Eu voltei para o meu quarto e deixei Derek, trabalhando na sala. Eu parei por um instante no espelho em minha cômoda para observar como os brincos ficavam em mim. Definitivamente, eles eram lindos. Eu deveria agradecer a Sed de alguma forma, comprar algo para ele, mas o que?

 

 

Durante todo o caminho de volta, Iaret não falou nada. Sed estava ficando um pouco incomodado com isso. E perguntou se ela estava bem, ela respondeu que sim.

 

 

— Você não me convenceu. — Sed disse.

 

 

— Acredite. Eu estou bem.

 

 

— Preste atenção Iaret, nos conhecemos a muito tempo. Sei quando não está contente. Pode me contar. — ele disse e ela parou de andar e se virou para ele.

 

 

— Só quero que você me faça um favor.

 

 

— Pode pedir.

 

 

— Resista. — ela disse parando na entrada da casa dela. — Apenas isso. Você ficará chateado se eu não te convidar para entrar? Eu estou um pouco cansada. — ela perguntou.

 

 

— Não, está tudo bem. Descanse. Nós nos veremos depois. — ele se despediu dela e voltou para casa. Correu o mais rápido que conseguiu, precisava voltar para casa e conversar com Derek.

 

 

Sed estava visivelmente perturbado, eu não sabia que eu provocava algumas reações nele e muito menos porque isso acontecia. Muitas vezes tentou afastar minha imagem da mente dele e ele conseguia, mas logo voltava a se concentrar em mim. Estava cansado de ter que passar tanto tempo perto de mim, ele odiava a forma como eu havia mudado a vida dele tão rapidamente. Porém isso era algo que eu não tinha o menor controle e eu tentava me manter a mais afastada dele possível.

 

 

Ele voltou para casa um pouco cansado e encontrou Derek debruçado sob alguns papiros bastante distraído. Sed passou por ele e jogou-se no sofá, tentando atrair a atenção de Derek.

 

 

— Tem um momento? — Sed perguntou a ele.

 

 

— Deixe-me terminar esse capítulo e eu já converso com você.

 

 

— Certo, eu vou tomar banho, enquanto isso. — Sed subiu as escadas pisando duro o que fez Derek perguntar-se a razão dessa conversa que ele queria ter.

 

 

Sed chegou em seu quarto e pegou uma outra roupa e foi para o banheiro no caminho ele esbarrou comigo e resmungou algo que eu não consegui entender. Eu saí de seu caminho e o deixei entrar no banheiro. Eu esperei na entrada do seu quarto enquanto ele tomava um rápido banho

 

 

Ele estava deitado na banheira enquanto pensava nos últimos dias, ele queria sua vida de volta, mas sabia que sentiria minha falta se eu partisse. Eram totalmente novas para ele as sensações que apenas um olhar meu provocava, por isso ele precisava falar com Derek, não havia mais ninguém a recorrer, com certeza Derek entenderia e poderia explicar o que estava acontecendo.

 

 

— Sed?

 

 

— O que? — ele perguntou saindo do banheiro.

 

 

— Eu gostaria de retribuir os brincos, tem algo em especial que você queira? — eu perguntei.

 

 

— Tem sim. Eu adoraria que você voltasse por onde saiu e deixasse minha vida continuar em paz. — ele me disse nervoso.

 

 

— Desculpe, mas isso eu não posso realizar. — eu disse com a voz embargada e eu garanto que ele percebeu.

 

 

— Kira… — ele tentou dizer, mas eu já havia voltado para o meu quarto, deixando-o lá. Com seu surpreendente sentimento de culpa.

 

 

Sed não demorou naquele banho como ele gostaria de fazer, vestiu-se rapidamente e voltou para a sala. Derek estava esperando por ele, sentado no sofá.

 

 

— Eu acho que eu estou doente. — Sed disse ainda da escada.

 

 

— Como doente? — Derek se alarmou. — Você me parece bem saudável.

 

 

— Eu sei, mas não vejo outra justificativa.

 

 

— Justificativa para que?

 

 

— Para esquecê-la. — ele disse sentando no sofá. — Ela está sempre na minha mente, eu durmo pensando nela. Eu sonho com ela e aquele cheiro que ela tem me faz ficar tonto. — ele disse para Derek, um tanto desesperado.

 

 

— Do que você está falando?

 

 

— Da Kira, eu não agüento ficar perto dela. Eu preciso das coisas como eram antes.

 

 

— Ora, Sed não seja infantil, sabe muito bem que a vida está constante transformação. E eu não entendo por você a detesta tanto.

 

 

— Eu não a quero por perto. Eu não posso suportar.

 

 

— Tudo bem. — Derek concordou. — Eu vou expulsá-la agora mesmo. Vou jogá-la na rua. — ele disse apontando para a porta.

 

 

— Sério? — ele perguntou incrédulo nunca tinha visto Derek tão indiferente.

 

 

— É claro que não. Que espécie de homem acha que eu sou. Colocar uma moça na rua, que está sozinha aqui, somente por um capricho seu. Nem te reconheço. — Derek parecia decepcionado.

 

 

— Você não entende. — Sed disse contrafeito.

 

 

— Se eu não te entendo, ninguém mais entende. Seja razoável, se você está incomodado se afaste dela, mas não a desrespeite, não em minha casa.

 

 

— Não sei se consigo.

 

 

— O que acha de ir para Esna? Pode passar um tempo lá até se acalmar. — avaliando bem as perspectivas Sed concluiu que era melhor ficar por perto do que abandonar sua única família por minha causa.

 

 

— Não. Eu prefiro ficar.

 

 

Se Sed parecia confuso quanto a seus sentimentos, eu estava quase revoltada com ele. Cordialidade, não era muito típico dele. Em casa eu simplesmente o ignoraria, mas aqui era diferente e eu não estava disposta a deixar de lado toda essa raiva gratuita que ele sentia por mim. Depois do que ele me disse no corredor, eu soube o quanto eu era indesejada ali, mas eu não iria fugir. Eu não posso voltar para casa e ficar sozinha seria insensato, o melhor a fazer era permanecer com Derek e esperar voltar para casa um dia.

 

 

Eu pensei muito naquela tarde e decidi que meu orgulho não me permitiria ficar com os brincos que Sed comprou. Uma pena, eles eram lindos. Estava decida a devolvê-los, não queria ter uma espécie de dívida com ele.

 

 

Ele não estava no quarto, quando eu o procurei. Os brincos ainda estavam enrolados no pequeno lenço e o os deixei sobre a cama dele e voltei ao meu quarto.

 

 

Horas depois Derek nos chamou para jantar, eu sai do meu quarto e encontrei Sed no corredor, ele segurava os brincos e me encarava. Ele andou até mim e segurou a minha mão e depositou as jóias.

 

 

— Eu não quero. — eu disse devolvendo para ele.

 

 

— Foi um presente, fique com eles.

 

 

— Eu me recuso a aceitar. Você gastou dinheiro comigo e você não me tolera. Não se sinta na obrigação de me dar alguma coisa.

 

 

— Não pense que eu fiz isso por outro motivo, além de te presentear. — ele se recostou na parede pensativo. — Qual o problema? São apenas brincos.

 

 

— Você não tem por que me dar nada. E eu não me sentiria bem se ficasse com eles. — eu passei por ele tentando ir para a sala, mas ele me bloqueou no corredor.

 

 

—Tudo bem, deixe-me fazer algo para te compensar.

 

 

— Eu não quero nada de você.

 

 

— Deve haver algo que te interesse, diga-me. — ele realmente queria me compensar. Então, eu poderia pedir qualquer coisa e foi o que eu fiz.

 

 

— Me leve à biblioteca. — eu pedi. Ele me encarou surpreso antes de responder.

 

 

— Feito.

 

 

— É mesmo?

 

 

— Promessa é promessa. Depois que Derek dormir.

 

 

— Acha mesmo que ele não vai saber? — questionei. Derek era quase onisciente para mim.