, a trilha no meio de todos aqueles arbustos espinhosos, e quando percebesse de fato este propósito, agradeceria por ter o encontrado tão cedo.

– Oi... – Lizzy se aproximou assim que havia se cansado das partidas de tênis com o grandalhão de olhos tão verdes quanto os dela. Sentou-se logo ao lado de Johnny, pousando a cabeça em seu ombro. – O Zacky não manja nada dessa bagaça! – Lizzy insultou rindo, vendo o gordinho mais a frente lhe dar o dedo do meio.

Eu não quero saber de nada Leana, já disse a você que estou me cansando de ser corno!

Os risos que haviam se espelhado entre o grupo sentado à areia, fora subitamente abalado pela voz alterada de Jimmy mais a frente, este que se aproximava a passos apressados enquanto uma mulher o seguia, batendo os pés tão firmes quanto ele.

Ninguém mandou ficar de cu doce!

– Ah, então é assim? Eu fico três meses fora, a trabalho, e você diz que eu sou cu doce? Não sabia que era tão puta assim! – disse ríspido, fazendo todos escancararem a boca com seus palavreados à mulher.

– E aí gente. – cumprimentou como se estivesse calmo, sentando-se também, com a cara fechada. Ninguém o encarou diretamente, e nem mesmo lhe pronunciaram palavras, apenas assentiram.

– Eu não admito que você fale desse jeito comigo, James! – a mulher gritou, apontando o dedo para sua face enquanto se posicionava a sua frente.

– Então para de agir que nem uma! – rebateu, vendo-a abrir a boca incrédula.

– Ok James, se é isso que pensa de mim... Então que fique pensando e sozinho. Acabou tudo entre a gente! – disse enfim, saindo a passos apressados. Todos engoliram em seco, observando a feição do amigo não transmitir nenhum tipo de emoção. Jimmy umedeceu os lábios, ainda encarando o mar a sua frente, como se ninguém tivesse presenciado seu término com a garota que, realmente, gostava.

– Está tudo bem, cara? – Matt se arriscou a perguntar. James assentiu, deitando-se na areia logo após. Lizzy, a mais próxima de si, viu os olhos azuis dele se virarem para os verdes dela, como um pedido de ajuda mudo.

Era tão delicada a situação que Izzy ainda preferiu ficar um tempo pensando no que deveria dizer a ele, não tinha experiência, embora as palavras que devessem ser ditas fossem tão óbvias

– Se você gosta dela, vai atrás Jimmy. – falou falha, vendo-o fechar os olhos por instantes.

– Ela não vale à pena.

– Ela pode estar chorando agora Jimmy, ou apenas esperando que você corra atrás.

Todos naquele momento apenas prestavam atenção nas palavras sinceras de Lizzy, e nas teimosas que Jimmy insistia em rebater. Talvez ela tivesse razão, e por mal conhecer a relação entre aqueles dois, desejava do fundo da alma que realmente estivesse.

– Se ela me mandar pro inferno de novo, eu te afogo. – falou enfim, se levantando e saindo a passos apressados.

– Por isso que digo... As mulheres são fodas. – Brian disse aéreo, recebendo um tapa de Matt na nuca logo após.

– Olha a brisa! – debocharam em couro.



...

Seu gesso estava repousado sobre a mesa de centro da sala de Lizzy. A moça estava com os braços entrelaçados ao pescoço do rapaz, enquanto suas bocas se movimentavam sincronizadas. Não havia desespero, mas havia sede, e seus corpos tão pertos um do outro contribuíam para aquilo.

– Para, para. Porque eu to com o tornozelo quebrado e eu não sei fazer isso com ele assim... – Johnny disse enfim, vendo o rosto da garota ao lado se ruborizar. Riu pra si, lhe dando um tapa leve na testa.

– E quem disse que eu vou me entregar pra você assim, tão fácil? Só depois do casamento.

– Quer se casar comigo? – brincou, encarando a face incrédula de Lizzy. – To brincando, to brincando! – disse, erguendo as mãos em forma de rendição.

– Eu não levo a sério boa parte das coisas que você diz... Então fique tranqüilo.

– Aé? E porque não?

– Pra quem tem um Chuck tatuado no braço, é sempre bom ficar com um pé atrás.

– Sorte sua que eu sou contra violência a mulheres.

Ela riu sarcástica, lhe dando o dedo do meio.

A noite havia calado, e deitados no sofá Lizzy e Johnny assistiam a um filme de terror. O som do mar logo ao lado havia sido esquecido pelos gritos e sons da serra elétrica. “O massacre da serra elétrica: O início.”, diga-se de passagem, o que estavam assistindo.

– Esse filme é nojento Lizzy! – Johnny repreendeu a beliscando, enquanto via um dos personagens vilões tomarem sopa de carne humana.

– Ai Johnny, seu viado, isso doeu. – gritou, passando a mão freneticamente em cima do hematoma vermelho que já se formara.

– Sua delicadeza feminina me encanta cada dia mais, Marie. – frizou o segundo nome da garota, vendo-a revirar os olhos.

– Antes isso do que “Um amor pra recordar”... Estou sendo boazinha com você.

– Você é a primeira mulher que diz isso... Eu me lembro de quando assisti com...

– MUAHAHAHAHAHAHAHA! – se assustaram com a risada maléfica vinda da porta da sala, esta que também era esmurrada. Johnny no mesmo instante se encolheu atrás de Lizzy, gritando palavras desconexas, enquanto a garota enxergava apenas uma máscara característica do outro lado de sua porta vidrada.

– Belo homem que você é hein Johnny... Se fosse o leatherface, eu morreria primeiro, é isso? – retrucou, vendo-o rir sem graça. – Jimmy, pode entrar! – gritou para o rapaz gargalhando, enquanto arrancava a máscara que lhe cobria a face.

– Ah que chato, se vocês tivessem assistindo pânico iria ser mais emocionante. – Rev fingiu chateação, sentando-se no sofá ao meio dos dois. – Passou, criança... Passou. – debochou, passando as mãos pelo cabelo, não tão mais espetado, de Johnny.

– Vai se ferrar cara!

– E aí como foi com a sua namorada? – Lizzy logo perguntou, evitando o trava língua que com certeza iria acontecer entre os dois, se deixasse.

– Ela continua minha ex. – contou em tom triste, fitando os pés já sobre a mesa de centro da mulher. – Falei pra ela que era uma vadia, mas que eu gostava de ser o corno dela.

– O quê?! – Lizzy quase gritou, o encarando incrédula.

– Estou brincando, calma.

O rapaz se esticou no sofá, pousando sua cabeça no colo da moça, enquanto colocava as longas pernas sobre o colo do pequeno, acertando-lhe sem querer o gesso.

– Desculpa aê, anão. – disse simplesmente, voltando a falar novamente com Lizzy. Johnny ignorou e voltou a prestar atenção a TV, já que seu amigo havia lhe roubado sua companhia.

– Então Lizzy... Ela nem me deixou falar direito, foi curta e grossa. Disse que não queria mais me ver, e para que eu voltasse a comer minhas putas.

– E você?

– Vou comer minhas putas ué.

– Jimmy! – ela o repreendeu, lhe estapeando a testa.

– Ela não ta nem ai pra mim... Nunca esteve de verdade. Não posso fazer nada.

– Mas você gosta dela, não é?

– Nunca pensei que iria gostar tanto assim. – confessou, cutucando a unha.

– Uma coisa que minha mãe sempre me disse é que, não importa o tempo, aquilo que te pertence retornará a você.

– E onde está ela?

– Los Angeles.

– Porque você ficou?

– Já fizeram muito dessas perguntas a mim.

– E o que você respondia na maioria delas?

– Que ela foi a trabalho.

– E é verdade?

– Parte.

– E a outra...

– Porque Los Angeles não tem viados que vão a minha casa à uma hora da manhã, com uma máscara de pânico... Jura? Já ta tão fora de moda. O que você tem na cabeça?

– Nada, esse é problema. – disse rindo.

Ficaram em silêncio por instantes, talvez Jimmy estivesse ocupado demais em pensar no que deveria fazer, mais uma vez. Já Lizzy lembrando-se daquele que fora o primeiro a vir em mente, encarou-o. Johnny a ponta do sofá, estava com a cabeça pendida para o lado enquanto dormia.

– Ele não estava acordado até agora pouco? – perguntou franzindo o cenho.

– Ah, ele é estranho assim mesmo. – disse normalmente, talvez já tivesse acostumado. – Acho que já vou indo, Izzy. – avisou se levantando. Beijou a testa da garota e saiu pela porta, deixando-a a sós novamente com o rapaz em seu quinto sono.

Sem alguma dificuldade, ela o deitou no sofá. Subiu as escadas, voltando instantes depois com travesseiro e coberta. Deitou-se logo ao seu lado, vendo sua face entregada a um sono pesado. Como conseguia fazer aquilo tão rápido? Riu baixinho para si mesma, e não demorou muito para que ela pegasse no seu próprio.



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