O Sequestro escrita por Lívia Black


Capítulo 6
Cap 5- Quando as coisas não são como deveriam ser.


Notas iniciais do capítulo

Awn, meus queridos, obrigada pelo apoio e reviews! Sei que demorei, mas vocês vão ter que se acostumar, uma vez que não tenho mais caps reservas e as aulas estão começando! Enfim, espero que gostem e nem preciso falar que reviews me deixam feliz para escrever, certo?
Nem preciso falar também que agradeço a Mari, vocês praticamente decoraram isso ¬¬
Beijinhos with love ;*



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Capítulo 5 - Quando as coisas não são como deveriam ser.

"O inesperado está sempre à espreita" Banquete do Amor

Atena não podia negar. A forma que ele a olhava lhe dava nos nervos. Ele era capaz de demonstrar uma sede de vitória assustadora, fitando-a daquela forma, com aquele sorriso que parecia ansiar para crescer ainda mais deslizando pelos lábios.

Um sorriso que ela estava louca para ver reduzido a cinzas.

Afinal de contas, ela também devia estar com uma pose confiante. Nunca era do tipo de fazer apostas, por achá-las bestas e infantis, mas aquela era extremamente perfeita e a sua própria vitória era a que estava garantida.

Não entendia porque ele estava tão seguro de si. Eles nunca haviam tido uma conversa racional onde ele pudesse conhecer seus gostos e preferências. Tinha certeza de que poderia perguntar qualquer coisa estúpida, ou até mesmo óbvia, e ele não saberia.

Sorriu de canto, quando a primeira pergunta boba lhe veio a mente.

-Qual é a minha flor favorita??

Nem era uma questão muito complicada. Qualquer pessoa que fosse um pouco íntima  sua saberia sobre essa preferência. Mas, ele não poderia saber, poderia?

-Hmmm...-Ele fez uma cara de pensativo por alguns momentos, e tentou cultivá-la, esfregando o queixo com os dedos. –Lírios.

Ele mal terminou de dar seu arrogante sorrisinho feliz pós-resposta, e foi brindado com uma reação, no mínimo cômica da parte dela.

-Como você sabe disso?! – O queixo de Atena estava caído, e seus olhos perceptivelmente arregalados.

Ela não só sentia confusa e incrédula. Também se sentia babaca, já que subestimara a capacidade dele de saber. Zeus! Ela fora estúpida e deixara que lhe faltassem quatro ao invés de cinco!

-Então eu acertei?...

Poseidon não parecia exatamente surpreso, mas era essa a emoção que estava tentando evidenciar.

-É. Lírios são fascinantes. Agora me diga como você sabe disso. –Ela não quis soar tão desesperada, mas sua boca assumiu o controle.

-Não estava no acordo eu te dizer como sei tudo sobre você. Então, deixe de ser intrometida e faça a próxima pergunta.

Atena fez uma cara de quem recebeu uma bofetada. Estava prestes a revidar com uma grosseria ainda mais humilhante, quando se surpreendeu ao ir em direção a próxima pergunta, como se quisesse testá-lo.

-Na minha opinião, qual é o Deus mais bonito do Olimpo?

Ele riu, como se ela tivesse acabado de perguntar qual é a cor do céu.

-Zeus, é claro!

-Ok, com um pouquinho menos de obviedade do que nesse seu tom estúpido. - Atena se sentia completamente ofendida pela forma que ele concluíra a resposta, encarando-a como se ela fosse um livro aberto.

-Ora, é claro que é, e com toda essa obviedade sim! Quem mais poderia ser?! Você tem o incrível dom de ser uma puxa-saco sem limites com o seu “Papai Querido”. Argh. –Proferiu Poseidon, sem conter sua cara de enjoo, e fazendo aspas com os dedos.

-Eu não sou uma puxa-saco! E além disso, também temos Apolo em jogo, esqueceu?

-O que tem Apolo? –Inquiriu, franzindo a testa, sem entender a lógica dela.

-Ele...Bem, er... Ele tem uma aparência agradável.  –Concluiu a deusa, da melhor forma que conseguiu, se concentrando em pousar as mãos no colo ao invés de olhar para a cara de “Fala sério” que ele estava fazendo.

-Que jamais venceria sua mania de ser puxa-saco e seu orgulho ridículo. Pois se eles fossem descartados, você perceberia o óbvio, que o Deus mais bonito do Olimpo, é logicamente, eu.

Ele apontou para o próprio peito, em um melhor estilo “sou o cara mais foda de todo o Universo”.

-Hahahá...Claro que é, com toda certeza. –Afirmou Atena, recheando as palavras de sarcasmo em meio ao riso. - Preciso me lembrar de lhe dar um espelho um dia desses.

Pensou que a frase fosse desarmá-lo, mas só que ele fez foi lhe dar um sorrisinho de deboche.

-Mas você não conseguiria mantê-lo intacto, já que se ele detectasse de relance a sua imagem se partiria em um milhão de caquinhos. –Ele sentiu o prazer correndo pelas veias ao vê-la desapontada por ter uma réplica tão eficaz, bufando sonoramente um segundo depois.

-Os espelhos quase imploram para que eu me olhe neles, Poseidon.

-É? Então seus espelhos tem distúrbios e são completamente masoquistas.

-Grr...Você que é o masoquista, que está praticamente implorando para levar outro tapa na cara!!!

-Não, eu não estou. Estou apenas apontando fatos. Mas já que eles te incomodam tanto, então vamos continuar com as perguntas... Mais três e alguém vai ter que bancar a empregadinha ...–Ele deu seu melhor sorriso de canalha após proferir a palavra, o que na visão de algumas mulheres (todas do Universo) poderia ser totalmente irresistível, mas na visão de Atena era apenas potencialmente irritante.

-Então vê se pega essa, babaca. Qual é o deus que eu mais temo??

Ele não demorou nem dois segundos e a resposta já estava na ponta de sua língua.

-Eu, é claro.

Poseidon realmente não tinha noção do quanto egocêntrico ficara ao murmurar aquelas palavras, todo cheio de si. E Atena ficou tão feliz que fez toda questão que isso transparecesse em cada fibra de seu ser.

-Óbvio que não!!! Eu temeria mais uma ovelhinha saltitante feliz pintada de arco-íris do que você!

Ela deu uma pequena gargalhada ao perceber o quanto ele parecia inconformado, decepcionado.

Na verdade, Poseidon esperava que algo acontecesse, confirmando que ela quebrara seu juramento de lhe dizer a verdade. Mas como tudo continuou perfeitamente normal, com a exceção de sua cara de profunda decepção, ele teve de se conformar de que ela estava falando a verdade, mesmo que isso não fizesse nenhum sentido.

-Quem é o deus que você mais teme??

-Qual é o meu compositor preferido??

Eles fizeram as perguntas quase ao mesmo tempo, e ao perceber que Atena não parecia muito determinada a responder primeiro, resolveu dar de cara a resposta.

-Chopin. - Ele rolou os olhos, como se adivinhar quem era seu compositor favorito fosse algo super-hiper-mega fácil. –Quem é o deus que você mais teme?? –Insistiu, franzindo o cenho de forma compulsiva.

-Talvez se me disser onde conseguiu saber essas coisas sobre mim, eu possa lhe dizer. –Jogou a deusa, com um pé atrás por ele ter dado a (Maldição!) resposta correta.

-É uma questão de lógica. Não seria nem Mozart nem Beethoven, já que você deve ser um tanto fresca para música clássica, então só me resta Chopin.  –Ele especificou, como se fosse a coisa mais simples do mundo. –Sua vez.

-Hmm...Você não tem lógica, Poseidon. Nada feito.

Ele não ficou muito feliz com essa afirmação, muito menos com a grosseria, mas decidiu relevar, porque sabia que ela estava correta, e sabia que ela sabia disso. E estava prestes de conseguir vencer aquilo, um sonho que ele praticamente idealizara por meses! Uma outra hora tentaria arrancar a verdade da deusa.

-Qual é a próxima pergunta?

Atena estava pensando. Estava um pouco desconfiada, e tinha medo de que ele acertasse outra questão. Ela estava levando aquilo na brincadeira, e ele já havia acertado três questões! Como ele poderia saber tanto sobre sua personalidade? Como?

Tinha que ser cautelosa.

Acomodou-se melhor no sofá, tentando desviar dos orbes verdes, para não ter a pressão de ser rápida. O que deveria perguntar?...O que mais gostava de fazer depois de ler? Não...Se ele sabia qual era sua flor favorita, o Deus mais bonito, e seu compositor favorito, havia a possibilidade dele saber que eram seus projetos de arquitetura. Então, o que perguntaria? Algo sobre suas guerras? Não, essas informações poderiam ter percorrido o Olimpo...

-Está demorando demais.

 -Ok, Ok. –Ela sorriu, pois acabara de pensar em algo perfeito, bem no momento de sua reclamação. Ele simplesmente não poderia adivinhar aquela questão. –Que perfume eu estava usando no dia em que te derrotei no maldito Conselho Olimpiano?

Atena sorria como se já fosse vencedora. Se ele errasse aquela, provavelmente perderia sua chance de ganhar a aposta, e então ela ficaria com o maravilhoso quarto só para si. Tentou ler alguma coisa no rosto dele, mas seus olhos verdes estavam ilegíveis, ele parecia estar pensativo. Então ele desarrumou os cabelos com os dedos, e começou a esboçar um sorriso parecido com o dela.

Os dedos de Atena começaram a tremer, involuntariamente. Mas não havia possibilidade dele acertar, certo? Ninguém poderia acertar.

-Chaminé Parfums’ Shalini. Francês. Ótima opção. Edição especial do Dia dos Namorados. –Ele sorriu de maneira ainda mais intensa, e maliciosa ao vê-la arregalar os olhos como se tivesse visto um fantasma. –Acha que é a única que entende de perfumes? Eu cheguei realmente perto de você aquele dia, meu bem.

Ela ignorou as insinuações. Ou talvez estivesse perplexa demais para revidá-las de uma forma sensata. Sentiu nós se formando por sua garganta, de repente, ao se dar conta de que ele agora, ele havia acertado quatro das cinco respostas que precisava para vencer, e tê-la como sua empregada. Zeus, como pudera deixar isso acontecer?! Ou melhor, como ele poderia saber alguma coisa sobre perfumes? Quanto mais seu lugar de origem e edição?! Aquilo era muito esquisito. Inconcebível. Será que ele sabia ler mentes e nunca havia contado a ninguém? Ou simplesmente ficara a espionando durante meses sem que ela sequer suspeitasse? Ambas as opções pareciam horríveis demais. Mas Atena não podia se preocupar com elas. Tinha que se preocupar em vencer aquele jogo. Jamais se deixaria ser a “empregadinha” dele. Jamais.

-Qual era a cor dos olhos do pai de Annabeth? –A pergunta surgiu em seus lábios assim que o autocontrole e a respiração voltaram ao normal, e ela se pôs a refletir em uma pergunta que o levasse para uma armadilha, que ele simplesmente não adivinhasse.

Olhou para seu rosto bem intensamente, tentando traduzir as emoções que transpassavam pelos olhos verdes.

Poseidon ficou, instintivamente, irritado. Não só por ser a primeira vez em que ele teve de morder os lábios, aflito por não fazer a mínima ideia de qual seria a resposta. Tinha algo mais. Notara o cintilar de alegria na íris cinzenta de Atena, que percebera e ficara satisfeita com as suas reações.

Merda. Não queria nem um pouco errar.  Estava se saindo muito bem até aquele momento, não poderia deixar isso se perder. Queria tirar a satisfação do rosto dela. Teria de pensar e tentar usar a lógica agora, ao invés das informações, dessa vez. Annabeth tinha olhos cinza. Os olhos do cara tinham de ser cinza, então, certo? Mas os olhos da deusa que lhe encarava também eram de um envolvente tom de cinza, o que significava que ela poderia ter herdado isso da mãe, não era?

Ok, de fato ele e lógica não combinavam como uma sentença de uma mesma frase. O jeito era chutar.

Escuros ou Claros? Cinza ou Mel?

-Cinza. –Disse, sem mais pensar. Não estava mais aguentando ficar sobre a pressão dos malditos olhos cinza dela. Talvez eles tivessem o influenciado a dizer, afinal.

-Ahá! –Ela não teve noção do quão gigantesco foi o sorriso que abriu, enquanto apontava para ele. -Não, Poseidon! Os olhos de Frederick eram lindos olhos castanhos! –Exclamou, em um tom propositalmente apaixonado, e ouvindo o próprio suspiro de alívio que acabara de escapar por seus lábios. Iria vencer aquela aposta. Com certeza iria. Não importava os estranhos e suspeitos conhecimentos dele sobre suas preferências, agora ela sabia que tipo de pergunta tinha de fazer! – Você errou!

Ele revirou os olhos, como se tivesse enojado e ao mesmo tempo estressado. E de fato, estava.

-Grande merda. Ainda tenho mais uma chance. –Ele deu de ombros, incorporando uma profunda indiferença, mesmo que não estivesse tão seguro assim. - E eu já lhe disse alguma vez o quanto é esquisito esse lance de você ter filhos sem transar com... –Ele não ousou terminar a frase.

Em uma questão de segundos, a alegria de Atena se dissolvera para dar lugar uma perigosa espécie de ódio, que ele pode reconhecer em seus olhos, e na forma de seus lábios se sobreporem, como se estivesse contendo um rosnado.

-Você não disse, por que não IMPORTA! E a minha forma de ter filhos sem envolver luxúria, NÃO É NEM UM POUQUINHO DA SUA CONTA!! –Ele não tinha a mínima ideia, do quanto ela ficara furiosa, irritada, prestes a explodir em fogo grego e se lançar sobre ele, só por causa daquele comentário.

Bem, na verdade não por causa dele. Por razões que iam além de um mero incômodo que surgira de repente; razões íntimas e pessoais que reviam coisas das quais preferia não se lembrar.

E ele não era ninguém para comentar sobre seu método de obter prole.

Mas Poseidon não se alterou nem um pouco com seu repentino surto. Parecia estar achando engraçado, na verdade.

-Eu não disse que era da minha conta, eu apenas disse que era esquisito. E eu sou Poseidon. Tenho o direito de falar o que eu quiser.

Era incrível que ele pudesse deixá-la ainda mais “p” da vida, com um simples comentário egocêntrico.

-SÓ por não ser LASCIVO não quer dizer que seja ESQUISITO! –Defendeu-se, um tanto afetada, os olhos se comprimindo de ódio.

-Ah, Atena, qual é?! Ter filhos com a mente?! Isso é a coisa mais ABSURDA que pode existir. Tinha que ser mesmo de uma doida, como você... Com esse juramento ridículo e tudo mais. Sexo não faz mal, sabia? Tudo bem, eu sei que seria difícil encontrar algum candidato para você, mas você não deixa de ser uma deusa, e poderia dar um jeito de seduzir alg...

Ele não conseguiu terminar a frase, porque no momento que estava complementando sua explicação, enxergou um jato de vinho vindo em sua direção, e teve de fechar os olhos e a boca por reflexo, segundos depois sentindo o líquido um tanto ácido chocar-se contra seu rosto, pescoço, e peito, por debaixo da camisa branca impecável. Esfregou seus os olhos e o rosto, desesperadamente, segundos depois, para que os abrisse e pudesse enxergar uma Atena com uma taça vazia entre os dedos e um irrefreável sorriso de canto, ao observá-lo, no mínimo puto da vida, pateticamente encharcado de vinho.

Grunhindo, desviou os olhos para sua camiseta branca, que agora estava toda manchada, respingada com a cor do maldito Vinho Francês.

-POR QUE DIABOS VOCÊ FEZ ISSO?! –Questionou a ela, no que soou mais como um rosnado feroz.

-Você mereceu. Estava falando coisas demasiado estúpidas e insuportáveis.

-AAHH, SUA VA...GRR... –Não usou complementar, já que não faria sentido chamar de “vadia” uma virgem puritana, mas mesmo assim, deu para ela ter uma noção do quanto estava se controlando para não pegar a própria taça e jogar o líquido nos cabelos dourados dela, proibindo-a de lavá-los em seguida. No momento tinha que se preocupar em mudar seu estado deplorável, e para isso só tinha uma coisa que poderia fazer.

Sem hesitar, ou pensar duas vezes, arrancou a camiseta branca que estava vestindo. O clima estava confortável para a exposição, e ele precisava ver aquelas manchas. Segurou a camisa diante do rosto por alguns momentos, ficando cada vez mais puto ao perceber que só Dioniso, talvez, pudesse dar um jeito naquilo, absorvendo todo o vinho do tecido, mas depois que afastou a camisa para direita, em direção à luz para ter uma visão melhor, deparou-se com o rosto de expressão indecifrável de Atena, que ainda mantinha o sorriso de canto maldoso, mas ao mesmo tempo tinha as maçãs do rosto muito mais vermelhas do que antes.

Provavelmente, ela não estava olhando. Mas era óbvio que ele não perderia a oportunidade de se sair com um daqueles comentários “potencialmente egocêntricos” que poderiam irritá-la profundamente. Desviou a atenção da camisa, e jogou-a no sofá, secando a deusa que lhe humilhara, logo em seguida.

-Bem, Atena, talvez eu e você devamos repensar a questão do “virgem puritana”,uma vez que eu tenho quase certeza que você jogou o vinho em mim apenas para que eu tirasse a camisa e você pudesse admirar meus...

Sua voz foi morrendo aos poucos enquanto Atena, que já entendera o recado, se virava para pegar a garrafa de vinho, e a segurava na mão com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos e parecia que a garrafa iria explodir em milhões de partículas a qualquer segundo. Seus olhos começaram a tremular num tom perigoso cinza-tempestade,e ela estava quase inclinada para frente, como numa luta.

-É realmente uma pena desperdiçar um vinho tão bom num traste imprestável como você, mas você está quase implorando para que eu faça isso.

-Você vai me pagar, Atena. – Ele sibilou, mal entreabrindo os olhos, que fechara para conter a raiva daquela ameaça ridícula, mas perigosa. – Era minha camisa preferida!

-Não é problema meu. – Ela respondeu, com um muxoxo. – Talvez isso sirva de lição e você pare de ser tão impertinente e estúpido.

-Última pergunta! E pode ter certeza que quando eu acertá-la, seu dia de amanhã vai ser tão bom – sua voz estava transbordando malícia e sarcasmo – que você iria preferir trocar de lugar com Cronos ou Prometeu.

A deusa ofegou.

Largou a garrafa de vinho na mesa de suporte, e tentou relaxar, tanto fisicamente quanto emocionalmente, ao voltar a sentar no sofá. O que era tecnicamente impossível, considerando a pressão, e ele ao seu lado, parcialmente descoberto. Ugh.

Essa pergunta vai decidir tudo ,pensou ela. Tinha que ser uma coisa que ela e apenas ela soubesse, ou...ela não queria nem pensar nas possibilidades. Eram aterrorizantes demais. Por mais incrível que parecesse, ele havia acertado mais do que errado, e isso a deixava extremamente frustrada. Certo,a primeira pergunta fora propositalmente idiota, mas, quando se dera conta de que ele realmente sabia coisas sobre ela – de algum jeito absurdo e esquisito, mas sabia – ela não facilitara. E,mesmo assim, ele acertara 4 de 6 perguntas. Um calafrio percorreu sua espinha. Ele não ia acertar a sétima. Não mesmo.

-É pra hoje, Atena? –Ele já estava irritado. Queria acabar logo com aquilo. De uma vez por todas.

Ouviu a respiração entrecortada e suave da deusa, que parecia demasiadamente atormentada e nervosa, com suas bochechas ainda coradas. Houve mais alguns segundos de silêncio e tensão, antes que ela finalmente fizesse a pergunta decisiva:

-Qual o lápis que eu uso para desenhar?

Ok.

Por isso ele definitivamente não esperava.

Ah, merda!”, foi a primeira coisa que lhe veio à cabeça. Não fazia a mínima ideia da resposta para essa pergunta. Mas quem, em seu juízo perfeito, perguntaria uma coisa assim? Atena, foi a resposta. O que só provava que ela não tinha o juízo perfeito, em momento nenhum. Mas ele não podia perder. Odiava perder, principalmente para aquela menininha arrogante e mimada. Tudo deveria estar dando certo, àquela altura.Tudo fora planejado. Ele devia ter acertado todas as perguntas.”Bem, não é minha culpa se Atena tem problemas ao escolher as malditas questões”.

O ar agora estava pesado de tanta tensão. Era quase palpável. Ambos encaravam um ao outro, mas ao mesmo tempo fixavam o vazio. Atena quase rezava para que ele não soubesse a resposta para a pergunta. Mas era uma coisa tão improvável. E Poseidon com certeza não fazia o tipo “conhecedor de lápis para desenhos”.

-É pra hoje, Poseidon? – ela o imitou, colocando o máximo de desprezo que pôde na voz.

-2B – ele respondeu, completamente indeciso – Você usa lápis 2B para desenhar.

Atena soltou todo o ar que ainda tinha contido nos pulmões.

Jamais, nem em um milhão de anos, ela pensaria que apenas dois caracteres pudessem ser capazes de instaurar tamanha desgraça.


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Notas finais do capítulo

*-* r.e.v.i.e.w.s!