Problemas Não São Saudáveis escrita por halmina


Capítulo 6
Outra Metade / Alice e Akira (S2)


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse, cá está o cap, mesmo a tempo. Neste vamos ver a outra metade da história e conhe conhecer o Akira, o meu favorito.
ESpero que... Leiam...



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A Outra Metade

Alice e Akira


A faca jazia enterrada no corpo sem vida, onde o sangue brotava. Sangue, aquela palavra que sempre lhe fazia água na boca. Alguns diziam que ela era desumana pelo que fazia, mas ela era humana, apenas tinha os seus problemas. A sua cara contorceu-se, num sorriso macabro, feliz e aliviada com o que acabara de fazer. A morte do seu tutor tinha sido o seu bilhete para fora daquela instituição, daquele inferno, daquele sítio imundo a que era obrigada a chamar… Casa.

Mesmo assim, as suas mãos tremiam e os seus olhos marejavam-se de culpa. Culpa, um sentimento desconhecido pela loira, mas tão familiar à sua outra metade. Não era ela que fazia o seu corpo reagir daquela maneira. Era ela, a outra rapariga, que descobrira chamar-se Frena. A rapariga com quem partilhava a alma.

Ela não percebia porque aquela rapariga costumava habitar a sua cabeça, nunca a havia visto, sequer, apenas sentia a sua presença. Não entendia as razões de sempre aparecer nos piores momentos, quando não era ela e sim a assassina em ação, mas gostava de atormentá-la. Sabia que Frena tinha medo de si, «Porque sou assustadora», pensava a loira, de seu nome Alice.

Retirou a faca do corpo moribundo e meteu-a no cinto. Podia limpá-la depois, naquele momento, queria finalmente sair dali. Da sua casa. Do seu inferno pessoal. Dirigiu-se para a porta de vidro, vendo no seu reflexo, os seus olhos novamente vermelhos. Esta estranha coloração adquirida como efeito colateral das experiências de que fora vitima. Como nenhuma delas tinha resolvido as suas tendências assassinas? Médicos incompetentes. Como consequência das experiências tinha ficado com aquela cor na íris para sempre, ao contrário de Frena que possuía olhos castanhos. Que já não estavam lá. Riu e pensou, «Que pena. Nem esperou para ver…»

Saiu da salinha. Andou pelos corredores do velho edifício, agora manchados de sangue. Quem não sabia o que ela havia feito ali, pensaria até que as paredes pareciam sangrar. Tal como ela havia pensado.

«Porque eu a oiço na minha cabeça.», comentou Alice, para si mesma. Não sabia porquê, mas ela conseguia ouvir os pensamentos de Frena, os seus medos, e sabia que a outra não conseguia fazer o mesmo com a loira. Frena apenas conseguia sentir as sensações físicas de Alice, como a dor, o frio… A pequena assassina dirigiu-se para a cozinha, à saída do edifício. Afastando os cadáveres do caminho, chegou ao seu destino, e pôs-se à procura da sua fonte de vida. Chocolate.

- Atrás de toda essa máscara, de sangue e morte, há uma rapariga divertida e viciada em chocolates. Sabias disso? – perguntou o loiro, entrando na divisão.

- Não me provoques, Akira. Não vás tu ser o próximo. – disse ela, com a mão já no cabo da faca pelo susto. Mas ele sabia que a loira não lhe fazia mal, não a ele.

Akira, o único amigo de Alice era insubstituível. Loiro, com madeixas morenas, pele pouco bronzeada, olhos castanhos e traços orientais. Era como um irmão para a assassina, sendo o único que a conseguia fazer rir (verdadeiramente), conseguia acalmá-la ou entusiasmá-la em segundos, para além de sempre a apoiar.

- Não serias capaz… - disse ele, mas escondeu-se atrás do balcão, sabia que se a amiga quisesse, matava-o no momento.

- Não duvides, Aki. Nunca duvides. – disse com uma cara que apenas usava para matar, como uma máscara. Ouviu Akira engolir em seco e depois, exatamente ao mesmo tempo, partiram-se a rir.

- Quem te ouvir, se não te conhecer…

- Faz muito bem em ter medo. – continuaram a rir, como dois idiotas. Ficaram na cozinha apenas o tempo suficiente para a loirinha acabar de recolher todos os chocolates existentes naquela divisão.

Depois de matarem toda a gente, dos 5 edifícios, do instituto, estavam os dois a rir e a comer chocolate, na cozinha do mesmo.

- Vamos, Lice. Não quero passar mais tempo aqui. – disse Akira. Infelizmente, ele havia passado o mesmo que Alice, mas de outra maneira. No fundo, havia sofrido mais do que a amiga, por outras razões. Tal como a loirinha, não hesitava em matar, e mantinha a consciência limpa depois do ato.

- Sim. – disse a assassina – Finalmente livres. – desabafou, olhando o céu lá fora.

- Vamos encontrá-la. – confortou-a o amigo – E ela vai ajudar-te.

- Ela tem medo de mim, Aki.

- Porque tu lhe dás razões. - disse ele em tom de deboche. Estranhamente, Akira tinha sempre a coisa certa a dizer em todos os momentos, na ponta da língua.

- Sabes que não consigo evitar. – disse ela, sorrindo tristemente. O amigo percebia-a mas não se conseguia pôr no lugar dela. O sorriso de Alice metamorfoseou-se, e de repente, um sorriso feroz, fez-se notar.

– Mas agora, vamos sair daqui. – disse, dando a mão a Akira, que olhava para ela divertido, com as suas mudanças de humor.

- Para fora do inferno. – disseram em uníssono, era a frase deles, o sonho, o objetivo das suas vidas. Mas agora tinham outro, encontrar Frena.


[Autora: Eu ia acabar o cap aqui, mas quem não ficou a querer um Pov. Do Akira. Eu quero! Então, entendam um pouco dos seus problemas.]


P.O.V. Akira


Eu chamo-me Akira (como já devem ter percebido), e não vou contar-vos (ainda) o que aconteceu depois de sairmos do edifico. Vou contar-vos o que aconteceu antes.

Eu tenho 17 anos, ao contrário de Alice que tem 15. Quando eu tinha 4 anos os meus pais foram mortos, por causa das dívidas de jogo. Eu fui para um orfanato pobre, na orla da cidade. Desde cedo os meus problemas se revelaram, mas só aos 10 anos eu os compreendi totalmente.

Eu consigo entrar e alterar a mente das pessoas. Consigo estar a 1km de distância (o meu máximo), e ver os sonhos de alguém, ou os seus pensamentos. Consigo também alterá-los, e induzir as pessoas a fazer coisas que, normalmente, não lhes passariam na cabeça. Pensamentos para mim, não são problema, por isso é que sei sempre o que dizer. Apenas não consigo fazer isto às pessoas que têm “problemas”, como as pessoas que eram tratadas no instituto.

No segundo ano de orfanato, quando eu tinha 6 anos, entrou uma rapariga de 4. Ela era muito reservada, não se dava com ninguém, toda a gente a punha de lado. Chamavam-lhe monstro, aberração.

Aos 7 anos eu consegui perscrutar a mente de alguém, pela primeira vez. Já não era tão superficial, consegui mesmo ouvir os pensamentos. Claro que fiquei curioso, e comecei a experimentar em toda a gente. Isolava-me totalmente e tentava ouvir. E qual não foi a minha surpresa quando tentei entrar na mente da rapariga estranha, que em um ano não havia falado com nenhuma outra criança, e não ouvi nada.

Fiquei frustrado. Tentava entrar na cabeça dela todos os dias. Não pensava que ela fosse descobrir… Um dia, estava a tentar ouvi-la, encontrava-me sentado, encostado no muro, em frente à árvore dela. E ouvi.

«Olá.»

Eu olhei para ela assustado, e ela sorriu-me, foi um sorriso escarninho, mas foi o primeiro que a vi fazer. Ainda assustado, fui até ela e sentei-me à sua frente. Ela olhou-me espantada.

- Olá. Sou Akira.

- Alice.

- Posso perguntar-te uma coisa? Porque eu não te consigo “ler”?

- Porque os nossos… Problemas, não resultam uns com os outros.

- Problemas?

- Sim. Tu “lês” mentes, e consegues mudá-las, mas não com quem também tem problemas. Eu gosto de matar, sou um monstro, pelo que dizem. Prazer. – disse ela divertida.

Desde aquele dia eu e ela tornámo-nos grandes amigos. Confiávamos tudo um ao outro e foi dessa maneira que eu descobri que o pai dela a tinha violado, morto a mãe dela e depois a tinha deixado no orfanato.

Quando eu tinha 10, e ela 8. Uma pessoa apareceu morta na escola. Toda a gente acusou Alice, que tinha discutido com o rapaz, agora morto, no dia anterior ao seu óbito. Mas não foi ela, fui eu. O rapaz tinha ameaçado Alice, e eu tive que fazer algo. Quando ele disse que se ela não saísse do orfanato, ele a violava, vi o medo passar nos olhos da minha baixinha, pela primeira vez.

Dois dias depois três homens apareceram no orfanato. Vinham à procura de crianças especiais. Eu e Alice fomos “adotados”. Mas só depois descobrimos que a vida no orfanato era biliões de vezes melhor do que ali. Fomos separados, cada um ficou num edifício específico, mas ainda nos encontrávamos.

Foram-nos injetados e dados muitos remédios, eles achavam que nos iam curar, mas isso não aconteceu. Alice ficou com os olhos vermelhos, em vez dos seus lindos verdes. E eu… Fiquei com uma marca em forma de V nas costas.

A nossa vida não foi a melhor, mas a partir de agora vai melhorar.



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Notas finais do capítulo

Então gostaram? Não?
Akira é magnifico. *suspiro sonhador* Ele foi baseado no meu baixista favorito, da banda the GazettE. Eu adoro-o!
Gostaram da Alice? Ela é uma rapariga estranha, mas no fundo não é assim tão má.
O próximo deve sair este fim de semana, se não antes por isso...
Deixem reviews!
BjsS



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