Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 44
I Still Love You


Notas iniciais do capítulo

Saudades? hehehe Bem, muitas informações nesse capítulo, aproveitem!
Boa leitura!



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–Ontem lhe disse que meu verdadeiro nome é Harold. Pois sim. Eu sou Harold Kirke... Eu sou irmão de sua mãe. Sou irmão de Digory. Sou o Herdeiro antecessor à Caspian.

–O que está dizendo...?

–Você não entendeu errado, querida. Estamos todos ligados, Pevensies e Kirkes, e sempre estaremos, o destino sempre fará estar. Todos nos encaixamos de alguma forma nesse quebra-cabeça desencadeado por Andrew e Frank. - disse ele. - Mas, em toda a nossa história nunca aconteceu o que está acontecendo agora com você, Dash e Caspian.

–Seja claro, Albert! Por céus, eu não aguento mais todas essas dúvidas! - as lágrimas voltaram. Por mais incrível que pudesse parecer, eu não estava mais aborrecida, afinal, finalmente surgira a primeira luz para me tirar daquele mar tempestuoso de dúvidas.

–Segundo a tradição, Susana, você deveria se casar com Dash, como aconteceu com sua tia Cisne ao se casar com Digory, ela foi destinada a ele assim que a Herança se manifestou em mim... - ele sorriu fracamente, seu olhar se perdendo em pensamentos por um momento. - Eu a amava... - comentou com seus botões.

–Amava?! - surpreendi-me.

–Sim, mas não era correspondido. - sorriu. - Nossos pais casaram-na com Digory uma vez que, como Herdeiro, eu estava destinado a ficar sozinho. Foi esse amor que acabou fazendo Digory tirar meu retrato da parede dos descendentes no Castelo das nossas famílias. Para falar a verdade, Digory e eu nunca nos demos muito bem, ele sempre fora extremamente ligado às tradições ao contrário de mim, e o fato de eu me apaixonar por Cisne foi inadmissível para ele.

–Como Dash em relação a Caspian. - concluí. - Parece que a história está se repetindo... - comentei.

Nada acontece duas vezes da mesma maneira. - disse ele. - Mas eu sei pelo que Caspian está passando, assim como Cisne, se estivesse viva e me amasse, saberia o seu; da mesma forma como Digory entende e defende o lado de Dash. Porém com você e Caspian é diferente. É extremamente notável que a ligação entre vocês é muito mais complexa do que o aparente. Você se amam profundamente, é uma ligação de almas, é algo mais forte do que vocês ou qualquer outra pessoa possam imaginar. Há um propósito em tudo isso, mas ainda não descobri qual. É como se você estivesse destinada ao Herdeiro e não ao Imune.

Olhei minhas mãos por alguns segundos.

–Me sinto tão mal por Dash, Al...

–Eu também, Susana, eu também. Dash é uma pessoa ótima, mas infelizmente está tomando o caminho do ódio.

–Sinto que tenho uma grande parcela de culpa nisso tudo, mas Caspian diz que não.

–Ele tem razão. - concordou. - Infelizmente, a tendência é que piore cada vez mais.

–Já está piorando, Al – funguei, secando uma lágrima. - Dash tentou nos matar quando descobriu que eu perdoara Caspian e em sequência me raptou!

–Tenho certeza de que Dash não vai desistir de você tão facilmente. - lamentou.

–Dash está transtornado... Chamou Caspian de assassino, mas eu sei que Caspian seria incapaz de machucar alguém. Ontem a noite, depois que chegamos aqui, ele me contou o por que de ter deixado a França e voltado para a Inglaterra, mas ele não lembra de nada que acontece enquanto está transformado... Al, você sabe de alguma coisa? Se sabe, por favor me diga.

–Desculpe, querida, mas Caspian é o único que deve lhe contar a respeito disso.

–Então me leve até a casa do Duque! - falei de repente. - Temos que falar com ele. - Ele assentiu e eu levantei-me para ir me trocar, mas Albert segurou minha mão, olhando em meus olhos.

–Não tenha medo, Susana, você é uma Sanitas, você é quae pertinent ad Heredem, pertencente ao Herdeiro. Nada nem ninguém pode separar você de Caspian.

[…]

Na frente da casa do Duque não havia inúmeros jornalistas, como naquela vez que estive ali. Estava vazia, numa calmaria hipócrita. Huin abriu a porta e Caspian surgiu no topo da escada, descendo imediatamente, vindo ao meu encontro. Abraçou-me fortemente e depois sorriu de leve, buscando algum sinal de que eu estava melhor. Fracamente, eu sorri de volta e isso fez seu sorriso se alargar.

Foi quando Dash saiu pela grande porta de correr do outro lado da sala. Olhei para ele, mas, com um livro em mãos, limitou-se a fechar a porta e sentar-se numa poltrona. Em sequência, quem chegou foi Digory, quem há pouco descobri ser meu tio por parte de mãe. Ainda parecia sem nexo o fato de ela ser uma Kirke, mas eu estava começando a me acostumar a que mais nada me surpreendesse.

Vi o olhar desgostoso, ressentido, superior e tenso que Digory lançou a Harold, mas o último agiu como se não ligasse - embora fosse visível em seus olhos o quanto a atitude do irmão o magoava.

–Digory, como vai? - perguntou Al. Os dois trocaram um aperto de mãos.

–Poderia estar melhor se não fosse os últimos acontecimentos. - disse ele, com certa gentileza no tom, mas claramente, ele parecia enfadado.

–Precisamos conversar com você em particular. - disse Harold, o outro concordou com a cabeça levando-nos para o escritório do qual Dash saíra. Este último fechou o livro bruscamente causando um barulho e com a cara mais fechada do que antes, levantou-se, passou por nós e subiu os degraus.

[...]

–Você não mudou nada. - desdenhou Digory.

–O problema não sou eu, Digory, o problema é você. - rebateu Harold, sério. - Você esquece que Caspian também é seu filho!

–O que quer dizer com isso? Que prefiro Dash à Caspian? Você só pode estar louco! Eu amo ambos!

–Então por que não deixa Caspian ser feliz com Susana, você sabe que não há impedimento!

–É claro que há! - garantiu Digory. - A tradição precisa ser mantida!

–Se a tradição se manter nascerão outros como eu. Já está na hora de acabar com isso! - falou Caspian.

Digory fulminou-o com o olhar.

–A única maneira de parar seria matando a seus irmãos e à Susana, você teria coragem de fazer isso, Caspian?! - vociferou o Duque, irritado. Caspian calou-se, segurando minha mão mais forte. - Por isso nunca se parou antes, ninguém teria coragem suficiente para exterminar toda a família. Se não for desse jeito, Caspian, não há como parar.

–Mas não foi isso que viemos discutir. - interveio Harold, calmo.

–Não tente me convencer do contrário ao que eu já decidi, Harold. - alertou Digory.

–Acho que não seria você nem eu a melhor pessoa a decidir alguma coisa. - argumentou Harold.

–E quem decidiria? - questionou Digory, num tom mesclado de deboche e raiva. - Susana, que está sabendo de quase tudo agora? Caspian, que é um inconsequente ou Dash, que está completamente fora si?!

Ninguém respondeu e o silêncio seguinte serviu para acalmar os ânimos. Após respirar fundo, Harold tomou a palavra novamente.

–Digory, por favor, não faça isso com os dois. Não pode pensar apenas em Dash, Caspian também é seu filho. - argumentou.

–Sim, e eu o amo da mesma forma, mas é minha obrigação fazer a coisa certa, é nossa obrigação. Temos responsabilidades com ele, temos que manter a ordem.

Desculpe, mas não posso concordar com isso. - disse Harold.

–Você está fazendo de novo... - disse Digory, impaciente. Provavelmente se referindo ao triângulo antecessor. - Por que é tão difícil para você obedecer regras?

–Não misture as coisas.

–Por que? Já está misturado! - irritou-se o Duque. - A história está se repetindo, por isso você defende essa loucura!

–Digory, isso não ajuda em nada. O que está em xeque é a vida deles.

–Tudo bem então. - falou Digory. - Suponhamos que Susana e Caspian fiquem juntos, certo, e Dash, como fica? Não seria justo, não é? Se ele se casasse com outra pessoa, evidentemente não seria uma Pevensie, nesse caso, o que aconteceria? Um dos seus filhos seria um herdeiro, e a herança seria espalhada por outras famílias. Não seria justo. - afirmou. - Então, a decisão mais “justa” seria dividir Susana pelos dois o que, tenho certeza, ela, você, eu e principalmente Dash e Caspian jamais concordariam. Sendo assim, aponte-me uma solução justa. - desafiou.

–Por favor! Eles se amam! O que mais você quer?!

–Dash também ama Susana. - insistiu Digory, segurando firme sua ponta de razão. Harold passou as mãos em seus cabelos, respirando fundo e soltando o ar pela boca, dando um giro completo. Pôs-se a encarar o irmão por alguns segundos, só então dirigindo-se a nós.

–Poderiam nos dar licença, por favor? Preciso conversar com Digory.

Restou-no apenas a opção de sair. Caspian pareceu incomodado em ser excluído da conversa como eu, mas ainda assim guiou-me para uma oura sala, uma pequena. Era um escritório, pendendo mais para sala particular de um colecionador. Nas paredes e por todo lado, haviam pequenas molduras, como porta-retratos, mas em vez de fotos, haviam uma flor diferente em cada um. Cortinas leves escondiam as janelas, tinha prateleiras e livros, um espelho, uma vitrola e duas poltronas além da mesa.

Aproximei-me da parede, observando as flores por trás dos vidros nas molduras, dos mais variados e belos modelos.

–Minha mãe colecionava flores. - contou-me Caspian, parecendo hesitante. Permaneci calada, sentindo-me nervosa, afinal, ainda não decidira nada depois de ouvir toda a história contada por ele. - Está vendo ali? - apontou para o outro lado. - Era ela.

Olhei para a parede oposta na qual estava pendurado um quadro. Encontrei um moça, pele cremosa, olhos castanhos e longos cabelos negros. Usava um belo vestido, tinha um olhar doce e um sorriso suave adocicando os lábios rosados.

–Foi pintado logo depois que se casou com meu pai. - comentou ele. Decidi não tocar naquele assunto.

–Você sabia que Harold é um herdeiro? - perguntei.

–Não. - confessou. - Fiquei tão surpreso quanto você.

–Ele me disse que era apaixonado por sua mãe, Cisne, irmã de meu pai. Somos primos, afinal. - sorri levemente.

–Sim – ele sorriu mais abertamente. - Parece óbvio, mas só me dei conta disso ontem. Deve ser por isso que meu pai defende tanto Dash... - observou.

–Ele o compreende. - apoiei.

–Sim, mas não nos deixa na mão também.

–Como assim?

–Meu pai torce, no fundo, por nós. Ele viu o quanto Harold sofreu com o casamento. Meu pai gosta muito de você, Su, ele não quer que a única filha da sua querida irmã sofra. De certa forma eu compreendo, é uma coisa complicada, ele não pode simplesmente escolher um lado. - explicou Caspian.

–Entendo...

Houve silêncio enquanto eu observava a pintura. Suspirei.

–Não sei mais por quanto tempo vou aguentar tudo isso... - falei, escondendo o rosto nas mãos, sentando-me na poltrona mais próxima. Caspian ajoelhou-se à minha frente, tentando me dar apoio.

–Eu entendo, meu amor, mas você vai ver, logo isso vai ter fim. - tentou. Apenas assenti, convencendo-me de que seria melhor acreditar naquilo, por mais difícil que parecesse. Depois de um tempo, ele voltou a falar, sobre o tal assunto. - Você não... Disse nada sobre o que eu falei ontem. - pareceu nervoso, apreensivo.

–Ainda não pensei sobre isso. - tentei disfarçar. Respirei fundo. - Prefiro entender tudo primeiro para depois tomar alguma decisão. - conte. Caspian assentiu e pareceu pensar por alguns segundos, fitando o vazio. Permaneci olhando-o e vi quando os olhos negros voltaram a olhar para mim, agora com um ar estranho. Pareciam opacos, como se tivesse feito-me sofrer, estavam cabisbaixos, tristes, e eu não compreendi por que.

Ele levantou.

–Ah...! Há algo que eu tenho que lhe entregar. - sua voz estava como seus olhos. Caspian foi até a mesa e abriu uma das gavetas, trazendo o diário de meu pai em suas mãos. Sorri. Fracamente, mas sorri.

–Caspian, obrigada! - peguei o livro, percebendo as cartas no meio das folhas. Caspian também sorriu, dando um rápido lampejo de alegria em seus olhos, mas como eu disse, rápido.

–Está tudo bem, Cas? - perguntei. Ele se aproximou ao ponto de encostar sua testa na minha.

–Eu amo você. - disse ele, sussurrando, tendo meu rosto entre suas mãos e as minhas no dele.

Naquele instante, senti todos os sentimentos que tive até agora vindo à tona, colidindo um com o outro, levando-me à palpitação. Com o rosto banhado em lágrimas, dei-me conta do irrevogável.

–Eu também amo você, Caspian. - disse após um soluço. - Apesar de tudo... Eu ainda amo você.


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Notas finais do capítulo

Ontem a noite terminei o capítulo 48 de Tale As Old As Time, e o único spoiler que posso dar é que a Susana está ferrada. Tipo, muito, muito ferrada...
Mas isso é assunto para os próximos capítulos!
Enquanto isso, reviews!
Beijokas!!