Black Blur escrita por Kilja Blóm


Capítulo 2
N2


Notas iniciais do capítulo

Depois do meu hiato, gostaria de dizer que não abandonei a fic, apenas tive problemas para fazer login aqui,(o que foi muito estressante) mas agora está tudo resolvido e só espero que este capítulo seja aprovado. Obs: ele continua no N3. Desculpem por fazê-los esperar :) Até o próx.



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Manhattan Beach, 2012


“Anda Marion, vamos parar com essa idiotice e começar a falar sério.. Olha, sei que você ta ai Marion.. Eu gosto de você. [...] Deus! Eu não acredito que você está fazendo isso [...] Esqueça essa besteira de Chicago e venha hoje! Largue este seu marido... Só te espero ás 8 [..]”.

Quando o aparelho branco, muito parecido com um gravador antigo, acabava de reproduzir a conversa eletrônica feita na última tarde nuns dos casarões do litoral, ouve um silêncio constrangedor pairando sobre a delegacia de Manhattan Beach. Ele era mais incômodo ao interlocutor que escutava suas próprias palavras ainda ecoarem na sala.

Um senhor com um rosto cinzento devido ao acumulo da barba crescente, levantou-se e ficou de chofre para o vitrô da sala; com a paisagem da baía da praia estendida aos quatro cantos, ele admirou um pouco o local. Logo, se voltou para o homem cabisbaixo que, sentado a mesa, se encolhia pela conversa constrangedora que sucedera.

O patente emblema do policial reluzia com os raios solares, o que fazia do chefe de policia Samuel Sgorlon parecer um tanto orgulhoso quando olhado.

– Certo Sr. De Vries. O seu relacionamento com a Sra Dominguez nada nos interessa. - começou o policial com a voz penosa; tentado friamente confortar o interrogado. O rosto do jovem executivo Graciliano, mantinha-se baixo de vergonha.

– Entretanto, algo nos servira útil, afinal; sabemos á localização do corrupto Manfred hein?- Sgorlon sorria enquanto mostrava os pequenos dentes amarelados. - Promissor Graciliano.. Promissor, hein?- repetia caminhando até a porta.

Graciliano de Vries mudo, preferira anular comentários, uma vez que sua situação presente não era superior ao de Dominguez. Uma fraude, deveria estar sendo agora perseguido.

Entretanto, não estaria ele borrado de tudo; levariam o retrato de seu rosto aonde quer que eles fossem, acusariam-no e jogariam-no sua foto perguntando se o conhecia. O amante de sua mulher.

Um pequeno sorriso de canto perpassou o rosto miúdo do jovem milionário. Já que não tinha o que queria, Manfred também não a teria.



P2


– Pai, pai; você viu aquele cara? Nossa, quero um dia também ser fera assim na guitarra.

– Entre cara, não quero você vendo bobagens na rua..- respondeu o homem ríspido, fechando a porta do carro com força.

– Marion, faça com que essa menina não fique me olhando com cara feia- continuou á dizer com incrível mau humor já dentro do automóvel, quando deparara com olhos infantis irritados, mirando-o no retrovisor.

A mulher como se tivesse sido descomposta, endireitou-se no banco da frente, retirando um inusitado brinquedo de sua bolsa.

– Você não quer brincar com a bonequinha? Olha Judith como é linda..- se pôs a dizer numa voz infantil boba.

Judith demorara os olhos um pouco no brinquedo, mas não mostrou muito interesse e logo voltou—se para a janela.

A mulher então se aproximou para uma nova abordagem.

Os cabelos chocolates de Marion recaíram sobre o assento do banco antes de dizer:

– Você pode ser a mamãe dela..


Judith mirou o retrovisor novamente e viu seu irmão Jonas, assistir a cena de soslaio seriamente. Ela retribui o olhar da mulher que se mantinha virada no banco e cuspiu-lhe as palavras com rancor.

– Você nunca será a minha mãe.


Da rua, pôde se ouvir o break do carro; e muitos olhares curiosos pararam para ver a situação.

Logo as deduções de atropelamento cresciam. Um choro de criança vinda de dentro do automóvel e aparente nenhuma vítima, borraram as aquelas deduções.



– Porque não podemos sair?- Judith perguntou direta.

“Srta. Dominguez, seu pai me deu ordens expressas para te manter dentro deste quarto de hotel. Desculpe, mas só estou seguindo ordens, querida.”

A garotinha insatisfeita, voltou a retirar os Rayban walfayer de sua vista depois da empregada sumir suas costas do quarto.

Jonas encarava o roxo do olho da irmã sentado de chofre sobre a cama próxima.

– Porque?- perguntara á ela.

– Aposto que papai não quer que a gente interfira na vida perfeita dele.

– Porque Judith?!- exclamara Jonas.

– O quê?..- a garota estava atônita.

– Porque você tinha que falar aquilo?! Ficou doida, hein? Tudo estava perfeito com a gente também.

–Desculpe?..- entreviu incrédula

– Papai estava fazendo de tudo..

– Para esquecer mamãe.. É!- berrou a garotinha.

– Isso não é verdade!- contrariou o irmão.

– É sim Jonas.. Só você não percebeu?!- [...] - Acho que está muito ocupado com os presentes que ela te dá! Não é?!..” Judith gritava.

– Jonas, você é muito bom.. Puxa vida! Quem me dera ter essas habilidades nos dedos para jogar! Mais outro presente ótimo pra você; que tal aquele novo videogame?.. Você vai gostar não é Jonas?..- Judith ria e debochava numa imitação sussurrada da voz de Marion.

– Eu não tenho culpa se você não dá espaço para ela ser legal com você!- o garoto se defendia, profundamente ofendido.

– Jonas acorda! Vejo meu irmão comprado e não posso fazer nada?!..

– Cala boca Judith! Você está errada! Vou te mostrar como está sendo injusta com papai.. Com todos nós! – enfurecido, saiu do quarto deixando-a só.


Ficaram em silêncio; cada qual em seu devaneio.

Jonas mirou num intervalo a lua da varanda do hotel. E Judith não disfarçava as bolsas de água que queriam inundar seus olhos.

Voltou-se para o leito de sua cama.



P3


Dava para ver os seios redondos facilmente alvos no vão da porta.

Ela de dentro, envolvia com os lençóis finos da cama seu corpo branco e belo; ia de encontro ao luar da janela tragar um fumo com a brisa instável do outono. A lua estava realmente bela. De repente, ela vira-se para beira da cama, parecendo aturdida com os uivos do vento.

“Manfred?..” chamara na costumeira voz calma.

“Eu estou aqui.” respondeu o timbre masculino de outrora ríspido, e que agora, parecia quase cantarolar.

A mulher descansava o cigarro no cinzeiro quando o marido voltou a aparecer no quarto, a cintura enrolada na toalha.

O observador recuou-se á um passo atrás da porta.

“Sabe que adoro esses homens de grandes negócios..” contrapôs a mulher num tom provocador.

“ Mesmo?.. Porque eu estou me sentindo um grande homem que acaba de fechar um ótimo negócio!” disse ele empurrando-a para beirada da cama aonde, pouco tempo atrás se dedicavam á um enlouquente amor.


Beijos quentes surgiam na incessante ânsia do casal quando o telefone de Dominguez começava a tocar; o homem profundamente irritado interrompe o momento com sua esposa. Tratos de negócios eram imprevisíveis, assim como os homens desse meio.

Ele atendeu dando uma desculpa qualquer á Marion para se dirigir á varanda, com aquelas inúteis conversas em particular.

Entretanto, a sra Dominguez não parecia aborrecida por ser deixada de lado, eram essas a condições daquela relação. E, ela havia corrido este risco.


Lembrava-se quando era a mais bonita das putas da madame Hughes, eram sete ou oito por dia. Rapazes jovens, cheios de sardinhas e homens maduros cheios de fetiches, mas nenhum outro era tão apreciado como o Dr. Dominguez.

Cheio de jóias caras e rosas com perfume, fazia massagens em seus pés todas as tardes e se embebedavam de vinho fino, caro, trazido do Porto.

Eram as únicas vezes que acordava de manhã no bordel e chorava como um bebê, arrancada do colo e peito farto de leite de sua mãe; ou do que poderia ter sido. Uma vida que poderia ter tido, casada com alguém que a amava de alma, não apenas como um desejo de suprir seu corpo.

Até as vagabundas do bar que ganhavam mais, se queixavam sobre ela, sobre os colares e os brincos que desfilava sobre o salão, enquanto seus corpos eram expostos como carne de açougue, prontas para serem compradas. Mas o que não tinham, era a apreciação que Marion recebia. Parecia ser uma divindade divina; no fim, sentia-se uma mulher sem graça.

“A puta santinha” zombavam com escárnio de suas camisolas finas e compridas que tentavam cobrir seu pecado desnudo, a partir que entrava naquele quarto para receber a freguesia.

Era tão hipócrita e sabia disso porém, nunca deixava ser julgava pelo o que fazia, uma vez que o coração que a comandava. A necessidade de sentir o amor de alguém.


Ah, Dominguez foi o amor de sua vida, a realização de uma vida idealista. Filhos, integridade, casa e companhia.

Agora, entretanto, aquela época perdeu seu encanto, estava em outro momento. Sentia-se vazia com a idade e, a única coisa que a acenderia de novo através da faísca que mantinha, era o dinheiro; o que podia comprar com ele.


Encheu mais uma taça vendo o líquido oblíquo balançar intencionalmente; estaria próxima do seu desejo á menos que se acovardasse, o que tinha certeza que não aconteceria.

Apanhou a nova taça entre as mãos enquanto encontrava os olhos apressados do marido, que acaba de voltar com uma expressão preocupada.


Marion lhe sorriu um pouco e lhe estendeu a mão entregando-lhe uma das taças.

Ele a aceitara de bom grado; mantendo o olhar fixo sobre seu rosto em todas as ações.

“Desculpe querida.. Ao nosso amor.”

Levou a taça de encontro aos lábios.


– Oh! merda...

Jonas viu no relance da porta, a poeira branca se suspendendo do fundo do copo.

Estava posto o veneno.





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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler :*



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