Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 23
Capítulo 21: Mais de um segredo


Notas iniciais do capítulo

#AAAAAA NÃO ME MATEM PFVR
Eu não quis demorar tanto assim pra postar, juro ;A; É que, em todos esses anos nessa industria vital, eu nunca fiz algo parecido com essa fic. Pra falar a verdade, boa parte do que tá aqui na fic toda é a primeira vez que o faço, so... Anyhoo, o capítulo deu bastante trabalho, e somente pelo incentivo da Alysse que eu consegui escrever.
Falando em Alysses, a Alyss que parece na fic também aparece em Pokémon Nuzlocke: Heaven & Hell (http://fanfiction.com.br/historia/536745/Pokemon_Nuzlocke_Heaven_Hell/), mas não é plágio. E recomendo que vão ler a fic da Alyss, também.
E, sem mais delongas, boa leitura~



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Os passos eram frenéticos e um tanto apressados, e naquele momento, Chris parecia finalmente sentir o peso que era carregar um extintor de incêndio, apesar de o mesmo não ser tão grande quanto pensava que fosse. De qualquer forma, aquilo não era nada com o que devia se preocupar no momento. Tudo o que deveria se preocupar era apenas no incêndio que aconteceria caso não fizesse nada para contê-lo. Apressou-se um pouco mais, enquanto olhava o rotulo com as instruções para abrir e utilizar o extintor, e junto com isso, acabou descobrindo que aquele extintor era do Tipo A, o que significava que possuía água ao invés do pó químico que geralmente era o conteúdo do recipiente vermelho. Todavia, não achou que aquilo poderia ser um problema, pois conhecia o suficiente de ciência para saber que para se apagar o fogo, era preciso retirar um dos fatores que contribuíam para que ele se mantivesse aceso, e a água retiraria um deles, que era o calor.

Assim que estava no corredor, conseguiu achar um jeito de usar o extintor, e com isso, correu o mais rápido que pôde em direção ao quarto que a enfermeira Joy lhe dera, já pensando no que diria a ela assim que controlasse a situação. Era bem provável que a mulher quisesse fazer com que ela pegasse os estragos, mas Chris não pensou naquilo agora. Tudo o que conseguia pensar naquele momento era em desfazer seu acidente antes que algo pior acontecesse. Devido a sua corrida, chegou até o local desejado em pouco tempo, e ao ver o quarto novamente, seus olhos se arregalaram, tamanha era sua surpresa. Ao contrário de momentos antes, as chamas estavam mais altas e mais selvagens do que antes, consumindo grande parte do quarto e se espalhando para todo o local, de modo que o calor estaria tão intenso ali dentro que seria impossível alguém permanecer ali, sem falar na grande quantidade de fumaça que era expelida. Por um momento, temeu que as chamas pudessem se espalhar para o resto do local e consumir o que restava do Centro Pokémon, mas tal pensamento foi repelido rapidamente para dar lugar a grande surpresa que sentiu no momento. Nunca havia visto nenhum incêndio ao vivo, mas sabia que as chamas não podiam se espalhar tão rápido assim e nem com tanta fúria, e duvidava muito que tivesse perdido a noção do tempo enquanto procurava ajuda no saguão do prédio.

Novamente, aqueles pensamentos e sua surpresa não duraram, pois ao invés de continuar a ponderar sobre a razão do porque as chamas estavam tão altas daquele modo, girou a alavanca do extintor e segurou a mangueira, com a mão que antes segurava o violão em sua capa, agora no chão seu lado, e, fora do quarto, assistiu a água jorrar da mesma e se chocar contra as chamas. Por alguns poucos momentos, permitiu-se pensar em alguma outra coisa enquanto guiava os caminhos da água do extintor pelo quarto em chamas, sentindo um pouco mais aliviada por ter consigo utilizar o recipiente vermelho.

Pelo menos até que percebeu que as chamas não se extinguiam.

Ao invés disso, o fogo se espalhou ainda mais, tomando o que restava do quarto e até mesmo se espalhando para alguns centímetros para fora do mesmo, como se estivessem furiosos por Chris ter tentando acalmar sua raiva. A menina piscou, recusando-se a creditar que algo assim pudesse acontecer, e tentou novamente, apenas para obter o mesmo resultado de antes. Embora estivesse vendo com seus próprios olhos que, naquele caso, a água só estava servindo para espalhar as chamas ainda mais, simplesmente não conseguia acreditar que algo assim pudesse estar acontecendo. Aquilo ia contra todos os seus poucos conhecimentos da ciência, ainda mais do que ela ser capaz de controlar o fogo e não estar sentindo o menor incômodo do intenso calor que o fogo causava. Era algo impossível, algo que, se estivesse realmente acontecendo, Chris teria ainda mais problemas.

Acabou tentando uma última vez, apenas para ter certeza de que não estava sonhando, e por fim, pegou seu violão de volta e voltou a correr de volta para o saguão, completamente confusa. Tinha a sensação de estar em um sonho, algum tipo de pesadelo gerado pelo medo misturado com o fascínio que era ter poderes que desafiavam as leis da ciência, além do grande medo de sair sozinha pelo mundo e sem nada consigo, que, apesar de não admitir para si mesma, sabia que o possuía. Porém, Chris não acordou, e nem mesmo se viu em seu quarto de casa ou do Centro Pokémon novamente, apenas desceu as escadas com pressa, e voltou a gritar pela enfermeira Joy, e lamentou por descobrir que nada daquilo não era um sonho.

Como antes, a enfermeira não apareceu. Ao invés dela, não demorou muito para que Chris chamasse a atenção de pessoas e Pokémons que haviam se hospedado no local, as quais reclamavam o tempo todo pela gritaria da mais nova, mas logo paravam quando ouviam suas explicações, para logo depois tentar ajudá-la em algo, chamando a enfermeira Joy ou liberando um Pokémon aquático para tentar apagar o fogo no segundo andar, o que só causava ainda mais medo na mais nova. Outros tiveram que subir as escadas de volta para confirmar, e depois que o fizeram, uma ou outra pessoa tentara acionar o alarme de incêndio, porém sem sucesso, já que, aparentemente, ele não estava funcionando. Por fim, acabou que um pequeno grupo de pessoas se encarregou de subir novamente para o terceiro andar e avisar as pessoas, enquanto Chris tentava obter a ajuda da enfermeira de cabelos rosa. Desse modo, a cada minuto que se passava, várias pessoas e Pokémons eram vistos correndo para fora do Centro Pokémon, em um intervalo de tempo cada vez menor.

Assim que Chris assistiu o terceiro grupo de pessoas sair do prédio, finalmente conseguiu a tão esperada resposta para seus chamados: A maçaneta da porta atrás do balcão onde a enfermeira Joy ficava foi aberta, e ela surgiu, com os cabelos rosa bagunçados e uma expressão de puro desgosto.

― Enfermeira! – Gritou ela uma última vez ao ver a mulher de cabelos rosa adentrar o saguão com uma expressão extremamente aborrecida diante da situação. Sua expressão de aborrecimento aumentou, ainda mais quando viu que a fonte de todo aquele alvoroço era Chris, um garota que duvidava que pudesse causar uma situação daquelas.

― O que está acontecendo? - Perguntou a mulher, tomando uma expressão preocupada diante da expressão aflita da mais nova.

Enquanto Chris tentava explicar o que havia acontecido e esconder o fato de que a causadora o incêndio era ela, colocou suas mãos no balcão para não ficar balançando-as impulsivamente ao lado corpo, e, no caminho, seus dedos tocaram a incubadora, que ficava quase que fixada ao balcão. Por um breve momento, Chris pôde ver pequenas faíscas surgindo de seus dedos, como se seus poderes fossem elétricos ao invés de chamas, e por um breve momento, deixou que seus dedos tocassem a incubadora.

Em seguida, ouviu um som baixo e estranho, o qual não deu a mínima atenção e nem interrompeu suas explicações para a enfermeira para procurar sua origem. Porém, após isso, suas explicações foram interrompidas por um som de maior importância e mais alto, tão alto que era impossível as pessoas que estavam presentes no saguão não terem ouvido. O som de uma explosão, seguido de uma grande quantidade de fumaça

E então a incubadora entrou em chamas, surpreendendo a todos os presentes do local.

A garota gritou, tamanha era sua surpresa, tanto pela incubadora ter entrado em chamas com um simples roçar de dedos quanto pela sua mão que, ao entrar em contato com as chamas, permaneceu alguns poucos minutos utilizando-se de sua força para se manter, para então desaparecer novamente, deixando sua pele completamente intacta no lugar. Seus olhos se arregalaram, e foi como se naquele breve momento todos tivessem descoberto não só o seu segredo, como tudo o mais que havia acontecido, tanto ali quanto antes.

O silêncio se instalou no local, e nada podia ser ouvido senão o crepitar das furiosas chamas tomando conta de todo o equipamento que mais cedo estivera quebrado por algum tipo de vírus. Ninguém disse nada, pois a surpresa era tanta que os impedia de fazê-lo. Apenas encaravam Chris com uma expressão estranha, que a morena julgou ser a mesma que possuíra minutos antes, quando imaginara se a situação atual não se passava de um mero sonho. Contudo, nada daquilo era um sonho, nada daquilo era irreal, e nada daquilo se mostraria ser apenas uma brincadeira de mau gosto que os olhos da morena pregavam nela. Assim como o calor que sentia, mas não a incomodava, e assim como tudo que vinha acontecendo até o momento, a cena a sua frente era mais do que real.

Tão fácil quanto o segundo acidente da noite aconteceu, todas as barreiras que Chris erguera o redor de sua própria mente para evitar os pensamentos escuros, se desfizeram, permitindo que todas as preocupações, medo e culpa voltassem a tomar conta de sua mente, suprimindo toda a concentração que conseguira reunir para afastá-los e tentar cuidar da situação. Agora, Chris voltou a temer que o incêndio se prolongasse, voltou a temer que descobrissem que a culpa fora toda dela e de mais ninguém, até que sua mente lembrou a si mesma de que, naquele ponto, seria uma surpresa se já não o soubessem. Sim, ela quase podia ver que nas expressões assustadas das outras pessoas e da enfermeira, estavam culpando-a pelo todo o acontecido e enfatizando o fato de que Chris era nada mais do que uma aberração, um problema que havia trazido ainda mais problemas para todos eles.

A culpa corroeu a mais nova, deixando-a incapaz de reagir as palavras rudes que se seguiram vindo das pessoas. Porém, a maioria delas não continuou naquilo; estavam mais preocupadas em salvar a si mesmas e, se possível, salvar o Centro, mas nem por isso o medo e a culpa que Chris sentia diminuíram. Ao ver aquelas pessoas ali, com os olhos que pareciam dizer e saber que a culpa era toda dela, foi como se estivesse revivendo uma lembrança há muito tempo escondida, foi como se seus pais estivessem ali no lugar das diversas pessoas que se encontravam no saguão do Centro, fitando-a com o usual misto de ódio, medo e indignação por possuírem uma filha assim. Só faltavam os xingamentos e a surra, e aí sim, Chris iria crer que estava de volta a sua casa e, por descuido, havia deixado que seus pais vissem o fogo brincando em suas mãos.

Aquelas seriam as mesmas expressões que fariam quando olhassem para ela, deixando claro que odiavam sua filha por ser daquele modo. Logo depois, seguiria xingamentos, talvez uma surra, e então um sermão que Chris sabia de cor: Ela não devia fazer aquilo nem na presença deles e nem nunca, pois eles a odiavam e odiariam ainda mais por isso, e se o fizesse, traria problemas. Na verdade, ela sempre trazia problemas, e isso era um dos motivos para não permitirem a sua saída. O outro era que provavelmente não gostariam de ficar sem sua escrava pessoal. E, segundo eles, Chris tinha sorte de eles a permitirem que ficasse em sua casa, e que comesse o que faziam e que tivesse roupas, mesmo que surradas e muitas vezes muito pequenas para sua idade.

Ali, naquele momento, era como se todas aquelas pessoas a odiassem por ser um problema, era como se todas aquelas pessoas também não desejassem sua saída para ir atrás de seus sonhos. E era como se a culpassem e soubessem que a razão do incêndio eram seus poderes.

Tais pensamentos continuariam consumindo-a se o silêncio não tivesse sido interrompido pela enfermeira Joy gritando ordens e as pessoas vindas dos andares superiores, as quais a morena preferiu olhar ao invés de se permitir pensar sobre coisas que certamente não ajudariam a recuperar sua concentração e desfazer seu erro. Passou a olhar para as pessoas fugindo, poucas delas ficando para tentar ajudar, e algumas que somente queriam saber o que estava acontecendo, e já tinham sua resposta ao olhar para o fogo na incubadora se espalhando para outros locais. Pôde ver alguns poucos Pokémons diferentes e até mesmo evoluídos, além de pessoas de diversas idades, a grande maioria sendo crianças e adolescentes, todas elas cada vez menos familiares para a mais nova.

Exceto por um rosto.

Na verdade, era mais de um, dois rostos familiares que a garota tinha certeza de já tê-los visto antes, apesar de não se lembrar de ter conhecido aquelas pessoas. Eram pessoas que, assim que as viu, descobriu quem eram e onde já as havia visto, já que não era todo dia que se via uma garota de cabelos azuis e olhos roxos e nem uma garota com uma cicatriz em seu rosto. Ambas, aparentemente estavam hospedadas naquele Centro Pokémon em especifico, e no momento, lideravam um grupo de mais quatro pessoas, as quais Chris tinha certeza que nunca havia visto antes. Porém, era fácil se lembrar de onde vira as duas incomuns garotas, principalmente pela batalha que presenciara e por elas terem sido sua inspiração para finalmente conseguir seu Trainer Card o mais rápido o possível. Momentaneamente, sorriu, e deixou que suas fantasias sobre sua viagem que, no momento, não parecia que iria acontecer, tomarem-na e distraí-la de todas as suas preocupações.

Um grande suspiro se fez ouvir vindo da mais nova, e ela estava prestes a voltar a observar as outras pessoas que seguiam as mais velhas quando algo a interrompeu. Em poucos segundos, Chris se viu tropeçando nos próprios pés para acompanhar alguém que tentava puxá-la pelo braço, e da mesma forma súbita que a puxaram, soltaram-na, e quem quer que fosse o autor disso, resmungou palavras incompreensíveis. Esses poucos momentos em que se viu livre foram o suficiente para recuperar-se do susto e identificar quem tentara levá-la com consigo, e se surpreendeu com o autor de tal ato. Acabou se deparando com a garota de cabelos azuis, exibindo um claro brilho de aborrecimento em seus profundos olhos roxos.

– O que você...? – Chris tentou perguntar, mas não passou de poucas palavras baixas em meio a murmúrios de surpresa e medo. Mais uma vez, se viu sendo puxada, mas mais uma vez, a autora da ação soltou-a rapidamente e exclamou um palavrão, como se só pelo fato de tocar a mais nova fosse o suficiente para queimá-la.

– Aaah, quente! – Exclamou a outra assim que soltou Chris pela segunda vez, fazendo uma careta de dor. Depois disso, soltou outra reclamação: - Eu vou derreter!

Chris franziu o cenho, confusa, mas não teve tempo de pensar em mais nada, pois a outra estranha garota que batalha com a treinadora de cabelos azuis rolou os olhos, e então puxou Chris consigo, forçando a morena a correr no mesmo ritmo apressado para acompanhá-la e aproveitando-se de sua momentânea surpresa para forçá-la a correr, deixando não só seus medos para trás, como todos os outros que pareciam culpá-la pela situação atual. Por um breve momento, a menina não quis acreditar que aquilo pudesse estar acontecendo. Todavia, a brisa fria que tocou em seu rosto e levantou seus cabelos foi o suficiente para avisá-la que aquela era a realidade e que estava sendo levada para um lugar desconhecido e por pessoas desconhecidas.

Imediatamente, várias idéias atravessaram a mente de Chris, na tentativa de descobrir quem eram aquelas pessoas e por que estava sendo levada assim tão bruscamente. Era fácil ver que eram nada mais do que um grupo de treinadores, a julgar pelas duas crianças presentes e pelos outros dois adolescentes tão incomuns quanto as duas, principalmente por possuírem cabelos vermelhos, um claro e vivo, o outro escuro, quase no tom de sangue. Porém, era mais do que difícil tentar achar a razão do porque estariam levando-a para longe, e por culpa de seu medo, cada razão que imaginava parecia pior do que a outra. Primeiro, pensou que estivessem levando-a para longe das pessoas do Centro Pokémon que pareciam culpá-la por toda a situação, mas tal explicação era boa demais para ser verdade. Depois, pensou que, ao invés de desejarem ajudá-la, estariam levando-a para a policia, ou pior: para seus pais. Ao pensar nisso, seus olhos se arregalaram de medo, e Chris tentou se soltar, mas foi inútil: a mão que a segurava era forte demais, e aplicava grande força no braço da morena, porém não o suficiente para chegar a machucá-la.

Tal hipótese pareceu ser a verdadeira, principalmente quando ela viu que estava sendo levada para fora da cidade, pelo mesmo caminho que Chris usava para ir até sua casa e que passava pela praça em que brincara com o fogo mais cedo e pela rota 205. Por isso, Chris tentou pensar em algum modo para fugir, algum meio para se soltar da garota que a forçava a ir consigo e correr para qualquer outro lugar. Agora que estava tão perto de sair em jornada, não podia arriscar perder a oportunidade, mesmo que um incêndio acidental fosse uma razão grande o suficiente para impedi-la.

– Merda! – O grito e a parada brusca da garota que a puxava arrancaram Chris de seus pensamentos, assim que cruzaram uma esquina em direção a mesma praça que estivera mais cedo, e, desse modo, Chris também foi obrigada a parar.

– O que foi, Law- - Começou a indagar a garota de cabelos azuis, mas interrompeu a si mesma no meio da frase para encarar a rua a sua frente, com uma expressão de grande surpresa e medo tomando suas feições. – Ah, meu deus.

– O que houve? – Perguntou uma das outras duas garotas que compunham o grupo, uma com cabelos vermelhos e que lançava constante olhares aborrecidos para a mais nova, como se estivesse se perguntando o que ela estava fazendo ali.

Ninguém respondeu sua pergunta, portanto, a ruiva olhou para frente, ainda com a expressão aborrecida, e lentamente, sua expressão de raiva se esvaiu, para revelar uma grande surpresa. O estante do grupo também o fez, curiosos para descobrir porque haviam parado tão bruscamente e para descobrir a razão para a grande surpresa, e cada um deles adotou a mesma expressão surpresa e confusa, como se não acreditassem que aquilo pudesse estar acontecendo. Por fim, vencida pela curiosidade, Chris olhou também, logo depois de tentar mais uma vez se soltar e não obter sucesso. E, assim como eles, uma clara surpresa tomou seu rosto, como se não acreditasse que o que estava logo à frente dela fosse real.

Logo a sua frente, na praça onde Chris estivera mais cedo, todas as arvores, banco e qualquer outra coisa que pudesse ser queimada, estava em chamas. Era um fogo alto, ainda maior que o que ela começara no Centro Pokémon, e parecia ter tanta fúria quanto o do prédio que estava minutos antes. Ao redor do local, alguns curiosos e carros de bombeiros estavam ali, tentando conter o incêndio que, se continuasse desse modo, se espalharia para as casas, e, na pior das hipóteses, para o que restava da parte arborizada da cidade. A menina estremeceu, afastando a ideia de que aquele fogo pudesse ter sido culpa dela também, e voltou a prestar atenção nas pessoas que compunham o estranho grupo, seguindo seu olhar mais uma vez.

Dessa vez, o que encontrou foi algo diferente do incêndio, mas não eram todos que olhavam para aquilo, e sim sua raptora. Ela encarava dois estranhos garotos de longe, que por estarem de costas e muito longe dela, Chris não podia dizer sua aparência e nem quem eram, mas suas suspeitas de que sua raptora os conhecia foram confirmadas quando a mesma puxou-a de novo, e voltou a correr, liderando o grupo para um outro caminho que os levaria para fora da cidade, e, desse modo, seus medos voltaram, e mais uma vez, tentou se libertar, apenas para receber o mesmo resultado de antes.

Os minutos passavam rápido a medida que avançavam pela cidade. Chris estava cansada, com medo, e seus pés doíam, mas nem por isso poderia parar; foi obrigada a continuar correndo, até que finalmente estavam fora da cidade e deixavam tudo para trás. Mesmo assim, nenhum deles parou, apenas continuaram seguindo a garota que os liderava e ignorava os pedidos para receberem explicações vindas do resto do grupo, o que deixou a morena ainda mais confusa que antes. Voltou a se perguntar o porquê de estar ali e de temer a possibilidade de estar sendo levada para seus pais, mas nem isso durou muito. Em um certo ponto, tudo o que Chris podia fazer era continuar correndo e sentindo medo, concentrada em manter-se de pé para acompanhar o passo apressado do grupo.

Porém, a possibilidade que Chris estaria sendo levada para seus pais foi rapidamente descartada quando viu que as pessoas passaram reto pela estrada que os levaria até a casa de seus pais, e apenas a possibilidade de que queriam puni-la do próprio modo permaneceu, enchendo-a de medo. Tal medo aumentou ainda mais quando, depois do que pareceu ser uma eternidade, pararam, e ela então foi solta. Por vários momentos, todos tiveram de parar e recuperar o fôlego, e nem mesmo Chris não poderia não fazê-lo, caso quisesse fugir do que fosse acontecer em seguida. Ainda assim, não achava que conseguiria, já que seus pés doíam mais do que achava que pudessem doer, assim como seu peito e seus pulmões, os quais gritavam por receber ar novamente. Se ela corresse agora, não achava que conseguiria ir muito longe. Mas, a julgar pela situação daqueles que a sequestraram, não achava que estes poderiam segui-las por muito tempo.

Enquanto recuperava o ar, começou a ponderar por quanto tempo aguentaria correr e que distância conseguiria vencer no estado em que estava. Segurou o violão contra o peito, assustada com a possibilidade de não ser capaz de fugir, e foi então que uma voz soou, direcionando-se a ela:

– Você... está bem? – Foi o que a garota com a cicatriz perguntou, cortando a frase no meio para que pudesse buscar mais ar para si. Tal pergunta foi extremamente surpreendente para a mais nova, e por isso, ela não respondeu de imediato. Vendo que ela não iria responder, a mais velha continuou: - Desculpe por ter te levado desse jeito... Eu tenho uma boa explicação para isso.

– É, todos nós também queremos saber por que você trouxe ela com a gente. – Disse a garota ruiva, num tom estranhamente sarcástico, parecendo extremamente aborrecida com a atitude da outra.

Não só ela, como todos os outros ali presentes pareciam estar curiosos para saber a razão do por que Chris fora levada daquele modo, a exceção sendo a garota de cabelos azuis, o que deixou a morena ainda mais confusa do que antes. Viu a garota mais velha franzir o cenho diante do tom sarcástico da ruiva, mas por fim, acabou ignorando-a e se voltando para Chris, dizendo-lhe uma única frase que foi capaz de assustá-la mais do que todos os acontecimentos daquele estranho dia, se é que aquilo era possível:

– Eu sei o que você é.

A morena estremeceu, e inconscientemente, deu alguns poucos passos para trás, enquanto sua mente se bagunçava ainda mais com o que ela havia dito. Era possível que Chris tivesse sido tão descuidada a ponto de deixar que ainda mais pessoas descobrissem seu segredo? Não, aquilo não era possível. As únicas pessoas que sabiam além dela mesma e de seus pais, eram a enfermeira Joy e aqueles que haviam visto o incidente, e aquele grupo em especifico não havia visto, o que significava que não sabiam o que ela havia feito e nem que a culpa era dela. Portanto, Chris não conseguiu achar a resposta para mais uma das muitas perguntas que a atormentavam. Então, para obter a resposta de pelo menos uma de suas perguntas, perguntou:

– Como você... Como você sabe?

– Porque eu sou como você. – Disse ela, simplesmente, como se aquela fosse a explicação mais óbvia do mundo. Em seguida, sorriu, e continuou: - Porque eu também tenho poderes, e eles me permitem descobrir outros como eu.

Chris piscou, confusa, e ainda mais perguntas surgiram em sua mente, assim como a estranha sensação de que aquilo não era e nem podia ser real. Sua noite estava ficando cada vez mais estranha, e se aquilo fosse um sonho, ele já podia ser considerado o sonho mais esquisito que ela já teve em toda a sua vida. Tudo bem que já havia imaginado diversos meios para encontrar pessoas como ela, que também possuíam poderes, mas nenhum deles era tão surreal e impensável quanto aquele. Não, ela não podia acreditar naquilo, não podia dizer que aquela era a realidade, já que, além dos acontecimentos que se seguiram até agora serem inacreditáveis demais, era ainda mais inacreditável que Chris pudesse encontrar quem também tivesse poderes de uma forma tão fácil.

Porém, em algum lugar de sua mente, aquilo fez sentido. Aquelas pessoas provavelmente não poderiam simplesmente dizer aquilo no meio daquela confusão toda, então tinham de levá-la para algum lugar em que outros não pudessem ouvir, porém, sabiam que Chris não iria com eles assim tão fácil, e por isso, levaram-na consigo. Isso pareceu ter tanto sentido que a menina se martirizou por pensar que aquelas pessoas pudessem estar levando-a para puni-la longe dos olhos de curiosos e de autoridades. Ainda assim, não deixou de desconfiar dele, principalmente quando o restante do grupo, a exceção novamente sendo Alyss, encararam a garota mais velha e fizeram diversas perguntas sobre aquilo.

Todavia, a garota não respondeu nenhum das perguntas, apenas pediu para que esperassem, e então apresentou a si mesma e os outros do grupo para a morena, para então começar a explicar tudo aquilo que precisavam. Enquanto ela o fazia, a pedido da garota que se chamava Alyss, a ruiva de antes, Clair, fez uma fogueira, de modo que a escuridão não era mais um problema para eles. Em pouco tempo, Chris se viu fascinada nas explicações de Lawliet sobre os poderes e em como ela a encontrara, e o fascínio aumentou ainda mais quando viu que a garota sabia responder algumas das perguntas que a mais nova tinha em mente, e desse modo, ficou sabendo que o fogo do Centro havia se espalhado provavelmente porque ela estava muito nervosa, e então seus poderes se descontrolaram. Nem Lawliet e nem Alyss soubera responder grande parte de suas perguntas, porém, a menina pareceu gostar muito de saber algumas poucas coisas, e ainda mais de saber que ela não era a única que possuía poderes, a única diferente.

Logo, as preocupações de que aquilo fosse um sonho foram esquecidas, e pela primeira vez naquela noite, não se sentiu nervosa, e não achou que aquelas pessoas estariam culpando-a por um acidente que Chris nunca queria ter feito. Ao invés disso, se sentiu tremendamente feliz por finalmente ter encontrado pessoas que eram como ela e que entendiam o que ela era e como se sentia. Isso já era o suficiente para fazer com que Chris confiasse naquelas pessoas.

Depois de vários minutos, as perguntas de Chris que Lawliet e Alyss podiam responder se esgotaram, e assim que isso ficou evidente, Clair falou novamente, ainda parecendo extremamente aborrecida com ambas as mais velhas que, aparentemente, lideravam o grupo.

– Vocês ainda não explicaram porque tínhamos que sair da cidade pra falar tudo isso pra Chris.

– Ah, isso? – Alyss respondeu no lugar de Lawliet, parecendo ter se esquecido daquele detalhe. – Isso é o outro poder que a Lawliette tem.

– É. – Continuou a garota, com um sorriso nervoso. – Eu meio que posso sentir coisas que vão acontecer... Geralmente ruins. Do mesmo jeito que eu sinto que vocês tem poderes – ela fez um gesto, mostrando todos os outro presentes no pequeno acampamento – Eu posso sentir essas coisas. Não é como se fossem visões e nem nada do tipo, mas acontece, e em todas as vezes foi verdade. Senti isso quando ainda estávamos no Centro, e por isso tiramos vocês de lá.

– Oh. – Clair murmurou algo, momentaneamente surpresa, assim como Chris. Depois, continuou: - E por que não disse isso antes!?

Lawliet deu de ombros, parecendo pouco se importar com aquilo.

– Porque não sabíamos se vocês eram confiáveis o suficiente.

Aquela frase pareceu ter sido explicação o bastante para a ruiva, e então ela desviou o olhar, resmungando algo incompreensível sobre as duas. Os outros também olhavam para ambas as garotas, parecendo curiosos com sua estranha atitude, a qual Chris não achava tão estranha assim. Pelo o que elas haviam contado, era mais do que compreensível que não confiassem no restante do grupo para contar exatamente tudo, pois, mesmo que aquilo parecesse improvável, poderiam usar aquelas informações para beneficio próprio ou para prejudicá-los de algum modo.

– Tem alguma coisa a mais que não contaram? – Perguntou Altaris, quebrando a linha de pensamento da mais nova.

Alyss pensou por um momento, e, por fim, respondeu:

– É, tem. Eu também tenho outro poder...

E para demonstrá-lo, ergueu sua mão, que, por alguns segundos, permaneceu do mesmo modo que antes. Logo depois de, no máximo, três segundos encarando-a, Chris pôde ver faíscas amarelas correndo por seu braço, sumindo e reaparecendo novamente para mostrar que eram estática. Pouco depois, assim como o braço de um Pokémon ficaria caso ele usasse um movimento chamado Thunder Punch, seu braço se encheu se eletricidade, brilhando fortemente e muitas vezes mais que a pequena fogueira que haviam feito. Os olhos da menina se arregalaram de surpresa, visto que aquela era a primeira prova real que recebia dos integrantes do grupo. Por um curto momento, todos do grupo olharam para Alyss e seu braço envolto em eletricidade, até que finalmente a mesma se esvaiu, tão rápida e subitamente que Chris quase poderia dizer que nunca havia visto a eletricidade ali.

Novamente, aquilo foi o suficiente para calar o restante do grupo, e assim que as garotas concluíram que não havia mais nada que estivessem escondendo dos outros integrantes, voltaram-se para Chris, perguntando a ela sobre seus poderes e sobre o que ela faria em seguida. E, logo depois daquilo, acabou ouvindo uma proposta que a deixou tão surpresa que, por vários minutos, se viu incapaz de falar. A proposta que ambas fizeram a mais nova era surpreendente e, no mínimo, incrível. A possibilidade de poder viajar com elas e o restante dos treinadores em busca de seus sonhos parecia incrível, uma oportunidade única que, certamente, não precisaria de muito tempo para pensar se realmente queria viajar com elas ou não.

Além disso, seria muito diferente viajar com eles, pois todas as pessoas ali presentes, com exceção de Clair, estavam seguindo os mesmos caminhos que ela e ainda possuíam poderes, de modo que entenderia o que a garota passava por causa deles e não achariam nada estranho caso ela os usasse a sua frente. Aquela oportunidade era boa e única demais para Chris deixar passar. Quais eram as chances de encontrar mais pessoas assim,e que ainda convidassem-na para viajar consigo?

Sem pensar duas vezes, aceitou, e agradeceu-os, tanto em voz alta quanto mentalmente. Por causa daquele grupo, Chris poderia seguir seus sonhos, como sempre quisera.


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Notas finais do capítulo

Novo vilão da fic; extintor de incêndio tipo A, possui uma posição maior que o Cavaleiro.
BTW, caso vocês não saibam, existem 3 tipos de fogo, o A, B e C, e se vocês notarem, dá pra ver no rotulo do extintores. Um extintor que possui o tipo A contém água, B e C contem o pó químico, porque se jogar água naquela joça só vai servir para espalhar o fogo ainda mais, então só o C e B são melhores.



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