Ele não pudera acreditar no que havia acontecido.

Agora, ela, estava indo embora.

Por culpa dele.

Ele sentia tanta raiva de si mesmo que precisava extravasa, descontar essa raiva toda para o mundo inteiro, mostrar aos outros o quão burra uma pessoa pode ser. Ele precisava compartilhar com todos daquele aeroporto o que havia lhe acontecido.

Viu tipo de um mini palco, (para breve shows de despedida no aeroporto) com um microfone instalado e achou aquele um jeito perfeito. Não acreditava no que ele estava fazendo. Ele estava em pé, no palco, após ter ligado o microfone na tomada. Ele começou a dizer tudo o que ele queria.

" Pessoal, bom dia, eu.. Hã.. Quem puder me ouvir, garanto que não se arrependerá." Nesse momento, era como se todos que estivessem envolta dele, naquele pátio parassem de fazer tudo o que estavam fazendo, para que ele começasse a falar. " Sabe... Eu queria... Compartilhar com vocês o que estou sentindo.. há..(deu uma breve risada de si mesmo) eu.. não acredito no que acabei de fazer... Deixei a mulher da minha vida ir embora, a única pessoa que realmente se importou comigo. Eu.. trabalho para o FBI e ela é minha parceira, aquela escritora famosa, Dra. Temperance Brennan, ou, como só eu a chamo, Bones. Eu a perdi por uma bobagem. Eu perdi a única pessoa que amei nos últimos 4 anos, por um erro meu."

Todas as pessoas não pararam de olhar pra ele. Booth percebeu que tinha toda a atenção, menos de uma moça em especial, sentada no banco ao lado de suas malas, com a cabeça apoiada nas mãos, que estava de costas, mas, sem fazer nenhum barulho, como se também o ouvisse. E o ouvia.

"Ás vezes encontramos pessoas que não são normais. Simplesmente não são comuns, possuem características únicas que as fazem ser quem são. Bones era... Literal, extremamente inteligente e, acreditem em mim, muuuuito sincera." Ouvia-se uma leve risada no ar e alguns sorrisos estampados nos rosto de quem presenciava aquela cena. " Ela... tinha um coração muito maior do que aparentava ter e, mesmo quem a conhecesse, jurava que ela era fria. Mas não, ela é muito quente." Todos novamente, deram uma risada. "Ela falava complicado de um jeito que ninguém mais entendia, apenas os squints do laboratório, e às vezes, eu. Ela não acreditava em psicologia, nem nada que não fosse concreto. Só acreditava nos fatos, em provas concretas e científicas. Ontem ela... Estava frágil e... Ela tomou coragem e me disse que me amava. Eu não disse nada, apenas a beijei como se fosse a única coisa que me importasse na hora, realmente era. Não só na hora, mas, desde ontem à noite, ela é a única coisa com o que eu parecia me importar." Ele dizia isso agora com uma tristeza nos olhos, quase marejados. Todos estavam começando a ficar tocados e muito envolvidos com a história. "Quer dizer, eu sempre me importei com ela. Eu a levava para o apartamento dela todas as vezes que tínhamos um caso de homicídio, saíamos várias vezes por mês pra jantar, e quando não saíamos, ou era por que eu levava comida tailandesa na casa dela quase de madrugada ou era por que tinha algum engraçadinho querendo um encontro com ela. " Todos deram um sorriso, inclusive aquela moça, de costas, sentada ao lado da mala. "Muitas vezes eu não deixava, quando via que ia sair alguma coisa dali eu dava um jeito de impedir...Sabe, eu só... Estava garantindo o que era pra ser meu." De repente, ele ficou sério e aquele brilho de dor apareceu em seus olhos novamente. "ERA... Por que eu esqueci de dizer à ela o quanto eu a amo. O quanto ela é especial pra mim. Não só pra mim, para todos. Eu esqueci de dizer a quantidade de noites em claro que eu passei só pensando nela. A quantidade de vezes que eu resisti de ligar pra ela sem ter um assunto, com medo de que ela suspeitasse de algo. A quantidade de vezes que eu ficava parado na porta dela só observando o jeito dela, o jeito dela falar, andar, explicar, olhar os ossos, e, minha parte favorita: o olhar dela. Geez, quantas e quantas vezes eu não me peguei imaginando como seria se eu pudesse ficar encarando aqueles doces olhos azuis o dia inteiro. Azuis que mais pareciam o mar, e quando ela ficava brava, ela como se eles refletissem uma tempestade. Mas, eu... sinto tanto a falta dela. Mesmo fazendo pouco tempo que ela embarcou para a Guatemala me deixando aqui, e o duro é que ela só embarcou porque não tinha certeza dos meus sentimentos por ela. Por que eu fui o covarde que não teve a coragem de lhe contar. Eu já tive a coragem de ir pra uma guerra, enfrentá-la e voltar, mas eu não tive a coragem de dizer pra Bones o quanto eu a amo. Eu sinto tanto por isso, me arrependo tanto do que deixei de fazer... Aliás, acho que esse é o meu problema, sentir. Quem dera se eu não sentisse nada, não teria que me apaixonar loucamente por uma mulher tão incrível como ela. Não teria que pensar nela todos os dias, pedir para que haja mais um caso só para investigarmos e eu ver aqueles olhos de novo; Aquela mulher de novo... Meu deus, como ela me deixa louco. Ela foi a única na minha vida que teve o poder de me fazer isso. Na verdade, ainda é. Quer saber? Eu acho que eu vou atrás dela. Nem que seja só pra dizer que eu a amo." Disse, com uma ponta de rancor

Nessa hora, havia até algumas pessoas chorando, de emoção. Até que aquela mulher de costas perto da mala resolveu se manifestar.

"Não precisa." Ela respondeu, com lágrimas nos olhos.

Todos olharam pra ela. Inclusive Booth, que não conseguia acreditar no que via.

"Bones?"

"Sim, sou eu..." Brennan afirmou com um sorriso de canto.

Agora, todos abriam espaço naquela multidão, Brennan e Booth andavam na direção um do outro.

"Você...Por que você não foi?"

"Eu... Simplesmente não consegui. Dessa vez, o meu lado emocional falou mais alto do que o racional."

Eles agora estavam quase encostados um no outro.

" O que você quer dizer com isso?"

"Assim que eu vi que mesmo magoada, eu não conseguiria te deixar pra trás... Eu saí correndo e confusa e acabei parando pra sentar no banco, para clarear as idéias, era como se algo me faltasse... Você. Me faltava você"

Um pouco antes de ele perguntar, aquela multidão que estivera ouvindo ele estava, agora, envolta de ambos, mas deixando um breve espaço. Queriam saber como terminaria aquela história de amor.

"Bones eu t..." Ele foi interrompido pelo dedo dela em seus lábios.

"Acho que você já disse o que tinha que dizer e até um pouco mais." Ela completou, com um sorriso. " Agora é a parte em que você me beija." Ela terminou de dizer e os dois estavam com sorrisos estampados no rosto, sendo acompanhados por palmas e pelo um "awn.." da multidão.

Aquele foi um beijo como naquelas cenas de cinema, em que você finalmente reupera o grande amor da sua vida. Começou com um leve roçar de lábios, mas em breve, ela abria completamente sua boca para ele e ele fazia o mesmo, até invadindo-a com a sua língua. Se beijavam com tanta urgência e paixão que era como se não houvesse mais ninguém à volta.

Se separaram, meio ofegantes, até que, um dos seguranças do aeroporto, que já estava observando a cena desde o começo, resolveu dar uma amenizada na situação para não deixar desconfortável para o casal.

"Muito bem, muito bem. De verdade, não é todos os dias que vemos uma história dessas em pleno aeroporto, agora minha gente, ao menos que também queiram contar sobre o amor de suas vidas, cirulando, precisamos continuar com os vôos."

Brennan e Booth ficaram meio sem graça, mas ainda assim, sorrindo. Eles se separaram e ela fora pear sua mala, perto dos bancos. Fora interrompida pelo segurança que lhe fazia um pedido.

"Pode me dar o seu autógrafo? Sabe, eu adoro a Kathy, e o Andy então, meu deus, menina! Era baseado nesse bofe?"

Brennan e Booth se olharam um pouco constrangidos e segurando risos. Nunca imaginariam que o segurança, moreno, alto, bombado daquele jeito, era... gay.

"Era sim." Ela disse, com um sorriso, fazendo com que ele sorrisse também.

O segurança se afastou e agora, já anoitecendo. Eles saíram de dentro do aeroporto e foram a pé até o estacionamento, que era uma boa caminhada, já que era um aeroporto internacional. Eles estavam de braços dados, ela com a cabeça apoiada em seu ombro. Aproveitaram para coversar.

"Bones, eu... Me desculpe por não dizer nada antes."

"Culpe os hormônios Booth." Eles deram um leve sorriso. "Sabe, eu quase cheguei a embarcar, mas eu na iria suportar perder você. Se eu me lembrasse de uma música que representasse tudo isso, agora, eu a cantaria pra você."

"Eu sei uma, mas não sei cantar, portanto..." Ele disse e ofereceu à ela um lado do fone de ouvido do IPod.

"Desde quando você tem um IPod Booth?"

"Não é meu, é do Parker. O capitão fantástico deu à ele numa tentativa de comprá-lo de mim." Ambos deram uma risadinha.

"Sabe Bones, essa música é basicamente um resumo de tudo o que eu disse hoje à você. Posso colocar play?"

"Pode."

When I saw you standing there (quando eu te vi você aqui)

I about fell off my chair (Quase caí da minha cadeira)

When you moved your mouth to speak (E quando você move sua boca pra falar)

I felt the blood go to my feet (Eu sinto o sangue ir para os meus pés.)

Now it took time for me to know (Levou algum tempo pra eu notar)

What you tried so not to show (O que você tanto tentou esconder)

Something in my soul just cried (Algo na minha alma chorou)

I see the want in your blue eyes (Eu vi o desejo em seus olhos azuis)

Baby, I'd love you to want me (Baby, eu adoraria se você me quisesse)

The way that I want you (Do jeito que eu te quero)

The way that it should be (Do jeito que deveria ser)

Baby, you'd love me to want you (Baby, você adoraria que eu te quisesse)

The way that I want to (Do jeito que eu quero)

If you'd only let it be (É só você deixar acontecer)

You told yourself years ago (Você disse a si mesma anos atrás)

You'd never let your feelings show (Que você nunca mostraria seus sentimentos)

The obligation that you made (A obrigação que você fez)

For the title that they gave (Pelo título que eles lhe deram)

Eles ainda estavam andando quando de repente, ambos pararam e ficaram olhando-se nos olhos esperando que o refrão novamente se pronunciasse, como se ele dissesse isso à ela. Mas na voz de Edú Lobo. Através de uma música.

Baby, I'd love you to want me (Baby, eu adoraria se você me quisesse)

The way that I want you (Do jeito que eu te quero)

The way that it should be (Do jeito que deveria ser)

Baby, you'd love me to want you (Baby, você adoraria que eu te quisesse)

The way that I want to (Do jeito que eu quero)

If you'd only let it be (É só você deixar acontecer)

Agora, enquanto se pronunciava novamente uma última vez o refrão, era como se eles se beijassem no ritmo da música. Seus corpos sabendo o que queriam dizer. Uma chuva não muito forte começou a cair.

"Bones, eu preciso lhe perguntar algo, muito importante."

"Pode perguntar Booth," agora, embaixo daquela leve chuva, ambos encostados as testas, ele resolveu perguntar.

"Você... Quer se casar comigo?