Grandes Viagens escrita por Matheus Gonçalves


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/187850/chapter/7

Quando o celular começou a tocar, abri os olhos devagar e notei que feixes de luz atravessavam a janela. Olhei para o visor, e olhem que novidade: eu tinha uma nova mensagem. Sabe, quando você acorda, existe aquele momento onde você se desprende do mundo, e até mesmo arranja soluções para todos os seus problemas. Era isso que eu fiz antes de ver de quem era e o que estava escrito. Quer dizer, eu não posso julgar ninguém, nem obrigar ninguém de fazer qualquer coisa. Se os dois se amavam, eu não tinha o mínimo direito de interferir. Se eu iria ficar triste quando os visse juntos? Certeza absoluta. Mas eu não iria parar de falar com eles nem nada disso. Bruno vem sendo meu amigo desde meus oito anos, e acabar com essa amizade por causa de uma garota, por mais linda, maravilhosa, bela, gata e... Estou perdendo o foco. Mas vocês me entenderam não?

Abri a mensagem, e tudo que eu acabei de falar e pensar foi por água abaixo. Ali estava o remetente: Alexia, e a mensagem com os dizeres: Bom dia amor da minha vida, precisamos conversar. Bom, isso me deixou feliz pra caramba e confuso demais ao mesmo tempo. Agora, diferente de antes, minha vontade de esquecer tudo e tocar a vida foi-se embora. Mas acho que era assim mesmo, você encontra a solução para um problema, mas encontra um problema dentro do que você acabou de resolver. Não sou muito de falar palavrão, mas isso é foda...

Agora, a pergunta que não queria calar, e que estava fazendo meu coração congelar: Sobre o que ela queria conversar. Talvez fosse para se declarar para mim. É isso. Ela me chamou de amor da vida dela. Ela está apaixonada por mim, e eu estou apaixonado por ela. Talvez ela tenha ficado com o Bruno por alguma razão que desconheço. Mas ela gostava de mim. Essa energia me fez saltar da cama, colocar minhas melhores roupas, arrumar o cabelo decentemente pela primeira vez em um longo período de tempo, e passar perfume. Enquanto eu fazia tudo isso, ai estava Wally, correndo atrás de mim, latindo e pulando na minha jeans. Ele devia estar bem eufórico também, não sei por quê...

Sai de casa rapidamente e fui em direção a escola, com a bolsa pulando de um lado para o outro. Eu estava realmente muito feliz.

...

Cheguei à escola em tempo recorde. Subi para a sala de aula rapidamente e abri a porta com tudo. Estava vazia. Que estranho. Eu vi pessoas lá no pátio. Desci novamente, e me deparei com o pátio completamente vazio. Estava escuro lá fora, como se faltasse uma hora para o sol nascer. O que estava acontecendo?

Quando olhei para trás, levei o maior susto da minha vida. Ali estava Tomás, bem na minha frente, com suas roupas de sempre, e uma expressão preocupante. O que ele estava fazendo ali?

- Você estuda aqui? – exclamei – Como nunca te vi?

Ele se aproximou e me ajudou a levantar.

- Não estudo aqui Miguel – disse ele.

- Então o que está fazendo aqui? Porque a escola está vazia?

Ele respirou fundo, como se o que fosse falar doesse.

- Você não está na sua escola. Não realmente, pelo menos.

Hesitei. Olhei mais uma vez para os lados. Ali estava o palco, a cantina, os bancos. Olhei para trás, ali estava à quadra e tudo mais.

- Como não estou na escola? Olhe ao seu redor!

- Miguel – disse ele, se aproximando – Você viaja demais...

- Obrigado pelo insulto – exclamei.

- Não. Você não entendeu. Eu poderia explicar de milhares de formas diferentes, mas uma basta. Sua projeção astral, seu espírito, viajou tantas vezes em tão pouco tempo, que distorceu seu cérebro e sua realidade.

Fiquei parado, atônito.

- Desculpa, eu não entendi.

- Quando você “acordou”, pensou estar na vida real. A mensagem, seu cachorro, tudo. Seu espírito viajou para seu mundo dos sonhos. Entende?

- Significa que estou sonhando?

- Seu espírito está sonhando. Você, de algum modo que nunca vi, conduziu seu próprio corpo para a parte do próprio cérebro onde se encontra os sonhos.

Hesitei. Eu realmente não estava entendendo nada.

- Miguel. Você deixou seu corpo, e está em dentro de um mundo completamente diferente. O mundo que você criou.

O mundo que eu criei?

Naquele momento o sol se levantou, e todos os alunos começaram a entrar. Alexia estava ali na frente. Vestia as roupas que sempre imaginei. Ela vinha com um largo sorriso no rosto.

- Tem de sair – exclamou Tomás – Seu corpo está vazio. Você não pertence a este lugar.

- O mundo que eu criei – sussurrei – E não pertenço a este lugar?

Alexia passou por mim, como as pessoas passavam por uma névoa, e abraçou a mim mesmo, que se encontrava atrás de minha pessoa. Era eu ali, beijando-a e abraçando-a. Logo Bruno se junta a nós, e começamos a conversar alegremente. Eu estava adorando aquilo. Eu estava feliz ali.

- Tem que voltar Miguel. Voltar para o mundo real.

- Tudo bem, tudo bem – exclamei – Mas não posso ficar aqui só mais um pouco?

Naquele momento ouve um barulho ensurdecedor. Como um grito terrível. Tapei os ouvidos e me ajoelhei.

...

Quando abri os olhos, eu estava na minha cama. Meu celular estava quieto, e estava escuro lá fora. Belisquei-me algumas vezes e olhei a palma de minha mão. Nenhuma luz. Wally dormia tranquilamente aos meus pés. Afinal, o que acabou de acontecer? Olhei para os lados, mas não havia nada errado. Deitei-me novamente, e o despertador tocou. Hora de ir para a escola!

...

Sentei-me ao lado de Alexia e abri meu caderno. Ela percebeu que eu estava diferente, mas nem falou nada. Grande consideração.

- Queria falar comigo? – exclamei. Ela fez uma expressão interrogativa, e tive vontade de me matar – Ah, esquece, acordei meio estranho hoje.

- Você está estranho – disse ela olhando-me.

Queria realmente falar a verdade. Contar tudo. Mas sabia que eu iria ser tratado com um louco esquizofrênico.

- Só estou preocupado com algumas coisas.

Depois de um tempo notei que Bruno não estava ali. Naquele momento hesitei. Espera ai, como Tomás soube onde eu estava? Fiquei pensando nisso até depois das aulas, onde eu olhava às vezes para Alexia, e tinha certeza que às vezes ela também me olhava. Afinal o que estava realmente acontecendo? O que Tomás poderia estar escondendo de mim?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estão gostando ? ^.^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Grandes Viagens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.