Presa entre dois universos escrita por Elizabeth Campbell


Capítulo 8
Me levam até a casa velha e, bom... suja


Notas iniciais do capítulo

Finalmente consegui tempo para postar...



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No começo apareceram somente cinco pessoas, mas mais delas começaram a surgir, umas dez pessoas talvez. Usavam capas pretas justas na cintura por um cinto preto também; por debaixo das capas, usavam camisas e calças sociais. Eram homens e mulheres de, aparentemente, meia idade.

A mulher que estava na frente pegou um papel que guardava debaixo da capa e o entregou a John. Ela era mais baixa que eu, mas tinha uma expressão rígida, estava com os cabelos lisos e castanhos presos em um rabo de cavalo; a julgar por sua aparência, deveria ser uma mulher que todos temem.

John leu o que estava escrito no papel; tentei ler, mas mesmo esticando a cabeça da maneira mais sutil possível, não consegui enxergar o que havia escrito. A medida que avançava na leitura, começou a ficar mais pálido e suas feições tingiram-se de medo.

– Obrigada por trazê-la até aqui John, mas tivemos que mudar um pouco os planos. – disse a mulher a John, assim que este levantou a cabeça.

John não conseguiu falar nada, apenas olhou fixamente para a mulher e depois para mim, agora sem nenhuma expressão. Eu sempre tentei não demonstrar o que estava sentindo, e ao sempre me dei bem nisso, mas fiquei pensando se escondia tão bem meus sentimentos quanto John; acho que não.

A mulher virou a cabeça levemente para a direita, quatro homens perceberam o sutil sinal, e em questão de segundos dois deles estavam segurando um cada braço, sem eu nem me dar conta do que estava acontecendo.

– Ei, espera, quem são vocês? – eu perguntei.

De início pensei em tentar me soltar deles, mas só faria com que meu braço doesse ainda mais de tanto apertarem.

Ignorando a minha pergunta, a mulher disse:

– Vamos – e virou-se para começar a andar e liderar o grupo, quando estava lá na frente, falou por cima do ombro: - Á propósito, me chamo Iset.

– Bela ajuda! – resmunguei.

Percebi que mais dois homens levavam John, o qual não abrira a boca e, se olhasse bem fundo nos seus olhos, acharia traços de sofrimento e medo. Sentindo meu olhar, John me fitou, deu um sorriso triste e envergonhado. Virei novamente a cabeça para frente.

Comecei a pensar no que havia acontecido até agora. Não parecia que há um dia atrás eu estava em casa esperando minha irmã chegar do que eu achava ser uma viagem de trabalhos normal. Eu confiar demais em John, mas não sabia exatamente o por quê. Pensando bem agora, dei uma bronca em mim mesma por ter sido tão vulnerável; me sentia fraca, presa por dois homens. O pior é que não podia culpar John pela minha atitude, ele não me enganou, apenas ocultou quem são seus chefes e tudo mais. Agora, eles me levariam para algum lugar desconhecido e poderiam fazer qualquer coisa contra mim; caso eles fossem dar uma notícia de que minha carta de Hogwarts finalmente chegou, com oito anos de atraso, eu não faria objeção; mas vendo a maneira como me trataram, eu achava mais provável que eles são católicos da Idade Média me acusando de bruxaria e que agora eu seria levada a forca.

Andamos por uns dez minutos, os quais, surpreendentemente, eu mantive a boca fechada, sabia que minhas perguntas não seriam respondidas. As árvores a nossa frente começaram a se espaçar, até que deram lugar a uma imensa clareira com uma casa no centro, de aspecto antigo e muito mal tradada, iluminada pelo brilho da Lua (ou brilho refletido, mas não vou estragar o “quê” poético). Essa era a casa a que John iria me levar, afinal.

Nos conduziram até os degraus de madeira que levavam a uma varanda imunda. Subimos os degraus que rangeram sob o peso de nossos corpos. Paramos em frente a uma porta quebrada e... suja – que surpresa -, o interior da casa deveria estar do mesmo jeito. Iset empurrou a porta e eu esperei ver uma sala de estar com sofás imundos e uma estante quebrada, mas a visão que eu tive me surpreendeu. Pela fresta aberta da porta havia mais uma floresta, mas esta estava iluminada pelo Sol e suas árvores não eram tão altas, e delas nasciam vários frutos. Fiquei espantada, mas não deixei de ter esperanças; poderia não ser Hogwarts, mas pelo menos era Nárnia. Dei um risinho com esse pensamento, atraindo a atenção de Iset, que parecia ter se lembrado que eu estava ali.

Iset franziu a testa ao olhar para mim e inclinou sua cabeça para o lado, assumindo um aspecto sombrio.

– À respeito de sua pergunta feita anteriormente sobre que somos nós, crio que primeiro você deva se perguntar: quem sou eu? – disse Iset, e se virou para entrar na nova floresta.



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