O pai e o filho seguiram pelo corredor estreito até chegarem a uma porta. Itachi sabia que lá era uma das salas de reunião do clã. –Apesar de também saber que havia outra escondida.

O Uchiha mais velho abriu a porta sem cerimônias; e logo depois de entrar sentou-se numa cadeira majestosa, e com um sinal de cabeça pediu para o filho sentar.

Ao perceber que o garoto não iria questionar nada, -Nem o motivo de estar ali- iniciou o dialogo.

- Itachi, eu quero saber o que faz aqui? – Perguntou alterado, mas não muito, pois sabia que isso não intimidava o filho.

-O senhor me trouxe até aqui. –Falou cínico, pois sabia que não era essa resposta que o mais velho queria.

-Não se faça de bobo, você sabe o que EU quero que responda, - Pausou. Quanto mais calmo ficasse seria melhor. –Porque não foi à missão que o Sandaime ordenou?

- Por que, se eu fosse não poderia comparecer ao aniversário de Sasuke. –Falou simplesmente. Ele não demonstrava remorso no que fez, e isso deixava Fugaku furioso.

-Isso não é motivo para faltar, você sabia que essa missão era importante. –Fugaku retrucou em resposta do jeito calmo do filho.

- Quem lhe contou sobre a missão? –Itachi, sem perder a calma, indagou.

- Itachi, meu filho... –Fugaku se levantou da cadeira e se apoiou na mesa; ficando cara a cara com o adolescente. –Não se esqueça de que: Mesmo que você esteja na ANBU, eu ainda sou o seu responsável, assim eu sei de 90% das missões que você participa.

Itachi não podia acreditar. Como Fugaku poderia saber de tudo? Alguém... Alguém estava o vigiando... Mas quem? A não ser que Fugaku ameaçou Konoha para saber sobre as missões do filho.

Ao ver que o garoto ficou paralisado, por estar surpreso, Fugaku continuou.

-Apesar de ser um assassino sangue-frio você é apenas um adolescente. Um garotinho indefeso... E se depender de mim, você irá cumprir todas as missões que lhe forem resignadas.

Itachi apertou as mãos, as fechando; em forma de soco, do lado do corpo. Logo após disse:

- Mas não depende de você. –Falou um pouco alterado.

Fugaku deu um sorriso bem pequeno, quase imperceptível. Nunca viu o filho alterado, então para ele; ver o showzinho de Itachi era divertido.

- Claro que sim. Sabe o que eu percebi sobre você? – Itachi nada disse e apenas escutou. –Que depois que o Sasuke cresceu um pouco, você ficou mole demais.

- Isso não tem nada a ver com o Sasuke. Ele é só uma criança, nem sabe que eu estou aqui. –Falou calmo. E isso irritou o pai novamente. Ele queria ver o outro bravo e ofendido.

- Tem tudo a ver com aquele pirralho. Ele não tem condição nenhuma de honrar o nome dos Uchihas. Mal sabe empunhar uma kunai, sem se ferir, é uma criança mimada por Mikoto e você.

- Ele acabou de completar cinco anos. Sasuke não precisa saber esse tipo de coisa. –Itachi sussurrou, de tanta raiva que estava.

- Você com cinco anos já sabia fazer o Katon. Ele nunca vai aprender se tiver tudo fácil ao seu alcance, ele terá que trabalhar duro para conseguir poder. –Fugaku explicou bem mais calmo.

O homem mais velho deu-se por si do que estava fazendo. Tinha provocado tanto o filho, que o mesmo já estava com o Sharingan ativado. Não que tivesse medo do adolescente, -Aliás, venceria o garoto de 13 anos fácil- mas era melhor não causar uma briga com o seu filho.

  Vendo que o pai já falava calmamente, Itachi desativou o Sharingan. Ele estava com tanta raiva, que por extinto, acabou o ativando sem notar.

- Esse é o seu problema pai. Sempre vive comparando eu com Sasuke, e isso o magoa. Nós somos irmãos, não copias.

- Mas mesmo assim, você receberá o seu castigo. –O mais velho voltou a se sentar na cadeira e prosseguiu. –Quero que se afaste do Sasuke.

- O que? Por que eu faria isso? Ele é meu irmão! –Itachi voltou a se estressar.

- Calma. Só por um tempo; isso vai ser para o bem de vocês dois, assim ele se tornará mais independente e você mais responsável.

- E se eu não aceitar a sua “proposta”? –Disse Itachi irônico.

- Você não tem escolha.

- Como não tenho escolha?! –Perguntou um pouco alterado.

- Se não aceitar eu conto para Sasuke o que um ANBU de verdade faz... Aposto que ele não sabe. Se você não se afastar por bem, ele vai se afastar por medo. Imagine a carinha dele ao saber que o irmão é um assassino?

- Você não é um pai! Pais não ameaçam os seus filhos dessa maneira. Se continuar assim Sasuke nunca vai considera-lo com um. Sempre vive dizendo que eu sou perfeito, enquanto trata-o como um qualquer! –Itachi falou, aumentando um pouco a voz.

- Eu estou fazendo isso para o seu bem, moleque! –Fugaku se esqueceu de que havia prometido a si mesmo que manteria a calma.

-Para o meu bem?! –Itachi soltou uma risada debochada- Estou vendo que é para o MEU bem!

Fugaku se assustou um pouco. Já era difícil ver o filho sorrir, imagine gargalhar de uma maneira cínica como essa.

-Itachi eu sou seu pai e mereço respeito! –Fugaku gritou, batendo forte com as mãos na mesa.

- Para mim você não vale o que come! –Itachi gritou. Novamente tinha o Sharingan ativado.

O garoto estava fora do controle. Nem se dava por si o que estava fazendo. Nem mesmo sabia as palavras que pronunciava.

-Itachi! Você vai se arrepender de ter feito isso!

- O que vai fazer?! Vai me bater agora?! –Indagou Itachi cinicamente.

- Isso vai doer mais em mim do que em você... Acredite.

Rapidamente Fugaku segurou o filho pelo pescoço e Itachi nada fez. Começou a rir, como se estivesse se divertindo com a situação do pai.

Mas ao contrario do que pensou, o mais velho não o agrediu. Com um jutsu estranho –Pelo menos para o adolescente, que nunca tinha visto ninguém usar- imobilizou o garoto.

Agora Fugaku também estava com o Sharingan ativado, e encarou o filho.

A cena resumia-se a: Fugaku pressionando o filho contra a parede; o segurando pelo pescoço e Itachi não dava mais nenhum sinal de divertimento. O menino encarava os olhos do pai, como se encara o vazio.

Uns 30 segundos depois, o mais novo desmaia e cai em um sono profundo.

 Assim o mais alto o segura e o põe sentado na cadeira, mas o outro ainda continua de olhos fechados.

- Desculpe meu filho... Eu não queria fazer você sofrer... –Fugaku disse afagando os cabelos longos do adolescente.

Esperou a festa acabar e todos os convidados se retirarem e foi até a sala conversar com a mulher. Subiu sozinho e deixou o mais novo na sala de reuniões.

A encontrou varrendo o chão da sala, mas ao lado dela, no sofá Sasuke estava sentando; assistindo TV.

- Mikoto, preciso conversar com você. –Falou se referindo a Sasuke que no momento que o pai chegou atiçou os ouvidos para escutar todo o dialogo.

- Claro querido... Sasuke, por que não vai brincar no seu quarto? –Perguntou sugestiva.

-Hai. –A criança correu para o seu quarto, alegre com a ideia de poder brincar.

Já se aproximava das 9 horas da noite. O homem sentou no sofá e logo em seguida a mulher sentou-se na sua frente.

-Mikoto, está acontecendo algo com o Itachi. –Falou com tom de preocupado.

- Ele está doente? –A mulher perguntou, ponhando uma das mãos sobre os lábios

- Acredito que não. Fisicamente não. Mas talvez psicologicamente. –Falou ainda mais preocupado.

- Como assim? –A consorte indagou ainda mais confusa.

- Não sei direito. Mas eu queria que você ligasse para o nosso médico; ele saberá manter segredo sobre algo com isso.

- Sim. Eu irei ligar imediatamente. –Disse Mikoto.

Fugaku foi até a sala que estava mais cedo com o seu primogênito. O carregou até o quarto que o menor dormia.

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O médico chegou todo enfadado e sério. Cruzou os corredores seguindo Fugaku; logo chegaram até o quarto que o adolescente estava e os três, Fugaku, Mikoto e o doutor, se sentaram em cadeiras que se encontravam no local.

Depois de exames básicos, tais como; medir a temperatura e etc., o medico virou a atenção para os outros presentes.

-Senhor Fugaku, Senhora Mikoto, aparentemente o seu filho está bem, mas receio que seja apenas aparentemente. Como podem ver ele está transpirando, isto indica febre. Mas não encontrei nenhum sinal de gripe ou qualquer outra doença que possui esse sintoma.

- Então o senhor está afirmando que a sua febre é psicológica? –Mikoto perguntou angustiada.

- Sim. Isso mesmo. – O doutor pausou, e suspirou fundo para continuar. –Mas antes de confirmar com toda certeza preciso fazer algumas perguntar para vocês.

-Prossiga. -Fugaku pediu.

- Bom... Eu preciso que definam a personalidade de Itachi, antes de notarem alguma diferença.

- Ele sempre foi calmo, obediente e nunca mostrou agressividade. -Falou Mikoto, ainda com a voz preocupada.

-Também não era do tipo questionador, e obedecia em qualquer circunstância. –Fugaku concluiu a fala da esposa.

O medico anotava tudo em um pequeno bloco de folhas.

-Desde quando ele passou a agir diferente? –Indagou o doutor.

- Faz uns três meses... –Fugaku disse tentando forçar a memória.

A mulher dessa vez ficou calada. Ela não tinha o que dizer... O filho não havia mudado com ela.

- O senhor se lembra de algum acontecimento importante, para o Itachi, por essa data?

- Bom... Foi neste mês que Itachi entrou para a ANBU. –Mikoto interviu na conversa. Fugaku só confirmou com a cabeça.

- Eu não tenho um diagnostico completo, por isso só posso dizer o que acho. Itachi aparenta ter algum tipo de transtorno bipolar.

- Como assim? Tem certeza?-Fugaku perguntou um pouco surpreso.

- Não senhor, eu não tenho certeza, mas há 10% de chance dele ter algum transtorno... Por isso eu vou pedir para que me deixem retornar amanhã, assim poderei fazer algumas perguntas a ele.

-Sim... Volte. –Mikoto falou ainda surpresa, pela revelação do medico.

-Mantenham-no descansando e não deixe levantar da cama até eu voltar.

Depois dessas poucas palavras o doutor saiu. Mikoto encarava Fugaku atrás de respostas. Ora, pra ela Itachi não havia mudado em nada. Não adianta falar que o medico estava certo que ela não iria encarar essa fala como uma verdade.

Mas enquanto recebia olhares questionadores da esposa, Fugaku, olhava ternamente para o filho. Ao contrario do que parece, ele não era um pai maligno, mas teria que fazer um teste com Itachi.

Sabia que o Itachi de antigamente não reagiria daquela forma... Talvez fosse o trabalho que havia o deixado cansado demais.

Vendo que não teve nenhuma reposta em relação aos olhares, Mikoto resolveu falar:

-Fugaku... Aconteceu algo entre você e o Itachi que eu não saiba? –Perguntou com aquela voz, a voz que o marido já sabia que não iria escapar do interrogatório.

- Podemos conversar sobre isso amanhã? –O outro disse em resposta.

Apesar de estar curiosa a dona já sabia que iria ter que esperar até amanhã.

-Tudo bem. Mas lembre-se de que estou esperando esclarecimentos.

- É melhor irmos dormir. –O homem disse, já saindo do quarto, sendo seguido pela esposa.

E os dois saíram deixando o filho ressonando no quarto.

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Já se aproximava das duas da manhã. Mas Sasuke não sabia disto. Não estava conseguindo dormir, pois ouvia barulhos esquisitos no quarto e estava com muito medo.

Levantou depois de mais uma sessão de ruídos, e saiu do quarto levando consigo o seu urso de pelúcia. Com pequenos passos andou até parar na frente da porta do quarto do irmão.

-“Será que o nii-san vai ficar bravo?” - Pensou enquanto se mantinha quieto. “Não, ele nunca fica bravo.”

Com cuidado girou a maçaneta da porta e entrou. Viu que o seu irmão estava dormindo, andou bem devagar até alcançar a cama do maior. Sem fazer o mínimo som, deitou-se ao lado desse e se aconchegou para dormir.

Itachi sentiu alguém perto de si, e com muito esforço abriu os olhos... Sasuke estava ali.

-Sasuke, o que faz aqui? –Perguntou sonolento.

-Eu ouvi alguns barulhos estranhos no meu quarto e não consegui mais dormir. –Falou baixinho, como se estivesse com vergonha por sentir medo.

- Deve ser só mais um galho na sua janela. –Disse relembrando da ultima vez que Sasuke veio para sua cama.

-Não... Tenho certeza que deve ser um daqueles yokais¹, você me contou que eles adoram assustar crianças. –Falou olhando para cima, encarando os olhos do irmão.

-Otouto-baka, isso foi só um estória. –Falou calmo.

- Mas... –Pausou- Eu posso dormir com você hoje? –Perguntou manhoso.

-Tudo bem.

E assim Sasuke fechou os olhos e voltou a tentar dormir. 5 minutos depois, o pequeno já estava no mundo dos sonhos. Mas com o mais velho foi diferente. A sua cabeça latejava, os seus olhos ardiam e pior: Não tinha a mínima ideia de como havia vindo parar na sua cama.

Alias, a ultima coisa que se lembrava era; o pai o chamando para a sala de reuniões.

Esforçou-se mais um pouco. Nada. Não se lembrava de nada... Como alguém se esquece de algo assim? Não é possível.

Refletiu um pouco sobre a sua falta de memória e depois acabou pegando no sono.

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Acordou com a sua mãe tirando Sasuke de si. Ele se sentou na cama e olhou para a mulher, como se buscasse respostas.

- Vamos Sasuke... Levante-se, se não você vai perder a hora do café. –Mikoto falou, balançando a criança pelos ombros.

-Não mãe... Aqui “tá tão bom”. –Falou o pequeno se agarrando mais nos cobertores.

Vendo os olhares questionadores do filho mais velho a dona de casa falou:

-Parece que você passou mal e desmaiou ontem, Itachi. –Não falou toda a verdade, até porque não sabia.

- O nii-san está doente? –Sasuke ficou de joelhos na cama, tocando a testa do irmão com as pequenas mãozinhas.

- Parece que você já está bem melhor, mas fique de cama. Pelo menos até o doutor chegar. –Mikoto disse atenciosamente.

Itachi assentiu e viu Sasuke e Mikoto se retirarem do quarto.

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Depois de 30 minutos o doutor na estava presente na casa da família Uchiha. Sem cerimônias, Fugaku o levou até o quarto do seu primogênito e quando chegaram encontraram Itachi sentado na cama, olhando para o nada.

Logo depois o pai saiu e deixou os dois a sós.

-Bom Itachi, eu estou aqui apenas para fazer algumas perguntas... Se você me permitir é claro. –O mais velho perguntou, e logo após recebeu apenas a constatação que queria com um aceno de cabeça.

- Você gosta muito do seu irmão não é? –Perguntou como se fosse perguntar simples.

Mas o que a maioria as pessoas não sabem é que; muitas vezes uma pergunta leva a outra. Com uma pergunta boba como essas um bom médico pode descobrir um grande segredo.

-Ele é o meu irmão, tenho o dever de protegê-lo. –Falou calmo e sereno.

-Sim. Isso é verdade. –O doutor concordou, escrevendo em seu bloco de folhas a resposta do garoto. –E o seu pai e a sua mãe... Você também gosta deles, não é?

Itachi nada disse, apenas acenou com a cabeça.

-E o seu trabalho... Você gosta? –Perguntou curioso, pois essa era a pergunta que lhe interessava desde o começo.

- É um trabalho qualquer. Eu me sinto útil para Konoha o cumprido.

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Depois de varia perguntas, o doutor desce com um aspecto neutro. Aproximou de Fugaku e Mikoto que o aguardava na sala.

- O meu filho está bem, doutor? –A dona foi a primeira a perguntar.

- Sim. Parece que ele está apenas mal-humorado. Deve ser por causa do trabalho.

- Mas e a febre? –Fugaku perguntou.

- Foi só um efeito colateral, provavelmente do jutsu que o senhor usou.

- Entendo.

-Mas como podemos ajuda-lo? –Mikoto perguntou preocupada.

- Eu recomendo deixa-lo de folga por uns 15 dias. Isso deve resolver.

Depois de uma breve conversa o medico se retirou. Os pais suspiraram, e se sentiram bem mais calmos.

Youkais¹: Yōkai (妖怪 lit. demônio, espírito, ou monstro?), também escrito como yokai e youkai, é uma classe de criaturas sobrenaturais do folclore japonês, que inclui o oni (ogro), a kitsune (raposa) e a Yuki-onna (mulher da neve). Alguns são humanos com características de animais, ou o contrário, como o Kappa (criança do rio) e o Tengu (cães sagrados). Um yōkai geralmente tem algum tipo de poder sobrenatural ou espiritual, e assim encontros com humanos tendem a ser perigosos. Um yōkai que tem a habilidade de se transformar é chamado de obake. O termo yōkai é ambíguo, e pode ser usado para designar todo tipo de monstro e criatura sobrenatural.