Eu cresci no subúrbio de Londres, mais precisamente em Nothing Hill, sou filha de Anne Madison e Pierre Glian. Minha mãe é curadora assistente do Museu Londrino de Arte Antiga, meu pai é um famoso arqueólogo, que divide seu tempo entre as aulas na Universidade e as muitas escavações arqueológicas que ele comanda pelo mundo.

Há vinte anos minha mãe trabalhava na biblioteca no Museu, como estagiária, ela ainda estudava história da arte nessa época, quando meu pai retornava do Peru trazendo algumas moedas de ouro. Eles se conheceram nos tortuosos corredores do Museu, minha mãe encantou-se pelos olhos mais azuis que ela já vira e meu pai simplesmente adorava quando ela fingia não estar interessada nele. Minha mãe é a mulher mais elegante que eu conheci, orgulhosa, ela não admitiria que estava apaixonada pelo francês rico e bonito. Ela não entregaria seu coração a um homem aventureiro, quando tudo que ela queria era estar na tranqüilidade de sua casa.

Meu pai é a representação da autoconfiança, acreditava completamente que amava minha mãe e não a deixaria ser de outro homem, quando eles haviam sido feitos um especialmente para completar a vida do outro. Ele lhe disse isso algumas vezes, entre os beijos ardentes escondidos pelos corredores da biblioteca. Ela sempre respondia que iria priorizar sua carreira, que não iria perder uma chance como aquela.

Ele sempre ria desse discurso de mulher independente, meu pai afirmava que ser a mulher da vida dele não a impedia de ser o que quer que ela escolhesse. Muito pelo contrário, ele estaria ali para abraçá-la quando ela alcançasse um de seus objetivos. E por dez anos ele esteve, até hoje minha mãe se lembra do quando amar meu pai lhe fazia bem. Depois de casada as pessoas sempre lhe perguntavam se ela estava feliz. Ela dizia com um grande sorriso, que era mais que estar feliz, era um estado de satisfação constante, de bem-estar, era como sentir o mais puro amor as vinte e quatro horas do dia. E quando eu nasci, foi como se o mundo se tornasse o melhor lugar do universo, mesmo que o mundo dela fosse só a nossa casa.

Naquele instante eu soube que não era um sonho, era como se eu contasse essa história para várias pessoas, pessoas que esperavam para ouvir meu relato. Ouvir o início da minha historia e o que me levou onde eu estou hoje.