VINTE.

– Se você não pular... Já sabe.

– Mas eu to com medo seus filhos da égua!

– Anda, se não eu vou arrebentar sua cara! Como nos velhos tempos, se lembra?

– Era tão legal te bater Johnny... – Brian completou, cruzando os braços. Tentava manter sua pose de seriedade naquela altura, o que na verdade estava sendo quase nula a tentativa. Por dentro estava quase explodindo em risos.

– Ai meu deus! Porque vocês estão fazendo isso com ele?! – Lizzy perguntou desesperada assim que viu Johnny no telhado da casa de Matt, prestes a pular na piscina.

– Porque é legal. – Jimmy respondeu simplesmente, engolindo as risadas sonoras que queriam se misturar com as dos demais, já descontroladas vindas de Brian, Matt e Zacky – sentados no chão, diga-se de passagem.

– Desce daí Johnny! – gritou, vendo-o dedicar sua atenção a ela. – Não olha pra mim, se não você vai cair! – rebateu quase estridente, fazendo os outros rirem ainda mais com seu desespero.

– Não dá, se eu descer eles vão me bater!

Izzy encarou todos, indignada, deixando sua boca escancarar. Nem queria imaginar o que iria acontecer se ele realmente pulasse, ou se o fizesse da maneira errada. Conseqüências físicas, com certeza, mas ninguém parecia se importar. Ela bem que tentou rebater que estavam exagerando na tequila, logo pela tarde.

– Um, dois – Brian começou contar, olhando de esgoela para Lizzy. Queria ver a reação da garota, ou apenas ter certeza de que não voaria em seu pescoço simplesmente, como tanto queria fazer naquele momento. – e três!

Ao terminar a contagem enfim, Lizzy tapou seus olhos, escutando apenas o barulho da água logo após. Os risos escandalosos se espalharam depois, fazendo-a olhar finalmente a piscina azul - não tão mais –, a sua frente. Só teve tempo de ver Jimmy e Matt pular dentro da mesma, tentando retirar um Johnny exclamando de dor logo após. Seu tornozelo estava quebrado, ela pode enxergar a quantidade generosa de sangue que saia daquela região.

– AI MEU DEUS, LEVEM ELE PARA O HOSPITAL!

– SEUS FILHOS DA PUTA, DESGRAÇADOS, O DIA EM QUE EU ESTIVER MORTO VÃO ME DEIXAR EM PAZ! – começou a xingar descontrolado, vendo-os encará-lo surpresos com as próprias palavras raivosas; Era fato que nunca haviam o visto nervoso daquele modo, não com eles.

Quando pararam para perceber, até os autores daquelas brincadeiras inconseqüentes estavam assustados com aquela situação; Não imaginavam que iria se machucar daquele modo, a piscina era funda. E contando com a quantidade de sangue que conseguia sair de dentro de si, se sentiram culpados, mesmo que silenciosamente.

– Você é um cabaço mesmo Johnny, nem sabe pular direito! – Brian disse, analisando a área ferida do amigo.

– Cala boca Synyster, a coisa foi grave, vamo levar ele pro hospital. – Matthew repreendeu sério, ajudando Jimmy carregá-lo aos ombros. Lizzy já não agüentando ver a quantidade excessiva do líquido vermelho a sua frente, preferiu se distanciar, tentando recuperar o ar.

– Calma Lizzy, ele vai ficar bem. – Zacky tentou acalmá-la assim que a vira encolhida num canto, com os olhos lacrimejados.

– Eu não suporto ver essas coisas... Sangue, entende? Desculpa.

– Tudo bem... Acho que passamos dos limites hoje. Vem, vamos tomar uma água. – ele disse solidário, passando seu braço sobre os ombros da garota, que o acompanhou até a cozinha.

As suas mãos tremiam, e ela tentava ao máximo esconder todo aquele nervosismo, que podia beirar a exagero se não fosse pelo fato de que as lembranças não eram bem vindas para Izzy, e pessoas machucadas ao seu redor só contribuía para que aquele incômodo antigo se manifestasse sorrateiramente dentro de si. Entretanto, o rapaz logo ao seu lado percebera que não muito bem ela estava se sentindo, e arqueou as sobrancelhas, curioso.

– Me conta Lizzy. – pediu, vendo-a se dispersar brutamente de seu transe.

– O quê? – perguntou com o cenho franzido.

– Porque ficou tão nervosa com aquele sangue todo...

Cerrou os olhos em sua direção, fingindo estar desentendida. Estava se amaldiçoando por ele ter percebido, e sabendo em partes como era, ao perceber com o pouco de tempo que passarão juntos, talvez não desistisse tão cedo, caso ela não o dissesse algo convincente.

– Eu participava de um circuito aqui em Huntington Beach e fui trapaceada... Cortei minha testa em seis centímetros. Acho que depois disso meio que peguei um trauma de sangue, ou qualquer coisa ligada a ferimentos. – mentiu, esboçando um sorriso triste logo após. Suspirou aliviada ao ver o rapaz ao seu lado assentir, talvez tivesse acreditado que o motivo era realmente aquele.

...

– Chegamos cambada! – Jimmy anunciou, abrindo os braços em modo convidativo, este nulo já que Lizzy passou reto, indo em direção a um Johnny de muletas agora.

– Como você está? – desatou a perguntar, ajudando-o se sentar.

– Vou ficar de molho por um mês.

– Mas e as músicas?! – Zacky perguntou aflito, vendo-o com um sorriso maroto.

– Simples... Terão que me buscar todos os dias para os ensaios, e terei que tocar sentado. – explicou rindo debochado, fazendo-o cerrar os olhos.

– Mas tínhamos show marcado para o mês que vem...

– Eu sei, mas relaxa, o médico disse que até lá, talvez, dê pra eu tirar isso.

– É esse mardito se deu bem, se eu soubesse que seria tão fácil assim, teria pulado no lugar dele! – Jimmy debochou, sentando-se logo ao lado, mas sem antes dar um chute em seu gesso.

– AI SEU ANIMAL! – exclamou, logo após sendo acompanhado do grito de Jimmy também, já que recebera de Lizzy um tapa ardido no braço.

– Eu acho que essas crianças do campo precisam de mais espaço, se não o próximo quebra o pescoço! – Matt com seu ar mais maturo falou, enquanto deixava suas chaves em cima de uma mesa qualquer na sala.

– Little Johnny virou homem agora, foi ritual de iniciação! – Brian comentou, enquanto afundava Johnny no meio do estofado. Talvez nem com o tornozelo quebrado teria a paz tão desejada. Era fato.

Zacky que não passava longe daquela tortura toda, puxava o cabelo espetado do pequeno vendo-o gritar palavrões inexistentes.

– Lizzy... Então quer dizer que você entrou pra família oficialmente? – Jimmy perguntou, descontraindo-a de todas aquelas brincadeiras perigosas que costumavam fazer.

– Acho que sim.

– Acha que sim?

– Deixa minha mina em paz, já basta eu! – tentou se esquivar dos braços de seus amigos para dizer. - Da pra me soltar sua baleia filha da puta, está esmagando meus órgãos!

Escutando um coro de assovios Lizzy se enterrou no sofá, amaldiçoando suas bochechas que haviam mudado de cor sem sua permissão. Já Brian fizera questão de apertas as de Johnny, fingindo estar emocionado.

– Lizzy, antes de tudo a gente precisa te avisar que o Johnny tem problemas de gases... Então sei lá, achei legal alertar caso queira dormir com esse terrorista. – continuou debochado, fingindo seriedade.

– Ah! Como eu odeio vocês! – Johnny gritou descontrolado.

– É... Eu sei que a maturidade desses caras comove. – Matt se manifestou.

– Falou Senhor Amadurecimento!

– Izzy, não liga pra esses otários. Com o tempo você se acostuma!

– Ou não! – Zacky gritou.

– Vai ter que ser corajosa... – James interveio.

– Ninguém nos suporta... – Brian começou, mas foi interrompido bruscamente por Johnny:

– Bem vinda à família de qualquer forma.