Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 45
I Turned Into.


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se!



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–Digory está irredutível. - disse Harold, quando chegamos em casa, de pé do lado de fora da carruagem, olhando-me pela janela. - Bom, pelo menos ele parece, mas acredito que está repensando... - deixou a frase no ar ao notar meus pensamentos distantes. - Susana?

–Hum?

–Você está bem?

–Confusa, ainda, e detesto isso. - comentei por altos.

–Como eu disse, acho que Digory vai acabar aceitando, está óbvio que não vai conseguir com que você se case com Dash.

–Hum...

Ele fez silêncio, certamente esperava que eu comemorasse, mas, estranhamente, não tive essa reação. Senti que Harold me observava com olhar curioso e preocupado, mas continuei a olhar pela janela da carruagem, para além dele.

–Susana?

–Hum?

–Olhe para mim. - decidiu ser direto. Olhei, soltando um suspiro por ele ter tirado-me de meus devaneios. - Achei que ficaria feliz com a notícia. - ele abriu a porta para que eu descesse, segurando sua mão, desci.

–Também achei. - falei. - De certa forma estou, mas... Ainda não sei o que pensar. - subíamos os degraus da varanda.

–Como assim? - perguntou abrindo a porta para mim. Entramos.

–Dash sempre acusou Caspian, mas nunca entendi por que ou de quê. - tirei o casaco e o chapéu, pendurando-os no cabide atrás da porta. - Mais uma vez Dash o acusou e Caspian confirmou. Confessou ter tirado a vida de uma pessoa, mas que não foi por querer, foi por causa da Herança, mas Dash garante que não e, apesar disso, meus sentimentos continuam fortes...!

–Tenho certeza que Caspian não se lembra de quase nada do que aconteceu durante a lua, digo por experiência. Susana, Caspian lhe disse a verdade. - apoiou.

–Sim, eu acredito na sinceridade de Caspian, mas uma vida foi perdida pelas mãos dele, Harold, não é uma coisa pela qual eu simplesmente possa passar por cima e não sei se posso conviver com isso.

–Ela está certa, Harold, pare de defender esse monstro. - Polly surgiu da cozinha. Respiramos fundo.

–Fique quieta, Polly! - falamos juntos, logo ignorando-a de novo. Ela franziu os lábios e se retirou pisando fundo.

–Entendo perfeitamente, Susana. - disse ele, paciente. - Realmente não é uma coisa fácil, mas também está sendo difícil para Caspian. Você o conhece melhor do que eu, querida, então pense bem: acha mesmo que Caspian seria capaz de tirar a vida de alguém com plena consciência? Você talvez não compreenda o lado dele por que ainda não o viu durante as noites de lua, então se baseie nas minhas palavras, Su; Caspian é tão inocente quanto você nessa história toda.

–Se ele é tão inocente, Al, por que ainda esconde coisas de mim? - perguntei. Ele hesitou. Vi em seus olhos que ele sabia algo que eu desconhecia e decidia se me contava ou não.

–Certamente tem medo de perdê-la. - assegurou por fim, colocando as mãos em meus ombros, olhando-me nos olhos. - Você o ama, Susana, não desista desse amor. Perdoe-o. Caspian merece seu perdão. Se você tivesse visto como ele era e o quanto mudou depois de conhecer você saberia que ele merece. Caspian descobriu a si mesmo ao se apaixonar. Com a maldição da Herança em sua vida você se tornou para ele a única razão pela qual vale à pena viver... Não tire isso dele, Susana.

Harold deu-me um beijo na testa e deixou-me sozinha. Por um tempo houve silêncio e o único som que se ouviu em seguida foram meus passos subindo a escada.

[…]

Depois de tomar banho e comer, fui para a biblioteca acomodando-me na grande cadeira de meu pai, de costas para a grande janela, tendo a luz do pôr-do-sol iluminando a mesa e as estantes com livros abundantemente.

Passei incontáveis minutos encarando a capa de couro marrom do diário de meu pai entre minhas mãos, até criar coragem de começar a ler.

A primeira anotação datava de 5 de Fevereiro de 1781. Pelas minhas rápidas contas, ele devia ter dezessete anos. Não imaginava que aquele diário fosse tão antigo, e, curiosa, fui para o final, para a última anotação. Datava de Setembro deste ano, 1816, fora feita pouco antes da viagem sem retorno. Suspirei e retornei à primeira página para começar a ler.

“Londres, 5 de Fevereiro de 1781”

“Confesso que nunca fiz um diário antes, mas minha irmã disse que ajuda a desabafar. Deve ser por isso que ela vem escrevendo tanto. Cisne está apreensiva. Poucas semanas atrás aconteceu. Harold se transformou, por isso teve que ser isolado no castelo. Agora que já sabemos quem é o Herdeiro, Cisne deve se casar com Digory o quanto antes. Sinto por Harold. Além de sermos melhores amigos, ele confidenciou-me sua paixão por Cisne e, é triste dizer, acho que ele decidiu se isolar para não ter que vê-la casada com o irmão. Ainda não há nada oficializado, mas tenho certeza de que não demorará para que me casem com Helena. Temos sorte, pois nos amamos e decidimos falar em casamento antes de sermos impostos à isso.”

Passei a vista rapidamente por algumas páginas, mas não havia nada relevante. Até chegar ao mês seguinte.

“Londres, 7 de Março de 1781”

“Algumas semanas atrás Cisne e Digory tornaram-se oficialmente marido e mulher. Na véspera do casamento, Harold apareceu sem avisar e tentou falar com Cisne, mas isso enfureceu Digory. Os dois tiveram uma briga feia e, se não fosse por titio e eu, um dos dois estaria sem vida hoje. Helena ficou chocada ao ver os irmãos brigando. Conversei com ela depois e Helen me disse que a briga não era o único motivo. A princípio, negou-se a me contar, mas insisti e por fim ela disse que tivera uma nova discussão com a filha da costureira, Jadis. Fiquei tomado de raiva ao ouvir o que aquela megera disse à Helen, mas a mesma implorou para que eu não fizesse nada a respeito, Helen tinha medo que ela se rebelasse e fizesse algo contra nós. Eu disse que não precisava se preocupar, eu sabia a fama que a mãe de Jadis tem, não iria arriscar trazer mais uma maldição para nossa família. Helen chorou, mas não tocou mais no assunto, nem eu o fiz. Voltando ao início, a vida sem Cisne aqui em casa ainda está sendo estranho, mas o pior, para mim, nesse momento, é presenciar o quanto Harold, meu melhor amigo, está sozinho em seu destino. Por isso falei com papai sobre a visita que Helena e eu pretendemos fazer a ele. Partimos amanhã em direção à nossa casa de campo.”

Li a anotação novamente, ainda zonza com a surpreendente e repentina menção de Jadis na história da vida de meu pai. Que ligação ela teria? E o que poderia ter dito a mamãe para deixá-la tão abalada? Imediatamente, prossegui com a leitura.

“Londres, 20 de Março de 1781”

A letra estava caprichada, como se ele tivesse desenhado-a, hesitando em escrever por não saber o que falar. Pude quase julgar-me capaz de vê-lo arrastando a pena, e, o início da anotação fez-me ter certeza de que ele estava assustado. Como se pressentisse, meu coração acelerou.

“Ainda estamos todos confusos. Principalmente eu. Não fazíamos ideia de que isso era possível. No último dia 22, papai, Helena, tio Caspian e eu fomos até o castelo visitar Harold. Ele estava abatido, à seu modo, mas estava. Não tocou no nome de Cisne ou Digory nem por altos. Parecia que eles não existiam mais para Harold e nós respeitamos esse momento pelo qual ele passava. A ideia era partir de Londres no dia 8, mas eu não estava me sentindo bem e por causa disso a viagem quase foi cancelada, o que teria sido um terrível erro, se pudéssemos prever o futuro. Meu mal estar se agravou nos primeiros dias em que estivemos lá na companhia de Harold. E, por volta do dia 15...”

Parei. Li e reli a última frase sentindo meu coração acelerar e um frio percorreu meu corpo ao ler novamente as últimas palavras daquela página.

“Eu me transformei.”


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Notas finais do capítulo

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Beijokas!!