O Sequestro escrita por Lívia Black


Capítulo 3
Capítulo 2 - O Segredo É Continuar Respirando.


Notas iniciais do capítulo

Aaaaah, vocês não tem noção do quanto eu to feliz! Obrigada por todos os reviews, seus lindos! Fizeram uma criatura feliz! Obrigada especial à minha beta, Marília Ferreira que além de me estimular, convenceu a MaeveDeep diva a ler...haha...Espero que esteja bom esse capítulo!



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Capítulo 2. –O Segredo É Continuar Respirando.


"Quanto mais tempo discutimos, tanto mais longe nos achamos do fim da discussão." Samuel Butler

Se ela havia chorado? Definitivamente sim.

Se ela sabia que ele sabia que ela havia chorado? Humilhantemente: Sim.

Se ela sentia-se melhor após chorar um rio de lágrimas? Não, óbvio que não.

Depois que Poseidon deu as costas, e saiu do quarto, Atena passou a tarde inteira chorando. É claro que se odiava por isso. Principalmente por não conter seus soluços e eles serem tão audíveis que nem mesmo uma enorme porta de carvalho conseguia aprisiona-los.

Já devia fazer alguns séculos que ela não chorava.

Aliás, que ela não chorava dessa forma fazia milênios. Desde quando...Aquelas coisas, em seu passado, haviam...acontecido. Mas não, se começasse a se lembrar disso, iria chorar mais ainda. E já estava cansada de ter as insuportáveis lágrimas correndo por seu rosto. Elas eram salgadas, e lembravam água do mar. Argh.

Atena queria matar Poseidon. (Mesmo sabendo que isso era impossível). Ficara imaginando 1001 formas de escapar dali, mas como ele mesmo dissera, nenhuma funcionaria se aquele nematódeo não a ajudasse. Mas que inferno! Preferia estar em qualquer lugar, até mesmo num quarto onde Afrodite e Ares estivessem fazendo coisas dignas de asco e uma venda, mas com certeza não queria estar ali...No Paláciozinho Particular de seu malacafento inimigo. Quer dizer...Ele com certeza já devia ter dormido na cama em que seu corpo estava depositado, meio entorpecido. O cheiro idiota de brisa marinha dele estava impregnado em tudo. Céus, como odiava aquilo! O que ela havia feito para merecer ser aprisionada dessa forma por ele? Costumava ser uma boa Deusa, uma deusa muita justa. Não merecia essa desgraça.

Tudo bem, ela e Poseidon já haviam ficado presos em muitas intrigas e conflitos, ela o odiava mais do que tudo no Universo, e sempre que podia, fazia com que ele se ferrasse. Mas porque Zeus permitira que isso lhe acontecesse?!!!

 Ok, Zeus não permitira nada, muito pelo contrário, devia estar preocupado com ela, nesse instante. Seja lá o que fosse, ela não estava convencida de como ele poderia ter mantido “tudo sobre controle”. Ela havia desaparecido. Como isso poderia ser normal? Como?

Era simplesmente impossível.

Atena esfregou os dedos no rosto, para secá-lo. Estava determinada a voltar dentro dos edredons macios, esquecer a merda que se encontrava sua vida nesse instante, e todos os seus conflitos mentais e interiores.

Mas bem nesse momento, o som de dobradiças rangendo a surpreendeu. Virou-se na direção do som, e nem soube porque sentiu seu corpo estremecer tanto assim que o viu entrar, indiferente.

-Não sabe bater na porta, mentecapto execrável? –Perguntou a deusa, com deboche, satisfeita por vê-lo franzir o cenho enquanto vinha caminhando de forma despojada em sua direção.

Quando se deu conta de que aquele era mais um dos xingamentos estupidamente nerds e irritantes de Atena, somente bufou. Não sabia por quanto tempo iria aguentar aquilo sem retrucar da forma tradicional.

-Não me dou ao trabalho de bater na porta do meu próprio quarto.

Ela o olhou de forma cética.

-Espera aí, Poseidon. Esse aqui pode ter sido o seu quarto, mas, agora, se você quiser me manter aqui...Esse quarto vai ser meu. E ponto final.

A deusa não se sentia tão segura de si quanto demonstrou, mas seu orgulho e necessidade eram mais importantes, no final das contas. Ela simplesmente amara aquele local, e não ficaria tão infeliz, se fosse passar algum tempo hospedada nele.

Poseidon simplesmente riu.

-Ei, desde quando você dá as ordens por aqui?! Acorde, Atena, estamos no meu território. E este é o meu quarto, também.

-O que você quer dizer com também?

-Quero dizer, que ele pode ser seu se quiser, mas para isso terá que dividi-lo comigo.

Atena já esperava as câmeras de pegadinha, quando se lembrou que naquele dia, as coisas que deveriam ser brincadeiras, eram horrivelmente sérias.

-Você tem que estar brincando.

-É óbvio que não estou brincando. Só há um quarto decente nesse lugar. Não é como se estivéssemos no meu Palácio Oficial, com 45 quartos mobiliados, e talz. Isso é só um Chalé de Férias, digamos assim. E há não ser que você queira dormir no sofá, sim você vai ter que dividi-lo comigo. –O deus disse isso como se estivesse dizendo que ovelhas eram brancas, ou que centímanos tinham cem mãos. Tinha se acomodado novamente naqueles sofás da direita da cama, olhando para ela fixamente.

Atena estava tendo um colapso, descendo ao Mundo Inferior e se atirando no rio Lete, mentalmente, quando recuperou a voz.

-Por dividir...Você quer dizer...-Merda, ela estava corando. E pior ainda, sua voz estava quase falhando ao ponto de gaguejar. Será que tinha haver com o olhar observador que ele estava lançando em sua direção? –...Que então teremos que dormir na mesma cama?? – Sua voz era quase um sussurro inaudível, mas mesmo assim, ele escutou, e logo em seguida seu olhar mudou de lisonjeiro para malicioso, na companhia de um sorriso.

-É claro que teremos que dormir na mesma cama! Você não está esperando que eu, Poseidon, Um dos Três Grandes, Deus dos Mares e Oceanos, durma no tapete do meu próprio quarto, está?

-Sinceramente?

Ele bufou.

-Você é patética, Atena.

-Ora, você que não tem nada de cavalheirismo correndo nessas suas estúpidas veias! –Exclamou a loira, indignada. - Está total e completamente fora de cogitação eu me deitar com você!

Ele revirou os olhos.

-E você torna as coisas ainda mais patéticas dizendo “eu me deitar com você!” como se fosse uma virgenzinha puritana assustada. Ah, é mesmo, você é uma virgenzinha puritana assustada.

Atena rosnou para ele, abismalmente irritada, tirando os cachos dos olhos para poder olhar penetrantemente para ele e fuzilá-lo com fulgor.

-Você que é um pervertido ignominioso!

-Ui ui, pervertido ignominioso... –Ele repetiu as palavras dela, imitando sua voz de um jeito que a deixou espumando de ódio. – Acha mesmo que se eu me deitasse com você eu ia querer fazer qualquer coisa além de dormir? Virado de costas é claro, para não ficar olhando para o seu rosto e ter um pesadelo?

-Cale essa sua boca imprestável! E eu não só acho, como tenho certeza, de que você tentaria. Eu sou uma mulher atraente e você é um tarado repugnante!

-Há, vai nessa. –Comentou ele, com sarcasmo.

A loira revirou os olhos, e pontuou a si mesma que se houvesse um termômetro para medir a temperatura de ódio de alguém o seu com certeza já teria explodido.

"Acalme-se, Atena...O segredo é continuar respirando."

Ficaram se encarando mortalmente por um bom tempo...Se alguém pudesse pintar um quadro daquela cena ele se chamaria “Analisando e Pensando em Formas de Aniquilar o Inimigo.”

-Você não vai mesmo dormir comigo? –Questionou ele por fim, depois de um longo e desconfortável silencio de olhares pulverizadores, dando de ombros como se a resposta da questão pouco lhe interessasse.

óbvio que não. –Atena respondeu de imediato, quase automaticamente.

-Ótimo.

Ele não parecia achar realmente ótimo.

-Então que tal sair da minha cama? –Sugeriu, apenas para provoca-la.

A loira não pensou duas vezes. Grunhindo, saltou da enorme cama macia de edredons brancos, e se pôs de pé no chão, ajeitando o pijama que ainda estava usando.

Ela cruzou os braços, séria, mas tentando disfarçar sua expressão de irritação, para se mostrar indiferente perante essa ceninha desprezível.

-Você tem que me explicar melhor este esquema de sequestro, Poseidon. –Atena disse em um tom desprovido de emoções, como quem não liga e não quer nada, mas seu nervosismo (nos dois sentidos), era evidenciado no fato de ela ter começado a andar de um lado para o outro, com a mão direita na cintura.

-Defina explicar melhor. –Pediu ele, apoiando o maxilar em uma das mãos.

Ela suspirou, entediada.

-Eu quero saber o que diabos você pretende ao me manter aqui.

-Hmmm, mas eu já te disse. Você está aqui por motivos unicamente vingativos.

-Ok, por causa do seu ego abalado depois que eu venci no Conselho Olimpiano. –Ela não reprimiu um sorriso vitorioso ao olhar para ele, como se aquele pequeno feito fosse algo do qual ela fosse se gabar para o resto da existência.

Ele não pareceu se afetar por toda aquela autoconfiança.

-Não exatamente. Eu só achei que estava na hora de você ter um basta. –Ele fez um gesto expressivo com as sobrancelhas, que atraiu o olhar compenetrado dela para seu rosto sarcástico. -A única egocêntrica aqui é você, e isso passou dos limites. Achou mesmo que iria desafiar um dos Três Grandes e sair ilesa?? –Ela analisou os lábios dele, sem querer, e sentiu seu corpo estremecer de ódio por notar o deboche deslizando por eles.

-Sou uma deusa tão capaz quanto você. - Apenas deu de ombros, dando a mostrar que pouco se importava com o que ele deixava ou não de pensar a seu respeito.

Ele deu um sorriso, de quem está se divertindo.

-Não, você não é. E é essa a minha intenção ao te manter aqui. Fazê-la entender.

Houve um pequeno espaço de tempo em que Atena ficou em dúvida sobre qual seria sua próxima ação depois de ouvi-lo dizer aquilo, mas ela optou por encarar o sorriso debochado dele, e imitá-lo.

-Há. Pois não vai funcionar. Nunca.

Poseidon estava preparado para esta resposta. Tinha a réplica perfeita na ponta dos lábios, mas deixou-a ter a satisfação de pensar que vencera. Somente por alguns segundos...

-Você vai ficar aqui para sempre até mudar de opinião.

De repente, toda e felicidade e deboche de Atena foram arrancados de sua expressão, assim como brilho divertido de seus olhos. Mordeu os lábios, para não soltar um gemido frustrado, e quase deu-se por vencida se sentando na cama e bagunçando seus cachos com os dedos. Quase, porque ela não o deixaria acreditar que estava desesperada e furiosa como desejara. Estava cansada de andar de um lado para o outro, mas por motivos de orgulho, não voltaria a se deitar.

-E você pretende me acorrentar ou me por num sótão escuro e sem comida, ou sei lá mais o quê?? –Perguntou a loira por fim, com sarcasmo e irritação, depois de alguns segundos de silêncio e resignação.

Ele se deliciava ao observá-la tão agressiva, como tentada a desistir do próprio orgulho.

-Não, até porque eu sei que você conseguiria sair de uma dessas, fácil, mesmo com os seus poderes limitados. E porque eu não quero que você saia me difamando por aí, depois que eu decidir que está na hora de te...Libertar.

Atena deu risada, embora não achasse de verdade divertido.

-Poseidon, eu não preciso ficar num sótão acorrentada para te difamar...

-Mais uma vez, por isso mesmo que você está aqui. Quem sabe convivendo comigo por alguns tempos você mude de opinião... –Lhe deu um brilhante sorriso branco, com seus dedos impecáveis, afundando-se ainda mais no sofá, enquanto a deusa parecia indecisa entre revirar os olhos ou bufar.

-Sobre você???! Simplesmente impossível. –Não se decidiu por nem um nem outro, acabou dando apenas um de seus sorrisos sádicos, os clássicos de campo de batalha. -Você sempre será um energúmeno desprovido de massa cefálica, com sentimentos egoístas, esnobes, egocêntricos e podres. Nada pode mudar isso.

-Então acho que você se enganou. Não era para falar sobre você, era para falar sobre mim.

-Eu nunca me engano, Poseidon. –Murmurou, orgulhosa, ajeitando um cacho atrás de sua orelha, e satisfeita por vê-lo um pouco incomodado, depois de seus argumentos.

-Sabe de uma coisa? Acabei de mudar de opinião. Mantê-la acorrentada num sótão pode ser divertido.

Ela nunca o vira tão excitado a dar um de seus sorrisos de canalha, e foi somente isso que a fez sentir nós lhe subindo pela garganta.

 Ela simplesmente odiava sótãos.

-Você está brincando, não está? –Tentou, dando o melhor de si para continuar com seu autocontrole impecável, e não ter mais uma crise de choro e pânico, por estar sozinha com seu pior inimigo há dois mil metros de profundidade, com seus poderes limitados.

-É claro que estou. Mas devia ter visto a sua cara... –Ele começou a gargalhar de uma forma quase contagiante, e Atena mordeu os lábios para não rir do quanto se sentia aliviada, e do quanto isso era patético, e do quanto estava “p” da vida por ele ter insinuado que pretendia lhe aprisionar num sótão.

-Idiota! Melhor ir para o sótão do que ter que te aguentar!!!

-Ah, é? Pois é exatamente isso que você vai ter que fazer enquanto estiver aqui. Sem câmaras de tortura, nem sótãos, nem correntes, nem nada do tipo. –Ela quase se permitiu suspirar de alívio. Mas ele ainda tinha alguma coisa a acrescentar. -Tudo que você tem que fazer é ficar aqui. E conviver. Comigo.

Então, ao invés de suspirar, ela resolveu engolir em seco. Era impressão sua ou os olhos dele haviam relampejado em um tom de verde ainda mais intenso ao pronunciar “comigo”?

-Ah não...Era isso o que eu temia. –Ela não cedeu a tentação de bagunçar os próprios cachos.

-Então você prefere ficar sozinha, aqui, há dois mil metros de profundidade??...-Desafiou-a.

-Não, eu não prefiro. Eu prefiro voltar para o Olimpo, e fazer sua caveira para o meu Pai, para que juntos planejemos uma guerra contra você.

Isso definitivamente acabou com a alegria do sorrisinho sarcástico de Poseidon, que parecia a beira da suprema alegria por estar discutindo com ela. Fechou a cara, ficando de alguma forma até profundamente irritado.

-Ah, é mesmo. Por um momento tinha me esquecido de que estava falando com a “filhinha querida do papai”.

-Não me chame desse jeito.

-Mas é exatamente isso que você é. Uma filhinha do papai, mimada e arrogante. Vai ser bom passar alguns tempos aqui embaixo, Atena...-Ele ainda parecia mais irritado do que alegre, mas a satisfação que tomava conta de sua expressão e deu sorriso ao rebater os argumentos dela, voltou, enquanto via ela dar pequenos grunhidos de ódio.- Quem sabe você aprende a ser menos prepotente.  

Ela revirou os olhos, com raiva.

-Disse o deus que ficou se exibindo por um mês depois de ter uma pequena participação na derrota de Tífon.

-Pequena! Você é mesmo incrível, Atena!

-Hunf. Não preciso dos comentários de um Cabeça de Alga para saber disso. –Ela descruzou os braços, e depois os cruzou de novo, usufruindo de sua melhor e clássica expressão de indiferença.

Novamente, um silêncio se instaurou no ambiente. Atena conseguia ouvir as próprias respirações entrecortadas, e as dele, que pareciam completamente normais. Além disso, apesar de não olhar para ele diretamente, e sim para as malas rosa-shocking chamativas do tapete, tinha a plena ciência de ter os olhos verdes dele sobre si, e não conseguia se concentrar em outro fato, além desse.

-Você me chamou de Cabeça de Alga. –Poseidon deixou escapar, cortando todo o clima tenso que o silêncio pós-discussão havia deixado rodopiando no ar.

-Sim. E daí?

Atena virou-se para ele, com a testa franzida, e se deparou com ele sorrindo, no melhor estilo “sou uma criança feliz”.

-Nada, nada...Apenas pensei algo curioso. –Ele continuava sorrindo.

-O que você pensou?

-Nada!

-Eu quero saber!

-Não!

-Apenas fale!

-Não te interessa!

Poseidon notou que apesar dela então ter revirado os olhos mais uma vez, e fingido nem ligar, ela havia ficado muito brava com o fato de não ter contado. Sentia muito, mas ele definitivamente não podia contar. O que ela pensaria se soubesse que...Ah, melhor deixar para lá.

Vendo que agora Atena não conseguia nem disfarçar sua irritação, e parecia uma estátua brava feita de mármore, de braços cruzados e cenho franzido, decidiu dizer alguma coisa para que ela não ficasse quieta, fingindo que ele não existia, e para que aquele silêncio idiota não ponderasse mais uma vez. Mas a única coisa que vinha em sua mente, era também a única coisa que não deveria dizer se quisesse evitar uma onda de ódio aterrorizante.

Ah, de qualquer forma, valia a pena arriscar, para não ganhar aquele silêncio de novo.

-Esse seu pijama não tem nada de sexy, Palas.

Ele sabia que estava jogando alto dizendo uma coisa dessas, e logo obteve o resultado esperado. A deusa logo se desmobilizou, e lançou um olhar para ele com tanta ira e incredulidade que ele até teve de recuar, se espremendo contra o sofá.

-Eu.Já.Disse.Para.Não.Me.Chamar.de. Palas!!!!!!! –Berrou Atena, falando entre pausas, e em cada uma delas ela dava um passo na direção dele, com uma respiração profunda, como se ela quisesse conter um enorme monstro dentro de si. Mas depois de gritar com ele, a tensão em seus ombros pareceu relaxar um pouco. – E eu não estou nem aí para o que você deixa de pensar ou não sobre minhas vestes noturnas, seu troglodita.

Ele levantou as mãos, como quem se diz inocente, mas sorrindo de canto de lábio.

-Estou apenas comentando que estes trapos velhos não valorizam o seu corpo. Não que você tenha alguma coisa que valha a pena ser valorizada, mas...

-Cale essa sua boca idiota. É a versão masculina de Afrodite para entender de moda, ou o quê?!

-Não, sou um homem e como tal, digamos que eu entendo um pouco de pijamas sensuais. E não vejo como dizem que você é inteligente sendo que qualquer babaca perceberia que esse aí te deixa horrível.

-Tá, tá, que seja. Não me importo com o que você pensa sobre os meus pijamas.

-Não se importa mesmo?

-Não, não me importo.

Atena se sentiu desconfortável por um momento, com uma sensação esquisita no estômago, que sentia todas as vezes que dizia uma mentira. Mas, espera. Aquilo não era uma mentira, era? Até parece que ela iria se importar com a opinião ridícula que ele poderia ter. Isso era patético.

-E já que estamos falando disso, eu necessito trocar de roupa. E para isso, eu necessito tomar um banho. Então, será que pode me mostrar o chuveiro? Ou você pretende me privar disso também? –Inquiriu a deusa, sarcasticamente.

Ele pareceu pensar se era boa ideia essa que ela havia sugerido, mas acabou dando de ombros, descartando essa opção.

-Não. É lógico que não pretendo lhe poupar disso. Existem desafios muito mais sofisticados do que ficar sem um banho. Você deveria saber disso.

-É, eu sei.

-Entre por essa porta. – Ele apontou para o lado, na direção da porta de carvalho simples da direita. –É o banheiro. Tem tudo que você precisa.

-Ok.

-Não demore. Vou esperar você para comer.

Mas Atena nem se deu ao trabalho de ouvir, logo já estava girando a maçaneta dourada e entrando no banheiro. Qualquer coisa para terem pelo menos uma parede os separando. Nem se preparou para ficar estonteada com a beleza do aposento depois de fechar a porta, as suas costas.

Era simplesmente incrível.

Quando seus olhos passearam numa análise rápida pelo ambiente, pode-se ouvir suspirar. Era como uma visão dos sonhos.

Sabia que se arrependeria de ter escolhido não ficar com este quarto e com esse lindo e imenso banheiro. Ele tinha uma bancada inteira de mármore negro, formando armários e a pia, que reluzia tanto quanto o enorme espelho que pairava ali em cima, emoldurado de bronze, refletindo um box gigantesco com “paredes” de vidro brilhantes, e uma deliciosa banheira, que mais se parecia com uma jacuzi.

Era tudo tão lindo!

Por um momento, a deusa ficou indecisa entre ir ao box, ou entrar na banheira, mas acabou pensando que depois de tudo que havia enfrentado naquele dia, tudo o que ela merecia era um banho bem longo e demorado, na banheira, digno de uma princesa. Ela era uma deusa, ou seja, é lógico que merecia isso.

Ligou as torneiras, que eram muito chiques e ornamentadas. Não se importou de pegar os sais de banho mega-cheirosos de Poseidon e jogou uma boa parte deles na água, para que tudo ficasse ainda mais relaxante. Ficou observando a água morna cair, com um barulho agradável, e quando já havia preenchido a metade da banheira, tirou as roupas e as jogou no chão (sem nem pensar no que iria vestir depois).

A espuma já estava começando a se formar, e fascinada por ela, Atena adentrou na água fresca e quente, com aroma de lavanda, que foi como uma anestesia para todo o seu corpo e mente esgotados. Pela primeira vez naquele dia, se sentiu feliz.

Mas ela mal sabia que essa felicidade iria durar por tão pouco tempo.

Ela acidentalmente se esquecera de fechar a porta.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?? ~faz carinha do gatinho de botas lindo~