A Vampira escrita por Júlia Calasans


Capítulo 3
Pontos de vista


Notas iniciais do capítulo

Hello! Depois de quase uma semana, eu voltou com um mega-capítulo! Então, como eu resolvi mudar algumas coisas no rumo da história, vou dividir tudo o que quero dizer em tópicos.
T1_Esse capítulo ia ser narrado apenas pelo ponto de vista da Rukia e do Ichigo. Mas resolvi colocar um pouco do Renji e seus amigos também, porque eles vão ser de grande importância na história... A medida que os personagens forem importantes, vou colocando trechos da vida deles, ok?
T2_Essa história começa com uma coisa mais humorada, mas, mais para frente, teremos uma guerra, confrontos e todo tipo de merda que vocês puderem pensar. Nesse capítulo, temos algumas indicações de alguns dos motivos dessa guerra.
T3_Como não estava nos planos colocar o ponto do Renji na história, o capítulo ficou enorme, e eu adiei o encontro explosivo de Ichigo e Rukia para o próximo capítulo. Maaaass, para me redimir, prometo amassos e beijos de montão.
T4_Em relação ao sobrenome de Grimmjow, resolvi escrevê-lo como Jaggerjack porqué é mais fácil que o sobrenome original.
T5_E, por fim, divirtam-se com o capítulo!



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_Vocês não podiam me arranjar uma fantasia mais confortável?_ perguntou Ichigo, pela décima vez. _Grandes amigos vocês são!_

Ichigo não fizera questão de escolher uma fantasia, permitindo que Keigo e Mizuiro escolhessem para ele, contando que não lhe trouxessem uma roupa de príncipe. Naquele momento, vestindo a pior fantasia que ele poderia ter imaginado, Ichigo começara a se perguntar aonde os próprios neurônios tinham ido tirar férias para que ele tomasse tão burra decisão.

Estava vestindo uma calça um pouco colada e preta, da qual pendiam dez ou quinze correntes. Tênis pretos, também, camisa preta, jaqueta de couro (e várias tachas), duas correntes de tachas nos pulsos, luvas de couro e óculos escuros. Juntamente com expressão irritada de Ichigo, que se encarava com repulsa no espelho, a imagem era realmente muito agradável para qualquer opinião feminina. A fantasia realçava os melhores aspectos de Ichigo: as pernas bem torneadas, mantidas com a natação, praticada por Ichigo desde os cinco anos. Braços fortes, ombros largos. E o conjunto todo lhe dava um ar bad boy irresistível.

Ichigo não enxergava nada disso. Aquela roupa colocava em evidência tudo o que ele preferia esconder. As pernas tortas. Os ombros largos demais para o resto do corpo. A questão é que Ichigo não se enxergava como ele realmente era, e sua mente estava tão tomada pelo arrependimento que ele só conseguia procurar—e encontrar—defeitos na fantasia de rockeiro que os amigos (se é que ele podia chamara tais idiotas de amigos) lhe trouxeram.

_Não reclame, Ichigo_ disse Mizuiro, vestido confortavelmente na sua fantasia de caçador, com direito à espingarda falsa e boina xadrez. _Você não queria príncipe, então nós ficamos meio sem opções. Keigo queria trazer uma fantasia de bruxa, disse que ia ficar bem em você, ou seja, você deve me agradecer por você estar, ao menos, vestido com uma fantasia masculina._

_Me sinto ridículo._

_Você reclama demais, Ichigo._ Keigo ajeitava a gola da fantasia de príncipe com cuidado. _As mulheres simplesmente se amarram num cara rockeiro, principalmente se ele tiver uma cara de bunda igual a sua._ Mizuiro riu com o comentário, e Ichigo fez uma careta. _Então, essa noite, vê se não desperdiça as gatinhas, tudo bem? A experiência com a Orihime não foi das melhores, eu sei, mas ela te apresentou o maravilhoso mundo do sexo, e você tem de ficar feliz por ela ter falado bem de você._

_Nisso ele tem razão._ Mizuiro arrumou os cabelos, descuidadamente. _Minha primeira vez foi um desastre. A menina era se fazia de experiente, mas quando fomos ao que interessa, se transformou numa menininha! Eu me sentia corrompendo uma criança, entende? E ela espalhou para todo mundo o quanto eu era incompetente, quando na verdade a culpada era ela. Ficou lá parada, como uma boneca inflável, esperando..._ ele balançou a cabeça para espantar a lembrança. _Foi por causa dessa primeira vez que eu comecei a namorar só mulheres mais velhas. Nenhuma delas reclamou, mas isso não mudou a minha reputação na minha antiga escola. Fiquei muito feliz quando me mudei._

Keigo riu com a história, e Mizuiro o acompanhou. Ichigo não riu, porquê raramente ria e não perdoara os amigos por lhe arranjarem aquela fantasia ridícula. Também não gostava de trazer o assunto Orihime à tona. Isso o fazia se sentir infantil e inexperiente por ter caído naquela armadilha... Ele não transara com ela porque ela tinha um corpo bonito—embora isso fizesse grande diferença. Transara com ela porque estava apaixonado por ela desde os doze anos. Uma paixão de quatro anos erroneamente alimentada por Ichigo, que só saiu de seu transe quando ouviu os boatos. A ficha caiu dolorosamente.

Ela não gostava dele. Fora só sexo.

Ichigo balançou a cabeça. Invocar lembranças da própria burrice não era a melhor forma de melhorar os ânimos, principalmente dos dele, que passavam a maior parte do tempo hibernando. Olhou para Keigo e Mizuiro, que terminavam os preparativos, e, por fim para a janela, que mostrava a paisagem que ele via todas as noites pela janela do próprio quarto. Já eram dez horas da noite, e agora que toda vida noturna de Karakura começava.

_Ótimo. A boate deve estar cheia à esta altura. Vamos? Acho que Orihime e Tatsuki já chegaram. Eu também chamei Chizuru, mas não sei se ela vai querer vir._

_Você chamou Orihime para vir conosco?_ disse Ichigo, pensando que aquela noite não poderia ficar pior. _Keigo, você é um otário._

_Eu não tenho culpa do que aconteceu entre vocês. Orihime é linda e gostosa e eu ainda estou esperando minha chance, o que quer dizer que você vai ter que conviver com ela mais um tempo._ Keigo puxou Ichigo para a porta, Mizuiro seguindo atrás parecendo completamente alheio à conversa. _Bem... Chizuru também está na luta faz algum tempo, mas isso não interessa. Até onde sei, Orihime é hétero, e bem hétero. Agora, veja pelo lado bom, Tatsuki vai estar aqui. Vocês dois são amigos, não são?_

Ichigo não teve tempo para responder. Mizuiro abriu a porta, e as três garotas se viraram para eles, impacientes. Pareciam estar esperando ali fazia algum tempo.

Orihime, tal como dissera a Ichigo, se vestira de princesa. O vestido era rosa e o tecido era um pouco vulgar, apesar de combinar bem com a expressão infantil de Inoue. Usava luvas da mesma cor e duas presilhas de flores, que tornavam sua figura mais inocente. Chizuru, ao seu lado, estava vestida de príncipe, o que ocasionou uma pequena discussão entre a garota e Keigo. E Tatsuki, com seus cabelos revoltos e curtos, estava vestida com o uniforme de karatê que usava religiosamente todas as semanas desde os quatro anos.

As três se viraram para ele quando finalmente Ichigo saiu, parecendo não acreditar no que seus olhos viram. E Ichigo não poderia culpá-las—ele também não era capaz de acreditar.

_Ichigo..._ Orihime foi a primeira a se pronunciar, timidamente. _Você está muito bem nessa roupa. Mas eu achei que viria de príncipe._

_As fantasias de príncipe tinham acabado._ mentiu ele, indiferente ao elogio. _Keigo alugou a última._

_Finalmente virou homem, Ichigo?_ disse Tatsuki, numa atitude mais descontraída, como era típico dela. _Caramba, achei que você nunca ia vestir uma roupa desse tipo._ ela deu um tapa nas nádegas dele. _Sabe, eu achei que você não tinha bunda, também, mas vejo que você tem alguma coisa que dê pro gasto._ ela riu. _E essas pernas? Andou tomando muita bomba?_

A boca de Ichigo curvou-se levemente, numa réplica de sorriso. Tatsuki era uma das poucas pessoas capazes de fazê-lo ficar com um humor melhor do que o habitual, e sabia disso.

_Vá pro inferno, Tatsuki._ resmungou ele, ciente de que ela sabia que aquilo era uma brincadeira. _Você é uma chata._

Ela não era. E sabia disso também. Tatsuki conhecia Ichigo melhor do que ninguém, porque a amizade dos dois vinha desde os quatro anos, quando Ichigo ainda fazia caratê e não natação. Naqueles treze anos de amizade, eles nunca brigaram.Desde que Tatsuki conhecera Orihime, eles tinham se distanciado, não o suficiente para a amizade morrer,no entanto.

Os seis seguiram numa pequena procissão, Chizuru tentando desesperadamente arrancar um beijo de Orihime, que simplesmente não percebia as pesadas investidas da mulher. Tatsuki e Ichigo conversavam baixo sobre o campeonato nacional de karatê, do qual Tatsuki participaria nas férias. Ela parecia animada e ele ficava feliz por ela. Desde pequeno reconhecia a habilidade que Tatsuki tinha para lutar e sabia – mesmo que não admitisse em voz alta—que não conseguia superá-la.

_Chegamos._ anunciou Keigo. _Esta é a Soul Society.

Todas as conversas se interromperam para observar a casa noturna. Ichigo fez uma careta. Soul Society era exatamente o que ele esperava, isso não era nada bom.

Era um enorme galpão, pintado em fundo preto com manchas em neon, como se vários balões de tinta tivessem sido arremessados nas paredes. As manchas formavam um padrão em espiral que doía aos olhos de qualquer pessoa que observasse, mas eram uma ótima estratégia para chamar atenção de qualquer passante. E para completar o quadro berrantemente colorido, escritas com tinta neon no centro de todo aquele quadro, estavam as palavras SOUL SOCIETY.

Eles se entreolharam por um segundo, os seis, as expressões comicamente assustadas. Não era esse o quadro que esperavam. Orihime foi a primeira a rir, sendo seguida por todos, menos Ichigo. Este se limitou a um pequeno sorriso, que na mesma velocidade que apareceu, sumiu na expressão franzida que lhe era natural.

Os seguranças não fizeram qualquer menção de impedi-los a entrar. Pagaram as entradas com calma e logo foram engolidos pela multidão que se agitava nas pistas. Se Ichigo achou que, por fora, a boate era ridiculamente chamativa, é porque ainda não vira o lado de dentro.

Havia um grande globo no teto que jogava luzes para todos os lados, combinando com o chão de ladrinhos que brilhavam a cada toque. A névoa de gelo seco e adocicado o deixou levemente tonto, combinado ao som lancinante que bombava pelas caixas de som. A boate tremia à cada batida. Ele mesmo sentia a cabeça girar, e sentia que a multidão o estava conduzindo. Mulheres se enroscavam nele como cobras à procura do melhor ângulo para atacar, enquanto algumas deslizavam a mão ousadamente pelo peito do rapaz e outras piscavam, mandavam beijinhos e sussurravam coisas obscenas quando ele passava. Ele queria desesperadamente fugir dali.

Quando Ichigo finalmente chegou ao bar, que estava razoavelmente vazio, tinha marcas de batom no rosto, a blusa levemente rasgada e um tablete de alguma coisa na mão, que ele desconfiava ser êxtase. Com uma careta, jogou o tablete no lixo, limpou as marcas no rosto e sentou-se numa das cadeiras, o mau humor chegando a níveis extremos que ele jamais havia experimentado.

_O que deseja beber, senhor?_ perguntou a atendente, fantasiada de anjinha, o vestido conseguido incitar os piores demônios dos homens. Estratégias para fazê-los comprar, pensou Ichigo, sem dar atenção para ela.

_Não quero nada._

_Senhor..._ tentou ela novamente, sorrindo. _Temos todos os sabores de licores alcoólicos. É uma bebida não muito forte, mas que consegue aplacar a sede e acalmar os ânimos._

Ele se virou para ela, o cenho franzido. A desgraçada tocara no âmago da questão: sua irritação. Com um sorriso endiabrado, sabendo que tinha vencido, ela esperou pelo pedido, que não esperou a chegar.

_Quero licor de maçã._ resmungou ele, deslizando uma nota para ela. _Nada muito forte, ok? Não posso me dar ao luxo de ficar bêbado._

Ela sorriu feliz e se afastou, voltando poucos segundos depois com o copo cheio de licor numa bonita cor vermelha, juntamente com o troco. Bebericando levemente a bebida, Ichigo voltou seus olhares para a pista de dança.

Agora, juntamente com a névoa de gelo seco, ele sentiu cheiro de maconha, e visualizou pessoas cheirando livremente cocaína nos cantos. Casais quase faziam sexo em plena pista, e ninguém parecia se importar. Observando aquilo de cenho franzido, a dúvida que assombrava Ichigo todas as noites voltou, dessa vez num contexto completamente diferente.

Tanto em casa, em meio à sua insônia, ou ali, no meio daquela insana multidão, Ichigo não sabia o que estava fazendo ali.

Bebericou mais um pouco do licor, cerrando os olhos, e jurou ter visto um homem com o punho cortado, um longo corte que sangrava moderadamente, enquanto outra mulher lambia aquele sangue com prazer. A cena lhe deu nojo, e ele virou o rosto, tentando evitar enxergar, mas não conseguindo. Voltando a cabeça para a mesma direção anterior, o homem e a mulher não estavam mais lá. Ele poderia dizer que tinha sido tudo uma alucinação, mas sabia que não era bem esta a questão. Ele sabia que existia uma tribo de gente louca que se considerava “vampira” e que bebia sangue como se bebia cerveja, e que aqueles podiam ser perfeitamente estes.

Seus olhos giraram novamente até focalizarem Orihime, no canto da pista. Havia um homem, anormalmente pálido, de cabelos pretos escorridos e tinta preta escorrendo pelos olhos, como lágrimas, que a espremia com voracidade contra as paredes, beijando-a com sofreguidão. Ela parecia animada com o contato, tão animada a ponto de coçar a roçar sua coxa contra a dele. E o homem pareceu gostar, pois a prensou com ainda mais força, o que fez Ichigo se perguntar do porque de Orihime não ter virado suco, ainda.

Ele suspirou ao pensar que, um ano antes, era ele no lugar do estranho, dando aqueles pesados amassos. Ichigo se perguntou se aquele homem estava sentindo o mesmo que ele sentira naquela noite, mas ele já sabia a resposta. Para Ichigo, aquilo fora puramente sentimental, e sabia que entre os dois, o estranho e Orihime, era um desejo carnal e luxurioso que sumiria no dia seguinte. Doía-lhe observar a cena, mas ele não se sentia capaz de desviar os olhos.

_Pare de secar o Ulquiorra._ disse uma voz ao seu lado, levemente debochada. _Nada contra o homossexualismo, sério, mas o Ulquiorra não é do tipo que pega homens. Lamento decepcionar._

Ichigo se virou para o lado, pronto para discutir, mas parou ao observar a mulher sentada na outra cadeira, ao lado da sua. Com olhos cerrados, Ichigo examinou-a de cima a baixo.

Era uma mulher pequena, com metade da altura de Ichigo. Tinha membros finos e delicados, cobertos por uma camada de pele brilhante e branca como marfim. Usava um diáfano vestido creme que ia até os pés, e se sentava com uma postura elegante e tensa. Quando se virou para ele, percebendo que estava sendo observada, ele notou seus olhos, grandes, com íris num tom adorável de violeta, e depois os lábios, tão vermelhos quanto sangue. Ela parecia o tipo de figura que ele imaginaria ver num daqueles filmes medievais, da TV, ou nos bailes de realezas, e não numa festa como aquela.

O rosto dela continuou a encará-lo, até que uma espécie de reconhecimento confuso pintou suas feições. Ela tombou a cabeça para o lado, um leve sorriso nos lábios escarlate.

_Shiba?_ perguntou ela. _Shiba Kaien?_

Quem?

_****_

A noite caiu e Renji Abarai observou o por do sol com olhos atentos, da janela do apartamento, sem se importar com os raios de luz que, de certa forma, feriam seus olhos. Desde pequeno, Renji gostava do pôr do sol—era o único momento em que ele se sentia calmo, em paz consigo mesmo e com os outros. Sem preocupações, sem nada. Só o sol, ali, calmamente se retirando para um descanso que Renji não tinha.

Quando o espetáculo acabou, Renji fechou a janela e cerrou as cortinas, acendendo a luz com um gesto de mão. O quarto estava perfeitamente arrumado a não ser pela bagunça da cama e dos lençóis, que se encontravam destruídos no chão. Obra de Rukia, ele pensou, com um sorriso afetado. Estava muito drogado na noite anterior para ter transado com ela. Tinha sido ótimo, não havia tido problemas, mas isso porque Rukia era uma vampira realmente singular.

A primeira experiência de Renji com uma vampira não tinha sido agradável. Embora o sexo tivesse sido ótimo, ela desenvolveu por ele um sentimento de posse. Ela o seguia nas festas. Assustava as mulheres que o atraíam. Assustou seus amigos, e, num último momento de desespero, assustou-o também. Fez juras de amor e assassinou a última mulher com quem Renji passara a noite, além dela.

O Abarai não se arrependia de tê-la matado. Era insuportavelmente mimada. Mas se arrependia por não tê-lo feito antes, pois a mulher que a vampira assassinara tinha acabado de se casar e não tinha culpa de nada. Depois daquela experiência, Renji prometeu a si mesmo que não ia se envolver com vampiros, por melhor que o sexo fosse, e se surpreendeu quando o efeito do êxtase passo. Tinha quebrado outra promessa.

Não que se importasse—tal como a maioria dos seres sobrenaturais que moravam em Karakura, matar não era um problema. Mas seria um desperdício ver uma mulher tão linda virar pó, e ele se sentiu aliviado quando ela aceitou ser sua amiga. Ele estava realmente precisando de uma amizade feminina—andar só com homens tinha muitas vantagens, mas também algumas falhas que uma amizade com uma mulher poderia consertar. E exatamente por isso, combinou de se encontrar com Rukia, às nove horas, para que ele lhe apresentasse seus amigos e fosse todos juntos conhecerem Soul Society, a nova boate do momento.

Alongou-se. Era a hora de outra noite insana e divertida, e ele tinha de estar pronto. Tomou um banho, trocou de roupa e desceu até a cozinha, preparando-se para receber os amigos. Um pedaço de carne mal passada para Grimmjow, uma garrafa de whisky para Gin, um pouco de vodka para Ulquiorra e gim tônica para Toushirou. Há muito tempo Renji mantinha sua cozinha em decorrência do gosto dos amigos, e não do próprio, porque Renji comia qualquer coisa que fosse comestível—e quando digo qualquer coisa, era realmente qualquer coisa.

Andou lentamente até o rádio do canto do apartamento, e conectou o cabo do iPod à ele, colocando volume no máximo. As batidas da guitarra de “Hero” ecoaram pelo apartamento, fazendo-o tremer. Renji fechou os olhos, apreciando o quadro, e esticou-se no velho e puído sofá, esperando os amigos chegarem. Não demorou muito—alguns minutos depois, a porta foi literalmente derrubada, e Grimmjow Jaggerjack entrou, perfeitamente à vontade.

Renji revirou os olhos. Grimmjow nunca batia na porta—se ela não estivesse aberta, ele simplesmente à derrubava. Com um estalar de dedos, Renji voltou a porta ao lugar, enquanto o amigo entrava pelo apartamento, vasculhando-o como se fosse dele. O Abarai estava acostumado à folga do amigo, e não se incomodou; só se ajeitou no sofá e fechou os olhos.

_Sei que você é um feitixeiro..._ disse Grimmjow, mastigando a palavra. _Mas não vai adiantar de nada se você ficar surdo antes dos trinta anos, Abarai. Vamos abaixar esse volume..._ o homem girou o botão para baixo, abaixando o volume em várias oitavas. _Muito bem. Agora vamos trocar a música... Cara, você só escuta Skillet? Mas que merda!_

Renji riu.

_Não escuto só Skillet. Sou fã da banda. Não enche, essa é a minha casa, folgado._

_Você não tem do que reclamar. Tem sorte por seu eu e não o Gin. Ele é tão folgado que é capaz de mudar toda a decoração só por quê não o agrada._ o Jaggerjack continuava passando as músicas, compulsivamente. _Até que enfim uma música que preste! Caralho, podia dar uma repaginada nesse iPod. Está precisando desesperadamente de uma mudança._enquanto “Riot” ecoava pelo apartamento, foi até a porta e analisou o corredor, por um segundo. _Toushirou, Ulquiorra e Gin chegaram... Ulquiorra está fantasiado de morcego. Estou sinceramente com medo._

Renji ergueu uma sobrancelha.

_Tudo bem, nenhum pouco de medo._ Grimmjow riu, voltou-se e empurrou Renji até que coubesse no sofá. _Mas você vai ver... Como ele espera pegar garotas parecendo um gótico? Elas não costumam gostar muito desse tipo de homem._

_Mas e aí que você se engana._ disse uma voz da porta, levemente cínica. _As mulheres adoram os bad boys, os góticos, os roqueiros e os inteligentes... Não podemos nos esquecer dos sérios. Os bombados também, mas não acho que isso enquadre a gente._

Era Ichimaru Gin. Como sempre, tinha os olhos cerrados e um sorriso cínico nos lábios. Ao seu lado, estava Hitsugaya Toushirou, o menor deles, a expressão séria e centrada que lhe era tão característica, e, por fim, Ulquiorra, realmente fantasiado de morcego, o semblante calmo e até mesmo melancólico.

_Discordo._ disse Grimmjow, calmamente. _Eu não sou nada disso e as mulheres me amam. Falando nisso, aquela peituda de ontem..._

_Não queremos saber da mulher com que você dormiu ontem. Grimmjow._ interrompeu-o Hitsugaya, seriamente, sentando-se numa cadeira. _E você é o perfeito estilo do homem grosso-rude-arrogante-idiota que as mulheres burras amam. Não é à toa que você nunca pegou uma mulher inteligente... Elas vêem o que você tem por dentro, ou seja, nada._

Grimmjow recuou, definitivamente ultrajado, enquanto todos riam. Era uma diversão coletiva irritar Grimmjow, porque era incrivelmente fácil comprar uma boa briga com ele. Daquela vez, não seria diferente: com um rosnar, ele avançou para Hitsugaya, que, trincando os maxilares, meteu-lhe um soco na cara. O Jaggerjack revidou com um chute, e os dois se engalfinharam numa luta complexa e mortal.

_Highway The Hell? Adoro essa música._ disse Renji, completamente indiferente ao confronto. _Vamos aumentar o volume._ ele se levantou e passou exatamente entre os dois brigões, segurando no ar um chute de Grimmjow. _Deixem-me passar, rapazes. Podem se matar depois que eu aumentar o som._

Hitusgaya cruzou os braços, calmamente, mas Grimmjow bufou, ansioso. Querendo provocar o amigo, Renji abaixou e aumentou o volume várias vezes, como algumas crianças bobas gostavam de fazer. Gin riu, porque era típico dele rir por causa de qualquer coisa, e Ulquiorra revirou os olhos pela infantilidade. O ruivo deu um sorriso diabólico e continuou com aquilo até Grimmjow quase uivar de frustração.

_Mas que merda, Abarai, eu quero matá-lo, dá para você terminar isso daí logo?_

_Como se você fosse capaz de fazê-lo._ retrucou Renji, deixando o volume novamente muito alto e voltando para o lugar, fazendo questão de quase se arrastar no percurso. _Podem se matar agora._ ele se jogou no sofá. _Só façam questão de limpar a bagunça. Na última vez em que vocês brigaram, fiquei um tempão tentando lembrar a magia de limpeza e depois mais uma hora esfregando essa porra com alvejante, porquê não consegui lembrar, o que quer dizer que eu prefiro que vocês se matem do modo menos sujo possível._

_Pode deixar._ grunhiu Toushirou, quase silenciosamente. _Não pretendo deixar rastros._

_Já eu..._ Grimmjow sorriu asquerosamente. _Pretendo sujar tudo, então pode comprar muito alvejante._

Renji bufou, e voltou-se para conversar com Gin e Ulquiorra. O confronto continuava atrás deles, barulhento, mas os dois amigos nem pareciam ligar. Estavam acostumados com as brigas freqüentes. Na noite anterior, era Ichimaru que brigava com Ulquiorra, que tinha conseguido uma bela cicatriz que descia por suas costas. Claro que, na velocidade com que Grimmjow cicatrizava-se, não existia nada mais do que uma fina linha branca que descia pelo seu pescoço, quase invisível aos olhos humanos, mas ela estava lá e Grimmjow prometera revanche.

_Quem era aquela garota ontem, Renji?_ perguntou Ichimaru. _Devia ter uns treze anos... Resolveu virar pedófilo agora?_

_Ha-há. Ela tem dezessete anos e foi uma das melhores com as quais eu já dormi. E olha que foi a primeira vez dela, hein?_ Renji soltou os cabelos do rabo de cavalo. _Eu a chamei para vir conosco à Soul Society, hoje. Vou apresentá-la à vocês._

Ulquiorra ergueu uma sobrancelha.

_Isso não é correto. Você mesmo nos fez prometer que não íamos mais trazer humanos para o grupo. Não estou afim de matar ninguém, apesar de ser até bem divertido._

Hitsugaya e Grimmjow pararam para observar a conversa.

_Ela não é humana. É uma vampira. Fugida diretamente da cidadela._ seu rosto se iluminou, como se ele estivesse se lembrando de alguma coisa. _Ah, Hitsugaya, quero que você preste atenção à correspondência que chega para você em meu nome._

_Porque eu deveria ficar de olho em correspondências que chegam em seu nome? Elas chegam para você, não para mim._

_Chegam para você. Dei seu endereço como meu para todos os credores._ replicou ele, nenhum pouco culpado. _Quero que você fique de olho em um nome em particular, para mim._

Hitsugaya parou um ataque de Grimmjow com uma mão só, fuzilando Renji com os olhos.

_Só não mato você porque Grimmjow é prioridade, agora._ ele suspirou, dando uma joelhada do Jaggerjack. _Qual é o tal nome? Vou ficar atento na correspondência que chega. Qual é o nome?_

_Kuchiki Byakuya._

As reações foram diversas. Ulquiorra se moveu um milímetro, os olhos levemente arregalados. Ichimaru abriu levemente os olhos, revelando as lentes vermelhas. Hitsugaya olhava-o com descrença e Grimmjow, a mão parada no ar, esquecendo-se do soco que ia mandar na cabeça do outro.

Grimmjow foi o primeiro a se manifestar.

_Nunca imaginei que você ia se corresponder com Kuchiki Byakuya. Está tendo um caso com ele? É um homem bem frio... Talvez seja bem mandão na cama. Cara, nunca imaginei que você fosse do tipo submisso. Sempre me surpreendendo, hein, Abarai?_

_Vá pro inferno, Grimmjow._ replicou Renji, seriamente. _Eu sei que em breve ele vai querer que eu faça uma tarefa para ele. Minha mãe tem uma espécie de dívida com ele e sempre me usou para pagá-la, me usando para fazer favores para Byakuya, o que deve ter dado à ele a impressão de que manda em mim._ suspirou. _De qualquer forma, resumindo tudo, vamos dizer que ele vai querer que eu encontre a irmã dele que fugiu da cidadela._

_E como você vai encontrá-la?_ perguntou Gin. _Até faz sentido, porque sei que os Shiba moram por aqui, e metade dos refugiados tentam se hospedar lá antes de serem arrastados de volta para a cidadela. Mas como encontrá-la? Karakura é uma cidade de milhares. É como uma agulha no palheiro._

Hitsugaya e Grimmjow voltaram a brigar, mas Renji notou os dois muito atentos à discussão.

_Bem... Aí é que está._ ele sorriu misteriosamente. _Estou com sorte... Caí sentado logo em cima da tal agulha. A mulher com a qual eu passei essa noite é Kuchiki Rukia, irmã de Kuchiki Byakuya e que virá nos visitar em pouco mais de quinze minutos._

_Veja só..._ Hitsugaya mandou Grimmjow na parede, aonde ele deslizou inconsciente para o chão. _E qual é o plano?_

_Ele vai pedir que eu a mande de volta, então... Vou fazer de tudo para que ela fique. Odeio Byakuya e vai ser divertidíssimo deixá-lo frustrado._

Gin ergueu as sobrancelhas.

_Temos uma mina de ouro em mãos. Um pouco de chantagem, talvez..._

_Você sabe mais do que todos aqui que Byakuya não se deixa chantagear por ninguém. Nenhum de nós terá chance se ele decidir resolver esse problema com suas próprias mãos. Então, vamos no pianinho... Ela não bancou a possessiva, pelo contrário, quis ser minha amiga, então vamos acolhê-la e fazer com que ame a cidade. Podemos fazer com que ela entre numa escola, ou algo do tipo, para que se enturme._

_E possa trazer algumas amiguinhas para nós._ murmurou Grimmjow, acordando, a fala soando pastosa e torpe. _Ela é bonita, Renji? Se for bonita, eu faço a festa._

_Com essa aparência?_ ele analisou a lista de machucados que o pequeno Hitsugaya fizera no corpo do amigo. _Ha-há. Mas sim, ela é bonita,e faz o tipo selvagem, então o dia em que vocês dois forem para cama, me avise para que eu mantenha distância...Não vai sobrar nada num raio de quilômetros._

Todos riram, até Ulquiorra. Era sempre assim—zoação, provocações, algumas brigas e quase mortes, mas no fundo, eles eram grandes e inseparáveis amigos.

Quatro leves batidas na porta foram ouvidas. Eles se entreolharam levemente, um olhar cúmplice, e Renji se levantou, silenciosamente.

_Finalmente... Alguém que bate na porta. Sejam bonzinhos com ela, tudo bem? E finjam que são os mais normais possíveis. Ela vai perguntar o que vocês são, ou seja, sejam sinceros. E, por fim... Obrigado por isso._

_Tudo vem, viado._ disse Grimmjow, falando por todos. _Somos amigos, fazer o quê? Atende essa porta e vamos ver no que essa loucura vai dar._

_É._ concordou Renji, abrindo o trinco. _Vamos ver._

_****_

Rukia remexia nervosamente na barra do vestido cor de creme que escolhera especialmente por causa daquela ocasião. Um terrível mal humor se apossara dela nas últimas horas, que ela sabia ser conseqüência dos cinco dia sem alimento... A Kuchiki necessitava desesperadamente de sangue, e sabia que se não conseguisse, seu corpo entraria num colapso de inanição, que a faria perder completamente a consciência por seus próprios atos, o que não podia ser nada bonito.

De qualquer forma, ela estava feliz por ver Renji, e por ir numa festa onde podia usufruir um pouco da vida dos humanos com eles. Sabia que ele tinha amigos, que ele lhe apresentaria naquela noite, mas não sentia medo. Desconfiava de que eles não eram humanos, e se representassem problemas, Rukia poderia matá-los. Nunca matara antes—mas se sentia segura se precisasse fazê-lo, em algum momento. Apesar de muito civilizada, criada com rígidas regras de etiqueta muito humanas, ela ainda era uma vampira, e o instinto de matar corria ferozmente por suas veias.

Felizmente, o longo vestido não atraía tantos olhares quando atraíra de dia. A Kuchiki começava a entender que, à noite, qualquer loucura era aceita, qualquer deslize ficava em branco, qualquer erro era perdoado. Que, à noite, Karakura era a cidade de ninguém, e que ninguém se preocupava com qualquer pessoa além de si mesmo. Aquilo era bom para a vampira, que se sentira muito incomodada com os olhares pasmos dos pais de família—e também dos tarados, que a lambiam de cima a baixo.

Chegou ao prédio de Renji. Não havia portaria, então forçando a maçaneta da porta principal por entre os dedos, quebrou o trinco com alguma dificuldade. Estaria sua força diminuindo?. Subiu as escadas fedidas e sujas e olhou desdenhosa para o rato que parara o seu percurso de carregar comida para encará-la, os olhos vermelhos dele examinando seu rosto com curiosidade. Rosnando levemente para ele, Rukia se sentiu satisfeita ao vê-lo correr, levemente assustado.

Aí está um bichinho esperto, pensou ela, divertidamente. E se Renji fosse um pouco mais, fugiria também.

O pensamento lhe doeu um pouco, mas era verdadeiro. Num descontrole, ela poderia matá-lo, e lhe doeria fazê-lo, principalmente porque, apesar de todo o papo moderno de sexo é para todos, ele ainda tinha sido o primeiro, e sempre seria, o que fazia com que ela desenvolvesse uma espécie de afeição por ele. Não era saudável, ela tinha pleno conhecimento disto, mas essa era outra conseqüência de se viver entre os humanos: você acaba se tornando cada vez mais parecido com eles.

_Qual é o número do apartamento dele, mesmo?_ disse Rukia, para si mesma, tentando cortar aquela linha desagradável de pensamento. _202...? 204? 203? Eu não me lembro bem qual era a porta..._

Apurou os ouvidos, mas não ouviu nada. Franzindo o cenho, subiu as escadas para o próximo andar, até que finalmente ouviu a voz dele, sobressaindo-se sobre as outras. Parou em frente ao 305 e bateu quatro vezes na porta, como fizera muitas vezes na cidadela, esperando.

Ela ouviu o trinco estalar, mas a porta só se abriu segundos depois.

_Rukia!_ disse ele, abraçando-a. Rukia, por meros segundos, perdeu o controle, abraçando-o com força demais, mas se controlou. _Você chegou adiantada. São cinco para as nove!_

Não vou matar meu único amigo, repetia ela, como um mantra, em sua mente. Não vou matar meu único amigo.

_Na cidadela, é comum se chegar mais cedo. Significa respeito._

_Isso é muito bom._ disse ele, soltando-a. _Veja... Não reparei que seus olhos eram tão violetas. Achei que eram azuis..._

_É porque ela está com sede, Renji. A tendência dos olhos é se tornarem mais escuros a medida que a sede aumenta._ uma voz soou lá dentro, calma, mas ela identificou o cinismo. _Deixe-nos vê-la, Renji. Está tapando a entrada com esse tronco enorme. Só falta pintar o corpo de marrom para virar uma árvore._

Renji olhou para ela, sorrindo.

_Não se assuste, tudo bem?_ ele deu passagem. _Estes são os meus amigos._

Os olhos da Kuchiki voaram para a sala, curiosos, analisando tudo. Ali, sentados, estavam quatro homens, muito diferentes entre si, mas definitivamente atraentes para os olhos inexperientes, mas atentos, da vampira.

O primeiro era um homem alto, esguio, vestido um uniforme negro com uma longa capa branca por cima. Seus cabelos eram lilases e caíam sobre o rosto como um véu. A expressão era cínica, os olhos firmemente cerrados e a boca esticada num sorriso irônico.

O segundo tinha uma estatura baixa (uma cabeça mais alto que ela) e cabelos brancos revoltos que se abriam como uma juba branca em cima de sua cabeça. As íris eram verde oceano, e pareciam um pouco grandes demais para o olho. Ele todo parecia muito singular, mas tudo aquilo, somado à séria expressão em seu rosto, o deixava simplesmente sensual.

Seus olhos caíram no terceiro. Ele estava realmente machucado, vestido com uma roupa branca que deixava seu maravilhoso peitoral à mostra e calças muito mais largas que ele. Usava uma máscara que cobria metade do rosto como uma espécie de segunda mandíbula, e mantinha um sorriso malicioso nas feições fortes e masculinas, pintadas com linhas finas, que diminuíam gradualmente. Os olhos eram azuis, tão azuis quanto os fios elétricos que se erguiam acima de sua cabeça. Aquele sim era quente.

Por fim, fitou o último. A tez era tão pálida que parecia quase translúcida contrastando violentamente com os escorridos cabelos negros que emolduravam o rosto fino. Os olhos eram verdes, também, e a o semblante era melancólico. Estava fantasiado de morcego (ou assim ela achava que estava) e não olhava para ela. Olhava para a janela, para a lua, para qualquer ponto distante. Ele não parecia se focar em algo particular.

Ela estava em dúvida: seriam eles humanos?

_Bem... Sou Rukia._ apresentou-se ela, timidamente. _Quem... O quê... São vocês?_

O dos cabelos azuis se levantou, estendendo a mão. Mecanicamente, Rukia a apertou, repetindo como um robô as boas maneiras aprendidas na cidadela.

_Meu nome é Grimmjow Jaggerjack, e é um verdadeiro prazer conhecer a senhorita._ ele envolveu a mão direita dela entre as suas e beijou-a suavemente. _Uma bela senhorita, se me permite, apesar do cheiro._

_Apesar do cheiro?_

_Sou um lobisomem, senhora, e você sabe que lobisomens e vampiros não são os melhores amigos do mundo. Viajo sozinho porque nenhum bando me quis... E ando bastante carente..._

_Não se deixe enganar._ interrompeu o mais baixinho, arrumando os cabelos brancos. _Esse daí é para-raio de mulher, nunca dorme sozinho e só não tem um bando porque não quis. Isso daí é conversa para boi dormir._ ele olhou para ela. _E, a propósito, meu nome é Toushirou Hitsugaya, eu sou um feiticeiro puro sangue e isto está sendo um saco. Odeio apresentações._

Rukia riu.

_Não vou dizer que seja minha parte favorita._ ela dirigiu um sorrio simpático para Grimmjow. _Pode soltar minha mão, Grimmjow. Já está bom._ seus olhos voltaram-se para o mais pálido. _E você? Quem é?_

_Eu sou Ulquiorra Schiffer._ disse, a voz soando tão triste como o próprio rosto. _Você poderia me chamar de comedor de almas, sugador de almas ou até mesmo um vampiro de almas. Basicamente, a alma dos outros é o que me mantêm viva._

Ele não olhou para ela enquanto falava, mas o fez depois de terminar, e Rukia desejou que ele não o tivesse feito. Seus olhos eram verdes e pareciam dois buracos, dois redemoinhos que puxavam para dentro sem dar escape à vítima. Uma onda de gelo lambeu a Kuchiki dos pés a cabeça, fazendo-a se encolher em si mesma. Já o homem parecia surpreso, e desviou os olhos.

_Você não tem alma._ disse Ulquiorra, franzindo o cenho. _É vazia._

_Claro que não._ replicou o homem dos cabelos lilases, como se fosse uma coisa muito óbvia. _Ela é uma vampira, e vampiros não tem alma, pelo menos não sentido físico da palavra. Eu acho que no sentido figurado também não; não temos medo de matar e não nos arrependemos pela merda feita._ ele sorriu para ela, o mais simpaticamente possível em meio ao cinismo. _Meu nome é Ichimaru Gin, e eu sou um vampiro, assim como você._

Os olhos de Rukia se arregalaram. Ela conhecia o nome—ele era uma espécie de lenda na cidadela.

_Você é... Aquele vampiro que participou da conspiração contra Urahara Kisuke e que..._

_Gentilmente foi chutado pela cidadela? Eu mesmo, prazer. _sua voz não continha arrependimento, e com um gesto calmo, tirou um cigarro do bolso, acendeu-o com um isqueiro e tragou-o, muito à vontade. _Nunca achei que veria uma Kuchiki novamente... Na verdade, quando me expulsaram, Kuchiki Byakuya nem tinha sido transformado em vampiro ainda, o que me faz pensar que sua entrada na família é recente._

_Não me lembro de ter dito que era uma Kuchiki._ retrucou ela, o cenho franzido, mas resolveu reconsiderar. Ele devia ter notícias da cidadela, apesar de seu exílio. _Sou vampira há apenas dez anos e fui transformada muito jovem. Ou seja, sou muito depois do seu tempo._observou-o tragar o cigarro, intrigada. _Achei que o corpo dos vampiros fosse vulnerável à cigarros..._

_E ele é._ disse Renji, conduzindo-a suavemente para dentro. O cheiro invadiu suas narinas com fraqueza, deixando-a mais preocupada do que com sede. _Mas isso daí não é um cigarro qualquer, é maconha. Claro que isto não o impediu de ficar doidão na primeira vez. Foram meses até ele parar de dançar que nem um macaco quando tragava._

Gin riu baixinho.

_Estou com sede. Tem whisky aí?_ ele deu um tapa na própria cabeça, como se estivesse dizendo uma coisa muito óbvia. _É claro que tem. Vá buscar para mim, Renji._

_Porque você não vai à merda, Ichimaru?_ resmungou Renji. _E eu lá tenho cara de empregada? Vá você e busque._

_Cara de empregada até que você tem._ disse Grimmjow, fingindo analisá-lo. _Presumo que tenha colocado whisky, vodka e gim-tônica em cima da mesa, além, é claro, do meu adorável bife de carne mal passada. Qual o sabor de hoje?_

_Picanha._ respondeu Renji, se arrastando até sumir por uma porta, que Rukia deduziu ser a da cozinha. _Quem quiser qualquer coisa, que venha buscar. Vou esquentar essa gororoba aqui no microondas e ver com que gosto fica._

Ulquiorra se levantou e foi seguido por Hitsugaya e Grimmjow, que sumiram pela porta da cozinha, reclamando. Ichimaru Gin não se moveu—ficou com a cabeça virara para a dela, esperando que ela dissesse alguma coisa, como se soubesse das dúvidas que assombravam sua cabeça. Finalmente, ela levantou o olhar e encontrou o dele.

_Pode perguntar, Rukia._ disse ele, calmamente, se livrando do cigarro. _Sei que você quer me perguntar alguma coisa. Eu sei que não sou a pessoa mais confiável, mas sou tudo o que você tem agora._

Rukia indagou para si mesma se deveria falar, apesar de saber que o que Gin estava dizendo não deixava de ser verdade. Ele era o único capaz de sanar suas dúvidas naquele momento.

Respirando fundo, ela tentou sentir o cheiro de Renji, da cozinha, mas não conseguiu. Tentou ouvir sobre o que conversavam, mas só lhe chegavam zumbidos. Tentou visualizar com clareza os botões do rádio, mas só via borrões. E mesmo que sentisse a força correndo por seu corpo, sabia que seus poderes das danças sobre o gelo tinham sido perdidos. Ela se sentia tão humana, e a única coisa vampira que ainda tinha era a sede que queimava em sua garganta e a sensação da pele gelada e branca sob seus dedos.

_Porque perdi meus sentidos sobrenaturais?_ perguntou ela, enfim. _Parece que me tornei humana._

_Mas você se tornou, de certa forma._ ele tirou um vidrinho do bolso e abriu-o. _Você consegue sentir o cheiro?_

_Não sinto nada._ admitiu ela, envergonhada. _Nada mesmo._

_Isto daqui é sangue._ explicou ele. _Fresco. Eu adoro whisky, e a única forma que encontrei para bebê-lo foi misturá-lo com o sangue. Fica bem gostoso, você deveria provar depois._ Gin fechou o vidrinho e brincou com ele entre os dedos. _Mas o que aconteceu com você aconteceu comigo, também, e acontecerá com qualquer outra pessoa que sair da cidadela sem autorização._

_Por quê?_

_Veja a cidadela. Eu vivi lá durante 116 anos, com uma margem de trinta ou mais anos de erro, porque nunca me importei em contar quantos anos eu tinha, e sinceramente, não sei qual é o dia do meu aniversário. Não sei se você sabe, mas eu fazia parte do Centro de Inteligência e era responsável por fazer contato com os humanos. Eu sempre fui um bom ator, e minha performance como humano convencia, então confiavam em mim todas as tarefas que envolviam humanos... Depois de um tempo, eu comecei a desconfiar, resolvi investigar e me ferrei._

_Desconfiou do quê?_

_Você já reparou uma coisa estranha, Rukia?_ perguntou ele, inclinando o corpo para frente, o sorrindo desaparecendo pela primeira vez. _A Cidadela é uma cidade com o tamanho equivalente, ou talvez maior, que o de Tóquio. Ela se situa no mundo dos humanos; nós não morávamos numa dimensão alternativa. E, em todos os anos que eu vivi lá, nunca, nunca, nunca mesmo, vi um humano sequer se aproximar. Ninguém nunca nos observava à distância. E eu comecei a me perguntar o porquê. Era uma curiosidade boba, mas eu estava sempre informado sobre as grandes guerras entre os diferentes grupos de vampiros, e o nosso continuava lá, intacto... Aquilo me intrigou. E eu fui até o fim para descobrir. Infiltrei-me nos vários departamentos do controle da cidadela e descobri tantos podres que ocorriam por debaixo dos panos... Mas nunca descobri o porque de sermos tão intocáveis até o dia em que fui exilado._

_E qual seria esse motivo?_ disse ela, percebendo que ele desviara o assunto propositalmente para não falar sobre seus planos para exilar Urahara. Mas não ia insistir naquilo—suas respostas não tinham nada haver com os planos de Ichimaru Gin para Kisuke ou as barbaridades que fizera.

_A cidade é coberta por um grande manto. Um manto que, além de torná-la invisível para os humanos, drena toda a energia daquele que passa por ela. Saídas autorizadas são devidamente combinadas antes para que o manto seja levantado e não danifique a energia daquele que sai e entra. Quando saídas e entradas não autorizadas acontecem, o manto simplesmente drena a energia do passante._ ele franziu o cenho, parecendo indignado. _Isso, além de ser uma boa estratégia para deixar os invasores em desvantagem, é uma espécie de punição para os fugitivos e exilados, como eu._

_Eu tive meus poderes drenados, é isso?_ perguntou Rukia, percebendo sua voz inexplicavelmente mais aguda. _E quem foi responsável por este manto? Quem o criou?_

_O mesmo criador do sangue falso, da Unidade de Pesquisas Móveis Secretas e o homem que expulsei: Uharara Kisuke._ disse ele, deixando que os olhos se abrissem, revelando as íris vermelho sangue. _Eu sei que me tornei uma lenda naquela merda de cidade, mas ninguém sabe a verdadeira história e de todos os podres que ficaram escondidos por debaixo dos panos._

Ele parecia quase irritado, e Rukia observou-o por um segundo. Ele pareceu perceber o deslize porque se recompôs rapidamente, e em menos de um segundo tinha o mesmo sorriso cínico nos lábios e os olhos firmemente cerrados, escondendo as íris escarlate.

_Você conseguiu seus poderes de volta?_ perguntou ela, urgentemente. _Como?_

_Beber sangue ajuda._ ele deu de ombros. _Eu não demorei muito tempo para recuperar os meus. O vampiro se regenera rapidamente, então os poderes também acabam se regenerando. Um processo natural, se me permite falar assim... Mas beber sangue humano ajuda. Torna os vampiros mais poderosos, embora nos deixe mais descontrolados, também._ ele olhou para a direção da cozinha e bufou. _Porra Abarai, vai trazer meu whisky ou não? Tô com sede!_

_EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU LEVAR NADA, PRINCESA, E SE A ALTEZA REAL QUISER ALGUMA COISA, QUE VENHA BUSCAR._ Renji apareceu na porta, um prato na mão, uma gororoba mole se agitando nele. _Você quer alguma coisa, Rukia?_

_Sangue._ respondeu ela, sorrindo amarelo. _Vamos demorar muito para ir?_

_Que nada._ Grimmjow comia vorazmente um bife sangrento enquanto falava. _Estamos saindo. Só preciso escovar os dentes. As mulheres não acham nada agradável meu adorável hálito de carne crua._

Rukia se encolheu, enojada.

_Realmente. Escove os dentes, vai ser melhor._

_Se eu escovar os dentes eu ganho você, princesa?_ perguntou ele, sorrindo, os dentes meio avermelhados. _Uma noite de pura diversão. Você não vai se arrepender._

_Tá parecendo slogan de marca famosa, Grimmjow._ comentou Ulquiorra, em tom mórbido, voltando com um copo de vodka na mão.

_Slogan de produto enganoso, isso sim._ replicou Hitsugaya. _Gim tônica?_ ofereceu ele, educadamente, estendendo o copo da Rukia, que o negou com um aceno polido. _Bem, melhor sobra mais para mim. Vá escovar esses dentes, Grimmjow, você está parecendo aqueles monstros horrorosos dos filmes de terror que eu assisti com uma garota, um dia. Feio igual eles você já é, e com os dentes sujos de sangue desse jeito..._

Grimmjow não se encontrava mais no cômodo, e Hitsugaya riu levemente.

_Estamos prontos?_ perguntou ele, olhando o relógio. _Já é uma boa hora para irmos._

Todos concordaram, e, depois das várias reclamações do preguiçoso Grimmjow, saíram a pé, conversando entre si. Renji explicou brevemente para Rukia como funcionava o sistema de drogas e bebidas, enquanto Ichimaru prometeu ajudá-la a encontrar uma boa vítima para se alimentar, e lhe deu dicas vagas para se controlar e não chamar atenção. Rukia ouvia tudo atentamente, e, ao chegarem na boate, ela tinha boas noções do que deveria fazer para se dar bem naquela noite em todos os sentidos que aquela expressão aplicava.

_Chegamos._ disse Hitsugaya, indicando a fila para a espalhafatosa boate situada na metade da rua. _Temos que pegar fila, mas não demora muito._ explicou ele, diretamente para Rukia. _Eles vão te revistar, então, não se incomode, tudo bem?_

_Mas se eles revistam, como as pessoas conseguem entrar com drogas na boate?_

_Hipnose._ disse Hitsugaya, arregalando os olhos, que ela viu ficarem gradualmente mais negros. _É um truque que nós, feiticeiros, usamos bastante. Não costuma funcionar bem com qualquer um que não seja humano. Mas como os guardas são humanos... É suficiente. Eu poderia entrar com qualquer coisa que eu quisesse, por ali. Mas não vamos causar encrenca, não é mesmo?_

_Prefiro ser discreta._ concordou ela, sorrindo. _O mais discreta possível, levando em conta que todo mundo está olhando para mim quando eu passo..._

_Vampiros chamam atenção._ explicou Gin. _Somos naturalmente diferentes. Mais pálidos, mais bonitos, mas, em compensação, tudo o que fazemos tem um toque de selvageria... Eu não os culpo por ficar com medo de nós._

_Realmente._ Grimmjow deu um grande sorriso para ela, os dentes limpos desta vez. _Eu teria medo se você não fosse tão adorável._

Chegou a vez de Rukia ser revistada. Franzindo o cenho enquanto eles a apalpavam, olhava desejosa para dentro, esperando logo aquilo acabar para se jogar novamente naquela pista, deixar a música levá-la novamente para o mundo que ela amara logo na primeira vez. Quando finalmente o segurança permitiu sua entrada, ela quase correu para dentro, se deixando ser engolida pela multidão que se mexia no ritmo da batida eletrônica rápida que saía das caixas de som.

Rukia se remexia com gosto, o vestido voando delicadamente quando ela girava, olhando em volta, tentando encontrar uma vítima. A garganta ardia com o cheiro de todos aqueles corpos se esbarrando nela todo momento, toda aquela vida ondulando no ar como um imã que a puxava em direção ao viscoso líquido vermelho que corria nas veias de todos aqueles humanos. Ela sentia os primeiros sinais de descontrole avançarem sobre ela, no modo como ela trincava os dentes quando alguém à tocava e como seus membros se retesavam cada vez que alguém se aproximava.

Os minutos continuavam se passando. Ela tentava puxar as dicas de Ichimaru da memória, mas a consciência estava se esvaindo, dando lugar ao primário instinto de sobreviver. Rukia necessitava de sangue. E a parte consciente de sua mente estava assustada—ela não achava que ia perder o controle tão cedo... Os olhos rolavam à procura de uma vítima, a garganta ardendo como se ela tivesse engolido ácido.

Sentiu seu braço ser firmemente puxado por alguém e o corpo prensado na parede por duas mãos gigantes que cobriam seus ombros inteiros. O cheiro de sangue enlouqueceu-a novamente quando ela subiu os olhos, sabendo que estavam se aproximando do tom mais escuro de roxo, e encarou o homem.

Era um homem alto. Tinha pele morena e cabelos castanhos, sendo que tinha mais ou menos o dobro da sua altura e olhos castanhos que lhe encaravam com urgência.

_Você é uma vampira._ disse ele, parecendo excitado e amedrontado. _Não é?_

Rukia sorriu, implicando uma sedução que estava além de suas capacidades naquele sorriso. O homem sorriu de volta, parecendo satisfeito, e nem sequer percebeu quando Rukia pulou sobre ele, se inclinando como se fosse beijá-lo, mas cravando os dentes fortemente em seu pescoço largo e deixando que o líquido vermelho descesse garganta abaixo, aplacando o fogo que instalava por ali. Aos poucos a garganta que ardia foi ficando mais gelada, na mesma proporção que o homem desfalecia-se em seus braços.

O sangue humano era diferente de tudo o que Rukia tinha provado. Doce, amargo, ralo, denso, maravilhoso, repulsivo. Sensações controversas a assolavam na mesma medida em que ela bebia, a consciência voltando à sua cabeça em ondas mansas e mornas. Culpa não era uma delas. Ele tinha procurado aquele fim, prensando-a na parede daquela forma, forçando aquela proximidade que tirou de Rukia a última gota de consciência que ela tinha.

A culpa era unicamente dele.

Finalmente, ele ficou tão pesado a ponto de ela não conseguir mais sustentá-lo. Deixou que ele caísse—não lhe serviria de nada naquele momento, morto e drenado. Chutou o corpo com dificuldade para um canto não iluminado, aonde ela sabia que ele não seria encontrado tão cedo, e se afastou. Limpou a boca com as costas da mão e olhou em volta, procurando um lugar onde pudesse vigiar aquele canto em ser descoberta... O bar era uma boa ideia. Se sentindo saciada como jamais sentira desde sua transformação, quase dançou até o bar, sentando-se em uma cadeira e observando a pista com olhos alegres e animados.

Renji dançava com uma garota, que lhe entregava um tablete de alguma coisa que ela desconfiava ser êxtase. Ela viu Ichimaru beijando o pescoço de uma garota com luxúria, como se estivesse preparando o local para atacar. Viu Hitsugaya, de braços cruzados num canto, conversando com uma garota meiga que Rukia pensou que não servia para aquele tipo de lugar. E, por fim, viu Ulquiorra beijando uma menina com violência, prensando-a na parede com a força sobrenatural que ele sabia que tinha.

Será que aquela menina estava sentindo sua alma sendo sugada lentamente? Ela se perguntava se era possível sentir—Ulquiorra não era do tipo que falava, ainda mais sobre si mesmo.

Virou a cabeça, e visualizou um homem ao seu lado. Ele tinha olhos fixos numa única direção, e mal piscava, um copo de licor vermelho pela metade na mão e uma espécie de dor nos olhos que a deixou intrigada. Depois de quinze segundos sem que os olhos dele sequer se movessem, a curiosidade dela venceu, e, lentamente, Rukia seguiu a direção do olhar dele, rindo ao perceber o alvo dos olhares. Ele olhava firmemente para Ulquiorra.

_Pare de secar o Ulquiorra._ disse ela, por fim, tentando acordá-lo, sua voz mais debochada do que ela gostaria. _Nada contra o homossexualismo, sério, mas o Ulquiorra não é do tipo que pega homens. Lamento decepcionar._

Os olhos dele finalmente se moveram, mas ela não estava prestando atenção nele. Voltara seus olhos para o lugar onde o homem que matara estava, checando para ver se realmente ninguém se aproximara. Mas ao sentir que estava sendo observada, voltou seus olhos para o lado, encarando o estranho.

Uma chave girou em sua cabeça. Ela conhecia aquelas feições. Mal humoradas, angulosas e atraentes. Poderia ser realmente ele? Seus cabelos eram pretos, mas ele poderia ter perfeitamente os pintado de laranja. Rukia não acreditava que estava reencontrando Shiba Kaien depois de doze anos sem vê-lo numa boate... Sorriu levemente, tombando a cabeça para o lado.

_Shiba?_ perguntou ela, para ter certeza. _Shiba Kaien?_


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim, porque esse capítulo deu muito trabalho. Trabalho demais. Mas mesmo assim, foi divertido escrever a parte dos diálogos entre Hitsugaya, Grimmjow, Ichimaru, Renji e Ulquiorra (embora esse mal tenha falado.)
Todos concordam que Hinamori e Toushirou devem ser um casal e também Ichimaru e Rangiku? Tenho que começar a pensar num rumo para eles, também.
Acho que é só isso. No próximo capítulo, amassos pesados entre Rukia e Ichigo(que vai estar um cadinho alterado), uma chegada inesperada no colégio de Ichigo (quem será????) e... Brigas!
Até o próximo. Beijos!