Grandes Viagens escrita por Matheus Gonçalves


Capítulo 3
Capítulo 3




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Sentei-me e comecei a dar risadas...

Imaginem: poder viajar para onde quiser sem ninguém te ver. Uau. Quando eu era pequeno, sonhava em poder voar, soltar raios lasers, levantar brinquedos com a força dos meus pensamentos e tudo o mais. Mas esse poder era sem dúvida o melhor. Agora que eu sabia que podia fazê-lo, eu devia aproveitar a noite ao máximo...

Levantei-me e fui em direção a parede que levava para a garagem. Fechei os olhos e estendi a mão. Eu era um espectro, podia atravessar qualquer coisa. Mas não significa que eu não tenha receio. Dei o primeiro passo e entreabri os olhos. Eu estava a alguns milímetros da parede. Era agora ou nunca. Respirei fundo, e joguei meu corpo com toda a força em direção a sólida estrutura. Depois que dei três ou quatro passos, me desequilibrei e cai. Não senti nenhuma dor, e quando abri os olhos, eu estava do lado de fora da casa. O terno ainda estava em perfeitas condições, sem nenhuma sujeira sequer. Comecei a dar risadas do nada. De certo modo, eu estava livre.

- Legal – murmurei.

Mas será que eu podia fazer outras coisas? Concentrei-me nos meus pés. Queria fazê-los subir. Levitar. Ir em direção ao céu estrelado. Nada aconteceu. Será que eu teria que viajar a pé?

- Merda – gritei, batendo o pé no chão. Rapidamente fui jogado contra o telhado. Mas consegui parar antes de tocá-lo – Maneiro...

Experimentei mais três vezes. Para subir, bater o pé, para descer era só pensar nisso. Passei pelo telhado e observei o céu. Sempre tive medo de altura, mas agora, ele parece ter cessado. Subi ainda mais alto. Caramba, a sensação era ótima.

Comecei a voar para qualquer lado, virando qualquer esquina, entrando em qualquer rua. Havia vários carros nas ruas e pedestres, mas ninguém me via. Passava entre todos, e todos nem mesmo sentiam algo. Eu dava risadas de besta. A melhor coisa da noite foi subir no prédio mais alto da minha cidade, respirar fundo, fechar os olhos, e pular. Não quis voar, deixei que meu espectro caísse. Cada vez mais rápido. O vento batia no meu rosto, e sensação era mágica. As luzes da cidade, os barulhos. Tudo. Quando comecei a chegar ao chão, fui diminuindo a velocidade e pousei. Aquilo era maravilhoso. Poderia fazer isso por toda a noite, mas havia coisas melhores. As pessoas passavam e eu as olhava diretamente. Algumas estavam conversando nos celulares, outras conversavam entre si. Havia mulheres lindas ali, e eu podia secá-las absurdamente, e elas nem mesmo percebiam. Aquilo era o máximo.

Pensei em tentar algo. Eu era um espectro, significa que podia me materializar aonde quisesse, quando quisesse. Quase como um Jumper (eu me amarrei naquele filme). Antes de eu contar sobre o que está prestes a acontecer, vou falar sobre duas pessoas.

Alexia era minha melhor amiga. Quando eu estava com ela, estava tudo bem. Ela fora no enterro do meu tio hoje, e estava realmente linda. Era branca, parecia uma princesa com aqueles cabelos negros e olhos esverdeados. Era tão linda. Sempre sorrindo, se divertindo, me abraçando. E tinha o Bruno, meu melhor amigo.

Ele não era muito diferente de mim, tirando o fato de ser um pouco mais popular. Loiro, forte, e um amigo e tanto. Já brigamos juntos tantas vezes. Ele nunca me abandonou. Era o tipo de pessoa que você pode contar pra qualquer momento de sua vida. Por ele eu colocava minha mão no fogo.

Bom, agora que vocês têm uma noção de quem eles são, posso voltar do ponto em que parei.

Fechei os olhos e me concentrei na figura de Bruno. Na sua casa, na sala, cozinha, em tudo. Senti um leve formigamento por todo o meu corpo. Ouve um estalo, e quando abri os olhos, levei um leve susto. Eu estava ali, na sala dele. Estava escura. Todos já deviam estar dormindo. Subia as escadas e ultrapassei a porta de seu quarto. Ali estava ele, sentado na frente do computador, vendo algumas coisas... Esse não é ponto. Dei risadas e notei que havia uma toalha embaixo da porta, impossibilitando que a luz fosse para o corredor e chamasse atenção. Tentei chamá-lo algumas vezes, mas me lembrei que ninguém poderia me ver. Era estranho sabe, ver seu melhor amigo e não poder falar um oi sequer. Notei que ele estava com fones de ouvido, e havia uma garrafa de Coca Cola vazia perto do monitor.

Agora que eu tinha certeza que podia me tele transportar, fechei os olhos novamente e me concentrei em Alexia. Só fui uma vez em sua casa. Ela era rica, e chamar sua casa de casa era um pouco estranho. Seu pai era tenente do exercito, e sua mãe advogada. Voltando ao que importa. Fecheis os olhos novamente, e aconteceram as mesmas coisas.

Quando dei por mim, eu estava no quarto dela. Alexia estava linda. Olhava a vista pela varanda, apoiada. Vestia shorts curto e uma regata branca. Os cabelos estavam soltos. Mais bela que Afrodite. Cheguei ao seu lado e me apoiei na varanda também. Fiquei olhando para ela durante vários minutos, e a cada momento mais eu percebia o quanto era linda. Nem um único defeito. Tentei passar a mão em seus cabelos, mas minha mão passou pelo seu corpo. Algo aconteceu, ela sentiu um leve arrepio. Aqueles arrepios que lhe dão vontade de sorrir. Fiquei feliz com isso. Significa que, se eu tentasse tocar alguém que eu amasse, era essa a reação. Sorri para mim mesmo. Alexia saiu da varanda e encaminhou-se para a cama. Deitou e fechou os olhos.

- Durma com Deus – sussurrei.

Quando notei que ela havia dormido, comecei a voar e fui para longe dali.

Tudo que estava acontecendo era maluquice, mas eu adorava ser maluco. Depois de alguns minutos voando, notei algo estranho. Minha cabeça começava a doer. Uma dor leve, mas esquisita. Parecia que alguém chamava meu nome. Concentrei-me na fraca voz, e senti que meu corpo era puxado rapidamente.

Quando abri os olhos, ali estava eu, na minha cama. Minha mãe é que me chamava.

- Sono pesado hein – brincou ela – Venha jantar.

Levantei-me, e Wally ficou me observando. Fiz carinho nele. Eu não estava cansado. Parece que mesmo que eu viajasse durante uma noite inteira, o meu corpo descansava. Descobri varias coisas legais hoje, e na próxima noite seria bem melhor.


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