-Você nunca parou de gostar dele, parou Jas?

-Eu acho que não.

Eu deitei no ombro de Ryan e dormi por pouco mais de uma hora, sonhei com a Hanna, não lembro direito, só sei que foi com ela. Que gritava comigo. Até que Chaz me acordou.

-Jas, Jas, nós precisamos ir embora, você fica aqui essa noite com o Justin?-Chaz me perguntou.

-Se ele não me mandar ir embora de novo.

-Eu conversei com ele, está tudo bem. Amanhã cedo nós voltamos, fica bem e qualquer coisa me liga.

Chaz não quis me dizer o que Justin tanto queria falar com ele, e que Justin não contou o que aconteceu. Eu fui andando devagar até o quarto em que Justin estava, esperava que ele não me expulsasse de lá novamente, mesmo que ele não falasse comigo, eu precisava ao menos ficar ao lado dele, vendo que estava tudo bem, digo, parcialmente bem, porque ninguém fica completamente bem em um hospital. Enfim. Antes de entrar no quarto, eu fiquei vendo Justin pelo vão da porta. A abri e entrei sem fazer muito barulho.

-Hanna?-ele disse quando eu fechei a porta e ele ainda não podia me ver-Ah é você.

-A Hanna não veio Justin.

-Pensei que fosse ela, me disseram que a minha namorada estava lá fora chorando-ele deu de ombros.

-É que eu disse que eu era sua namorada quando eu pedi para entrar com você quando chegou no hospital.

-Pra que? Pra me ver morrer?

-Justin-fui até o lado da cama-Você sabe que eu não queria isso, eu disse pra você ir embora e não fazer aquilo e-

-Eu tinha que fazer o que você queria e você não podia me ouvir uma única vez? Jasmine eu tentei te ajudar. Dificil não ter percebido.

-Eu percebi Jus, mas você sabe como eu sou... sou orgulhosa Justin e do nada você começa a se preocupar comigo.

-Escuta e o que a Hanna te disse que te causou tudo aquilo?-ele perguntou e algumas das palavras dela voltaram a minha cabeça. Me sentei no sofazinho que tinha.

-Nada, eu é que pirei...por nada.

-O que ela disse Jasmine? Pra você ter ficado daquele jeito deve ter sido algo muito grave.

-Não tem importancia, não foi nada demais Justin, acho melhor você descansar.

Justin não respondeu nada, fitou a parede por algum tempo e depois dormiu. Eu praticamente fiquei a noite toda acordada, quando estava quase dormindo, Justin se mexeu e bateu um dos braços em uma garrafa d'agua que estava no chão, me levantei sem fazer barulho para pega-la e quando levantei Justin estava acordado.

-Não vai embora?-ele perguntou com a voz sonolenta.

-Alguém precisa ficar com você essa noite-respondi dando de ombros.

-E por que mandaram você ficar?

-Ninguém mandou eu ficar aqui, estou porque quero.

-Vou ficar aqui até quando?-ele se sentou e acendeu a luz.

-Não sei Justin-lembrar que ele estava lá por minha culpa me fazia sentir uma culpa enorme.

-Quero sair daqui logo, é tão entediante, e olha que estou acordado só há algumas horas.

-Eu também quero que você saia logo. -eu precisava tanto saber se Justin se lembrava que tinha dito que me amava que estava quase sendo capaz de perguntar à ele isso- Er, Justin, você se lembra de alguma coisa? De antes de vir pro hospital?

-Não muito, eu sei que você estava muito mal, e provavelmente eu estava querendo te ajudar, apesar de não lembrar dessa parte, e você gritava e chorava, chorava muito, eu nunca te vi tão mal, e você também disse algo sobre a Hanna ter dito que eu e ela transamos, foi isso?

-Mais ou menos isso-suspirei, ele não se lembrava. Provavelmente nem era verdade, ele só disse para me fazer parar.

-Esqueci de algo?

-Não, foi só isso mesmo-sorri de lado.-Perdeu o sono?

-Sim. Mas que merda, eu quero sair daqui-ele se debateu, Justin estava muito irritado por estar naquela situação e uma das agulhas que pasava soro pra veia dele se soltou-Porra!

-Calma Justin, vou chamar uma enfermeira-eu mal terminei de falar e um apito soou, provavelmente avisando a central do hospital que um paciente precisava de um médico e em dois minutos lá estava ela.

-Muito bem o que houve aqui?-uma senhora calma entrou-Menino, precisa se acalmar, logo poderá sair daqui, eu sei o quão estressante é ficar aqui sem fazer nada. 

-É é estressante mesmo, ainda mais com essas merdas presas no meu braço-ele gritou.

-Justin-eu disse o olhando feio, ele não precisava tratar a enfermeira daquele jeito. Ele revirou os olhos.

-Foi mal-ele disse-Mas esse negócio irrita.

-É por pouco tempo, amanhã sua namorada pode te levar pra casa-ela nos olhou sorrindo.

-Ah não, me desculpe-Justin me cortou.

-É, mal vejo a hora de poder sair daqui com a minha namorada-Justin me olhou sarcástico e pegou minha mão, sorrindo para a enfermeira.

-Certo, qualquer problema, me chamem-ela sorriu e se retirou.

-Muito bem, namorada não é?-puxei minha mão e cruzei os braços.

-Você quem começou-ele riu baixo e eu fingi estar emburrada-Você age como se fosse a pior coisa do mundo ser minha namorada.

-Não sei mais se é.

-Não sabe?

-Fazem anos que eu deixei de ser sua namorada, aliás, há anos deixamos de ser amigos.

-Por minha culpa, eu sei.

-Não estou falando que isso foi culpa sua.

-Mas eu sei que foi, e sem querer ser orgulhoso, eu sei como você ficou mal com aquilo.

-É Justin, eu fiquei, agora é melhor você dormir mais um pouco, não ouviu? Provavelmente você sai daqui amanhã.

-Eu não quero dormir Jas, eu quero falar com você, sobre... sobre nós. Para de fugir.