Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 43
Daze.


Notas iniciais do capítulo

Enfim a quase verdadeira história sobre a morte da Marta. Espero que gostem!
Divirtam-se!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/191175/chapter/43

–É Harold, na verdade. Mas não é comigo que você deve conversar agora. - ele olhava para Caspian com um olhar extremamente compreensivo, ao contrário de Polly, que o condenava.

–Venha, Su. - Caspian chamou, vendo que eu não reagia, ainda confusa com a reação deles.

–Albert! - ralhou Polly. - Não podemos deixar que eles fiquem a sós. Caspian oferece perigo, você sabe disso melhor que ninguém.

–Ora, Polly, pare. - pediu ele. - Este é um assunto complicado para todos nós e não há ninguém melhor do que Caspian para conversar com ela. - argumentou, quando eu já estava no segundo andar, seguindo para meu quarto confusa sem saber se seria capaz de compreender tudo. Para falar a verdade, não sabia queria. Mas ao mesmo tempo, via-me incomodada por dúvidas. Caspian fechou a porta e veio até mim, sentando ao meu lado na cama, e fez-se silêncio por segundos que pareciam eternos.

–Você está tremendo, Su. - surpreendeu-se ele, puxando o cobertor da cama e envolvendo meus ombros com o mesmo.

–Por que Dash estava dizendo aquelas coisas? - perguntei, só então olhando para ele. Caspian suspirou.

–Ele quer mostrar para você o quanto é perigoso ficar perto de mim. - respondeu, não olhando para mim.

–E é perigoso ficar perto de você?

Seus olhos finalmente encontraram os meus. Caspian hesitou antes de responder.

–Sim. - soltou com o ar. Olhei para baixo, sentindo um aperto no peito.

–E quanto à Marta? - criei coragem para finalmente tocar no assunto. Caspian puxou ar profundamente antes de começar.

–Conheci Marta há pouco mais de um ano. - contou. - Mas eu não sabia dar valor às virtudes... Nem me importei em fortalecer princípios, ou qualquer coisa parecida. Eu vivia em busca de coisas momentâneas, prazeres, não dava a mínima para nada até conhecer você. - ele suspirou, dando uma breve pausa em sua fala. - O que houve com Marta foi apenas uma atração desenfreada que acabou em uma única noite. - Caspian dizia olhando em meus olhos, da forma menos nervosa e com menos medo que podia. - Infelizmente, foi necessário uma noite para que eu percebesse que não havia nada entre nós, deixei bem claro a ela, mas Marta pôs na cabeça que casaríamos. Realmente, a insistência dela começou a me irritar, mas nada capaz de me fazer matá-la, juro. Alguns meses mais tarde ela foi contar-me sobre a gravidez e covardemente não fiz nada, deixando-a sozinha naquela situação. Eu não estava bem. Foi naquele mesmo mês que comecei a apresentar os sintomas da Herança, eu estava atordoado... - engoliu. - Algum tempo depois, Marta não conseguiu mais esconder a barriga e quando questionada pelo pai, contou sobre mim. Ele ficou furioso, como era de se esperar, e quis forçar um casamento, porém recusei-me veementemente. Vergonhosamente, eu não me importava com Marta ou com a criança. Os sintomas tornavam-se cada vez mais frequentes e intensos... Estava me sufocando. Eu não sabia bem o que estava acontecendo, por isso escrevi para meu pai logo no início dos sintomas e ele partiu para a França imediatamente. Porém não chegou a tempo. No dia do parto, eu me transformei pela primeira vez.

Senti meu coração gelado, já com as lágrimas equilibrando-se nos cantos de meus olhos. Caspian fitava o nada.

–Marta foi expulsa de casa pelo pai e passou a viver na casa de uma conhecida, em péssimas condições. Assim que Marta começou a sentir as dores, a mesma que lhe abrigava foi me chamar, fazendo-me ir até lá. Era pôr-do-sol e eu já estava sentindo o calor da transformação, mas mesmo assim fui. Não havia muito o que fazer. Recordo de ouvir Marta gritando de dor na cama, e dessa forma foi ao correr do tempo, até a noite chegar. Eu não me importava para ela, nem para ninguém, foi quando aconteceu. A lua surgiu no céu. A partir daí não lembro de mais nada... - seus olhos voltaram a focar nos meus cheios de lágrimas. Olhei para baixo, não sabia no que pensar. Ouvi Caspian respirar fundo. - Eu lembro vagamente de pequenos e rápido dos pedaços... Não tenho certeza de nada do que aconteceu ali, só lembro de ter acordado com meu pai me chamou. A casa ficara para trás, eu estava no bosque, confuso e com sangue nas mãos... Foi então que voltei a Londres.

–Oh, céus...! - não consegui conter as lágrimas, baixando a cabeça e escondendo o rosto nas mãos, mas não foi suficiente, levantei e afastei-me dele. Eu andava, com um braço abraçado a mim mesma enquanto a outra mão cobria a boca, tendo a vista embaçada pelas gotas cristalinas.

Caspian veio até mim e pegou meu rosto entre suas mãos, olhando em meus olhos, também muito emocionado, mas de forma mais contida.

–Acredite em mim, Su, não há como controlar... Eu não escolhi ser o Herdeiro... Eu não escolhi machucar Marta, nem o bebê... Por favor, acredite em mim... Essa... Essa coisa pode estar em mim, mas não sou eu e eu preciso que acredite em mim. Você, e só você pode me livrar disso! - falou, secando minhas lágrimas com os polegares. - Não chore, meu amor...

Fechei os olhos para tentar fazer o que ele pedia. Seria melhor assim, aquela era a hora definitiva, eu não devia nem queria ouvir e pensar nervosa ou de cabeça quente. Depois de vários segundos, minutos ou dias, eu finalmente consegui controlar o choro.

–Seu pai... - engoli. - Seu pai disse que não há como comprovar, que para isso eu teria que estar bem perto de você durante a lua, só assim poderíamos ter certeza...

–Não, eu tenho certeza, Su, não foi por sua imagem, foi forte demais para isso...!

–Ah – suspirei, cansada. - Estou tão confusa, Caspian... Com tanto medo...

–Medo de mim?

Não consigo responder. Caspian lambeu os lábios, quase desesperado.

–Su, por favor, eu não sou ele, ele não sou eu! O que quer que tenha acontecido, não era eu...

–Chega, Cas – pedi, com a voz frágil e embargada. - Vamos terminar essa conversa outra hora, por favor... Aconteceram muitas coisas hoje, eu preciso descansar, não estou em condições de continuar ouvindo...

Ele apenas olhou-me por segundos.

–Tudo bem, tem razão. Todos precisamos descansar... - afagou minha face. - Conversamos outra hora.

Trocamos um abraço apertado e cheio de significados. Caspian beijou-me abraçada a um travesseiro com as lágrimas rolando novamente.

Não sei dizer o que estava sentindo, ou se estava sentindo alguma coisa. Quer dizer, é óbvio que estava, - e muito – mas também estava confusa com tudo o que estava chovendo contra mim, não fazia ideia do que fazer, pensar ou dizer. De um lado eu ouvia as acusações de Dash, furioso e desesperado, relatando um Caspian assassino, monstruoso. Do outro lado, o Caspian que eu tanto amava, e, entre um lado e outro, as confissões de Caspian, os mistério, as dúvidas, as verdades ocultas, meus sentimentos!

Eu estava perdida num estado de torpor.

[…]

Na manhã seguinte, nublada e chuvosa, eu desci para o café enrolada no roupão sem sequer pentear os cabelos, com o rosto inchado por causa da noite mal dormida e o choro, com cansaço e mau humor notáveis.

Polly terminava de colocar a mesa quando cheguei, tomei meu assento calada e agradeci por ela ter-me poupado do “bom dia”. Comecei a comer em silêncio e ela permaneceu de pé, apoiada no encosto da cadeira à direita da cabeceira, onde eu estava sentada. Eu sabia que ela queria falar, mas fingi o contrário, até que ela não aguentou.

–Era tarde quando ele saiu. - acusou.

–Nós chegamos tarde, Polly... - lembrei sem entusiasmo, com a voz arrastada.

–Não gosto dele. - disse. - Se eu soubesse antes...

–Então fiz bem em não lhe contar. - falei no mesmo tom.

–Ora, não seja mal criada, Susana! - ralhou, zangada. - Se não fosse tão teimosa não desdenharia de minhas palavras, me ouviria. Você nunca se rebelou assim até conhecer esse... Esse monstro. Vê o que ele fez com você?!

Ergui os olhos para ela.

–O que fez com que eu me rebelasse foi descobrir que você sabe de muitas coisas que dizem respeito a mim e escondeu a vida toda!

–Podia ter ficado sem essa, Polly. Não chateei Susana. - Albert chegou.

–Você não está diferente dela. Eu achava que você era o único honesto, mas agora não sei sequer como chamá-lo. - mordi o pão, sem olhá-lo, pude ouvi-lo suspirar. Polly se retirou depois de lançar a ele um olhar aborrecendo, provavelmente prevendo que ele defenderia Caspian, batendo de frente com ela, que defendia Dash com todas as forças. Albert puxou a cadeira em que ela se apoiava e sentou-se ali.

–Eu entendo o que você deve estar sentindo, você tem todo direito de se sentir assim, mas deve saber que não somos vilões. Não estamos contra você, eu, Polly, Digory, Dash... Todos queremos o seu bem e o de Caspian.

–Não sei mais em quem confiar, Albert, ou seria Harold? Está vendo?! Venho sendo enganada até pelas pessoas que praticamente me criaram! Se bobear nem me chamo Susana! Estou começando a duvidar se realmente pertenço a essa família.

Sanitas. – disse ele. - É assim que se chama uma cura, mas seu nome não deixa de ser Susana Pevensie e você nunca deve se envergonhar disso.

–Nunca me envergonhei, só não sei se fiz tão certo em confiar nos que fazem parte dessa família.

–Está para nascer alguém que será mais Pevensie do que você, querida. Não julgue seus pais, eles pensavam em seu bem estar, tinham planos de lhe revelar tudo, mas não contavam com o … Er... Acidente.

Fiquei calada para que ele continuasse e assim fez, após respirar fundo.

–Havia dois irmãos Pevensie e três irmãos Kirke, sendo um dos três últimos um Herdeiro. - seu olhar se perdeu por alguns segundos, antes de olhar-me novamente. - Raphael e Cisne Pevensie, Digory e Helena Kirke... - ele puxou ar. - Ontem lhe disse que meu verdadeiro nome é Harold. Pois sim. Eu sou Harold Kirke... Sou o irmão de sua mãe. Sou irmão de Digory. Sou o Herdeiro antecessor à Caspian.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pausa num momento inesperado pra não perder o costume hahahaha Espero que tenham gostado das novas informações ^^
Reviews!
Beijokas!!