Presa entre dois universos escrita por Elizabeth Campbell


Capítulo 7
Um estranho da floresta fala comigo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, estava meio sem tempo para escrever, mas aí está o próximo capítulo. Essas lembranças logo serão explicadas.



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            Assim que John acordou - algumas horas repletas de tédio mais tarde - bem menos casado, pegamos as malas e desfizemos a cabana.

            - Vai demorar quanto tempo até chegar a esta casa? – eu perguntei, olhando, distraída, para as árvores.

            - Não sei – ele tirou do lado de dentro do casaco um mapa e uma bússola.

            - Você está falando sério que nós vamos chegar a esta casa com um mapa e uma bússola?

            Ele fez um sinal afirmativo com a cabeça, sem olhar para cima.

            - Então está bem, Sr. Jack Sparrow, o que você mais deseja no momento é chegar a casa? – eu perguntei, com um meio sorriso.

            John se virou para me olhar, para me fuzilar com os olhos, na verdade.

            - Está bem, eu sigo o que você falar sem contestar capitão Sparrow – eu disse isso e peguei a mala, arrastando-a por entre as folhas secas.

            Dessa vez, John nem se deu ao trabalho de se virar para me olhar, simplesmente guardou o mapa novamente e começou a andar e eu a segui-lo.

            Eu não saberia dizer se já estava à noite ou se a copa das imensas árvores estavam cobrindo o Sol.

            - Sabe... – eu disse, enquanto tentava me desviar de galhos e árvores, e ao mesmo tempo carregar a maldita mala, que eu estava prestes a atirar nos insetos – eu sempre quis andar no meio da floresta, fazer trilha, mas nunca gostei dessas belezuras de insetos – eu disse, afastando mais mosquitos do meu rosto.

            John, que estava a uns passos na minha frente, parou e se virou para me ajudar com a mala.

            - Eu sempre andei por entre as árvores, no meio da floresta, onde vivi é assim – ele pareceu se alegrar se recordando -. Dê-me essa mala, vamos levar o dia inteiro se você continuar assim – ele disse, voltando a sua expressão normal, bem... sem expressão, na verdade.

            - Nós não vamos levar o dia inteiro, eu consigo muito bem carregar a mala – eu disse, nervosa, e passei a mala para o outro braço, impedindo que John a tomasse de mim.

            - Então, não vou mais diminuir o ritmo para te acompanhar, e se não agüentar a mala, será problema seu; tem certeza que quer continuar carregando? – ele estendeu a mão, para pegar a mala.

            Na minha cabeça, parecia estar acontecendo uma guerra entre o orgulho e a preguiça; o orgulho queria continuar carregando a mala, já a preguiça queria entregar a mala e, se fosse possível desmaiar de propósito só para não precisar continuar andando.

            - Toma – eu entreguei a mala; aparentemente, a preguiça venceu -, pode levar. Eu duvido que você mantenha o mesmo ritmo andando com as duas malas.

            Depois de meia hora eu descobri que mesmo carregando as malas, ele estava a sua frente; acelerou o passo e tentou não tropeçar nos galhos.

            As grandes árvores estavam cada vez mais difíceis de serem ignoradas, quanto mais adentravam na floresta, mais juntas elas ficavam; e para ajudar, agora quase não havia luminosidade, apenas um brilho fraco emitido pela Lua, que estava encoberta pelas copas das árvores. Tentei imaginar ninfas saindo do meio da floresta e começando a conversar conosco, a basear-me nos recentes acontecimentos, isso parecia quase possível. De tanto imaginar com criaturas saindo da floresta – e também de imaginar o quão seria bom se John a aquecesse sob seus braços nessa noite fria -, comecei a sentir alguém me puxando pelo braço e conversando comigo.

            - Tem certeza que quer fugir, garotinha? – o homem que perguntou isso a mim aparentava ter, mais ou menos, uns cinqüenta anos; os dentes eram amarelados e até pretos; sua expressão era maliciosa, ele sorria, como um assassino e parecia que o tinham arrastado durante horas pela floresta com o rosto no chão.

            O ambiente ao meu redor só mudara no fator luminosidade, pois parecia estar de dia e as árvores eram mais espaçadas. Eu percebi que estava com a aquele vestido azul; todos esses fatores de mudança ambiental súbita e uma dor de cabeça forte me fez perceber que estava em uma das minhas memórias.

            Como o meu eu atual não comandava as ações feitas pelo meu eu das lembranças, eu levei a minha mão ao rosto o homem, ouviu-se um estralo de algo quebrando, mas não esperei para ver, investi dando um soco na sua barriga e depois joguei sua cabeça contra uma árvore, então ele caiu, inconsciente, no chão da floresta; apenas senti sua pulsação e percebendo que estava vivo, saí correndo, repetindo a cena das minhas outras lembranças.

            Aparentemente, eu estava com muita pressa e necessidade para sair daquele lugar, pois todas as minhas forças estavam voltadas para isso.

            Voltei a mim mesma e, mesmo na pouca luminosidade, senti John me observando.

            - Não vou desmaiar, pode ficar tranquilo quanto a isso; pode continuar andando, por que parou? – eu perguntei, com uma irritação um pouco fora do comum, mesmo para mim.

            - Eu só estava... – ele pensou melhor e acrescentou – Esquece, é melhor continuarmos andando mesmo, estamos quase... – mas nesse momento ele foi interrompido, pois muitas pessoas surgiam a nossa frente.


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