Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 24
Capítulo 22: Resolvendo Problemas


Notas iniciais do capítulo

Gomen pela demora ;~; É que eu suspeito que a ER esteja me espionando e espionando vocês e os impedindo de comentar, então eu fui investigá-los, e prometo que, até a snotas finais, eu terei destruído Giovanni com meus pokemanz.
Além disso, esse capítulo maldito me deu trabalho, pois como devem saber, essa é minha primeira fic e eu não tenho experiências com boa parte das coisas que foram escritas aí, que assim como a fic, é minha primeira vez escrevendo. Além disso, a auto critica é uma filha da mãe comigo. Devo ter reescrito isso umas trocentas vezes porque ela disse que estava ruim, e quando finalmente ficou bom pra mim... Não estava pra auto critica. Ela insiste em apontar falhas e3e
Anyhoo, boa leitura, fantasmas ~



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O dia seguinte se iniciara um tanto tarde para o grupo, mas nem por isso deixaram de seguir viagem, agora contando com uma mais nova integrante, a última pessoa com poderes a quem tinham conhecimento até agora. Assim que o café fora devidamente servido, tanto pelas pessoas quanto pelos Pokémons, que aproveitaram sua breve saída para se apresentar para Chris, o acampamento foi desfeito e o grupo seguiu viagem, tomando o caminho da Rota 205 para a Floresta de Eterna, a maior e mais famosa floresta de todo o continente. Até onde Alyss sabia, o local era, além de grande, impossível de se evitar naquela rota para alguém que viajasse por terra, e possuía diversos atrativos, sendo eles a vasta vegetação e grande diversidade de Pokémons, tanto nativos da região quanto de outras. Além disso, possuía um atrativo ainda maior, que era uma grande mansão abandonada que se encontrava no interior da grande floresta, local que ela certamente gostaria de passar e conhecer. Fez uma nota mental para se lembrar de falar sobre aquilo com Lawliet mais tarde, e voltou-se para a caminhada, ao lado dos integrantes do grupo e alguns Pokémons de sua amiga, assim como alguns seus. Entre eles, estavam Gwen, Hayato, Logan, Austin, Tabitha, Amber e Oktavia, esta última incomodando a garota que chamava de escrava.

Apesar de Alyss estar determinada a relaxar durante a caminhada para esquecer o dia anterior, a garota não conseguia simplesmente se esquecer das várias coisas que a afligiam, uma delas sendo a própria Chris e o modo como sua vida estava se seguindo devido aos últimos acontecimentos, assim como preocupações com relação aos próprios poderes e as outras crianças, as quais certamente ainda não confiava, mesmo depois de ter-lhes mostrado o que escondera de seus poderes e permitido que Lawliet contasse sobre o que escondera também, o que imediatamente lhe lembrava de outra de suas preocupações: A visão de Larysse. Não fazia muito tempo que a mais nova contara que havia tido uma visão logo depois de vencer seu Contest, e muitas das coisas que ela havia descrito e que antes não tiveram impacto algum sobre ela, voltavam a sua mente agora. Larysse havia dito que, em sua visão, além de ver Satoru chorando e com uma expressão estranha, que, segundo ela, havia se concretizado pouco depois que saíra da arena do Contest, contara que havia visto uma garota diferente, da idade de Satoru, e com cabelos castanhos.

Embora a garota não acreditando inteiramente naquilo, olhava para Chris constantemente, como se esperasse que ela fosse a garota da visão de Larysse e que somente o fato de ela estar ali provava que o resto de sua visão era real e poderia acontecer a qualquer momento. Porém, recusou-se a acreditar em tais superstições, e preferiu voltar sua mente para outra de suas preocupações, uma que envolvia Lawliet, a garota que podia dizer se tal visão era real ou não e que havia trazido a preocupação anterior.

Lawliet era outra das coisas que a preocupava. A menina ainda estava mais do que curiosa para descobrir o que havia acontecido nos dois anos em que estivera fora, e estava bastante determinada a descobrir que acontecimento havia causado a cicatriz que agora trazia em seu rosto. Simplesmente não conseguia engolir sua explicação do porque a mais nova não quisera ter dito antes, pois a conhecia e sabia que ela normalmente não teria problemas para contar o que quer que fosse para Alyss, e somente isso era o suficiente para que ela se preocupasse com a amiga. Fez uma nota mental para lembrar-se disso mais tarde, pois havia um assunto que certamente era digno de atenção, ainda mais naquele momento. Seus olhos se voltaram para a Arcanine, que caminhava silenciosamente ao seu lado, estranhamente calada e distraída, parecendo incomodada com alguma coisa a qual não falara para a treinadora, que tinha uma leve suspeita do que poderia ser. Suas suspeitas apenas foram confirmadas quando a menina de cabelos azuis viu a grande Pokémon voltar seus olhos para o Growlithe de Satoru, caminhando alegremente ao lado do treinador e dos outros Pokémons que ele possuía.

Alyss não falava com Amber fazia um tempo, ainda mais sobre aquele assunto em especial, mas sabia que era toda a história de Skun que a preocupava, principalmente quando o Growlithe havia afirmado nunca tê-la visto antes, apesar de sua clara semelhança com a maior. Alyss sabia que aquilo provavelmente havia atingido-a de uma forma horrível, pois o principal motivo de a Arcanine estar viajando com a mais velha era o filho perdido, e sabia também que ela se importava muito com o pequeno, então ela podia imaginar o quão doloroso era para a Arcanine finalmente encontrar o filho e descobrir que, por algum motivo ainda desconhecido, ele não se lembrava de nada de seu passado, incluindo Amber. Por isso, estava mais do que preocupada com o estranho silêncio da Pokémon.

A garota de cabelos azuis voltou seu olhar para o Growlithe que supostamente seria seu filho perdido, e assim que obteve um vislumbre de sua aparência, duvidou muito que aquele não fosse o Skun que Amber tanto procurava. O Growlithe era como uma versão masculina e menor que a Arcanine, mas apesar disso, sempre que alguém tocava no assunto ou citava sua semelhança, o cachorro de fogo fechava a cara e dizia não saber de nada, mesmo que parecesse aceitar ser chamado de Skun pelos outro Pokémons e integrantes do grupo. O Pokémon se aborrecia apenas quando alguém dizia o quanto era parecido com Amber ou que poderia muito bem ser seu filho, e então ignorava, resmungando sobre o quão irritante isso era, e por isso, a Arcanine também não falava nada, ficando daquele estranho modo ao invés, o que preocupava Alyss e a deixava com grande vontade de resolver logo o assunto, ou pelo menos ajudar em algo. E foi isso que decidiu fazer.

Depois de se certificar de que Skun estava longe o suficiente para não ouvir o que a garota iria propor, se aproximou de seu treinador, a fim de começar uma conversa casual, mas, ao contrário do que pensava, não conseguiu não ir direto ao assunto, tamanha era sua preocupação com sua Pokémon:

— Ei, Satoru – chamou ela, e o menino deu um sorriso em resposta, afastando-se de sua aproximação, o que a fez franzir o cenho, confusa, mas ignorou o fato. – E quanto ao Skun?

— O que tem ele?

Alyss fez um sinal em direção a Amber.

— Ele não vai falar com a mãe dele?

— Ah... – O mais novo franziu o cenho, mostrando que provavelmente já perguntara aquilo ao Pokémon diversas vezes. – Eu já tentei pedir a ele, mas ele continua dizendo que não conhece a Amber.

— Ele só está se enganando – Ela bufou, fazendo com que uma grande quantidade de vapor branco ser expelida de sua respiração: - Tá na cara que Skun é filho da Amber, e com ou sem memória, ele devia ir falar com ela.

— Mas o Skun se recusa... E não quer falar com ela de nenhum jeito...

— Então arranje um jeito!

O garoto considerou a ideia por um momento, e depois de alguns poucos segundos, propôs:

— Eu estava pensando em ensinar algum movimento novo pro Skun por causa do ginásio de Eterna... A Amber podia dizer que vai ensinar algo pra ele, assim não tem jeito de o Skun recusar.

— É uma boa ideia. – Alyss assentiu, satisfeita. — Vou falar com a Amber então.

— Ah, Alyss. – Chamou o mais novo, fazendo-a interromper seus passos em direção a Arcanine para ficar ali um pouco mais. — Eu achei incrível a sua batalha com a Lawliet, mas o que tinha acontecido com a sua Charizard?

— Alexa? – Ela piscou, como se tentasse se lembrar do que Satoru estava falando. — Ela estava mega evoluindo.

Satoru franziu o cenho, parecendo confuso, e, portanto, Alyss tratou de explicar:

— Mega evolução é algo que foi descoberto há algum tempo, em que alguns Pokémons, como Charizard, evoluem para uma nova forma por meio de uma pedra especial, mas essa evolução não é permanente.

Ao terminar de falar, ela afastou as muitas mechas de cabelo de suas orelhas, e revelou um par de brincos que possuíam estranhas pedras brilhantes com três diferentes tons e cor, sendo estes o azul, verde e amarelo, com uma estranha marca no meio, a qual Satoru não foi capaz de identificar de longe. A pedra da orelha direita era perfeita, e, aparentemente sem falhas, além de possuir um curto pingente branco em forma de floco de neve, mas o mesmo não podia ser dito para o brinco da orelha esquerda. Este, em comparação ao seu oposto, parecia ter falhas, ao invés de possuir um floco de neve como pingente, possuía um único raio igualmente branco. Apesar disso, ambas as pedras eram iguais,

— Estas aqui são as pedras necessárias para a Mega evolução acontecer – Continuou Alyss, mostrando ambos os brincos. — Natsuhi e Alexa também possuem elas, as minhas são só opcionais, mas é com elas que um Pokémon pode mega evoluir.

O garoto parecia interessado, mas devido à expressão aborrecida de Alyss, não fez mais perguntas, preferindo permitir que ela voltasse a caminhar ao lado de Amber ao invés, chamando-a para contar a ideia de Satoru. Ele assistiu, curioso, quando a face da Arcanine se iluminou com sua ideia, e então começou a citar animadamente quais movimentos poderia ensinar para o Growlithe, mostrando que, apesar de essa não ser bem a intenção do mais novo, parecia querer fazê-lo assim mesmo. O menino sorriu, feliz por vê-la mais animada, e então voltou seu olhar para seus Pokémons, parecendo esquecer o assunto da Mega evolução e da batalha de Alyss e Lawliet por um momento, e viu seus Pokémons brincando com Khurtnney e Dave de Larysse, além do Zorua de Lawliet, que por vezes fazia seus olhos azuis brilharem, assim como os de Elizabeth faziam quando usava seus poderes. Mais uma das incontáveis vezes que o fizera naquele dia, Satoru franziu o cenho ao notar que Chris, a nova integrante do grupo, não possuía nenhum Pokémon, o qual ele presumia que estaria brincando com Skun e os outros também, mesmo que não fizesse tanto tempo assim em que se conheciam.

O menino estava mais do que surpreso em descobrir que, além de todos aqueles que seu grupo encontrara, mais uma pessoa pudesse ter poderes. Aquilo era muito mais do que esperava, mas ainda assim estava feliz em ver que havia mais alguém no grupo que era como ele. Era bom saber que não era o único diferente, e ainda melhor saber que sua diferença não parecia ser tão incomum assim, a julgar pela quantidade de pessoas novas que agora faziam parte de seu grupo. Apesar disso, continuava a se surpreender com o fato de que Chris tinha um sonho em sair em jornada, como havia dito em sua breve história mais cedo, mas não possuía um Pokémon para realizá-lo, mesmo já tendo o Trainer Card e já estar saindo em viagem. Tais idéias, no momento, pareciam mais do que importantes para ele, pois pensando nelas evitava lembrar o incidente de ontem, que lhe parecia mais do que parecido com o incidente de Jubilife, e certamente traria lembranças ainda mais indesejadas.

Somente a ideia de lembrar-se novamente daquele horrível dia que lhe causava calafrios e o distraia de seus pensamentos anteriores, e, por isso, tirou a Pokedex do bolso e a ligou para poder fazer alguma coisa, como vinha fazendo nos últimos dias quando alguma coisa lhe lembrava o Cavaleiro ou pensamentos ruins que certamente lhe deixariam desestabilizado ameaçavam aparecer, assim como coisas relacionadas a seu pai e ao seu estranho silêncio. Até agora, mexer com a Pokedex vinha funcionando muito bem, a exceção sendo o dia do Contest de Larysse, então esperou que naquele momento também fosse funcionar. Mas esse não foi o caso. Ao invés disso, seu olhar acabou se voltando para a nova integrante do grupo, e ao fazê-lo, sentiu o rosto enrubescer, justamente porque percebeu que achava a garota muito bonita, principalmente por sua aparência.

Chris tinha um belo tom de pele escuro, fruto de alguém que passava muito tempo exposto ao sol. Possuía longos cabelos castanho-escuro, os quais eram lisos, porém ondulados, caindo por seus ombros e costas para exibir os diversos tons escuros e mechas claras que compunham seus fios de cabelo. Seus olhos eram sua característica mais curiosa, pois eram amarelos, num tom quase mel, que lhe proporcionava uma bela combinação junto do tom escuro de seus cabelos. Suas roupas, apesar de simples e surradas, não estragavam nem um pouco a beleza que o menino via em Chris, um dos motivos que fazia com que seu olhar se voltasse para ela constantemente, parecendo curioso com a garota, embora não soubesse exatamente o por que. Achava-a linda e curiosa de um jeito único, ainda mais ao saber que a garota era capaz de controlar o fogo, e por algum motivo que o mais novo ainda desconhecia e tinha medo de conhecer, parecia gostar de Chris de um modo estranho, e por não ser familiar com aquilo, sentia medo.

Afinal, nunca se sentira assim antes com outra pessoa, então não fazia a mínima ideia de como reagiria a isso ou o que achava sobre o estranho sentimento que o invadia toda vez que olhava para a morena. Mas, ao invés de continuar pensando sobre tal sentimento ou qual seria sua origem, voltou seu olhar para a Pokédex em suas mãos mais uma vez, e passou a mexer em seus botões, procurando os movimentos que um Growlithe poderia aprender, já que, se fosse ajudar Amber a falar com o pequeno, teria de saber o que faria exatamente com ele, assim como faria com Maya e Typhon. Depois de um ou outro comando na Pokédex, encontrou o que queria e então sorriu ao vê-lo. Aquela era uma das coisas que a maioria dos treinadores provavelmente sabia sobre o aparelho, mas ainda deixava-o fascinado sempre que o fazia e via as diversas funcionalidades que a Pokédex oferecia. Muitas delas eram um tanto desconhecidas, como a possibilidade de acessar informações bem mais detalhadas de um determinado Pokémon, como seu tempo de vida, habitat, dieta, diferenças entre macho e fêmea, quais movimentos ele poderia aprender, meios de comunicação, variações em aparência e até mesmo coisas ainda mais desconhecidas, pelo menos para o mais novo. Um bom exemplo destas eram as doenças e os meios para tratá-las, incluindo os sintomas e os diferentes tipos de doença que podiam ser transmitidas por movimentos como Poison Fang e Poison Tail.

Era extremamente grande a quantidade de informações que a enciclopédia Pokémon fornecia, o que deixava claro o porque de ela ser essencial para todo treinador. Sua curiosidade para descobrir o que mais o aparelho era capaz de fazer era um dos motivos para estar constantemente brincando com o aparelho, explorando as mais diversas áreas de informação que lhe interessava e até mesmo aquelas que não interessavam. Outro dos motivos para fazê-lo constantemente era algo que, como o assunto do Cavaleiro, não gostaria de se lembrar, mas, ao contrário desse assunto, não era uma lembrança de todo ruim, e sim algo que o fazia se sentir desconfortável ao pensar, pois não importava qual fosse o titulo de seu pai ou que ele havia feito até então, sempre o fazia se sentir desconfortável com seu jeito duro de lidar as coisas, como se cada pequena ordem fosse mais do que importante.

Lembrava-se claramente do dia em que recebera a súbita noticia que poderia sair em jornada e em que fora chamado para o laboratório de seu pai, sob a desculpa de que ele iria lhe ensinar coisas que lhe seriam úteis e que, supostamente, não deveriam ser contadas a mais ninguém. Era como se ainda pudesse ver a assustadora expressão de seu pai ao lhe contar sobre o que uma Pokedex poderia fazer, demonstrando-lhe com sua própria e explicando que aquilo era algo que todos os treinadores provavelmente sabiam, o que fez o mais novo perguntar o porquê de tais coisas não poderem ser partilhadas com conhecidas. Em resposta, recebera um olhar estranho, para logo depois tomar conhecimento de outras coisas e do porque elas não poderiam ser contadas.

Ainda podia sentir o mesmo medo e fascinação ao saber que boa parte das coisas que ele lhe ensinara era o trabalho de um hacker, uma pessoa que é capaz de manipular e modificar um software e o hardware de um computador, o que tecnicamente, era uma Pokedex. Porém, fazê-lo sem a permissão do desenvolvedor original e invadir sistemas sem permissão era considerado um crime, e isso era tecnicamente o que ele o ensinara a fazer, e por esse motivo, Satoru não poderia contar para os outros que sabia mexer no sistema de uma Pokédex. Fora extremamente fácil de aprender e não demorara muito para Satoru começar a explorar o sistema e tentar algumas poucas coisas, o que continuava fazendo até então, mesmo que seu pai não tivesse dado a razão para o porque ensinar tais coisas ao mais novo. Havia dito apenas “vai ser útil”, e recusara-se a falar mais sobre o assunto e nem mesmo permitira que ele o fizesse, falando de uma forma que, não importava o que fosse dito, sempre o deixaria assustado.

Isso levantava uma série de questões sobre os motivos de seu pai, mas, até então, o menino não pensara tanto assim no assunto, pois logo após isso, começara sua jornada, e então muitas coisas aconteceram, coisas que pareciam e eram muito mais importantes. Clair. Altaris. O Cavaleiro no CP. Alyss e Lawliet. Os poderes... tudo isso parecia muito mais importante do que as razões do porque seu pai ensinara como hackear o sistema da Pokédex, e, além do mais, fazê-lo estava sendo útil em momentos como aquele em que queria evitar pensar em coisas como todas aquelas dos últimos momentos e até mesmo a mais antigas, portanto, não tinha problemas com aquilo. Os outros, porém, provavelmente teriam, mas, para ele, aquilo não importava, pois não contaria de qualquer forma. O medo que sentia de seu pai era muito grande para desobedecê-lo mesmo estando muito longe de sua casa. Achava que, não importando a distância que os separavam, seu pai daria um jeito de saber e então puni-lo, seja com os olhares autoritários que sempre o assustava ou com algo maior. Caso não fosse ele a castigá-lo, talvez o universo pudesse fazê-lo, rendendo mais uma das visitas do Cavaleiro para que suas noites fossem ainda mais atormentadas do que já eram. Era possível, pois o Cavaleiro já o fizera uma vez, e não teria garantias se ele faria ou não uma terceira.

O garoto franziu o cenho com esse pensamento, e, sem nenhum motivo aparente, desviou o olhar da Pokedex, preferindo se distrair com outra coisa por um momento, e percorreu os olhos pelo grupo, caminhando lentamente devido ao cansaço. Viu a figura aborrecida de Clair, exibindo uma expressão distante para, talvez, mascarar o aborrecimento que ele não conseguia entender. Viu Larysse conversando animadamente com Chris e Lawliet, e viu também Alyss caminhando ao lado de vários Pokémons, incluindo os seus próprios e os de Altaris; Igna, Sefton, Rudolph e Alan, e deixou seu olhar demorar-se sobre eles por um momento. Todos eles o intrigavam, criando ainda mais duvidas sobre o ruivo. Não sabia quando e nem como capturara o Vulpix que atormentava seu Shinx, e a mesma duvida valia para o Seviper e o Houndoom, embora admirasse o mais velho por isso, já que, nunca havia visto aqueles Pokémons ao vivo, quanto mais um Shiny, e somente Altaris fora o suficiente para que o menino viesse a conhecê-los.

Seu olhar pousou no treinador de cabelos ruivos, e antes mesmo que pudesse formular um pensamento que fosse, viu o garoto voltar sua atenção para o lugar em que estava, como se soubesse que Satoru o encarava, e isso foi confirmado quando seus olhos azuis encararam-no com curiosidade, olhos que, para Satoru, eram familiares devido a sua cor. Assustado, Satoru quase parou de andar para encará-lo, tamanha era a sua surpresa com o ato do ruivo. Ao invés disso, encontrou-se sustentando o olhar com o dele, fitando o familiar azul atentamente, como se, dessa forma, pudesse descobrir o que ele estaria pensado, mas foi inútil. Tanto seu olhar quanto sua expressão eram mais do que indecifráveis para ele. Estremeceu, lembrando-se do que havia descoberto sobre ele por meio de Igna e então sua ameaça, mas acabou não dando atenção. Voltou a brincar com a Pokedex, o cenho franzido com os pensamentos bagunçados, e, desse modo, não viu o sorriso que o mais velho lhe dirigiu, voltando ao que fazia logo depois de o mais novo fazer o mesmo. No entanto, não havia graça em seu sorriso, quanto mais algum tipo de emoção que demonstrava algo que não fosse a irritação quanto aquele dia e tudo o mais que acontecera nos últimos dias.

Havia preocupações quanto ao que contara a Satoru, única solução que conseguira encontrar para obter a certeza de que o garoto possuía o mesmo dom que ele. Naquele momento, aquilo também servira para diverti-lo, já que, afinal, havia contado seu maior segredo para um garoto que se revelou estar muito assustado com aquilo, e logo depois de contar ao Cavaleiro quem ele era e descobrir por meio dele que o mais novo fora uma de suas vitimas e que ainda era atormentado pela lembrança do que seu mestre fizera, achou que seria divertido atormentá-lo um pouquinho com seu segredo. Pelo menos, essa era a razão que conseguia encontrar para o porquê daquilo, pois no momento, não achava que aquilo fora ou estava sendo divertido, pelo contrário, enojava-o. Não sabia exatamente o porque, mas desde que a terrível dor de cabeça que sentira ao tentar se desculpar com Alyss e Drew, vinha pensando mais do que o necessário, e com isso, suas opiniões vinham mudando lentamente, quase sem perceber. Ao pensar demais, descobrira que não gostava de tudo o que seu mestre lhe mandava fazer, descobrira que já não mais havia graça em suas ameaças a Satoru e nem no estado em que o deixava devido a tais ameaças. O que antes achara divertido em tais coisas, transformara-se em uma opinião completamente diferente, e o ruivo encontrou-se com pena do mais novo e repreendendo a si mesmo, chamando suas ações de crueldade sem sentido que fizera sem motivo algum. Com os pensamentos bagunçados do modo em que estavam, o ruivo era capaz de ver a crueldade no que fizera, e se repreendia por isso, além de tentar encontrar razões maiores do que as que tinha.

Além daquilo, havia outras coisas que certamente deveria se repreender de ter feito. Por que, por todos os deuses que ele conhecia e não conhecia, o garoto juntara-se ao grupo de Alyss e Lawliet e revelara mais um de seus segredos, mesmo sabendo que não podia fazer isso por conta de seu envolvimento com a Equipe Rocket? Sabia dos riscos, sabia que por vezes, teria que sumir do grupo por um tempo sem dar explicação, e sabia que Dani, Noah e muito menos seu mestre aprovariam, e como todas as outras perguntas, essa também não tinha resposta, pelo menos não uma que ele considerava grande o suficiente para servir de resposta. Ao menos com essa ação fora capaz de conhecer o Vulpix e levá-lo consigo, apesar de o desentendimento de Rudolph com o Shinx o preocupar. O ruim daquilo era que o menino não duvidava nada de que, em algum momento, um desentendimento ainda maior iria ocorrer, a julgar pelo ódio que o pequeno sentia pelo felino. Entretanto, tal problema era facilmente esquecido quando Altaris lembrava que ele foi o primeiro e único treinador a convencer o Vulpix a se deixar ser treinado de novo, pois, pelo o que entendera do terrível incidente com Rudolph, o Pokémon de fogo já não mais confiava em um humano com tanta facilidade assim, além de dizer a si mesmo que, se fosse sair da floresta com um treinador, este teria de ser digno de sua força. Um humano que podia entender suas palavras e ouvir seus pensamentos era o bastante para a raposa, e este era o motivo de estar acompanhando-o no momento. Porém, o pensamento não durou muito, e logo este foi substituído por uma clara irritação que esperava não demonstrar.

O ruivo era bom em esconder os próprios sentimentos ao adotar uma expressão fria ou distante, ignorando todo o resto, e isso funcionava muito bem com seu novo grupo, mas não com seus Pokémons. Eles o conheciam bem demais para saber que algo o incomodava, e Altaris sabia disso, e quase sorriu ao notar os constantes olhares de preocupação que lhe eram dirigidos, além de preferirem andar ao seu lado do que conversar om os outros ou entre si, como se, dessa forma, seu treinador pudesse se sentir melhor. Para Altaris, aquilo possuía pouca efetividade, pois o que realmente queria era conversar com Alan ou Sefton, para que pudesse despejar todas as preocupações e aborrecimentos e ter alguma coisa, porque só dessa forma se sentiria melhor consigo mesmo. Entretanto, seu desejo era uma opção que não podia realizar agora, não em voz alta e não com todas aquelas pessoas pokémons ali. A única opção que lhe restava era conversar com seus Pokémons do mesmo modo que fizera com Rudolph, mas sentia dor de cabeça, a mesma eu lhe incomodara antes e incomodava agora, como se o garoto estivesse usando seus poderes por tempo o suficiente para causar-lhe cansaço e dor.

Em vez de tentar conversar com seus pokémons, suspirou, e então continuou andando e se concentrou nisso, assim como boa parte do grupo fazia, com a vaga esperança de que dessa forma, fosse esquecer-se da dor e de todo o mais que o incomodava.

Suas esperanças mostraram ser nada mais do que apenas esperanças, e Altaris não se lembrou de algo que o irritou tanto quanto sua dor.

***

Dentro de poucas horas, não havia ninguém no grupo que estivesse disposto a continuar andando. O cansaço era evidente, e apesar de o sol ainda estar alto no céu e ainda terem uma grande distância a percorrer até a floresta de Eterna, todos concordaram em procurar um lugar apropriado para descansar e passar a noite, mas que também fosse grande o suficiente para que todos pudessem treinar, que era o desejo de todos os integrantes do grupo, animados com a ideia de chegarem logo a Eterna e enfrentarem o líder daquele ginásio e participar do Contest. Porém, a tarefa de encontrar um lugar assim mostrou-se difícil de ser feita a pé, e para poupar tempo, Alyss pediu para que sua Altaria, também com o nome de Clair, procurar um local assim, e em pouco tempo estavam em uma espécie de campo rodeado de arvores, com espaço o suficiente para que os grandes Pokémons de Alyss e Lawliet pudessem circular, além de ter o espaço para que o treino fosse feito. Logo, Satoru, Larysse, Clair e Altaris dirigiram-se para um espaço qualquer longe dos Pokémons das mais velhas para que pudessem treinar seus Pokémons, sempre sob o olhar cauteloso de Altaris, que ainda dava dicas de como treiná-los.

Logo, um burburinho de falas misturadas foi criado, de modo que ficou um tanto difícil para Satoru escutar a si mesmo, mas assim que se afastou com seus Pokémons, pôde ouvi-los com clareza. Notou que Amber caminhava com eles, hesitante, parecendo esperar o momento em que o garoto fosse explicar ao seu Growlithe o que havia feito. Ao notá-la, franziu o cenho, e este franziu-se mais ainda ao perceber que o Zorua de Lawliet ainda o seguia, apesar de sua treinadora pedir para que não o fizesse e de Satoru dizer o mesmo. Por fim, decidiu não dar atenção aos dois, e volto-se para Maya, Skun e Typhon, que o olhavam com expectativa, também animados para começarem a treinar.

— Então, gente – Começou o menino, ganhando a atenção de seus Pokémons e de Zéphiro. — Como vocês sabem, na próxima cidade em que formos, tem um ginásio, esse vai ser o nosso primeiro, o oficial...

— Qual a especialidade do líder de lá? – Perguntou Zéphiro, interrompendo a explicação do mais novo como se também fizesse parte de seu time. Satoru sorriu, vendo que era incapaz de se aborrecer com ele por isso.

— Planta. – Respondeu o menino. — O que significa que o único com efetividade é o Growlithe, e por isso você vai ser o principal para a luta... Então eu pensei em te ensinar um movimento novo antes de irmos pro ginásio, o Flame Wheel.

— Mas você não é um Pokémon. – Growlithe sorriu para seu treinador, quase como se o consolasse.

— Mas e a gente? – Perguntou Maya antes que Satoru pudesse responder o cão, apontando ela e o Shinx. — Eu também quero batalhar em um ginásio, não importando a desvantagem! Eu nunca vi um, e eu posso se bem forte se precisar, e...

— Vocês também vão treinar, calma! – Riu o jovem treinador, e depois, voltou-se para o cão de fogo novamente. — Não sou eu quem vai te ensinar o Flame Wheel. Eu conversei com a Alyss, e ela disse que a Amber podia te ensinar, já que ela é da mesma cadeia evolutiva que você e sabe o movimento.

Ao ouvir aquilo, o Growlithe fechou a cara, aborrecido, mas não disse nada, apenas concordou com a cabeça. Evitou olhar para a Arcanine, que, mais animada, caminhara até eles, ficando ao lado de Satoru e encarando Maya, Typhon e Zéphiro. Growlithe, porém, não parecia querer aprender um movimento com Amber, e olhou para Satoru, esperando que ele pedisse sua opinião para que pudesse negar o pedido, mas ao invés disso, o treinador deu-lhe um último sorriso antes de se afastar com Maya e Typhon, com Zéphiro os seguindo para observá-los.

Growlithe parecia surpreso e indignado ao mesmo tempo com as ações de Satoru quanto ao treino, o qual nem mesmo pedira sua opinião para ver se o pequeno concordava com aquilo ou não. Normalmente, concordaria sem hesitar, mas quando soubera que Amber seria aquela que ensinaria seu mais novo movimento, hesitou, e pensou duas vezes, cheio de dúvidas. Talvez estivesse até mesmo com um pouco de medo ao saber que aquela que dizia ser sua mãe ensinaria o próximo movimento, uma Arcanine que, por mais que tentasse, não conseguia lembrar nada sobre ela e nem dizer que ela lhe era familiar, assim como todo o resto de seu passado. No começo, quando conhecera Satoru, não lembrar de seu passado o irritava profundamente, e isso o deixava mais do que curioso. Porém, ao ver que descobrir quem era antes e o que havia feito até chegar ali era mais difícil do que pensara, preferiu esperar e dizer a si mesmo que, em algum momento, viria a descobrir o que havia exatamente acontecido, e, portanto, esquecera-se desse pequeno fato, principalmente ao ver que agora possuía um treinador. Por um grande período de tempo, a ideia de batalhar ao lado de Satoru o distraira e, por isso, não se preocupara como que havia feito antes, pois aquilo perdera a importância.

Até que conheceu Amber. Quando vira-a alegar que seu nome era Skun e que era seu filho perdido, ficou atordoado e fora consumido por uma confusão que, até agora, não lhe fazia o menor sentido. Sim, havia o fato de que eram extremamente parecidos, possuíam os mesmos olhos e algumas das mesmas marcas, incluindo aquela entre o espaço que separava um olho do outro, mas, ainda assim o fato de que ela não lhe era familiar pairava sobre ele, fazendo-o se questionar porquê daquilo e o que de fato acontecera com ele. Porém, as coisas estavam confusas demais para o pequeno cão de fogo, acontecendo muito rápido e muito súbito, e preferiu adiar as conversa com aquela que, aparentemente, era sua mãe. Havia, é claro, a curiosidade quanto a seu passado, mas ainda assim, era difícil conversar com um Pokémon como Amber devido a seu claro poder e superioridade que exibia, além do que era mais do que estranho para o pequeno chamar de “mãe” alguém que nunca havia visto e que, aparentemente, mal conhecia. Era difícil até mesmo aceitar esse fato.

Growlithe, porém, gostaria de pelo menos tentar conversar normalmente com Amber para ver se, em algum momento, fosse se lembrar de onde a conhecia ou perguntar sobre seu passado com ela, mas não naquele momento, não agora, não quando ainda estava confuso sobre tudo o que acontecia. Preferia passar o tempo com Satoru, Larysse, Clair e seus Pokémons, e apesar de estar sendo chamado de Skun muitas vezes, não ligava. Achava que, em algum momento, fosse ter coragem o suficiente para conversar com Amber, já que ela parecia respeitar seus sentimentos e nem mesmo falava com ele, o que o ajudava. Mas agora... Simplesmente não sabia o que pensar quando ouviu o que Satoru disse e sentiu o olhar de Amber sobre si. Naquele curto momento em que hesitou diante de Satoru e enquanto ele explicava algo qualquer, tudo o que o cão de fogo conseguia sentir era medo e muito nervosismo, principalmente ao perceber as expectativas que a Arcanine tinha, enquanto o encarava sem sorrir ou esboçar nenhum tipo de expressão ou emoção. Growlithe engoliu em seco, desejando fugir, mas logo sua consciência lembrou-lhe que deveria mostrar coragem, assim como fazia numa batalha.

Enquanto Satoru encarregou-se de batalhar com Larysse e seus Pokémons, junto com Maya e Typhon, que teriam um treinamento bem diferente do dele, Growlithe foi deixado aos pés de Amber, aflito com o que aconteceria em seguida. Tremeu, com medo, mas forçou-se a parar para olhar para ela, falhando inutilmente. Amber, por outro lado, não pareceu notar seu medo e nem sua hesitação.

— Skun – Chamou ela, o que resultou no cão olhar em sua direção imediatamente, e em seguida franzir o cenho diante do estranho costume que adquirira com o nome. Mais uma vez, a Arcanine pareceu não notar, ou se notou, não demonstrou. — Seu treinador pediu para que eu te ensinasse o Flame Wheel, certo?

O cão menor assentiu, incapaz de encontrar sua voz devido ao seu medo. Assentindo de volta, a Arcanine disse que demonstraria o movimento primeiro antes de explicar, para que ele pudesse ter uma melhor noção do que seria feito, e pediu para que o seguisse para um lugar mais afastado dos outros e que tivesse um grande espaço, e, relutante, o cão a seguiu, forçando seu corpo a acompanhá-la. Primeiro, Amber disse que o movimento que o ensinaria era um tanto fácil de fazer e, apesar de necessitar que seu próprio corpo entrasse em chamas, fazê-lo não o machucaria, pois por ser do tipo fogo, Skun possuía grande resistência ao mesmo, além de possuir a habilidade do Flash Fire, que além de torná-lo imune ao fogo, aumentava seu próprio poder quando atingido por um golpe ou movimento do mesmo tipo. Aquilo significava que tal movimento seria vantajoso aos Pokémons que possuíam tal habilidade, o que impressionou o pequeno, ignorando o fato que nem Satoru e nem ele haviam lhe dito sobre sua habilidade. Depois, explicou-lhe como o movimento funcionava, e só depois demonstrou como se fazia.

Amber colocou-se de pé e encarou um ponto fixo qualquer, o que fez o Growlithe se questionar sobre o que estaria fazendo, e em poucos segundos sua pergunta recebeu uma resposta, pois não demorou muito para que o corpo inteiro da Arcanine entrasse em chamas, intensas e selvagens, dando o mesmo aspecto para aquela que as criara, deixando o pequeno Growlithe assustado e fascinado ao mesmo tempo. Em seguida, as chamas que cobriram seu corpo começaram a girar de cima para baixo ao seu redor, diminuindo o espaço que cobriam antes para revelar uma roda de fogo, alternando entre o vermelho, laranja e amarelo, mudando totalmente o aspecto inicial das chamas. Por um breve momento, Growlithe julgou que já não mais via a enorme cadela de fogo, tamanha era a intensidade de seu fogo, mas isso durou apenas uma fração de segundo, pois a enorme Pokémon desatou a correr em disparada na mesma direção que encarava antes, cruzando em pouco tempo a distância que separava-a de uma grande arvore, a qual evitou, para então parar e voltar ao normal, extinguindo o fogo que a cobrira segundos atrás como se o mesmo nunca estivesse ali. Girou o corpo em direção a sua pré evolução e caminhou lentamente em sua direção, exibindo um sorriso de satisfação consigo mesma no rosto.

Fascinado, Skun acabou por esquecer as preocupações que tivera segundos antes em relação a Amber e o fato de ela ser sua mãe, para que desse modo pudesse se permitir admirar a Arcanine e o poder que havia lhe demonstrado. Para ele, era algo incrível, mesmo que fosse apenas uma demonstração, e apenas isso foi o suficiente para fazer com que o cão de fogo a admirasse e desejasse o mesmo, e por este motivo, ouviu com atenção a explicação de Amber, que disse-lhe que haviam dois modos de se fazer tal ataque, um deles sendo o que ela acabara de mostrar, que era extremamente parecido com outro movimento. Disse também que esse modo poderia ser um tanto difícil para ele, considerando seu nível, e sugeriu que Skun tentasse o segundo modo de se realizar o Flame Wheel, que consistia em fazer com que suas próprias chamas fizessem seu caminho para se tornar uma roda de fogo. Amber ainda ressaltou que, por ele ser pequeno, tinha a chance de saltar e fazer o movimento no ar, o que seria ainda mais vantajoso dependendo das circunstâncias. Por fim, Skun decidiu tentar sozinho, e enquanto o fazia, surpreendeu-se ao descobrir que mantinha uma conversa com Amber, já que duvidava que pudesse ser capaz de fazê-lo.

Ao contrário do que pensara, Amber não lhe perguntou e nem mesmo mencionou seu suposto parentesco com ele, preferiu falar com ele sobre coisas simples, por vezes fazendo algumas poucas perguntas relacionadas a sua amizade com Satoru e como era seu treinamento, fazendo pouco esforço para esconder a clara preocupação quanto ao menor, que parecia não perceber. Ao invés disso, pareceu vidrado demais na ideia de ser tão forte quanto Amber e de conseguir o Flame Wheel por si mesmo para perceber que, se quisesse, podia simplesmente perguntar a Arcanine sobre seu passado para acabar com todas as suas duvidas e o que o afligia quando pensava no assunto. Porém, aquilo não parecia importante agora.

Estava com Amber, e isso bastava.

***

Hayato resmungou algo ao ser liberado da Pokeball, e assim que se viu completamente livre da mesma, percorreu seus olhos pelo local, que identificou como uma clareira em uma floresta aberta, provavelmente na rota em que se encontravam, onde aparentemente seguiriam para a cidade de Eterna, passando pela floresta antes. A segunda coisa que assimilou foi os muitos Pokémons liberados, os quais foram o suficiente para causar um burburinho de falas misturadas, que demonstrava sua animação por se verem livres novamente. Porém nada daquilo lhe pareceu importante, pelo menos não ao notar Gwen, que se mantinha um tanto afastada dos outros, ainda parecendo desconfortável com a presença dos novos integrantes do grupo e seus Pokémons. Assim que a viu, um sorriso radiante cruzou seu rosto, que se manteve quando o Raichu rapidamente foi ao seu encontro.

Ao se ver ao seu lado, Hayato cumprimentou-a com um grande sorriso, que foi retribuído com a mesma felicidade que o outro exibia ao vê-la. Foi com uma tímida animação com a que Gwen aceitou o convite do Pokémon elétrico para acompanhá-lo numa curta caminhada, já que, nos últimos dias, era pouco o tempo em que se viam liberados para terem a chance de conversar, e ainda menor o de fazê-lo com um tanto de privacidade, que foi o que o Raichu tentou ao trazê-la para uma área mais afastada do grupo, longe o suficiente para que não fossem mais capazes de ouvir o que diziam com clareza, embora pudessem vê-los.

O sorriso que Hayato dirigiu a raposa shiny exibiu toda a sua felicidade em vê-la, e o brilho em seu olhar mostrou sentimentos que há muito não via mais razão para serem reprimidos, principalmente porque era mais do que difícil para ele dizer o contrário do que tais sentimentos alegavam. E o mesmo parecia ocorrer a Gwen, que lhe exibia uma expressão que revelava os mesmos sentimentos em relação a ele.

Já estavam juntos havia um tempo, quando finalmente perceberam que já não havia mais razão para esconder, quanto mais manterem-se afastados um do outro, pois nem mesmo isso lhes era possível a esse ponto. Seus sentimentos pareciam ter chegado a um ponto em que ficara completamente impossível de esconder de si mesmo, e nenhuma forma de reprimi-los funcionava, assim como era inevitável que Hayato olhasse para Gwen sem admirar a beleza de sua aparência e de sua cor diferente, era impossível conversar com ela sem que o claro pensamento de que gostava de sua voz e de sua personalidade não se fizesse presente, mesmo que não dito ou não tendo sua devida atenção. Mesmo naquele momento, Hayato se via incapaz de não fazê-lo e de não pensar tais coisas, de forma que, por um momento, esqueceu-se do porque a chamara, de modo que foi Gwen a primeira a se pronunciar:

— Então, Hayato, o que queria falar comigo?

— An? – Perguntou ele, julgando não ter entendido a pergunta devido a seus pensamentos, mas rapidamente respondeu: — Eu só queria te parabenizar pela apresentação do Contest. Você foi incrível nela e nas batalhas, então como eu não tive a chance antes...

— Não precisava – resmungou a raposa azul, desviando o olhar e, inconscientemente, abaixando as orelhas, deixando claro que estava envergonhada com seus elogios, o que arrancou mais um sorriso do Pokémon elétrico.

— Precisava, sim – Insistiu ele, divertindo-se com a reação que causava na maior. — As batalhas foram mais do que incríveis e inteligentes, e você deu um belo show com as chamas.

— Hayato... – Ela murmurou, parecendo não saber agir diante de seus elogios e, por isso, limitou-se a negar. – Não foi tanto assim.

— Claro que foi! Você ganhou!

Desistindo de protestar, Gwen murmurou algo indecifrável, como sua ultima e falha tentativa de negar, e preferiu agradecer, ainda incapaz de sustentar o olhar com o do Raichu, demonstrando sua vergonha, que rapidamente tornou-se seu próximo protesto:

— Você está me deixando envergonhada.

— Eu gosto quando você fica envergonhada. – Disse ele, dispensando sua tentativa de fazê-lo parar, além de soar como se aquela fosse a coisa mais obvia do mundo.

Mais uma vez, Gwen olhou para ele tentando demonstrar o desgosto, como sua última tentativa falha de protestar, que assim como as outras, foi inútil. Ao invés de continuar tentar ou evitar ficar envergonhada com suas palavras, preferiu não dizer nada, enquanto o Raichu a encarava com certa curiosidade, com uma diversão que somente ele parecia ver. Assim como ela, não disse mais nada, apenas se preocupou em sustentar seu olhar com ela.

Pelo menos até que percebeu o morcego em sua cabeça.

O morcego estava acomodado entre os cabelos azuis da raposa shiny, segurando algo entre seus braços que lembrava vagamente como várias berries, um tipo de fruta que grande parte dos Pokémons gostavam, assim como pessoas. Ao que parecia, aquele Pokémon era um Noibat, raramente encontrado em cavernas e durante a noite, não em florestas, quanto mais no meio de toda aquela gente, e, por este motivo, Hayato duvidou de sua sanidade mental, mas ao olhá-lo mais atentamente, concluiu que não podia ser sua imaginação. Ao contrário dos outros Noibats, aquele em especial era um tanto diferente, pois em certos lugares de seu corpo, havia uma grande quantidade de pêlos negros, além de seus olhos, que não possuíam o usual tom amarelo dos Pokémons de sua espécie. Ao invés disso, seus olhos eram num tom laranja que, se Hayato não prestasse tanta atenção, poderia facilmente confundi-los com dourado, e isso era o mais estranho e o mais curioso em sua aparência.

O Raichu desfez o sorriso que antes exibia, assim como parou de sustentar o olhar com o de Gwen para verificar se de fato estava certo, e uma expressão confusa cruzou seu rosto ao assimilar o Pokémon por entre seus cabelos. Assim que percebeu sua estranha reação, Gwen também exibiu uma expressão confusa, e procurou respostas com Hayato, mas o Raichu parecia surpreso demais para perceber sua pergunta não dita. Ao não receber resposta, levantou os olhos para identificar o porquê de sua estranha reação, e um grito escapou-lhe dos lábios, ao mesmo que outro acompanhou o seu, vindo do Pokémon em sua cabeça. Logo, outro grito juntou-se com o de ambos, este sendo rapidamente identificado, revelando ser Clair a autora do grito furioso.

— Pokémon maldito! – Foi o que ela gritou logo em seguida, a voz refletindo toda a fúria que sentia. — Devolva minhas berries!

O morcego roxo engoliu em seco, aflito. Porém, ao invés de fugir, o Noibat tentou do melhor modo que pôde esconder-se entre os cabelos de Gwen, juntamente com as frutas que levava, o que arrancou mais gritos da raposa shiny.

— AAAH ELE TÁ PRESO NO MEU CABELO! – Gritou a Pokémon, tentando tirá-lo de seus cabelos ao balançar violentamente a cabeça para os lados. Hayato, por sua vez, tentava acalmá-la para que pudesse ajudá-la de alguma forma, mas suas ações pareciam ser inúteis e tão desesperadas quanto a de ambos os Pokémons, e os gritos misturados com os diversos sons da confusão que se foi criada tornou difícil o pensamento claro, de modo que, em pouco tempo, Hayato se viu tão aflito quanto sua companheira.

Novamente, outra voz cortou os gritos que se seguiam, tirando-lhes sua atenção por um breve momento para que as palavras ditas fossem assimiladas:

— Ei! - Exclamou Chris, alto e em bom som, o suficiente para que a atenção fosse direcionada para ela. A garota caminhava rapidamente atrás de Clair e dos três Pokémons, de modo que suas próximas palavras foram ainda mais claras: — Eu conheço essa voz!

— Chris...? – Perguntou o pequeno Pokémon, interrompendo seus próprios gritos para olhar em sua direção. — É você?

— Noise! – Disse ela simplesmente, aumentando o passo até estar correndo e passar Clair.

A morena ignorou a confusão vinda das outras pessoas que a encaravam ali e no outro lado do grande campo que chamavam de clareira, ignorou os Pokémons de Alyss, ignorou até mesmo o fato de que, em uma situação normal, não ousaria chegar tão perto de Gwen e Hayato, ainda mais num momento como aquele. Porém, sua surpresa por ver o morcego ali era tanta que a menina simplesmente não conseguiu se conter, e como se suas hesitações não existissem, foi até ele, e com um movimento delicado, porém rápido, tirou-o dos cabelos azuis da raposa, cessando de uma vez seus gritos que, no momento, não faziam diferença para a mais nova.

— Chris! Eu te procurei a noite inteira! – Choramingou Noise, abraçando-a também com a mesma força que a mais nova usava.

Chris mal podia acreditar que Noise estava ali, alegando que havia procurado-a e dizendo diversas outras coisas que, no momento, não lhe importavam tanto assim. O que realmente lhe importava era que Noise estava ali e viera atrás dela por conta própria, o que Chris sabia que era um convite para acompanhá-la como seu Pokémon. Normalmente, a menina desaprovaria sua atitude, pois apesar de desejar que ele estivesse com ela em sua jornada, preocupava-se com sua segurança, pois Chris não sabia até quando seria capaz de manter a si mesma, pelo menos não quando não possuía a companhia de Alyss e Lawliet. Entretanto, mesmo junto de seu novo grupo, ainda hesitou em pedir para que acompanhassem-na até o local onde Noise ficava, além de temer ir até lá, pois o único caminho que conhecia para chegar até lá a obrigava a passar perto da casa de seus pais, o que ela não gostaria de arriscar tão cedo. Ainda assim, do modo que fora levada e com tudo o que havia acontecido até então só pudera pensar naquela questão em poucos e curtos momentos, e neles, sempre perguntava a si mesma se pedir para que ele saísse de seu lar para acompanhá-la era, de fato, a coisa certa a se fazer. Temia que Noise pudesse recusar, e temia que não fosse mais capaz de vê-lo caso isso acontecesse, ou temia que, depois de muito tempo longe, quando encontrasse-o de novo, pudessem virar estranhos um para o outro.

Essas inseguranças foram as únicas coisas que a impediram de convidá-lo a acompanhá-la quando podia, e este era o único motivo que, em algumas poucas vezes, pegava-se divagando ou sentindo-se triste, ou preocupada com o amigo. Afinal, ele fora o primeiro que a aceitara do modo que era, o único que a ouvira em momentos que precisava desabafar, o primeiro que não a julgara por ter poderes... Como poderia deixá-lo para trás tão facilmente? Era por isso que, vê-lo ali seguro e a seu lado lhe trouxe mais do que um simples alivio, trouxe-lhe também uma enorme felicidade e uma sensação de que ele não a deixaria sozinha assim tão fácil.

— Espera, vocês se conhecem? - Soou a voz irritada e ofegante de Clair, indignada com o rumo que as coisas tomaram. Ainda exibia uma expressão irritada, demonstrando que ainda sentia raiva do Noibat e ainda iria puni-lo se pudesse.

Chris assentiu, enquanto Noise segurava sua blusa com um pouco mais de força, parecendo assustado. Apesar de sua aparente raiva quanto ao roubo de comida, Clair não disse mais nada, apenas virou-se e resmungou alguma coisa que a morena não entendeu, e ao invés de se importar em saber o que havia exatamente acontecido, sorriu para o amigo, feliz em tê-lo ali.

— Noibat estragou o momento... – Hayato resmungou, atraindo a atenção de Chris e Noise para sua direção. No chão, ela podia ver as berries roubadas, facilmente esquecidas.

Não demorou muito para que uma figura surgisse ao lado dos dois Pokémons e de Chris e Noise, alguns poucos metros distante do pequeno grupinho que se formara ali.

— Vocês estavam esperando uma cena fofa – Começou Tabitha, com um sorriso no rosto e o iphone na mão. Em seguida, suas próximas palavras fizeram a morena franzir o cenho: — But it was I, NOIBAT NÃO IDENTIFICADO!

Hayato lançou-lhe um olhar aborrecido, mas não parecia exatamente bravo. Chris, por sua vez, estava mais do que confusa com sua frase, já que não entendia inglês tanto quanto gostaria, mas por um lado, estava até mesmo surpresa em ver a mistura de línguas. Deu de ombros, não lhes dando atenção, e depois de dar um breve pedido de desculpas quanto as ações de Noise, voltou-se para o Pokémon, com um grande sorriso em seu rosto:

— Você vem comigo?

— Estava te procurando pra isso. – Respondeu ele, retribuindo seu sorriso, o que fez o dela aumentar ainda mais.

A morena acomodou-o em seus braços, e virou-se em direção ao grupo para contar-lhes sua mais nova novidade, que sabia que seria recebida com animação, e a mais nova não se lembrou de nenhum momento que fora tão feliz quanto aquele.

— A propósito, Chris - Chamou Noise enquanto ela o levava para o resto do grupo. — Porque a cidade tava toda queimada...?


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Notas finais do capítulo

Lawliette não sabe fazer comédia tão bom quanto as pessoas que Lawliette vê T_T Apesar disso, acho que agora a Equipe Rocket não irá mais incomodar a mim e aos leitores. Giovanni sentiu o poder da minha lança, i mean, dos meus pokémanz.
É com esse chapter que iniciarei o novo arco da fic que ninguém vai saber qual é, então ele provavelmente ficou cansativo e/ou tedioso porque, em questão de plot principal, não acontece poarr alguma... Mas fiz meu melhor pra tentar prendê-los a leitura mesmo assim. Com esse novo plot da fic, vão acontecer muitas coisas que eu nunca escrevi antes, e a auto critica é muito chata com isso, por isso, eu vou demorar muito mais que o normal para postar a fic, e é por isso que, vim pensando em algo para não atrasar realmente... Então... eu oficialmente coloco a fic em hiatus, sem previsão pra quando vá voltar a postagem normal.
BTW, o que acharam do troço da Pokédex? 'u' eu realmente gostei de tê-lo feito, além do que achei que teria sentido, porque afinal, no anime e no jogo tu é praticamente OBRIGADO a sair com a Pokédex, então ela tem de ter motivos para ser tão essencial assim, né?
Ah! Vocês, lindas pessoas fantasmas que leem minha fic, eu resolvi parar de enrolar e fiz uma fic sobre FAIYA EMUBUREMU, mais especificamente sobre o 6° jogo da série, e se vocês, lindos leitores, forem ler, eu agradeceria, e faria um altar praa vocês se me dessem sua opinião. Aqui vai o link: http://fanfiction.com.br/historia/540548/Into_the_shadow_of_Triumph/



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