Justin’s P.O.V.

Fiz o check in e subi as escadas até o quarto. Não avisei ao Kenny de que ficaria no mesmo hotel que ele, pois ele estava aproveitando seu tempo de folga, mesmo o Scooter o obrigando a ficar aqui no Texas comigo, bom, pelo menos ele vai ganhar férias quando eu for para Atlanta.

As malas estavam pesadas, mas eu não liguei. Eu estava mais pesado do que elas. E o cansaço por subir escadas não foi nada perto do que eu estava sentindo por dentro.

Assim que cheguei no quarto, passei o cartão e entrei jogando minhas malas em algum lugar. Eu não estava com cabeça para fazer nada, apenas uma coisa que eu sabia que daria certo, uma coisa que eu sentia falta de fazer e agora era o momento certo para matar essa saudade.

Me joguei na cama do hotel com o celular na mão e liguei para o numero na agenda “Dear Mom”. Chamou duas vezes e então eu ouvi a voz dela.

— Justin! Como está? — Pela sua voz, percebi que ela estava feliz por eu ter ligado para ela.

— Mal mãe, muito mal. — Disse chorando.

— Filho, o que aconteceu? — Perguntou preocupada. E então como toda mãe faz, ela leu meus pensamentos e concluiu: — Melanie, certo?

— Acabou, mãe.

Ela ficou em silencio por alguns segundos, apenas escutando os meus soluços.

— Quer me contar o que aconteceu?

— Pode ser quando eu chegar ai? Eu não quero falar isso por telefone. Só queria ouvir a sua voz, ela me consola nesses momentos difíceis.

— Eu sempre vou estar a sua disposição quando precisar filho. Eu te amo mais que tudo, não se esqueça disso.

— Eu não vou esquecer mãe. — Dei um sorriso para o teto e me sentei na cama. — Mãe, eu quero saber de uma coisa. Uma coisa do passado, que você não me contou.

— O que é? — Perguntou ela com a voz confusa.

— Como papai reagiu quando você disse que estava grávida?

Ela ficou algum tempo em silencio e por um tempo eu achei que a ligação tinha caído, até que ouvi seu suspiro.

— Posso responder essa pergunta quando você estiver aqui?

— Claro. — Concordei. — Em uma semana estarei ai em Atlanta.

— Vou te esperar.

— Até daqui uma semana, então.

— Que você tenha uma boa noite, querido.

— Você também, mãe. Tchau.

— Tchau.

Desliguei o celular e me sentei na cama encarando minhas coisas, sem saber o que fazer. Eu estava perdido. Eu estava acabado.

Mas eu tinha que segui em frente. Melanie iria seguir em frente e eu tinha um motivo muito grande para seguir em frente.

Eu vou ser pai. Vou ter mais responsabilidades do que não me atrasar para um show ou não me esquecer de dar autografo para uma fã. Além da minha carreira, eu terei que levar mais a sério minha vida.

Eu queria aproveitar as férias ao lado da Melanie, ficar abraçado a ela e dizer o quanto a amo. Queria passar muitos e muitos anos ao seu lado, a pedir em casamento de uma maneira totalmente inesperada e ter recordações da nossa lua de mel. Ter filhos com ela, e ter discussões bobas como a cor do tapete da sala ou a decoração do quarto. E quando eu sair em turnê, ela me visitar com o nosso filho no colo dizendo ‘Boa sorte’ depois de me beijar. Isso era o que eu queria. Pena que querer não é poder.

Melanie’s P.O.V.

Fiquei abraçada com o Erik por um longo tempo. Era quase impossível parar de chorar. E por mais que eu estivesse abraçada com outro garoto, pelo menos alguém estava me abraçando naquele momento difícil. E naquela hora o Erik não era o garoto com quem eu trai o Justin, ele era o meu amigo e acima de tudo sabia exatamente me consolar. Ele apenas ficou calado e me apertou em seus braços e isso era o suficiente.

Depois de muito tempo, eu consegui me acalmar e então ele partiu o abraço e me olhou.

— Não olhe pra mim. — Disse virando o rosto. — Eu estou ridícula.

— Ei. — Disse ele virando o meu rosto pelo queixo. — Você não é ridícula.

— Você sabe o que aconteceu? — Perguntei e ele tirou sua mão do meu queixo.

— Vovó disse que você tinha brigado com o Justin e que era para eu te seguir. Parece que ela sabia que você ia fazer alguma burrice.

— Eu não fiz nenhuma burrice. — Insistir.

— Tudo bem, você não fez. — Falou ele sorrindo e eu sorri também. — Viu? Acho que está bem melhor. Quer me contar o que aconteceu?

— Eu quero que você me abrace novamente e não faça mais perguntas. — Disse e ele riu estendendo seus braços para mim.

Eu o abracei novamente e eu apenas tentava recuperar a coragem para tocar no assunto.

Por que com ela? Justo com ela? Poderia ter sido com outra garota (mentira), mas ele tinha que escolher ela?

E eu pensei que a Selena era civilizada a ponto de não atrapalhar o meu namoro com o Justin.

— Melanie! Melani... — Ashley parou de falar quando me viu abraçada com o Erik. — Eu só queria saber se você estava bem. Bom, eu vou indo. — Disse ela tensa e então saiu antes que eu pudesse dizer alguma coisa.

(...)

— O que você estava fazendo? — Sussurrou Ashley quando estavamos no quarto.

Minha mãe e minha avó voltaram a dormir. É claro que eu sabia que minha mãe não ia conseguir dormir sem saber o que estava acontecendo. E minha vó pediu ao Erik para dormir na sala, caso eu queria sair novamente e colocar minha vida em risco. Mas Ashley não estava nada feliz com isso.

— Eu fui dar uma volta. — Falei como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Não. Você estava abraçada com o Erik. O que foi aquilo?

— Ele estava me ajudando.

— Bela ajuda. Você briga com o Justin e corre para os braços do Erik? Você está parecendo...

— Uma puta? — Completei fitando-a com ódio. — Você pelo menos sabe porque eu briguei com o Justin?

— Ele descobriu que você beijou o Erik.

— Não. — Falei me controlando para não chorar novamente ao me lembrar do rosto dele e de como ele me deu a noticia. — Brigamos, porque eu não fui a única a trair.

— Ele te traiu? — Perguntou ela surpresa e agora toda a sua raiva se foi.

— Lembra da premiação? Lembra que a Selena disse que estava grávida? — Ela assentiu e eu me sentei na cama. — Adivinha que é o pai.

Ela pensou por algum tempo e então se tocou. Foi um grande choque para ela, que paralisada ela se sentou ao meu lado e segurou minhas mãos.

— Melanie... Eu... Sinto muito.

— E sabe o que me dá mais raiva? — Perguntei já chorando. — Que ele tenha me traído com ela, justo com ela.

Ashley me abraçou e então disse:

— Antes de ir, ele deixou um recado para você.

Olhei para ela e limpei o meu rosto.

— Não quero ouvir.

— Deixa de ser orgulhosa e apenas ouve o que eu tenho a dizer. — Ela olhou para mim para ver se eu ia protestar e então continuou: — Ele disse que vai ficar mais uma semana aqui, no hotel mais próximo, e queria conversar com você.

— Eu não quero conversar com ele. — Disse virando o rosto.

— Para de agir como uma criança mimada. Você estava de cabeça quente hoje e deve pensar mais um pouco. Você tem uma semana.

— Está tudo acabado. Não temos que conversar sobre nada.

— Bom, o recado já está dado. — Ashley disse revirando os olhos.

Então para distrair ela pegou um álbum na sua bolsa e se sentou ao meu lado na cama, mostrando as fotos que tiramos juntas.

Juntamos nossas camas e ela ficou relembrando todas as nossas maluquices que fizemos juntas, falamos sobre os professores da escola e sobre as patricinhas.

E foi assim que eu consegui dormir.

(...)

De manhã no café da manhã todos estavam na cozinha conversando aos sussurros. Fui a ultima a me levantar e quando entrei na cozinha, os cochichos pararam. Era óbvio que estavam falando de mim. Erik foi o primeiro a dar bom dia. Depois minha mãe e Ashley, minha avó apenas me olhou e voltou a tomar seu café em sua grande caneca do Starbucks.

— Não vou tomar café. — Disse. — Quero ajudar a Ashley, e isso só vai atrasar.

— Mas você precisa comer alguma coisa. — Disse minha mãe.

— Estou bem. Eu juro que vou almoçar.

Ela pensou durante algum tempo e concordou.

Então Ashley e Erik me seguiram até a porta. Assim que saímos, Ashley pegou a cesta de ovos e eu peguei outra para recolher frutas. Quando ela seguiu em direção ao celeiro, eu corri em direção ao Erik que já seguia para o local onde sempre corta lenha.

— Erik, espera.

Ele se virou para trás e sorriu para mim.

— Você está com o rosto inchado. — Falou.

— Obrigada pelo elogio. — Sorri de lado e então pulei para a parte interessante. — Você toparia me ajudar em uma coisa?

— Depende. O que é?

— Pode me ensinar a pintar? — Perguntei e ele olhou para mim confuso e então sorriu.

— Claro.

Sorri de volta e então dei a volta em direção a uma macieira.

Eu realmente não queria aprender a pintar, mas eu estava pensando em tudo para me fazer esquecer o Justin e ter o Erik ao meu lado ajuda. E quem sabe eu comece a gostar dele mais do que gostei do Justin?