Grandes Viagens escrita por Matheus Gonçalves


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Capítulo pequeno, mas antes algo pequeno e bom, do quê um texto bíblico sem nexo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/187850/chapter/6

Eu não viajei esta noite...

Fui jantar com minha mãe, que chegou mais cedo trabalho, e durante todo o jantar, eu fiquei quieto, me concentrando levianamente no meu prato. Minha mãe deve ter percebido meu completo desanimo. Ao final, ela pôs sua mão em cima da minha.

- O que houve filho?

Fiquei um bom tempo quieto. Eu realmente não queria conversar com ninguém, falar com ninguém. Sinceramente, eu adoraria que um avião caísse na minha casa e me destroçasse por completo.

- São as provas – menti – Elas estão cansando.

- É assim mesmo – respondeu mamãe, me dirigindo um fraco sorriso – Logo passa.

Talvez ela tenha percebido o verdadeiro motivo da minha tristeza, porque eu acho que o que ela falou também se aplicava a isto. Ela tirou a mesa, e eu fiquei lá, sentado, olhando para o nada. Wally estava perto de mim, deitado no chão. Talvez ele pudesse sentir o que eu estava sentindo, porque toda vez que eu o olhava, havia resquícios de tristeza em seus pequenos olhos. Fui para o meu quarto e me sentei na cama, entrelaçando as pernas e usando o travesseiro de almofada. Talvez vocês pensem que eu sou emotivo, mas se tivesse noção do que eu havia visto hoje, pode apostar, vocês estariam iguais. Meu cão deitou-se ao meu lado e apoiou a cabeça na minha perna.

- É estranho sabe Wally – sussurrei – Eu tenho esse dom e tudo mais, mas mesmo assim, agora, eu daria tudo para esquecer-se do que vi.

Ele ganiu levemente e se ajeitou no meu colo. Beijei-o na testa e encostei a cabeça na parede. Aquela imagem não saia da minha cabeça. Estava tão concentrado em meus pensamentos que só ouvi o celular tocando na terceira vez. Sai da cama um pouco desanimado e o peguei perto do computador. Era um celular legal, mas nem tão novo. Olhei seu visor, e meu coração pareceu pular. Alexia.

- Fala – exclamei sentando na cama.

 Você não vai acreditar no que houve aqui hoje amor...

Minha vontade era de mandá-la a merda. “Amor é o Bruno” era o que eu queria falar, mas me controlei.

- O que?

A caixa de força da rua explodiu. Foi muito legal.

- Me ligou pra falar isso?

Nossa Miguel, o que houve? O que eu fiz?

TUDO.

- Nada, eu só estou meio cansado. Vou dormir agora, manda um oi pro Bruno por mim...

E desliguei na sua cara, sem querer ouvir mais nada. Tirei a bateria do celular e taquei em cima da escrivaninha. Deitei na cama e fiquei observando o teto. Fechei os olhos e me concentrei.

Eu não iria viajar para longe, mas queria dar uma volta, sair dali. Levantei e olhei a palma da minha mão. Ali estava a luz. Olhei para o lado, e ali estava Tomás.

- Fiquei sabendo o que houve hoje – exclamou ele.

- Nem adianta perguntar como, não é?

Ele sorriu e se ajeitou na cadeira do computador. Ele estava sempre com a mesma expressão, mesmas roupas, era estranho, mas tudo bem.

- Dê tempo ao tempo – respondeu Tomás – O tempo é o melhor remédio.

- Sabe – respondi – Eu não quero falar sobre isso. Será que eu poderia ir para alguma lugar confortável?

- Claro – falou Tomás – Você pode ir para a Praia. Sendo um local de paz, você não precisa se preocupar com o que eu havia falado. Lá, seu dom fica mais forte. Alcança até 500 quilômetros de tranqüilidade.

Assenti e me concentrei na praia. Eu precisava mesmo relaxar. Rapidamente, senti aquele cheiro excelente. Eu não conseguia descrevê-lo, mas tinha certeza que estava na praia. Abri os olhos, e me deparei com uma escuridão oceânica maravilhosa. A lua, assim como as milhares de estrelas, brilhavam incondicionalmente. Até minhas roupas pareciam mais leves. Depois de tudo que senti, e vi, eu precisava mesmo daquilo. Só havia eu ali, no meio de toda aquela areia. Sentei-me e fiquei observando as estrelas, o mar, à lua, completamente tudo. Meus pensamentos pareciam viajar por toda aquela vasta planície. Um sorriso bobo formava-se em meu rosto. Parece que ali, eu não sentia medo, tristeza ou raiva. Era uma das melhores sensações do mundo.

Fechei os olhos e me deite na areia. Eu sabia que não deveria ficar muito tempo, mesmo que eu estivesse protegido. Quando me levantei novamente, eu estava no meu quarto. Tudo que eu havia esquecido por poucos momentos voltou com toda a força. Por alguma razão, eu estava meio que diferente. Minha visão parecia ficar meio embaçada às vezes. Não liguei. Troquei de roupa e me deitei. Eu precisava mesmo dormir... 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Grandes Viagens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.