A Filha De Ártemis escrita por Carol C


Capítulo 23
Surpresas




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Essa parte é curta. Espero que gostem dela.

O próximo capítulo irá se chamar 'Finalmente, acabou', mas ainda terá o epílogo, a segunda e a terceira temporada.

Boa leitura!

POV: Cléo

Estava escondida com Leon, Roberta, Taylor e Beatriz, esperando a próxima ordem.

- O barulho de luta acabou. - Leon murmurou.

- Ele pode ter matado quem quer que fosse e agora está esperando. - Taylor falou.

- Por que alguém não desce para conferir?

- Você se voluntaria para isso? - arqueei as sobrancelhas - Acho que não.

- Podem descer! - ouvi Willian, se não estou confundindo o nome.

Descemos com cuidado, nossas mãos estavam inteiras machucadas, e estávamos tomando cuidado para não piorar a situação.

- O que aconteceu com ela? - meus olhos se arregalaram ao ver Lilian inconsciente em seus braços.

- Ela lutou contra o monstro e perdeu sangue. - ele se mexeu para ajeitá-la.

Analisei seu rosto, ele claramente estava preocupado, mas não com uma preocupação gigantesca.

- Você cuidou dela?

- Eu lhe dei um pedaço de ambrosia. Ela já está melhor, só o cansaço.

Os outros foram chegando aos poucos, e todos olharam para Helena.

- O que foi? - ela perguntou franzindo o cenho.

- O que faremos? - perguntei.

- Descansar? É o mais certo de se fazer agora. Por que estão perguntando para mim?

- Achava que você fosse a segunda no comando.

- Não sou, apesar de ajudar Lily. Vamos fazer o acampamento ali perto das árvores. Todos tem que se cuidar.

Ela fez com que todos passassem néctar nas mãos, para limpar e curar os machucados. Maya arrumou as barracas com um movimento da mão, e todos fomos descansar. Amanhã, o dia seria longo.

POV: Annie.

Senti alguém me apoiando no chão, virei para voltar a dormir. Coloquei as mãos embaixo da minha cabeça e suspirei.

- Ela á muito fofa. - ouvi alguém falar.

- Ela é uma irmã para mim.

Viih... Sorri, ela também era uma irmã para mim, um pouco protetora demais.

- Você acha que ela poderá ficar?

- Ela tem que ficar. Ela não pode ficar nos cuidados daquele garoto.

- Por que?

Ela começou a sussurrar, para ter certeza de que eu não escutaria. Ela sempre desconfiava de que eu estava acordada.

Senti uma mão tocar levemente minha cabeça, e começou a sussurrar uma cantiga de ninar. Senti o sono chegando e apaguei.

Ouvi um pássaro cantar e abri os olhos. O céu estava clareando, então não devia ser muito tarde. Senti um peso na minha cintura, vi que Viih estava me segurando, sorri vendo isso, e me aconcheguei melhor. Eu adorava quando ela fazia isso, lembrava o meu pai, ele sempre fez a mesma coisa comigo.

- Já está acordada? - murmurou.

- Não, estou dormindo.

- Então vamos levantar, corujinha sonâmbula.

Sorri e levantei, ela também. Nos arrumamos e saímos.

Eu vi o garoto que me pegou no colo ontem, ele era... Bonitinho? Eu tenho onze anos! Não preciso entender essas coisas.

Acho que a Vitória gosta dele, depois vou dar uma de 'mamãe' e interrogar ele.

- Oi Vitória. - ele a cumprimentou - Bom dia Anne.

- Pode me chamar de Ann. - falei sorrindo.

Sou muito sorridente, todos falam isso. Eu amo falar a palavra sorriso e sorrir!

Eu vi uma garota pálida sentada em um tronco rabiscando o chão com um graveto, me aproximei.

- Quem é você?

- Cléo, prazer. - ela me estendeu a mão e eu a apertei. - Qual seu nome, criança?

- Anne. Por que você não está sorrindo?

- Eu estou pensando. - ela abaixou os olhos. - Eu quero levar minha irmã para casa. Ela não deveria estar aqui.

- Quem? - procurei alguém que se parecesse com ela, mas achei muitos.

- Aquela de cabelos castanhos e olhos azuis. Com o garoto.

- Oh... Você levaria ele também?

- Acho que seria melhor. Eles não deveriam vir.

- Você escutou isso de uma menina ou menino? - questionei curiosa.

- Um menino.

- Normalmente ele tem razão. Sempre me ajuda. Ele quer te dar um aviso sobre algo. Dizem que você tem que ir até a clareira mais próxima e ficar sussurrando 'ajuda', para ele aparecer.

- Isso é uma lenda canadense? - sorriu.

- Não. É verdade. Tente.

- Não sei.

- Só tem mais algumas horas para fazer isso. Ele não fica por muito tempo no mesmo lugar, pelo que soube.

Uma menina de cabelos negros se aproximou, ela tinha mechas brancas e roxas, e no lábio inferior tinha um... Qual é o nome daquilo? Pierce? Percy? Piercing! Isso!

- Você é protetora? - ela perguntou para mim.

- Sou! Mas ainda não sei quem é o meu protegido. Acho que ele deve ser três anos mais novo que eu. Ainda não precisa de ajuda. Você é?

- Sou. Levei o meu protegido para o acampamento. Ele está lá até hoje.

- Você escutou a nossa conversa? - Cléo perguntou - Ela estava falando sobre um ajudante que...

- É verdade, ele realmente ajuda. É um mito protetor. Ele é o nosso 'oráculo'. Vá rápido.

- Obrigada, Key. - ela se levantou, beijou a cabeça dela e saiu.

- Acha que ele vai atender ela? - questionei arqueando as sobrancelhas,

- Ele não me deixou na mão.

POV: Cléo

Entrei na clareira, olhei para os lados. Sacudi a cabeça. Como uma lenda ia me ajudar?

'Todas as histórias são reais'

A frase veio na minha mente, e sorri.

- Ajude. Ajude-me, por favor. - murmurei - Eu não sei o que fazer, preciso de ajuda.

Vi uma sombra passar do meu lado e me senti flutuando.

- Quem é você!?

Eu continuava na clareira, mas ela estava completamente enevoada.

- Você pediu minha ajuda. Pensei que soubesse. - vi olhos multicoloridos na minha frente.

Prendi a respiração. Não conseguia dizer se eram azuis, verdes, castanhos ou cinzas.

- Por que só vejo seus olhos?

- Não possuo um corpo. Sou um dom livre.

- Um dom?

- Poucos suportam meu dom. Prever o futuro não é fácil, não são todos que aguentam.

- E você fica vagando por aí?

- Eu fui um 'profeta' na época em que Hécate era apenas uma criança. Eu quem falei a profecia das feiticeiras. Como os gregos tem o oráculo, romanos os agouros, áugeres, ou o que quer que sejam, os protetores me tem. Porém não sou limitado. E sim, normalmente viajo, não posso ficar muito tempo num só lugar sem um corpo.

- Apenas poucas horas?

- Exatamente. - sua voz era suave como uma pluma, e expressava confiança.

- Você pode me ajudar?

- Claro. Vou ajudar-lhe a entender a mensagem que passei a você.

Da grande missão

Cinco voltarão

Depois da luz guia ajudar

Sua missão irá acabar

- Luz guia?

- Eu não posso ajudar muito mais. Escolha apenas mais quatro para irem com você. É a única chance de deixar eles viverem. Uma irá por seus próprios motivos, não está incluída.

E a campina voltou ao normal. E coloquei a mão na testa. As coisas pareceram girar por um momento.

- Cléo? Vamos voltar? - uma voz me chamou e vi Roberta.

- Claro. - sorri e a segui.

POV: Roberta

A Cléo pareceu extremamente distraída, quando fui chamá-la. Keillan e a garotinha pareciam saber do que se tratava, pois quando chegamos, a olharam com expectativa.

Sentei ao lado de Léon e Helena serviu o café da manhã para nós.

- Por que eu estou achando que não vamos ficar mais muito tempo por aqui? - ele murmurou.

- Não sei, mas também sinto isso.

Lilian apareceu e começou a discutir os planos com Helena e seus irmãos. Quem quer que a visse, jamais diria que ontem ela tinha desmaiado de cansaço, ela continuava pálida, mas estava com a postura ereta e sua voz era firme e autoritária.

- Muito bem. - falou mais alto chamando a atenção de todos nós - Iraia está nos perseguindo, e a partir de agora teremos de tomar mais cuidado, e adiantarmos o passo. Temos pouco tempo até a lua cheia, e não conseguiremos chegar a tempo se continuarmos nos movendo tão lentamente.

- Faltam quantos dias para a lua cheia? - perguntei.

- Nove a partir de hoje. Temos que ir mais rápido.

A garotinha que estava nos braços de Vitória, se mexeu.

- Você matou a crizira? Eu queria que você contasse como matou sozinha e sem sacrificar ninguém.

Todos encararam Lily, tínhamos esquecido aquele detalhe. O motivo pelo qual todos ficaram nervosos.

Ela estava encarando o chão, sem abaixar a cabeça.

- Não sei quem que se feriu. Fugiu antes que pudesse ir ajudar.

- Por que, Annie? - Viih perguntou.

A garota ficou pálida.

- Nós temos que voltar. - sussurrou.

- Não podemos... - Lilian começou.

- Nós temos que voltar! Ele não pode morrer! É meu irmão! Ele prometeu para mim que viveria! Se você não forem, eu vou! - gritou e correu.

- Se acalme! - Derek a agarrou - Não vai conseguir fazer nada, se continuar deste jeito.

- Anne, por que está assim? - Vitória agachou na sua frente e perguntou com calma.

A menina murmurou a resposta, a qual fez ambos ficarem em choque.

POV: Lily

Levantei, olhando para Anne, que chorava desesperada nos braços de meu irmão.

- Temos que ir, agora. - falei - Não importa se ele ficou para trás, iríamos ajuda-lo e manda-lo para um local seguro.

- Por que não foi atrás dele!? Você não sentiu nada estranho hoje de manhã? Poderia achar ele mais facilmente do que pensa! - reclamou ela.

- Não senti nada. Agora levante, porque se tinha uma crizira atrás de nós, pode haver mais.

As coisas foram, literalmente, arrumadas num passe de mágica. Cada um colocou sua própria mochila nas costas e começou a caminhar.

- Você não acha que foi um pouco grossa com a Anne? - Lena perguntou para mim.

- Nós não podíamos voltar. O que você queria? Que nós voltássemos e corrêssemos o risco de ser mortos? Eu acho que não.

- Ela está super abalada, e preocupada. Nessas duas horas de caminhada ela ficou chorando em silêncio, até que ficou cansada por causa do choro. E o Derek está levando ela no colo agora.

Olhei para trás, e o que vi, apensa confirmou o que Helen havia acabado de me dizer. A criança estava com os olhos inchados e o rosto avermelhado. Derek a segurava com cuidado para que ela não sentisse muito o sacolejar de seus passos.

- Você poderia ao menos ter parado para ouvi-la. Quem quer que tenha te ajudado, é como um irmão para ela. Se coloque no lugar dela.

Eu realmente não havia pensado nisso. Fechei os olhos, e me imaginei na situação em que ela se encontrava. Cercada de estranhos, sem saber se seu 'irmão' estava vivo ou não.

- Não tinha pensado nisso, certo?

Balancei a cabeça.

- Fique calma. As coisas sempre se ajeitam.

POV: Theo

- O que está achando da Lily, agora? Ela está muito parecida... - comecei.

- Com a mãe dela. Autoritária. - Kath segurou minha mão e continuamos a andar - Não estou gostando, nunca fui uma grande amiga dela, mas não gosto dessa autoridade. Olhe o que ela fez a pequena Anne passar.

- Percebi isso também. - mordi o canto do lábio - É triste.

Derek (já gravei o nome dele, viu como sou demais?) (autora: claro...) pareceu perder o equilíbrio por um momento, e o chamei.

- O que foi? - perguntou se virando.

- Não quer que eu a leve? Você está carregando-a faz mais de uma hora.

Ele pareceu pensar por um segundo, mas no final assentiu. Peguei a pequena menina e a ajeitei em meus braços.

- Não a deixe cair, por favor.

- Claro que não.

Olhei para o lado, e recebi um olhar admirado de Kath, ela parecia distante.

- O que minha rosa tanto pensa?

- Estou pensando que no futuro, você será um bom pai para seus filhos.

- Obrigado.

Ela não continuou o assunto, estava perdida em seus pensamentos, o que eu não daria para saber sobre o que se tratavam.

Ela olhou para os lados, aflita.

- Eu... Já volto. - e saiu, indo para o meio das árvores.

Quando voltou, seu rosto estava esverdeado.

- Você estava enjoada?

- Já passou é só... - empalideceu - Nada.

- Se você passou mal, é porque é alguma coisa.

- Depois eu te falo.

POV: Keillan

Passamos o dia inteiro caminhando, parando apenas para almoçar. Vários haviam reclamado do tempo de caminhada, mas Lily conseguiu calá-los apenas com um olhar.

- Você acha que amanhã vai ser a mesma coisa? - Cléo sussurrou para mim.

- As chances são grandes. - respondi.

- Eu não estou gostando disso. Eu preferia que Helena estivesse cuidando das coisas.

- Ela está tentando. Mesmo sendo a melhor amiga da Lily, você sabe, é difícil influenciar nas decisões.

- A Lilian está ficando estranha. Desde ontem, percebeu?

- Eu acho que faz mais tempo que isso. Desde o início.

POV: Maya

Aproximei-me de Lilian, ela estava com o olhar distante.

- Meu amor, porque está assim? - perguntei enquanto sentava ao seu lado.

- Você já sentiu esse tipo de dor? Forte, mas ao mesmo tempo fraca?

- Já, mas não tanto quanto você. - passei a mão em seus cabelos.

- Não estou falando da culpa. - encarou-me pelo canto dos olhos - Uma dor, que você sente, como se fosse física. Mas ela está no fundo da sua mente.

- Não. Não são todos os filhos de Hécate que tem o privilégio de ter uma ligação forte com alguém.

Ela virou por completo, curiosa.

- Ligação?

- Mental e parcialmente física. - expliquei - Você pode nascer ligada a alguém, vai sentir um pouco de suas emoções.

- E isso acontece mesmo?

- Sim, quando a ligação está completa, você pode até conversar com a pessoa, por pensamento.

- Você nunca teve a sua ligação completa?

- Eu não nasci ligada a alguém. Só ao Derek.

Ela olhou para os lados procurando alguém.

- Onde o Will está?

- Nosso irmão queria falar com ele. E parece que a Vitória foi junto.

POV: Kath.

Mais um dia caminhando, e enjoada.

Eu não estava doente, disto eu tinha certeza absoluta. Ou quase...

Lily nos acordou bem cedo para adiantar o passo o máximo possível. Ela estava nervosa por causa de algo, mas não queria contar o que era.

Agora se perguntam 'E o Will?', admito, eu não sinto como se o conhecesse direito, parece que ele se tornou um mistério para mim. E não falei com ele, nem quis.

Theo pegou minha mão, fazendo carinho nela com o polegar, abaixei a cabeça e sorri minimamente.

- Você está bem? Para andar todo esse caminho?

- Claro que sim. Só foi um mal estar. - pausei - Você conversou com ele? - apontei com a cabeça para o loiro ao lado de Lily.

- Sim. Não foi muito bom, o melhor seria se você falasse com ele.

- Ele mudou muito?

- Um pouco mais sarcástico e arrogante.

- Sarcástico ele sempre foi, só que guardava só para ele, não falava. Apenas pensava. Ele me confessou isso.

 - Arrogante ele nunca foi. Nem egocêntrico.

- Você não está exagerando?

- Certamente não.

Olhei para frente e meus olhos bateram em um chalé a vários metros de distância.

- Nós poderíamos descansar lá. - comentei.

- Podem ter monstros. Olhe a fumaça, é uma armadilha.

- Por que tem tanta certeza?

- Não tenho certeza de nada. É que parece tão aconchegante que eu quero ir correndo para lá. - ele desviou o olhar - Oi Anne.

- Oi... - ela sussurrou passando por nós, voltando pelo caminho que tínhamos percorrido.

- Por que está voltando?

- Eu já volto. - acelerou os passos.

Demos de ombros, ela sabia se cuidar, tínhamos consciência disso.

- Kath! Ajuda! - virei e vi a pequena garota debruçada sobre algo no chão.

Fui ajudá-la, ela sussurrava palavras que não consegui entender, primeiramente.

- Por favor... Não vá, fica comigo, respire.

Arregalei os olhos e ajoelhei ao seu lado. Era um garoto.

Meu coração se apertou de preocupação ao vê-lo, sua respiração era ofegante, seus cabelos escuros grudavam na testa com o suor que escorria pelo seu rosto.

- Ele precisa de ajuda... - Ann falou com lágrimas nos olhos - Por favor, eu te dou tudo o que puder, mas ajude-o.

Senti uma pontada no coração com suas palavras, eram extremamente sinceras.

- Vamos fazer isso, amor. - me abaixei, colocando os dedos em seu pescoço para ver a pulsação, estava normal, porém, sua pele queimava. - Theo!

Em um segundo ele estava ao meu lado.

- Vamos para o chalé. - afirmou, pegou o garoto desmaiado no colo. - Agora.

***

- Qual é mesmo o motivo de vocês terem vindo para cá sem ao menos perguntar para mim? - Lily estreitou os olhos quando fez essa pergunta.

- Bom, é mesmo, nos esquecemos de contar. O irmão da Ann estava seguindo a gente o tempo todo, só que ela viu ele àquela hora. Então foi falar com ele. Depois ela chamou a Kath. - Theo respirou fundo - E o garoto estava desmaiado, com febre e chegaria ao ponto de delirar se não fossemos rápido.

- Poderia ser uma armadilha! - ela reclamou - Quando os grifos nos atacaram vocês estavam onde? Correndo para este bendito chalé! Poderiam ter ajudado!

- Chega Lily. - Helena disse, ela estava no canto do cômodo, quase não podia vê-la - Eles não iam saber que nós seríamos atacados, e ninguém saiu com ferimentos porque a Kath acenou feito uma louca para virmos, e os monstros pararam de tentar se aproximar quando chegamos a cinco metros do chalé. Não critique a atitude deles.

- Eles poderiam nos levar para uma armadilha!

- Lilian Selene! - Lena reclamou - Poderia! Não levou! Não vamos discutir o que poderia ter sido! Você ainda é a mais nova do grupo, depois de Noa e Anne! E eu posso dizer por experiência de todas, você pode ser a mais habilidosa, com mais conhecimento sobre as feiticeiras, mas é a menos experiente. Você luta bem? É corajosa? Sim! Mas não teve tantas missões, nunca teve esse desafio. Você está agindo igual Hécate faria. - ela deu as costas para amiga e abriu a porta - Vocês vêm ou não?

Assenti e fui atrás dela. Lily estava com os olhos arregalados em nossa direção. Helen fechou a porta e andou firmemente pelo corredor.

- Ela tem que pensar no que está fazendo. - suspirou.

- Sei disso. Ela está sendo... Arrogante? Não sei se é a palavra certa. - comentei.

- De vez em quando penso se não teria sido bom se ela tivesse saído mais do acampamento, nos entenderia melhor, ao menos.

- Você saía muito?

- Fui a missões pequenas durante o ano letivo, nas férias eu fazia de tudo para ficar com ela.

Chegamos à sala grande, a lareira estava acesa dando um ar mais aconchegante ao local.

Havia um piano no canto da sala, e Taylor e Bia estavam sentadas nele, observando algumas partituras, Léon e Roberta estavam de mãos dadas no sofá pequeno, Keillan, Cléo e Matt conversavam ao redor da mesa de centro. O ser loiro estava sentado na poltrona folheando um livro, quando nos viu chegando deu um sorriso mínimo e voltou à leitura. Maya andava de um lado para o outro e Noa tentava acalmá-la.

- O que vamos fazer agora? - perguntei.

- Podemos ver as fotos. - Theo deu de ombros.

- Onde estão Derek e Anne? - Helena questionou.

- Ela quer ficar com amigo até ele melhorar. E o rapaz está descansando. - uma voz suave falou ao lado.

- Tia Lag! - dei um passo e a abracei.

- Olá pequena. Acho que não deu para nos cumprimentarmos direito.- ela falou com um sorriso. - Olá Theo.

- Boa noite, tia Laguna.

Além de não ser uma armadilha, o chalé pertencia ao namorado da mãe do Willian, e ela estava passando as férias aqui com ele. Fiquei aliviada ao vê-la abrir a porta da casa.

Mesmo estando com trinta e sete anos, ela parecia muito mais jovem. Os cabelos castanhos tinham apenas alguns fios grisalhos, o rosto tinha apenas linhas de expressão e nenhuma ruga. E seus olhos castanhos expressavam a agitação de uma adolescente.

- Eu quero saber o que fizeram no último mês. Vão me contar?

Olhei de esguelha para Theo e ele desviou o olhar, era um assunto que nenhum de nós queria comentar no momento.

- Olá, querida! - Tia Lag cumprimentou outra pessoa que saiu do mesmo corredor que nós - Você é Lilian, não?

- Sim, senhora. - ela respondeu.

- Não sou senhora, pode me chamar de Laguna.

- Sen... Laguna, como a sabe quem sou?

- Eu já ouvi vários elogios de meu filho sobre você. Eu tenho que julgar se você é a garota adequada para ele ou não.

Lily arregalou os olhos surpresa, ao ver que falava com sua suposta sogra, e desviou os olhos para o garoto que lia, com um sorriso discreto nos lábios.

- Tia Esperanza! - Vic entrou chamando-a.

- O que foi pequena? - ela agachou olhando diretamente para os olhos acinzentados da criança.

- Ele está te chamando.

Franzi as sobrancelhas.

- Tia Lag, quantas pessoas te chamam de Esperanza? Você disse que não são muitas.

- Apenas minha irmã e seu filho. - ela sumiu, caminhando apressada em direção ao quarto.

Olhei para Theo e ele sussurrou o suposto nome do garoto que havíamos acabado de salvar.

'Juan'


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