Black Blur escrita por Kilja Blóm


Capítulo 1
N1


Notas iniciais do capítulo

Lembre-se, talvez as histórias aqui não sejam convencionalmente organizadas em: Começo-Meio-Fim. Mas definitivamente, terão um Fim.
Desejo à você, uma ótima leitura :)



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Acabara de espirrar logo após Sâmara Marcelino entregar-me em minha mesa, a bebida quente que havia pedido. Ela pronunciou que estava indo para casa, o que significava que ficaria sozinha agora por diante. Antes claro, teve de me adverti mais de uma vez em sua saída, à me apressar a sair logo dali por causa de meu estado resfriado.

É verdade que não estava em condições sensatas de ficar até tarde naquela salinha. Respirando artificialmente o ar-condicionado poeirento, prejudicando aos meus pulmões fracos, com aquela terrível sensação de morte e o desprezo do mundo. A verdade é que eu precisava ficar, pois precisava usá-lo, não a trabalho claro. Havia feito isso o dia inteiro; mas o fato era: a ausência do entretenimento da internet me matava.

Pois bem, tudo isso por que o meio que tinha de entrar na rede era graças a tia Nani, que liberava os usos nas sextas de tarde- usualmente- quando trazia na volta do trabalho, caixas de docinhos japoneses da velha Michyio.

Mas como era previsto, seu imóvel computador não podia ser deslocado sem a autorização de compartilhamento igual da máquina velha que divido com meu primo Nelson, filho de Nani. Por isso nunca conseguia usá-lo direito, não enquanto houvesse uma “lista de espera” vagante passeando próximo de meu ombro.

Mesmo agora, funcionando mal, seria melhor que gastasse minha pouca economia em um notebook simples para meu uso, mas ainda não podia fazê-lo. Uma vez que meu salário é sempre lipoaspirado no final do mês por um sugador de aluguel; ou melhor, uma sapa sugadora de aluguel. A velhota Sebastiana, engolia meu dinheiro igual a uma mosca com sua língua grande, por isso, eu continuava fazendo o de sempre ao final do expediente, navegar no computador da empresa.

Foi a maneira mais rápida que tive para atualizar meu blog, apesar de haver também vários cyber noturnos abertos á essa hora. Aqui ao menos tinha o café grátis.

Fechei a página do computador que mostrava relatórios da empresa, que antes estava usando e, ouvi o pequeno sinal engolido da minha caixa de entrada, alertando-me sobre uma nova mensagem. Antecipava minha decepção ao constatar mais uma vez, que era uma daquelas imagens de publicações mal feitas.

Francamente, os balões vermelhos e azuis soltos pelo ar, mostravam que Kátia fazia melhor com as mãos banhadas de tinta em papéis brancos jogados pela mesa. Minha sobrinha sempre afiliou diversão à arte.

Tomei outros goles de café forte e assuei o nariz enquanto lia as outras mensagens.

Horrendos como de costume, mirei um gráfico que causava dores nos olhos.

Uma criatura que era para ser ao menos fofa, me mostrava um urso amarelo fluorescente e de olhos vermelhos. Ele segurava um lenço entre as mãos como de partida.

Estaria chorando? Não sei mas, os lenços pareciam uma grande piada a minha saúde. Além de o pobre parecer estar sofrendo de anemia.

Está pessoa está tentando induzir meu psicológico com isso?

Vejo que não, quando reconheço o remetente como Caioix-Fast.

Pela sua mensagem, parece que percebeu algo de errado. Talvez pensasse que tivesse morrido, pois nunca deixo o blog desatualizado por duas semanas e; ou, quando, não lhe faço algumas visitas receptivas em vez disso.

Êxodo de Mentes Frívolas estava com as matérias de costume, confirmando a central de idéias sobre Deuses do Olímpio como fraudes manipuladores extraterrestres; apontamentos de Xavier como golpista; descobertas da ciência balística e coisas autônomas que um pequeno grupo de população defende com idéias pouco convencionais, mas com ótimo discurso. Esse era o blog de meu amigo; ao qual fazia parceria e, que por conta disso, acabara me rendendo respectivamente muitos acessos ao meu, nesses últimos meses.

Numa jogada pouco conhecida que estava explorando, contos de suspense virara-me uma mania. E parece que de outras pessoas também, já que á cada dia, mais gente vinha vendo o que eu escrevia.

A mensagem que o Caio deixara depois da imagem do urso, dizia:

De:@Caioix-Fast

Para:@CelHer

...

O que aconteceu com você? Sério, eu não to tão aborrecido mas, é inexplicável você ficar tanto tempo sem retornar nenhuma mensagem! Espero que esteja melhor. Saudades Celina.. ☺ ”




De:CelHer

Para:Caioix-Fast

Quando eu puder te explicar, eu explico mas, você terá que movimentar as coisas por ai. Ficarei afastada por um tempo, somente atualizarei algumas vezes por semana então não espere que te retorno, porque não poderei.. E eu não gosto quando você manda as mensagens para a caixa de email do meu trabalho. Eu já te disse isso; se quiser que perca o emprego, está fazendo tudo direitinho! Avisado.

Celina Hernández Munhoz

Cisco System Corporation @2012

23h11 pm



Fechei a janela da mensagem meio irritada e tossi me levantando da cadeira. Precisava tomar um ar.

Fui então à escrivaninha de Marcelino, na cabine à direita, já que precisava colocar os prontuários sobre a gaveta. No entanto, acabei derrubando o vaso de antúrios de sua mesa acidentalmente, e tive de apanhar as flores amarelas e os vestígios de terra que mancharam o forro branco. Ajeitara a raiz dentro do vaso como pude, mas logo ouvi um a buzina de carro me dispersando.

Claro, Marcelino certamente devia ter se esquecido de algo e havia voltado ao escritório para apanhar. Bom, sem problemas.

Uma vez que coloquei o envelope cor de área dentro de sua gaveta, atravessei os corredores divididos por cabines e cheguei ao vitrô do edifico, na extremidade do andar, para vê-la.

Procurei pelo seu Citroën em uma vaga do estacionamento, mas as luzes incandescentes brilhavam na solidão da noite escura. Por isso voltei-me para o vácuo do 25º andar da agência de Software que havia me infiltrado, em Setembro do ano passado. E que por acaso, fazendo casualmente o caminho de volta; pude encontrar algo, no mínimo, interessante na cabine pertence Gustavo Rodrigues; meu colega meio termo de trabalho.

Ele é o encarregado do 19º andar e só possuía uma cabine aqui no 25º, no intuito de espionar nossos andamentos e tentar submeter meu cargo como tesoureira. Bem, se havia algo para ser escondido; não seria mais mistério agora.

Foi quando ouvi uma movimentação estranha vinda de trás dos armários de limpeza, próximo ao corredor da sala de reuniões da agência, que me agachei surpreendida.

Agachei-me com o pavor de naquela hora, Gustavo Rodrigues aparecer materializado diante de mim com a concretização daquela temível cena, a minha saída para o olho da rua. Sabia que ele ficava por aqui, já que às vezes o pegara no fim de meu expediente zanzando em uma ou duas noites, desculpando-se por fazer hora extra; e que dizia ele ser constante por causa de seu bom trabalho. Ele é o tipo canalha arrogante.

Eu mesma, talvez não conseguisse usar a mesma desculpa contra dele, por isso tive o intuito de me esconder. Mas o meu medo era de ser vista fazendo descaradamente o que ele faz; com mais descrição é claro: Espionar.

O barulho parecia estranhamente, um tamanco se dividindo.

Abaixei a cabeça tentando deixar minha cabeleira loira fora de sua vista. Então me encostara ao armário de ferro frio e fiquei fitando o auto aonde pendia as luzes claras no teto; o ouvido á espreita para o corredor. Não havia barulhos de passos próximos.

Então ele se interrompeu; levantava-me para olhar o silencio abrupto.

Quando acabo de fitar o armário de limpezas, no corredor da ala da administração, tudo voltou a roncar.

Ouvi as prateleiras derrubarem uma em cima das outras. Debruçava-me atrás da tela do computador, assistindo em estranho silêncio.

Os móveis, junto do armário; começaram á titilar em tremeliques avulsos. Não era um terremoto. Deus! Nem tínhamos terremotos nesse país. O chão se encontrava intacto.

Coloquei-me ao lado da Ciência como para me se auto-explicar, entretanto, ela não me dava resposta alguma; não enquanto meus pensamentos estivessem como borrões pretos.

Escutei tudo com os olhos fechados, numa tentativa de repulsar aquilo. Quando enfim, senti uma coisa peluda perpassar em minhas costas em um relâmpago, pude abrir os olhos e ver minhas pernas cederem agachadas; apoiei-me totalmente tonta contra á cadeira. Estava com um mal estar repentino.

Levantei os olhos para a aparição e encontrei-me quase sem ar, como se me esvaziasse. Deparava-me com a sombra de um gato que passei a reconhecer ser Nabuco, o gato preto de Rodrigues; babava ácido claro enquanto me fuzilava com seus olhos felinos. Tudo era surreal; aquilo estava morto. Fora enterrado assim como Rodrigues dissera, na casa da mãe no Guarujá.

Não pude deixar de gritar, levando as mãos aos ouvidos. Batiam as prateleiras grosseiramente acompanhando o ruído da brisa, que entrando das altas janelas de alumínio sacudia as gavetas, armários, as flores de antúrios amarelas; um verdadeiro compasso sinfônico em allegro.

Minhas mãos em garras sobre as orelhas, permaneciam duras. O tempo parara para nós.

O gato defunto e barrento da cova, passou a se dirigir á mim, vinha com o seu ácido cintilante nojento. Ganhava impulso á medida que começava uma corrida.

Vi a morte cravada nos olhos do persa. Vi também que já era tarde.

Ecoei um grito agudo quando então, pulou contra mim.


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Notas finais do capítulo

Acabou-se :Y



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