A Verdadeira Face Do Amor 2 - Vida Nova! escrita por Jessy Rodrigues


Capítulo 6
A Viagem e a Preparação




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/181909/chapter/6

Ichigo sentia um leve roçar em sua bochecha e ronronou com uma gata, enquanto alguém segurava a risada.

–Ryou... – Chamou manhosa. – Você me fez ronronar, sabe que tenho vergonha disso.

–Sabe que gosto disso. – Ele beijou o canto dos lábios. – Vamos tomar café?

–Que horas são?

–Cinco e meia. Precisamos nos arrumar.

As semanas passaram rápidas, muito rápidas! A hora de se mudar estava chegando, em apenas algumas horas estaria morando do outro lado do mundo.

–Já está tudo preparado para nos casarmos, é só chegar e você se arrumar.

Sim, casariam ainda naquele dia e só depois a ruiva conheceria a nova casa.

–Não quero levantar.

–Então também não quer casar?

–Não disse isso, é só que estou morrendo de preguiça, eu não consegui dormir essa noite.

–Ficou enjoada?

–Não, só um pouco ansiosa. – Ela sentou na cama e passou os dedos pelos fios ruivos, desembaraçando um pouco. – Vamos, tenho que comer por quatro.

Desceram e preparam juntos o café, Ryou esquentava o pão e fritava o presunto e o queijo e Ichigo fazia café e arrumava a mesa.

–Não falta pegar nada, Ichigo?

–Não... Não que eu me lembre. Ryou, você tem certeza que já está tudo pronto?

–Sim, as flores já desabrocharam, o buque já está feito, o bufê já chegou e estão preparando as comidas e o local já está todo decorado.

–Sabe, fiquei pensando que você ainda não sabe como é o meu vestido.

–Nem devo saber, isso dá azar.

–Mas você não vai ver, só saber. E não achei que fosse supersticioso.

–Não sou, só não quero correr nenhum risco.

Ela soltou uma risada nasal e sentou-se à mesa. Ryou trouxe os pães e tomou um gole do café com leite.

Ichigo terminou primeiro e foi tomar banho e pentear o cabelo, não podiam mais perder tempo. Ryou tirou a mesa e foi se arrumar também. Em uma hora os dois estavam prontos. Subiram na moto e Ryou tentou dirigir não muito rápido, seria a última vez que Ichigo veria aquela paisagem durante um bom tempo. A garota prestou atenção em cada pessoa, em cada rosto, na estrada, as flores de cerejas que já desabrochavam, os animais com seus donos e o canto dos pássaros. Mas aquele caminho era diferente do caminho para o aeroporto.

–Ryou, não conheço esse caminho.

–Quero fazer uma coisa antes.

Ele parou a moto em frente a casa dos pais da Ichigo.

–Por que estamos aqui?

–Vamos ficar um bom tempo sem voltar aqui e sei que já tem essa casa na memória, mas veja ela uma última vez.

Ela entrou um pouco receosa e subiu para o quarto. Lembrou de acordar atrasada para ir para a escola, de cair no chão e bater o nariz, de prender o cabelo com as fitas ali. Lembrou de ter dormido e Ryou ali encostado olhando e cuidando dela, lembrou de quando descobriu que estava grávida, lembrou de ter se perguntado se Ryou ainda a amaria enquanto esperavam o sono vir.

Chorou ao entrar no quarto dos pais. Ele esteve trancado durante anos, ela nunca teve coragem de entrar ali depois da morte deles. A cama ainda arrumada, as roupas que voltaram da viajem, o quadro deles, os sapatos guardados, as janelas fechadas. Ryou entrou no quarto e apertou suavemente os ombros tensos.

–Você nunca vai estar deixando eles, e tenho certeza de que te desejam felicidades.

–Exceto meu pai, ele deve estar desejando sua morte.

O loiro riu e a abraçou. Desceram as escadas e ela olhou os quadros presos nas paredes.

–Você quer levá-los?

–Não, quero que essa casa continue como sempre foi, ela é perfeita desse jeito. Vamos, antes que eu fique inchada de chorar.

Ele lhe deu um beijo doce e deixou que ela fosse até a moto colocar o capacete enquanto ele trancava a porta.

–Prometo fazê-la feliz, obrigada por terem estado com ela, mas agora peço permissão para tê-la ao meu lado o resto da vida.

–Vamos logo, senão perderemos o avião.

Ele colocou o capacete e olhou de esguelha para a casa, enquanto Ichigo chorava vendo como ela se afastava a cada acelerada do futuro marido.

Muito dramaticamente, Ryou se despediu da moto e disse que ela deveria ficar no Japão.

–Você deveria levá-la, já que gosta tanto dela.

–Não, quero que ela fique aqui, ela chamaria muita atenção nos Estados Unidos.

–Como se aqui ela não chamasse.

–As pessoas já estão acostumadas e me ignoram.

–Você ainda vai vê-la, não chore. – Ela brincou fazendo uma cena e ele riu.

Deixaram as malas na esteira e entraram no avião. Ichigo segurava forte na mão do loiro e ele deu uma mordida na orelha dela.

–Dorme um pouco.

–Quero ver a paisagem.

–Que paisagem? Só terão nuvens.

–Quero ver o Japão ficando pequeno.

Ela se debruçou toda sobre o noivo para olhar pela janela. O avião estava decolando e mentalmente ela se despedia do lugar onde cresceu. Acabou dormindo debruçado sobre o loiro e ele tirou a blusa de frio para cobrir o corpo da namorada. Não quis pedir um cobertor porque isso poderia acordá-la e não estava com frio.

Quando finalmente chegaram e o avião pousou, ele acordou a garota.

–Foi rápido.

–Isso porque você ficou dormindo.

–Deveria ter dormido também, senão vai ficar cansado cedo.

–Eu não estava com sono.

Os dois desceram do avião, pegaram as malas e Ryou pediu um táxi. Ichigo também cochilou até chegar em casa. Ryou vendou os olhos dela e a acordou.

–Você ainda não pode ver a decoração. - Foi o que ele disse para convencê-la.

E de olhos vendados, passou pela entrada, subiu escadas, andou por corredores longos e entrou em um cômodo. Ryou lhe tirou a venda e ela ficou maravilhada. O quarto era branco, alguns arabescos na cor rosa no rodapé e uma porta de madeira branca com a fechadura prata. O piso de madeira claríssima. Ela logo soube que aquele não era o quarto, pois haviam poltronas de madeira clara com estofado branco, um palquinho também de madeira clara com espelho se curvando atrás dele. Como nas lojas de roupas de noiva. Havia uma mesa com algumas bebidas, xícaras e doces.

–Eu pedi que suas amigas arrumassem o vestido no cabide, está ali naquele guarda roupa. – Apontou para o móvel branco com puxadores de cristal. – Ali está tudo que você pode precisar, como maquiagem, perfume e acessórios para o cabelo – Apontou para uma penteadeira -, e ali é o banheiro. Fique a vontade, a casa é sua.

Com um beijo rápido, deixou a garota lá dentro.

–Droga, eu não sei o que fazer...

–Então deixa que a gente ajuda! – Gritou Pudding.

–Vocês já chegaram?

–Primeiro do que você. Viemos ontem à noite. – Respondeu Lettuce sorrindo docemente.

–Nossa, devem estar cansadas.

–Alguém precisaria ficar olho na decoração. – Explicou Zakuro.

–Vocês decoraram?

–Você não acha mesmo que eu trabalharia só para organizar seu casamento, não é? – Perguntou Mint ofendida.

–Ela trabalhou mais do que todo mundo, ficou correndo com a decoração e ajudou o Keiichiro com os bonequinhos do bolo. – Contou Lettuce e Mint corou fortemente.

–Ah, obrigada, Mint. Obrigada a todas vocês.

–Que isso, não precisa agradecer, é como um presente. Imaginamos que vocês não precisariam fazer um chá de cozinha, então não teríamos como dar presentes, fizemos o máximo que podíamos. Agora, vá tomar um banho, temos muito a fazer.

Zakuro a empurrou para o banheiro e lhe entregou xampu e condicionador.

Ichigo abriu a boca ao ver o banheiro: todo de mármore com uma banheira enorme. Abriu a torneira e esperou que a banheira enchesse, tirando devagar cada peça de roupa. Viu um vidrinho de sais de banho em cima da pia e não pensou duas vezes. Alguns minutos depois de entrar na banheira, ouviu batidas na porta.

–Entra.

–Senhorita, eu vim para lhe ajudar a relaxar.

–Como assim.

–Vou fazer um tratamento completo em sua pele.

Ela cortou rodelas de pepino, colocou um creme facial, fez massagem nos pés, na cabeça e depois nas costas. Lavou o cabelo de Ichigo, fazendo praticamente mais uma massagem. Ichigo saiu da banheira e sentou num banco de mármore para a mulher limpar seu rosto devidamente.

–Passe esse creme no corpo e coloque essa lingerie, é um pedido de Zakuro.

Ah não, as meninas já tinham decidido tudo por ela! Ao menos o vestido foi idéia completamente dela. Colocou a calcinha fio dental branca e o sutiã de renda. Ele era de seda branca, com uma fita rosa de cetim passando no topo do sutiã, criando babados. Achou também uma meia calça branca, quase transparente, e sem detalhes. Vestiu o roupão e saiu do banheiro.

–Senta aqui, que agora eu vou produzir seu cabelo.

–Eu não quero nada chamativo, só quero que prenda as franjas laterais.

–Ai, tem certeza, ruivinha? – Perguntou o cabeleireiro.

–Sim.

Ele prendeu as franjas laterais ruivas na parte de trás do cabelo. Juntou os fios de cada lado e fez um pequenino coque, preso com uma presilha de brilhantes, que ainda deixavam os fios caídos se misturarem com o cabelo solto. Enrolou as pontas dos cabelos e colocou uma pequena coroa com um rubi na cabeça.

–É um rubi de verdade, esse é o meu presente.

–É lindo, obrigada, Mint.

A azulada sorriu orgulhosa de seu trabalho.

Entrou uma maquiadora e deixou os olhos da ruiva na cor rosa, de forma cintilante, assim como o vestido. Os cílios chamativos com rímel e as sobrancelhas penteadas. Os olhos também eram marcados com lápis de olho e as bochechas ainda mais coradas com blush.

–Aqui, esse é o meu presente, Ichigo. – Disse Lettuce entregando um par de brincos pequenos em forma de flor e na cor azul. – Algo azul você já tem. Falta algo velho, algo novo e algo emprestado.

–Como assim?

–É quase que uma tradição no ocidente. Algo velho, algo novo, algo emprestado e algo azul. Cada um tem um significado para a noiva: Algo velho é sua relação com parentes e amigos antes do casamento, você carrega isso para não perder essas coisas. Algo novo é o seu futuro, deve carregar isso junto com você para garantir sucesso no casamento. Algo emprestado é o que uma pessoa entrega para você para mostrar a felicidade de você estar se casando, ela está dividindo essa felicidade com você. E algo azul é para afastar o mal olhado, simbolizando pureza e fidelidade. – Explicou Zakuro.

–Ah, parece uma tradição legal.

–Certo, você pode pegar algo emprestado comigo, toma! – Pudding lhe entregava o pingente de mew mew, que Ichigo colocou numa corrente e prendeu no pescoço.

–Para algo novo eu mandei fazer a sua coroa, então só falta algo velho. – Disse Mint arrumando a corrente no pescoço da amiga.

–Gente, é só uma superstição, isso não é nada demais.

–Se você diz. Eu não trouxe nada seu que seja velho, mas meu presente foi arrumar o seu vestido.

–Arrumar o meu vestido? – Perguntou desesperada. – Como assim, o que você fez com ele?

–Calma, eu só melhorei um pouco. Vou trazer para você ver.

Ichigo não teve do que reclamar, o vestido só tinha algumas modificações. O tecido era todo branco e tinha uma fita rosa marcando os seios bem abaixo do tronco e outra nas costas.

A maior diferença ali é que ao invés de uma saia cintilando em rosa, ela era branca com um véu cintilando na tal cor.

–Eu fiz algo errado? – Perguntou Zakuro um pouco confusa.

–Não, é só que... Bem, ficou lindo, mas no final das contas eu não fiz nada sozinha. – Ela sorriu.

–Bem, parece que é o último casamento que teremos em nosso grupo, nada mais justo que nós nos intrometermos. – Retrucou Pudding.

–Você não quer mesmo casar?

–Na-no-da, isso não é pra mim. Já tive trabalho demais, casamento é só mais uma preocupação...

Ichigo suspirou com a resposta da amiga, sorrindo pela energia dela. Queria ser uma eterna criança, essa era a Pudding.

–Hora de pôr o vestido! – Exclamou Lettuce.

O vestido precisou de um pequeno ajuste, foi solto um pouco na barriga que cresceu alguns centímetros, praticamente imperceptíveis. O vestido ficou perfeito nela, a cor branca e pura, o rosa doce e chamativo, mas ao mesmo tempo discreto.

–Que cheiro de morango é esse?

–É do véu, eu achei que combinaria com você. Se quiser o perfume, está aqui. – Respondeu Zakuro entregando o frasco.

–Por que todo mundo acha que eu combino com morangos?

–Deixe-me ver, talvez seja pelo nome, ou porque você realmente cheira a morangos, ou porque a sua fruta preferida seja morango, mas vai saber o motivo... – Disse Mint ironicamente, provocando a ruiva, que a fuzilou com os olhos castanhos.

–Não quero saber das suas ironias no meu casamento!

–Desculpe, mas não ouvi o que disse. Pode repetir? – Perguntou ironicamente de novo.

“Bem, posso passar muito tempo sem vê-las, devo aproveitar até mesmo o jeito chato de Mint.” – Pensou a ruiva sorrindo e deixando a azulada confusa.

–Ichigo, escove os dentes, depois vou passar um batom e você já pode descer para a cerimônia. – Disse Zakuro.

A ruiva escovou bem os dentes, passou enxaguante bucal e voltou para o quarto. O batom rosa claro combinava com o véu da saia do vestido. As amigas também estavam deslumbrantes: Zakuro usava um vestido tubinho roxo com uma echarpe preta, o cabelo preso em um coque com a franja solta. Mint deixou o cabelo solto e encaracolado, o vestido no estilo Lolita, embora mais curto por ser pequena, e com babados brancos na barra. Lettuce também deixou o cabelo solto e colocou um vestido tubinho verde-escuro, o que era quase uma ousadia para a tímida garota. Pudding usava um vestido rodado até os joelhos amarelo, uma sapatilha branca e uma única trança embutida.

Alguém bateu na porta e Keiichiro entrou no cômodo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim. Querem me matar? Certo, eu mereço, mas não esqueçam que sem mim não há fic u.u
Oh yeah, baby, eu mando nisso aqui! (pelo menos aqui ¬¬)
Sério, me desculpem, mas eu tive um bloqueio terrível, que só agora começou a passar.
Beijos e até o próximo capítulo ~^.^~



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Verdadeira Face Do Amor 2 - Vida Nova!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.