Show Me What Im Looking For escrita por xDropDeadx


Capítulo 10
Quatro horas da manhã


Notas iniciais do capítulo

hey.
Acho que irão gostar desse cap :I
Boa leitura.



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DEZ.

Como há tempos não fazia, Lizzy aproveitara sua tarde nostálgica e caminhara até aquele quarto. Ele ainda se mantinha intacto, com todos os moveis e objetos nos seus devidos lugares... Até o cheiro de maresia misturada à bagunça ainda podia ser sentida.

O porta-retrato pairava sobre a cômoda, seu sorriso radiante destacava muito bem seus dentes meio tortinhos. A face jovial de uma adolescente de dezesseis anos ainda tinha aquela pessoa ao seu lado, o motivo de seus sorrisos. Era seu fortalecimento.

O peito doeu, e aquela dor da saudade voltou como há tempos não fazia. Portanto, Izzy decidiu girar com os calcanhares, voltando fechar aquela porta que criava coragem para abrir quase três vezes por ano. Fato.

Desceu as escadas sentindo a respiração ofegante, o nó na garganta era inevitável. Não queria chorar, no entanto. Aquelas lágrimas eram persistentes, mas ela não cedeu. Era forte o suficiente para se conter. Era forte o suficiente para encarar aquela face sorridente que estava parada no batente de sua porta, numa pose de mãos nos bolsos e pernas cruzadas.

– Hey Johnny! O que faz aqui?

– O portão estava aberto e eu entrei... Terei problemas?

– Não... Tudo bem. Entra aí.

Ele sorriu meigamente, adentrando a casa da garota que se dirigia a cozinha.

– Está tudo bem senhorita surfista?

– Claro que está, porque pergunta?

– Ta com uma carinha estranha... Geralmente você sorri radiante quando me vê, mas hoje ta meio borocoxo.

– Então, meu caro guru... Eu sei que seu ego é tudo pra você, mas eu estou bem sabe... – falou divertida, forçando um risinho.

– Ótimo! Então, hoje teremos panquecas?

– Ta ficando folgadinho hein, Christ.

– Que isso, eu sei que minha presença é bastante importante.

Ela cerrou os olhos na direção do pequeno, arrancando-o um risinho maroto. Ele piscou então, se sentando na bancada da garota que ainda permanecera parada em sua frente, com as mãos na cintura.

– Oi gente! – Nick apareceu, assustando-os com sua voz alterada.

Izzy o encarou, perplexa com o que estava vendo. O rapaz se mantinha apoiado na geladeira, tentando ficar em pé, assim como tentava arranjar coordenação motora o suficiente para segurar aquela garrafa de Jack Deniels que tinha em mãos, já pela metade.

– Mas que porra é essa!? – ela perguntou, correndo até ele. – Johnny me ajuda aqui! – pediu. O pequeno num só movimento se levantou dali, parando ao outro lado de Nick, onde imediatamente passou um de seus braços por seus ombros.

– Oi Johnny! Sabe... Eu queria ir ao show de vocês... Teve uma vez que a Lizzy me prometeu levar no show do Metallica que ia ter em Los Angeles... Ela fugiu de casa pra me levar, acredita? Ela é um anjo, Johnny. Então se você magoar ela... Eu juro que eu arranco suas bolas, ok? – ele tentava falar normalmente, mas suas palavras entravam em conflito com a própria língua.

Izzy revirando os olhos e amaldiçoando até a quinta geração do amigo bêbado, o guiou até seu banheiro, enfiando-o debaixo de uma ducha extremamente gelada.

– Isso aqui ta gelado, caralho! – Nick gritou ao sentir o choque térmico lhe atingir sem piedade.

– Não me importo Nick! Você não tem noção? Podia ter arranjado encrenca, sozinho com uma garrafa de uísque por aí. Ainda são seis horas da tarde! - ela o repreendia, com um ar maternal raivoso, que talvez fosse até pior do que uma mãe de verdade.

Johnny já feito sua parte saiu de perto, parando no batente da porta apenas para observar Lizzy xingar Nick, e se bobiar, às vezes até o tapear também. Ao ver tal cena não se conteve e riu pra si, tentando não emitir algum tipo de som. Claro, não queria levar um tapa ardido no braço também.

Izzy ao terminar finalmente seus sermões e cuidados, o enrolou numa toalha, praticamente jogando-o no quarto de hospedes ao lado.

– Agora se vira. Quando acordar, terá uma dúzia de aspirinas e um litro de água do lado.

Batendo a porta irritada, esqueceu-se de Johnny ainda ali e saiu marchando enquanto descia as escadas.

– Nossa, agora estou com medo de você. – debochou, seguindo-a. Ela pulou já no andar debaixo, colocando as mãos no peito. – Que foi?

– Desculpa! Até esqueci que você estava aqui...

– Eita estresse do capeta. – retrucou irônico.

– Ah eu to puta! Ele nunca faz isso... Deve ter levado um fora, não é possível!

– Se acalma, ele está bem agora.

Ela bufou, adentrando a cozinha novamente. Pegou a garrafa de uísque que antes pertencia ao amigo, e despejou o resto do conteúdo sobre a pia sem dó nem piedade.

– HEEEEEEY! Não jogue o Jack fora.

– Ele me deu bastante dor de cabeça hoje, então... tchauzinho.

– Você parece uma maníaca quando está nervosa.

– Eu sei, e isso vai demorar um pouquinho... O meu estresse às vezes é chato.

– O que você acha da gente dar uma volta na praia, então? – ele perguntou, se escorando na pia ao lado dela. Ela sorriu cabisbaixa, batendo na testa.

– Desculpa pelo meu lado não muito encantador, Johnny. Fico muito preocupada quando esses idiotas aprontam uma dessas comigo. Se acontecer alguma coisa com algum deles, sei lá, acho que fico meio sem chão sabe... – confessou meio sem jeito, enrolando os dedos na blusa enquanto encarava os próprios pés.

– Isso é legal, sabia? Não é todo dia que uma mulher de vinte e três anos está disposta a cuidar de três marmanjos barbados.

– Eu meio que me dei essa obrigação desde quando éramos adolescentes, sabe... – ela disse, enfim o encarando. Ele sorriu singelo.

– É verdade que você fugiu de casa pra levar ele no show do Metallica? – perguntou rindo.

– E ainda roubei dinheiro do meu pai!

– Que garota rebelde...

– Que nada! Depois que meu pai soube, perguntou por que não tinha o avisado... Ele queria ter ido também. – riu nasalada, se divertindo das lembranças que já houvera esquecido.

Ficou cabisbaixa por um momento, vendo flashbacks de seu primeiro show, de seu primeiro inferno em forma de pessoas amontoadas, soadas e loucas com os solos de guitarra. Ela sentia falta daquela época em que nada atormentava a sua cabeça. Não tinha que pagar contas, não tinha que se preocupar com a vida em si, essa que há cobrava cada dia mais.

– Juro que você acabou de apertar o play de um filminho sobre seus velhos tempos... – disse, a tirando do transe. Chacoalhando a cabeça, sorriu indo pegar a jaqueta de Nick que viu jogada ao chão.

Ao pegar a mesma, viu algo cair de um dos bolsos.

– Mas que merda... – ela grunhiu, pegando o saquinho plástico do chão. Encarando-o pendurado, pode enxergar o conteúdo que ali se encontrava. – Oh my god. – riu pra si, vendo então aquela erva dos deuses.

– Isso é maconha? – Johnny perguntou, apontando e se aproximando da mesma.

– A própria.

– Está pensando na mesma coisa que eu? – perguntou malicioso.

– Acho que já pensei antes de você! – ela riu marota, puxando-o para praia.



...

– Porque todo mundo relaciona et’s como seres super inteligentes de outro planeta? Porra, nem devem saber o quem é Jimi Hendrix!

– Quer saber?! Você tem toda razão, Johnny. Porque não vacas? Vacas extraterrestres.

– Vacas extraterrestres! Sensacional.

– Claro! - Lizzy concordou, dando mais uma tragada do pequeno fumo. Repassando para Christ logo após.

– Você sabe que horas são? Quatro horas da manhã.

– E a gente ainda ta fumando a maconha do Nick.

– Você acha que ele vai ficar meio... Tipo, nervoso?

– A gente mete o louco nele!

– Mete o louco? – Johnny perguntou, franzindo o cenho.

– É... A gente fala que ele chegou bêbado e cheirando a maconha. Ele nem deve se lembrar da existência disso.

– Boa idéia.

– Claro, sempre tenho as melhores.

– E depois tem coragem de falar que tenho super ego! – debochou.

– Qual é, Joh!

– Joh? Ninguém nunca me chamou de Joh. – comentou aéreo, se deitando na areia enfim.

Lizzy se permaneceu sentada, encostando-se no tronco de árvore que estava jogado por ali. Não sentia sono, nem preguiça... Apenas uma sensação inexplicável.

Não sabiam ao certo se era efeito da droga natural, ou se realmente estavam sentindo o momento daquele modo. Mas tinham certeza que a brisa que lhes percorria o corpo deixava-os mais leves, como se tivessem sentindo as coisas ao seu redor apenas com a alma; como se aquele saco de ossos houvesse simplesmente desintegrado dali. Isso não era real, era o efeito, porém desejavam aquilo pra sempre.

– Sabe Lizzy...

– Sim?

– Você é a primeira garota que tive encontros sem esperar o grã finale...

– Grã finale?

– É sabe... Beijos, apartamentos. Você entende.

Ela sorriu sem jeito, deixando de olhar o horizonte para encará-lo. Este que ainda estava distraído com o céu sobre si.

– Isso é bom?

– Acho que sim. Sinto-me diferente.

– Diferente é legal...

– É... – ele finalmente a fitou. – Você acha que se eu te beijar um dia desses, a magia perde?

O silencio de herdou por ali, mas ao contrário das outras vezes, não sentiram o mínimo de constrangimento ou timidez enquanto aquilo. Os olhares intensos já não eram mais controlados, pois sabiam o que aqueles minutos sem ao menos proliferar uma palavra significavam.

Johnny se sentou na areia, fazendo sinal para que ela se aproximasse. Sem interferir em suas intenções, o fez. Engatinhando até ele, sentou logo ao lado.

– As vacas extraterrestres querem muito que eu faça isso...

– Então beija logo antes que você seja abduzido Johnny Christ.

Rindo nasalado, não ligou pra mais nada ao não ser aqueles lábios finos e sedosos que o esperava. Chocou sua boca delicadamente com a dela, pedindo passagem depois de provar daquela carne aveludada que beirava a massagear os seus finos. Espalmando suas mãos sobre o rosto de Lizzy, deixou um riso lhe escapar.

– O que foi? – ela cortou, perguntando corada.

– Não sabia que era lerdo.

Ouvindo aquele riso doce se misturar com as ondas que quebravam logo a frente, agarrou-a pela cintura, puxando-a para mais perto de si.



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Notas finais do capítulo

De quem será aquele quarto, hm?



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