Carta Vermelha escrita por Eduardo Sales


Capítulo 5
Máscara




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- Ei – gritei mais uma vez tentando achar por onde aquele vulto tinha ido. Achei alguém parado em um dos corredores.

Dei mais alguns passos. A pessoa estava mascarada. A máscara era incrivelmente assustadora. Era uma face branca com olhos vermelhos e meia quadriculada. Quando olhei de novo, o mascarado havia tirado silenciosamente uma faca do bolso. Tentei dialogar.

- Me desculpa. Não era minha intenção incomodar você. Mas porque você está fazendo essas coisas?

- Eu não lhe devo satisfação. – Me assustei. A voz saía como um metal sendo esfregado em um alumínio com força.

- Já parou pra pensar que você está gerando tristeza á muitas almas aqui? – Tentei tirar qualquer informação dele.

Ele não respondeu. 10 segundos depois ele estava correndo em minha direção. Tentou arrancar meu braço. Mas eu fui rápido o suficiente para dar uma cambalhota. Não deu totalmente certo. Meu braço estava sangrando muito. Havia sido arranhado.

A máscara se virou pra mim e eu tive que virar o rosto. Era realmente horrível. Ele avançou em minha direção mais uma vez, grunhindo, furioso. Ele pegou um punhal na outra mão e tentou me atacar. Tive que ir correndo para qualquer outra direção. Mas havia muito risco.

- AI! – gritei.

Meu rosto havia sido cortado. Desde o nervo do meu nariz, contornou minha boca – por sorte – e terminou no meu pescoço.

O perigo estava aumentando. Eu não suportava mais tanta pressão. Adrenalina estava correndo pelas minhas veias. Meu coração palpitava. Eu tentava achar um jeito de escapar daquele inferno. Porque não chegava alguém ali que fizesse o mascarado fugir?

Ele continuou com seu ataque. Pelo que percebi ele só atacava com facas. E eu? Bom... Eu não tinha nada pra me defender. Talvez meu punho, mas eu nunca tive tanta habilidade. Estava pensando no que eu podia fazer. Me jogar da janela, talvez?

Avancei. Tive que fazer alguma coisa. Ele colocava a faca e o punhal á postos. Estava mesmo com vontade de me matar. Será que essa pessoa era o que escrevera a carta pra mim? Eu avistei dali uma mochila. Quando me distraí olhando a mochila ele avançou de novo com suas mãos e tentou me acertar com a faca.

Dei uma cambalhota e depois dei um salto para ver se ia mais rápido e peguei um dos cadernos da mochila roxa com detalhes verdes. A capa do caderno era rosa escuro. O mascarado deveria ser uma mulher. Num movimento rápido eu me coloquei do outro lado do corredor cheio de armários brancos com lajotas vermelhas no meio.

- Ei, idiota! – Eu disse – Você já parou para pensar como está a Emily? Cuja irmã está morta? E foi você quem a matou. E os outros também que morreram dilacerados em várias partes. Jogando sangue por todos os lados. Espero que você queime no fogo do inferno pelo resto da sua morte, vadia.

Num salto eu pulei da janela do terceiro andar torcendo para cair em algum lugar macio.

Caí no gramado. Estava doendo todo o meu corpo. Devo ter quebrado minha perna. Acho que quem se encontra com a mascarada nunca sai inteiro. Dali de onde eu estava, quando olhei pra cima, pude ver a máscara me encarando. Cinco segundos depois havia desaparecido. Tive que pensar muito em quem poderia ser. Mas não achei ninguém em Stanford que pudesse fazer tal tipo de coisa.

Voltei ao meu quarto mancando. Demorei um bom tempo para chegar pois minha pera estava doendo demais. Vanessa estava sentada na cama aflita e me olhou com um olhar assustado:

- Adam, o que aconteceu com você?

- Um ataque de alguém que estava mascarado. Mas eu – por sorte – consegui escapar – respondi.

- Você tem que ia á enfermaria, Adam. Me explique cada um desses ferimentos, agora.

- Esse do meu braço foi uma faca. O do rosto foi um punhal. E o resto pode ter sido depois que eu me joguei da janela do terceiro andar para poder fugir. Mas por sorte caí do gramado.

- Bom, pelo menos você conseguiu escapar. Agora vamos á enfermaria. – disse Vanessa

- Droga. Eu to cansado, tá? Amanhã eu vou lá depois das aulas. Obrigado. – Disse isso beijando ela.

- Tudo bem então, Adam. Mas isso é muito sério. Esse mascarado quer matar você então tome muito cuidado. Eu não quero que você morra.

- Eu também não. Então fique em segurança, tá?

- Ninguém aqui está em segurança. Essa coisa pode muito bem arrombar a porta e me pegar... – ela olhou para o caderno rosa que estava em minha mão – Que caderno é esse?

- Nada não. Vamos dormir, por favor. Eu não quero pensar em mais nada.

- Pode até ser. Mas amanhã eu vou querer detalhes, Adam.

- Tudo bem. Boa noite, Vanessa. – disse eu deitando em minha cama.

Naquela noite eu sonhei com o mesmo de todas as noites anteriores. Eu não aguentava mais isso. Mesmo sonho sempre. Não mudava nada. Nenhum detalhe. Amanhã eu iria examinar aquele caderno para ver se a pessoa que escreveu aquele recado não é o mesmo mascarado. Esperava mesmo que eu encontrasse alguma pista do desconhecido.

Eu sonhei com aquela mesma droga de novo. Aquele sonho me atormentava. Porque eu sonhava com aquilo? Porque era tudo comigo? Porque a droga do mascarado havia me enviado cartas? Nada era óbvio. Nada era claro. Só havia dúvidas.


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