Lost In My Soul POV.

  Eu estava em meu quarto, à luz apagada deixava que eu visse somente um pedaço de meu guarda roupa, graças à luz que vinha da casa do vizinho. Já eram quase duas horas da manhã e eu não conseguia dormir, como sempre. Eu sabia que tinha que acordar as seis da manha para ir à escola, mas também sabia que ficar lembrando isso não me ajudaria a dormir.
    Voltei a olhar na luz no meu guarda roupa, a porta semi-aberta deixava a luz entrar e eu podia ver a capa de meu caderno, olhava para aquela capa quase como se ela me chamasse. Porque de um tempo para cá eu descobri essa maravilha que é escrever e aquele caderno era onde eu colocava minhas dúvidas. Poemas aleatórios e histórias idiotas. Mas era assim que eu aliviava a tensão sobre minhas costas, meus poemas eram a única forma de eu conseguir me compreender.
    Minha mãe sempre dizia – você pode confiar em mim – mais eu nunca confiei – você pode me falar tudo o que quiser – mais eu nunca falei nada.
    Eu não sabia para que lado poderia correr, minha alma estava confusa demais para que qualquer pessoa normal me entendesse, se eu não conseguia como eles poderiam?
    Eu me decidi, não valeria à pena ficar me revirando na cama sem nada para fazer, então acendi a luz e peguei o meu caderno no guarda roupas e também minha caneta preta. Abri em uma folha em branco, mas eu não sabia o que poderia escrever, tinha certeza que dentro de minha cabeça milhares de coisas esperavam para serem escritas, o difícil era organizá-las para fazer isso. Coloquei a caneta no papel como se me forçasse a escrever alguma coisa qualquer coisa.
                     Eu não sei mais o que faço nesse mundo.
                     São só duvidas que eu não posso responder.
                    E lutas que não me levam a nada.
                    As recomeças nunca chegam até mim.
                    Não sei se vou ou se fico ou se mato ou morro.
                   Talvez essa seja a resposta, matar ou morrer.
                    Eu não mataria não por falta de vontade e sim força.
                   Mas a verdadeira resposta seria uma grande vontade também.
                   A morte, esse é o meu desejo.
    Depois que eu terminei de escrever isso já me sentia melhor, sempre dava certo, não era uma cura com certeza, mas o suficiente para me agüentar em pé. Peguei meu celular depois de apagar a luz e comecei a escutar um pouco de musica. E não demorei muito para dormir, dessa vez tive sorte de dormir antes das três.
          (...)
    Eu acordei no horário de sempre, às seis horas, não deixando de estar com sono. Esse é um problema de não conseguir dormir, você acorda sempre com sono. Fiz as mesmas coisas que sempre fazia banho café e fui para escola no mesmo ônibus, vendo as mesmas pessoas, sem falar com ninguém. Meus dias sempre na mesma monotonia.
    Na escola foi a mesma coisa de sempre, como sempre, eu tentava ouvir as besteiras que os professores tinham para fala e não agüentava, então eu colocava o rosto na mesa e dormia, para só acordar para o intervalo, até que era bom falar com meus amigos, eles eram engraçados com eles eu podia rir um pouco.
    De volta a minha casa, eu não reclamei naquele dia por ter que almoçar, então engoli a comida sem vontade. E depois de escovar os dentes olhando para minha cara de verme, eu fui dormir, não sei o que tinha no sol, mas ele sim me deva sono.
    Quando acordei eram seis ou sete horas da noite e a primeira coisa que fiz foi ligar o computador, não sei por que também entrei no MSN, Lost in My Soul, sabia que não falaria com ninguém. Mas daquela vez foi diferente, como há tanto tempo não acontecia, eu tinha um novo convite, From Inside Your Heart. Eu nem pensei em recusá-lo, aceitei no mesmo segundo.